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CENTRO CIRÚRGICO (CC) CIRURGIA CATARINA ALIPIO MEDICINA UNIMES Cirurgia I PRÁTICA Aula 02 - Centro cirúrgico: Unidade de centro cirúrgico: ‣ A Unidade de Centro Cirúrgico (CC) é composta pelo Centro Cirúrgico (CC) propriamente dito, pela Sala de recuperação pós anestésica (RPA) e pelo Centro de Materiais e Esterilização (CME). ‣ Pode ser definida como um conjunto de elementos destinados à atividade cirúrgica, à recuperação anestésica e ao pós-operatório imediato (ANVISA). ‣ Possui uma organização complexa com características e assistência especializada. - Centro cirúrgico (CC): conjunto de áreas e instalações que permite efetuar procedimentos anestésicos-cirúrgicos nas melhores condições de segurança para o paciente e conforto para equipe que o assiste. • Conjunto de áreas ligadas e instalações de modo a permitir que os procedimentos anestésicos- cirúrgicos sejam realizados em condições assépticas ideais e seguras. • Consiste em: salas operatórias (SO), lavabos, vestuários, sala para acondicionamento de órgãos e sangue, sala de depósito, secretaria, sala de estar, copa, expurgo, repouso, sala de equipamentos e materiais. - Sala de recuperação pós-anestésica (SRPA): destina-se a receber e prestar assistência à paciente sob ação anestésica. • Localiza-se próximo às SOs, permitindo fácil acesso ao atendimento dos cirurgiões, anestesiologistas e da enfermagem. - Central de material e esterilização (CME): destina-se ao preparo e esterilização do material e equipamentos usados no CC e nas unidades do hospital. • Pode ser centralizada, quando presta serviço a todo o hospital, ou descentralizada, quando vinculada apenas ao CC. Atividades básicas do centro cirúrgico: I. Realização de procedimentos cirúrgicos e endoscópicos. II. Recepcionar e transferir pacientes. III. Assegurar a execução de procedimentos pré-anestésicos e executar procedimentos anestésicos nos pacientes. IV. Realizar a correta escovação das mãos. V. Executar cirurgias e endoscopias em regime de rotina ou em situações de urgência. VI. Realizar relatório médico e de enfermagem e registro das cirurgias e endoscopias realizadas. VII. Proporcionar cuidados pós anestésicos. VIII.Garantir apoio diagnóstico necessário e retirar órgãos para transplantes. Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 12 Cirurgia I PRÁTICA O centro cirúrgico (CC): - Ministério da Saúde: “A Unidade de Centro Cirúrgico é o conjunto de elementos destinados às atividades cirúrgicas, bem como à recuperação pós-anestésica e pós-operatória imediatas”. - É um ambiente crítico com o risco aumentado de transmissão de infecção pelos procedimentos ali realizados. - De acordo com as práticas recomendasse pela AORN (Association of Operating Room Nurses) 2002, a planta física do setor tem de proporcionar barreiras que minimizem a entrada de microorganismos. Por isso, delimitam-se 3 áreas para a movimentação de pacientes e da equipe: • Áreas não restritas: local de acesso dos profissionais que trabalham no CC. - Profissionais podem circular sem roupa privativa, não é exigido cuidados especiais. - Consiste em corredores externos, vestiário, secretaria, local de transferência de macas, anatomia patológica, raio X, conforto da equipe. • Áreas semi restritas: o tráfego é limitado à pessoas do próprio setor ou vestidas de forma adequada. - Áreas de atendimento assistencial no pré e pós operatório - Roupa privativa, calçados adequados e gorro são necessários. - Não intervir nas rotinas de controle e manutenção da assepsia da área restrita. - Consiste em sala de guarda de equipamentos, farmácia-satélite e copa. • Áreas restritas: são as que possuem limites bem definidos para circulação de pessoal e equipamentos. - Máscaras são exigidas, além da roupa privativa de CC. - Técnicas de assepsia e rotinas devem ser rigorosamente controladas e utilizadas evitando contaminação do meio. - Consistem em salas cirúrgicas, sala de recuperação pós-anestésica, corredor interno e lavabos. A equipe cirúrgica: - Cirurgião: iniciativa, disciplina, segurança, habilidade, equilíbrio, cultura. - Auxiliar médico: • Primeiro auxiliar: Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 13 Cirurgia I PRÁTICA ✓ Auxílio intra operatório. ✓ Auxílio nos atos fundamentais. ✓ Expor os planos anatômicos. ✓ Contar nós, enxugar o campo, dar nós. ✓ Tempo nobre. ✓ Possibilidade de assumir a função do cirurgião. ✓ Preparar o doente no pré-operatório imediato. ✓ Anti-sepsia/ campos/ posição/ cateterismo. ✓ Auxiliar ativamente o cirurgião. ✓ Partilhar táticas com o cirurgião. ✓ Respeito com o instrumentador. ✓ Dividir as decisões intra operatórias com o cirurgião. • Segundo auxiliar: ✓ Eventual. ✓ Atuação complementar a do primeiro auxiliar. ✓ Facilita o trabalho do 1º assistente para melhor auxiliar o cirurgião. - Instrumentador: • Escala inicial da aprendizagem dos cirurgiões. • Muitos são graduandos. • Preparação do material e instrumental. • Conhecimento dos tempos operatórios. • Sistematização. • Entregar instrumentos corretamente. • Vigilância. • Responsável pela mesa de instrumentação. - Anestesista: • Executar a anestesia escolhida com eficiência. • Informar do andamento da anestesia e condição do paciente ao cirurgião. • Não se ausentar da sala de operações. • Informar ao cirurgião as intercorrências que surgirem. - Circulante de sala: • Conhecimento e eficiência. • Somente sair da sala por ordem da equipe para buscar material. • Sigilo profissional. Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 14 Cirurgia I PRÁTICA - Outros: • Enfermeiro. • Auxiliar administrativo. • Auxiliar de limpeza. Ambientes de apoio do CC: Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 15 - Sala de utilidades. - Vestiários com banheiros. - Sala administrativa. - Sala de receptivo dos pacientes: espaço para receber os pacientes, onde são avaliados clinicamente antes da cirurgia ou antes de receber medicação pré anestésica. Este ambiente deve ser o mais calmo possível. - Sala de material de limpeza (DML): destinado à guarda dos materiais utilizados na limpeza do CC. - Revelação de Rx. - Sala guarda equipamentos e materiais: área para guarda e recebimento de equipamentos (microscópios, monitores cardíacos, respiradores…). - Sala de preparo de equipamentos e materais. - Sala para armazenamento dos materiais estéreis: destinado ao armazenamento e distribuição dos artigos estéreis, para uso na sala cirúrgica. - Expurgo: local para o desprezo de secreções das salas de cirurgias. deve estar provida de um caso sanitário apropriado e pia. - Área guarda maca e cadeira de rosa. - Área de biópsia de congelamento. - Copa e conforto para equipe: área destinada a lanches para que os mesmos não sejam realizados em locais inadequados. Deve-se dispor nesse local, cadeiras, poltronas e sofás. - Sala dos cirurgiões e anestesistas: destinadas aos relatórios médicos. - Posto de enfermagem: reservada ao controle administrativo do CC. Deve estar em local de fácil acesso e com boa vida de todo o conjunto do setor. - Sala de espera com sanitários para acompanhantes. Cirurgia I PRÁTICA . Sala de operações (SO): - Tamanho: • Pequena (20 m2): destinadas à especialidades de otorrinolaringologia e oftalmologia. • Média (25 m2): destinadas às especialidades gástrica e geral. • Grande (36 m2): específicas para cirurgias neurológicas, cardiovasculares e ortopédicas. - Portas: as portas devem possuir visores de viro para evitar sua abertura a qualquer momento e impedir acidentes. - Piso: o piso deve ser resistente, não poroso e de fácil limpeza, permitindo rápida visualização da sujeira, não conter ralos nem frestas, ser pouco sonoro e bom condutor de eletricidade estática, ter uma malha de fios de cobre ligada a um fio terra, serautonivelante, não conter emendas e ser antiderrapante. • A junção entre o rodapé e o piso precisa ser feita de forma a permitir completa limpeza do canto formado. - Paredes: devem ser revestidas de material liso, resistente, lavável, antiacústico e não refletor de luz. Pintadas de cores que evitam a fadiga visual, as tintas não devem possuir cheiro. - Teto: se o teto possuir forro, deve ser contínuo nas salas de cirurgia. O uso de teto falso pode ocasionar queda de poeira ou outro material na ferida cirúrgica. Material resistente, lavável e não deve conter ranhaduras. - Janelas: devem ser lacradas, com persianas recobertas por vidros, possibilitando a limpeza e o escurecimento da SO. - Iluminação: as lâmpadas na sala de operação devem ser fluorescentes e é necessário que exista iluminação direta com o foco cirúrgico que deve ter como característica a ausência de sombras, a redução dos reflexos e eliminação do excesso de calor. - Ar condicionado: o CC deve possuir um sistema de ar condicionado central com objetivo de controlar a temperatura e a umidade, promover adequada troca de ar, remover gases anestésicos e partículas em suspensão. - Instalações fluído-mecânicas: • O vácuo. • Oxigênio. • Ar comprimido. • Óxido nitroso. Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 16 Norma Br 7254/82: característica de ar em cada espaço. Cirurgia I PRÁTICA Higienização das mãos: - Lavabo: os lavabos cirúrgicos destinados à desgerminação de mãos e antebraços devem possuir profundidade que permita a realização do procedimento sem o contato com as torneiras e as bordas, conter torneiras com comandos que dispensem o contato das mãos para o fechamento, o uso de dispensados de sabão líquido para desgerminação e recursos para secagem das mãos. - Qual a diferença de assepsia, anti-sepsia e degermação? • Assepsia: é o conjunto de medidas que utilizamos para impedir a penetração de microorganismos num ambiente que logicamente não os tem, logo um ambiente asséptico é aquele que está livre de infecção. • Anti-sepsia: é o conjunto de medidas propostas para inibir o crescimento de microorganismos ou removê-los de um determinado ambiente, podendo ou não destruí-los e para tal fim utilizamos antissépticos ou desinfetantes. • Degermação: significa a diminuição do número de organismos patogênicos ou não, apos a escovação da pele com água e sabão. Paramentação cirúrgica: - A paramentação é o conjunto de barreiras utilizadas contra a invasão de microorganismos no sítio cirúrgico e para proteção de exposição dos profissionais ao sangue e outros fluidos orgânicos. Constitui-se de duas etapas, a realização da antissepsia cirúrgica ou preparo pré-operatório das mãos (escovação cirúrgica da mão) e a utilização de gorro, máscara, luva estéril, e opa ou capote estéril. Portanto, a paramentação cirúrgica envolve as técnicas de escovar as mãos (1), vestir avental ou opa esterilizado (2) e calçar luvas estéreis (3). Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 17 - Flora da pele: • Flora transitória: - Compõem-se de variedades sem limites. - Localiza-se nas regiões mais expostas. - É removida com facilidade. - Colonização temporária e depende do ambiente a que o indivíduo é exposto. • Flora permanete: - É de mais difícil remoção. - Número e qualidade mais ou menos constantes. - Sua redução pela anti-sepsia é transitória, logo se restabelecendo a seu nível anterior. Cirurgia I PRÁTICA 1. Escovação cirúrgica: Anti-sepsia cirúrgica ou preparo pré-operatório. - Objetivo: eliminar a microbiota transitória da pele e reduzir a microbiota resistente, além de proporcionar efeito residual na pele do profissional. • Antes de lavar as mãos, se necessários, cortar e limpar as unhas. - As escovas utilizadas no preparo cirúrgico das mãos devem ser de cerdas macias e descartáveis, impregnadas ou não com antisséptico e de uso exclusivo em leito ungueal e subungueal. - Para este procedimento recomenda-se: anti-sepsia cirúrgica das mãos e antebraços com antisséptico degermante (mais comum: crolexidine). - Duração do procedimento: 3 a 5 minutos para a primeira cirugia e de 2 a 3 minutos para as cirurgias subsequentes (sempre seguir o tempo de duração recomendado pelo fabricante). - No paciente temos que fazer a degermação com solução degermante ou solução tópica para determinar o campo. - TÉCNICA: sempre contar 10 vezes e fazer dos dois lados (direito e esquerdo). ‣ Unhas e pontas dos dedos. ‣ Palma das mãos. ‣ Face ulnar, radial e interdigitos dos dedos. ‣ Dorso da mão. ‣ Face ventral do antebraço. ‣ Face radial e ulnar do antebraço. ‣ Face dorsal do antebraço. ‣ Dobra interior do cotovelo. ‣ Dobra exterior do cotovelo (com ele flexionado e movimentos em círculos). ‣ Face radial e ulnar do cotovelo. Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 18 Soluções degermantes: Cirurgia I PRÁTICA 2. Vestimento do OPA: - Para que os profissionais possam tocar o material, equipamentos e o campo estéril, é preciso vestir roupas esterilizadas (OPA) e luvas cirúrgicas estéreis para garantir que os microrganismos das mãos e roupas não sejam transferidos para o sítio cirúrgico do paciente. Assim, a opa é uma peça que faz parte da indumentária de paramentação cirúrgica, sendo utilizada pelos cirurgiões e instrumentadores responsáveis pelo ato cirúrgico. - Procedimento para vestir a OPA: 1. Usa-se a primeira compressa para secar as mãos, iniciando-se pelos dedos, palma, dorso da mão e antebraço. Vira-se a compressa para o lado oposto e inicia-se a secagem da outra mão. Não retorne a compressa nas áreas que já foram secas para evitar contaminação. Despreza-se a compressa no hamper. Iniciar a colocação do avental cirúrgico. 2. Segure a OPA na gola com ambas as mãos e levante-o da mesa. Pise em uma área onde a OPA possa ser aberta sem risco de contaminação. 3. Segure a OPA longe do corpo e permita que ela se desdobre com o interior virado para o usuário. 4. Mantenha as mãos dentro da OPA enquanto ela se desdobra por completo. Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 19 Lembretes: - Braços sempre elevados (para não escorrer para as mãos) e mãos sempre a frente, e ficar sempre afastado da bancada e do jaleco para não contaminar. Cuidado para não esbarrar a escova na manga (não estéril). - Após o término da escovação o profissional deverá encaminhar-se para a sala de cirurgia com os antebraços fletidos, elevados e afastados do corpo. Cirurgia I PRÁTICA 5. Deslize ambas as mãos para dentro das aberturas dos braços, mantendo as mãos no nível do ombro e longe do corpo. 6. Empurre as mãos e antebraços para dentro das mangas do roupão, avançando as mãos até a borda proximal da bainha do punho. • Neste momento o circulante de sala deverá auxiliar, realizando as seguintes etapas: 7. Puxar a OPA sobre os ombros da pessoa escovada, tocando apenas na costura interna do ombro e laterais (não tocar na área escovada). 8. Amarrar os cadarços (ou fitilhos) da gola e amarrar os cadarços internos da cintura da OPA, tocando apenas na face interna da vestimenta. 3. Colocação das luvas: - As luvas cirúrgicas esterilizadas são utilizadas como barreira entre o paciente e o profissional da saúde, diminuindo a probabilidade de expor o paciente a microrganismos patógenos e a infecção do sítio cirúrgico, ou o profissional de saúde contra a exposição ao sangue ou outro material potencialmente contaminado. 1. Abrir o invólucro de papel que protege as luvas e expô-las, de modo que os punhos fiquem voltados para si. A pessoa escovada pega a luva da embalagem tocando a parte interna da luva, coloca o polegar e o indicador da mão oposta sobre a dobra da bainha evertida em um ponto alinhado com a palma da luva e puxa a luva sobre a mão, deixando a bainha virada para trás.2. A pessoa escovada pega a segunda luva da embalagem tocando a parte interna das luvas ao colocar os dedos enluvados sob a bainha evertida. 3. A pessoa escovada, com os braços estendidos e os cotovelos ligeiramente flexionados, introduz a mão livre dentro da luva e a puxa sobre o punho da OPA ao girar discretamente o braço no sentido externo e interno. 4. Para trazer a bainha virada sobre a outra mão sobre o punho da OPA, a pessoa escovada repete o passo anterior. Checar e garantir que as luvas estão bem ajustadas e sobre o punho da OPA. Sala de recuperação pós anestésica (SRPA): - É a área destinada à permanência do paciente logo após o término do ato anestésico cirúrgico até a recuperação da consciência, eliminação de anestésicos e estabilização dos sinais vitais. Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 20 Cirurgia I PRÁTICA - Deve estar instalada dentro do CC ou nas suas proximidades, favorecendo o transporte rápido do paciente anestesiado para este local. - Os objetivos da SRPA são proporcionar a recuperação dos pacientes e previnir e detectar complicações relacionadas ao procedimento anestésico-cirúrgico. - Admissão na SRPA: • Conferir a identificação do paciente. • Diagnóstico médico e tipo de cirurgia realizada. • Permeabiliza de vias aéreas e sinais vitais. • Fazer exame físico. - Critérios de alta da SRPA: • Recuperação completa da consciência. • Estabilidade cardiovascular. • Função respiratória normal. • Função motora recuperada. • Dor operatória controlada. • Náuseas e vômitos ausentes ou sob controle. • Débito urinário de, pelo menos 30 ml/h. • Saturação de oxigênio adequada. • Curativos limpos. • Ausência de sangramentos ativos. Classificações cirúrgicas: - Quanto à finalidade do tratamento cirúrgico: • Curativa: extirpar ou corrigir a causa da doença (ex: apendicectomia). • Paliativa: atenuar ou buscar uma alternativa para melhora da condição, aliviar a dor ou correção do problema (ex: gastrostomia). • Diagnóstica: esclarecer o processo patológico (ex: laparotomia exploradora). - Quanto à prioridade: • Emergência: o paciente necessita de atenção imediata, o distúrbio pode ser ameaçador à vida. • Urgência: o paciente precisa de atenção rápida 9dentro de 24 a 30 horas). • Necessária: o paciente precisa realizar a cirurgia (panejada em semanas ou meses). • Eletiva: o paciente pode ser operado (pode ou não ser realizada). • Opcional: a decisão é do paciente. Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 21 Cirurgia I PRÁTICA - Quanto ao porte cirúrgico: • Grande porte: grande probabilidade de perda de fluido e sangue. - Cirurgias de emergência, vasculares arteriais. • Médio porte: média probabilidade de perda de fluido e sangue. - Ressecção de carcinoma espinocelular, prótese de quadril. • Pequeno porte: pequena probabilidade de perda de fluido e sangue. - Plástica mamoplastia e endoscopia digestiva. - Quanto ao potencial de contaminação cirúrgica: • Limpa: tecidos estéreis ou passíveis de descontaminação, na ausência de processo infeccioso e inflamatório local (ex: mamoplastia). • Potencialmente contaminada: tecidos colonizados por microbiota pouco numerosa, tecido de difícil descontaminação, na ausência de processo infeccioso e inflamatório, e com falhas técnicas discretas no transoperatório (ex: colecistectomia com colangiografia). • Contaminada: tecidos abertos e recentemente traumatizados, colonizados por microbiota bacteriana abundante, de descontaminação difícil ou impossível. Ocorrido fala técnica grosseira, na ausência de supuração local (ex: hemicolectomia). • Infectada: tecido ou órgão em presença de processo infeccioso (supuração local), tecido necrótico, corpos estranhos e feridas de origem suja 9ex: cirurgias de reto e ânus com secreção purulenta). Terminologia cirúrgica: - Conjunto de termos que representa uma forma de expressão técnica própria utilizada no hospital, para indicar um ato cirúrgico proposto e/ ou realizado. Os termos são formados por: • Prefixo que designa a parte do corpo. Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 22 Cirurgia I PRÁTICA • Sufixo que indica o ato cirúrgico realizado. Posições cirúrgicas: - A posição adequada do paciente é essencial para que os procedimentos sejam bem sucedidos e realizados com segurança. - Colocar o paciente na posição correta para uma intervenção cirúrgica é um fator chave no desempenho de um procedimento seguro e eficiente. - Decúbito dorsal ou supina: • O dorso do paciente e a coluna vertebral ficam repousados na superfície do colchão da mesa cirúrgica. A cabeça fica apoiada em travesseiro, retificando a coluna vertebral. Os braços ficam ao longo do corpo ou abduzidos em apoios laterais, tipo braçadeiras (ex: cesariana). - Decúbito ventral ou prona: • O paciente fica deitado de abdome em contato com a superfície do colchão da mesa cirúrgica, permitindo a abordagem da coluna cervical, da área retal e das extremidades inferiores. Os braços devem ficar estendidos para frente e apoiados em talas. O sistema respiratório dica mais vulnerável na posição de decúbito ventral (ex: cirurgias de coluna, hérnias de disco). - Decúbito lateral: • O paciente fica em decúbito lateral, esquerdo ou direito, oferecendo acesso à parte superior do tórax e região renal. Sempre do lado contralateral ao da cirurgia (ex: cirurgias torácicas). - Posição de Trendelenburg: • Variação da posição de decúbito dorsal, onde a parte superior do dorso é abaixada e os pés elevados. Mantém as alças intestinais na parte superior da cavidade abdominal (ex: posição utilizada para cirurgias de órgãos pélvicos, laparotomia de abdome inferior). - Posição Trenlenburg reverso ou proclive: • Mantém as alças intestinais na parte inferior da cavidade abdominal. Reduz a pressão sanguínea cerebral (ex: posição utilizada para cirurgias de abdome superior e cranianas). Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 23 Cirurgia I PRÁTICA - Posição Fowler ou sentada: • O paciente é colocado em posição supino e o dorso da mesa é elevado, permanecendo semi-sentado na mesa de operação. Posição utilizada para conforto do paciente quando há dispneia, indicada em cirugia de ombro (ex: dreno de tórax). - Posição de canivete (kraske): • O paciente é colocado em decúbito ventral, em seguida, com o abdome em contato com o colchão da mesa cirúrgica, flexiona-se o corpo na região do quadril, de modo que o tórax, os membros superiores e os membros inferiores fiquem em posição mais baixa do que a região a ser operada. As regiões do quadril e do glúteo ficam em um plano mais elevado, em ângulo de aproximadamente 90º (ex: procedimentos proctológicos). Tempos operatórios: ➡ Diérese: é o momento de rompimento dos tecidos, por meio de instrumentos cortantes. Ex: bisturi (frio ou elétrico) e tesouras. ➡ Hemostasia: é o processo através do qual, se detém o sangramento, ocasionado pela diérese. (compressas, pinças hemostáticas, bisturi elétrico). ➡ Exérese (cirurgia propriamente dita): é o tempo cirúrgico principal, voltado para o objetivo do procedimento. ➡ Síntese: é a união dos tecidos,(agulhas e porta-agulhas e fios). Montagem da mesa instrumental: - Para que seja possível a realização do ato cirúrgico, é preciso dispor de uma mesa auxiliar com instrumentais e materiais específicos para a cirurgia (mesa auxiliar de instrumental). ‣ De diérese: são aqueles que cortam. ‣ De hemostasia: destinados a deter ou previnir uma hemorragia ou impedir a circulação de sangue em determinado local em um período de tempo (ligaduras). ‣ De preensão (transitória). ‣ De síntese: para junção/ união das bordas de uma lesão, com a finalidade de estabelecer a contiguidade do processo de cicatrização. ‣ Instrumentos especiais. Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 24 CirurgiaI PRÁTICA Instrumentos de diérese: - Bisturis: os cabos de bisturis são designados por números, por exemplo: cabo n°3 ou n°4. Quanto menor o número, menor a lâmina, destinado a atos cirúrgicos. - Tesouras: são instrumentos de corte, podem ser curvas ou retas, fortes ou delicadas e em diversos tamanhos. Podem apresentar lâmina simples ou serrilhada e pontas rombas ou pontiagudas ou uma combinação das duas (Romba-Romba, Romba- Ponta, Ponta-Ponta). • Tesoura de Metzembaum: pode ser reta ou curva: tecidos mais delicados, profundos. Pode ser utilizada para dissecção, divulsão e descolamento (tecidos moles). • Tesoura de Mayo: pode ser reta ou curva ,é mais forte, para tecidos mais grosseiros (ex: cartilagem, apêndice xifoide, drenos). Mais traumática que Metzembaum. • Tenta cânula: mais para uma proteção de estruturas no momento da incisão.Usada para cantotomia (“cirurgia do canto”): para cirurgia de unhas encravadas. - Outras pinças: • Pinça de Cheron: utilizado para anti-sepsia do paciente. • Pinça de campo – Backaus: fixação de campo para delimitar área operatória. Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 25 Pinça de campo. Pinça de Cheron. Cirurgia I PRÁTICA Instrumentos de hemostasia: • Pinça de Kelly: mais utilizada, tem ranhuras até a metade do local de abertura. Utilizada para vasos (hemostasia definitiva), fios grossos e pinçamento e divulsão de tecidos também. • Pinça Halsted: kelly pequena = mosquito, menor tamanho e maior delicadeza, o curvo é mais usado. • Pinça Mixter: curvatura de 90 graus no local de abertura, utilizada para estruturas profundas e principalmente pedículos vasculares. • Pinça Kocher: hemostasia definitiva. • Pinça Bulldog: utilizada para fistula arteriovenosas (ex: diálises). • Pinça Satinsky: pinça vascular controle do vaso sangrante (sempre bloquear o sangramento com preensão proximal e distal à lesão ). Instrumentos de exérese: - Para cirurgias do trato gastrintestinal: • Preensão não traumáticos: vísceras, tecidos, tendo superfície de contato ampla com as arranhaduras. - Pinça de Babcock: utilizada para apresentação de alças. - Pinça de Duval: preensão de pulmão nas lobectomias, ou segmentos de intestinos a serem ressecados, ex: apêndice. - Pinça de Collin. Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 26 SATINSKY BULLDOG Cirurgia I PRÁTICA - Pinça de coprostase: preensão para interromper o transito gastrointestinal “ afastar fezes do local de manipulação”. • Pode ser usado para “isolar” uma área que vai ser trabalhada, para que não tenha conteúdo entérico e fezes nessa área • Traumáticas: - Pinça de Allis: apresentar um segmento de intestino que vai ser removido. - Pinça de coração. - Afatstadores: • Farabeuf (dinâmico): utilizado para afastar pele, subcutâneo e plano superficial, tamanho pequeno. • Finochietto (estático): utilizado em cirurgia de tórax e afastamento costelas na toracotomia, tem roda dentada. • Valva de Doyen: utilizado para apresentar fígado, baço.Auxiliar que segura. • Gosset (autoestático): utilizado para afastar parede abdominal. Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 27 Croprostase Valva doyen Cirurgia I PRÁTICA Instrumentos de síntese: - Pinças, porta agulhas e fios: • Pinças: - Pinça anatômica: tecidos variados “preensão transitória”. - Pinça dente de rato: tem uma protuberância na ponta, utilizada em estruturas menos delicadas. - Pinça de addison: utilizada para cirurgias menores, plástica, de rosto, infantil. Tem com dente ou sem. - Pinça bico de pato. • Porta Agulhas: - Hegar: mais utilizado. - Mathieu (aperta um pouco prende, um pouco mais solta). Utilizado em microcirurgia. Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 28
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