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Terapia Nutricional Enteral TERAPIA NUTRICIONAL: Conjunto de procedimentos terapêuticos para manutenção ou recuperação do estado nutricional do paciente por meio da Nutrição Enteral e/ou Parenteral. TN Enteral → dieta por sonda ou complementos/suplementos enterais por via oral. Deve ser escolhida sempre que possível por sua importância na manutenção do trofismo intestinal pela infusão de nutrientes, assim como na manutenção da competência imunológica. É indicada quando a função gastrintestinal está adequada (total ou parcialmente funcionante). Tem menos complicações e baixo custo. ESTRATÉGIAS DE USO DA TNE NEE (nutrição enteral exclusiva) NE intermitente como suplementação, alternada com a dieta oral Utilização conjunta de NE e Nutrição Parenteral (NP) Nutrição Enteral Precoce Aquela realizada entre 24-48h após a internação hospitalar, em pacientes estáveis hemodinamicamente e com o TGI funcionante. ALTERAÇÕES INTESTINAIS DURANTE TNP E TNE ↓ linfócitos do GALT (tecido linfoide associado ao intestino) ↓ produção e liberação de IgA na superfície mucosa que bloqueia a aderência da bactéria no epitélio ↓ liberação de muco, e enzimas antimicrobianas = maior exposição do antígeno ao lúmen intestinal ↓ integridade do epitélio devido ao comprometimento das tight junctions = favorece a penetração de patógenos alterando a permeabilidade da mucosa ↑ inflamação sistêmica levando a consequências deletérias para o indivíduo. INDICAÇÕES COMUNS Ingestão oral inadequada para prover de 66 a 75% das necessidades diárias nutricionais Repleção nutricional no pré-operatório (10-14 dias antes de cirurgia de grande porte em pacientes em risco nutricional grave) Alguns pós-operatórios imediatos (cirurgias gastrointestinais, de cabeça e pescoço); Pacientes com trauma grave (TNE precoce) Magnitude dos efeitos colaterais do tratamento (cirurgia, radioterapia, quimioterapia, etc) Critérios de indicação Via oral: Suplementos nutricionais enterais estão indicados quando a ingestão alimentar for < 70% do VET em até 3 dias. Via sonda: Impossibilidade de uso da via oral ou ingestão oral < 60% do VET nos últimos 3 dias. Suplementos nutricionais Existem vários suplementos disponíveis no mercado, de diferentes fabricantes, para uso por via oral. O produto escolhido deve considerar a conduta nutricional adequada para cada indivíduo. Não substituem refeições. Dieta completa → contém todos os nutrientes (PTN, LIP, CHO, fibras, vitaminas e minerais). Dieta artesanal → dieta produzida em casa para passar pela sonda (no liquidificador/processador). CONTRA-INDICAÇÕES Vômitos intratáveis (dificulta manter a sonda e pode provocar a migração do tubo para o esôfago ou faringe) RGE intenso Obstrução intestinal distal ao tubo (provoca acúmulo de alimentação enteral proximalmente = distensão intestinal grave, dor abdominal e ruptura do intestino) Sangramento gastrointestinal agudo Diarreia intratável Pacientes com fístula de alto débito (>500ml/dia; o estímulo intestinal provocado pela NE pode elevar o débito da fístula → perdas consideráveis de líquidos, eletrólitos e proteínas pela fístula) Isquemia intestinal (alteração da perfusão: alimento não será absorvido, ex: obstrução arterial crônica/aterosclerose, etc) Choque grave (estado de insuficiência circulatória em que há fluxo sanguíneo reduzido para o intestino delgado e/ou outros tecidos, exs: sepse, hemorragias graves, etc) Síndrome do intestino curto (retirada de uma parte do intestino em cirurgia) Pacientes com alto risco de aspiração (em coma ou estado mental alterado; refluxo grave; doenças esofágicas; gastroparesia; disfagia grave; histórico prévio de aspiração). COMPOSIÇÃO DAS DIETAS Polimérica: nutrientes íntegros (ex. proteína) Oligomérica: parcialmente hidrolisada Monomérica: a mais hidrolisada (AAs livres) VIAS DE ACESSO Sonda nasoenteral → sonda inserida em passagem nasal. Terapia indicada para < 6 semanas. Nasogástrica - até o estômago Nasoduodenal – até o duodeno Nasojejunal – até o jejuno Ostomia alimentar → sonda inserida em abertura criada artificialmente numa superfície corporal (gastrostomia, duodenostomia e jejunostomia). Terapia indicada para > 6 semanas. Sonda localizada na posição pós-pilórica reduz o risco de aspiração pulmonar (previne pneumonia aspirativa). O nutricionista nunca deve liberar a administração de uma dieta enteral sem a certificação do posicionamento da sonda, que deve ser registrado no prontuário do paciente. O posicionamento da sonda gástrica ou jejunal deve ser confirmado por radiografia. MÉTODOS DE ADMINISTRAÇÃO Administração Intermitente Injeção em bolo (Bólus) Administração com seringa de 60 mL em intervalos predeterminados, iniciando com 50 a 100 mL por vez até 250 a 350 mL (até 30mL/min em 5 a 10 min, em sonda gástrica). Mais usada em domicílio e não em nível hospitalar. Intermitente gravitacional (gotejamento por gravidade) Consiste em fracionar o volume total que se deseja infundir, de forma que sejam infundidos 150 a 350ml de dieta enteral por cerca de 60 a 90 minutos, com intervalo de 3 a 4 horas. Gotejamento com utilização da bomba de infusão Administrada por um período de horas, seguida de um intervalo que antecede a próxima etapa de administração. Na região gástrica é priorizado nos casos de risco eminente de refluxo e aspiração da dieta. Velocidade de infusão de alimentação no intestino delgado em adultos – não ultrapassar 125 mL/h. Em todos os casos, proceder à irrigação da sonda enteral com 20 a 30 mL de água potável antes e após administrar cada frasco de dieta. Recomenda-se que o volume não ultrapasse 250mL por etapa. Quanto mais crítica a ocorrência clínica, maior o impacto na fisiologia do TGI, reduzindo sua capacidade funcional e tolerância aos volumes. Nestes casos, aumentar o fracionamento ou tentar administração contínua. Exemplo de esquema de administração Dieta para gastrostomia (densidade calórica de 1,2 kcal/mL) 1º dia: 600mL → 100mL 6x/dia = 720 kcal 2º dia: 900mL → 150mL 6x/dia = 1080 kcal 3º dia: 1,2L → 200mL 6x/dia = 1440 kcal 4º dia: 1,5L → 250mL 6x/dia = 1800 kcal 5º dia: 1,8L → 300mL 6x/dia = 2160 kcal PRESCRIÇÃO DIETÉTICA (1º dia): Dieta polimérica normocalórica, administrada por gastrostomia, no volume de 100mL de 3/3h por gotejamento gravitacional. Administração contínua Usa a bomba de infusão. Oferta da dieta por 24h, sem intervalos, favorecendo a administração de grandes volumes de dieta. Pode ocorrer no estômago, duodeno e jejuno. É o método preferencial quando a sonda está posicionada no intestino delgado, e tem a vantagem de impedir retenção gástrica, reduzindo o risco de aspiração associado à nutrição intermitente. No estômago é priorizada nos casos de risco eminente de refluxo e aspiração da dieta. É oferecido 25-150 mL/hora/dia: Iniciar com 25 a 30 mL/hora/dia e aumentar gradativamente (cerca de 25 mL/h a cada dia) conforme a tolerância, até velocidade máxima de 100 a 150 mL/hora Pacientes em estado crítico ou situações específicas, a infusão pode iniciar-se com 10 ml/hora. A administração contínua é interrompida de 6 a 8 horas para a irrigação da sonda enteral com 20 a 30 mL de água potável. Deve-se registrar e checar todos os horários em que é administrada a NE no prontuário do paciente. Se não for administrada em algum horário, anote o motivo. OSMOLARIDADE DA DIETA Quantidade de partículas (componentes da dieta (PTN, CHO, LIP, vitaminas, minerais e fibras) dissolvidas em 1L de solução. Valores são expressos em miliosmóis por litro (mOsm/L) e constam das informações técnicas de cada dieta enteral. Classificação Osmolaridade Classificação mOsm/L Baixa Hipotônica 280-300 Normal Isotônica 300-350 Alta Hipertônica 550-750 Muito altaAcentuadamente hipertônica > 750 Componentes que influenciam a osmolaridade da dieta CHO simples (monossacarídeos e dissacarídeos): efeito osmótico maior que os CHOs de maior peso molecular (amido). Proteínas hidrolisadas Aminoácidos cristalinos Minerais e eletrólitos (sódio, cloreto, potássio, etc) pela propriedade de dissociação em partículas menores TAG de cadeia média por serem mais solúveis que os TAG de cadeia longa Quanto mais componentes hidrolisados contiver na formulação, maior será o valor da sua osmolaridade. Hiperosmolaridade Uma osmolaridade muito alta no estômago vai retardar o esvaziamento gástrico. Diretamente na luz intestinal provoca aumento da secreção líquida intestinal para diluir essa solução, resultando em diarreia e tontura, e uma resposta exagerada da insulina com consequente hipoglicemia (síndrome de Dumping). Alimentação hiperosmolar → diarreia, cólicas, vômitos e/ou náuseas. O corpo pode aceitar uma dieta hiperosmolar se a transição é gradual. Infundida preferencialmente no estômago. Prevenção da diarreia: considerar osmolaridade próxima à do plasma (300 a 350mOsm/L). Administração e osmolaridades Tipo Osmolaridade Localização Intermitente em bolo Isosmolar ou levemente osmolar Gástrica Intermitente gravitacional Qualquer uma Gástrica -- Isosmolar ou levemente osmolar Duodenal e jejunal Contínua Isosmolar ou levemente osmolar Jejunal VANTAGENS E DESVANTAGENS Localização das sondas GÁSTRICA DUODENAL E JEJUNAL Vantagens Maior tolerância a fórmulas variadas ↓ risco de aspiração Boa aceitação de fórmulas hiperosmóticas ↑ dificuldade de saída acidental da sonda Permite progressão + rápida para alcançar o VET ideal permite nutrição enteral quando a alimentação gástrica é inoportuna Possibilita a introdução de grandes volumes em pouco tempo --- Fácil posicionamento Desvantagens ↑ risco de aspiração em pacientes com dificuldades neuromotoras de deglutição ↑ risco de aspiração em pacientes com motilidade gástrica alterada ou se alimentam a noite Tosse, náuseas ou vômitos favorecem a saída acidental da sonda nasoenteral Desalojamento acidental pode causar refluxo gástrico --- Requer dietas normo/hiposmolares Tipo de infusão INTERMITENTE JEJUNAL Vantagens Permite livre deambulação Maior tolerância a dietas hiperosmolares Tratamento em regime domiciliar Progressão + rápida da terapia Dispensa o uso de bomba infusora = ↓ de gastos Para pacientes com retardo no esvaziamento gástrico Desvantagens ↑ risco de RGE e aspiração pulmonar Dificulta deambulação Tosse, náuseas ou vômitos favorecem a saída acidental da sonda nasoenteral Exige bomba infusora = ↑ de gastos VERIFICAÇÃO DO RESÍDUO GÁSTRICO O esvaziamento gástrico deve ser avaliado para prevenir regurgitação ou aspiração pulmonar da dieta. Verificar diariamente e imediatamente antes da administração de uma dieta enteral, ou sempre que necessário. Se a quantidade aspirada for superior a 200 mL ou 50% do volume infundido na última dieta, não instala a próxima dieta e comunica ao médico. Infusão contínua → resíduo gástrico deve ser menor que 20 a 30% da taxa de infusão administrada por hora. POSIÇÃO DO PACIENTE Manter decúbito do paciente elevado: cabeceira da cama elevada em 30-45º durante a alimentação e 30min após (principalmente em pacientes dispneicos/com refluxo ou estase gástrica). A administração em bolo ou intermitente deve ser feita com o paciente sentado ou reclinado em 45º para prevenir a aspiração. DESMAME Momento que pode tirar a terapia. No geral, o paciente deve ser “mantido” em alimentação via sonda até que alcance, aproximadamente, 75% de suas necessidades nutricionais por meio da via oral (este percentual varia um pouco na literatura e depende do protocolo/consenso). Se for o caso, à medida que as dietas orais são reiniciadas, a dieta por sonda pode ser infundida durante a noite (como por uma bomba infusora), administrada entre as refeições ou interrompida uma hora antes das refeições para estimular o apetite. SUSPENSÃO Presença de instabilidade hemodinâmica Diarreia grave persistente Vômitos incoercíveis Íleo paralítico Sangramento do TGI Distensão abdominal.
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