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IMUNOLOGIA – FARMACOLOGIA (Golan) Gabriela Chioli Boer – T9 IMUNOLOGIA – FARMACOLOGIA ANTI-HISTAMÍNICOS AÇÕES DA HISTAMINA A histamina possui um amplo espectro de ações que envolvem numerosos órgãos e sistemas orgânicos A farmacologia da histamina emprega 3 abordagens, cada uma produzindo bloqueio da ação dessa substância ANTI-HISTAMINICOS H1 Mecanismo de ação Os receptores H1 coexistem em dois estados de conformação – ativo e inativo – que estão em equilíbrio de conformação entre si. A histamina atua como agonista para a conformação ativa do receptor H1 e desvia o equilíbrio para essa confirmação. Já os anti- histamínicos atuam como agonistas inversos, que se ligam à conformação inativa do receptor H1 e a estabilizam, desviando, assim, o equilíbrio para o estado inativo Na atualidade, os anti-histamínicos são divididos em duas categorias: os de primeira geração e os de segunda geração. As diferenças em lipofilia e seletividade deles respondem por seus perfis de efeitos adversos diferenciais, notavelmente a tendência de causar depressão do SNC (sonolência) e boca seca (efeito anticolinérgico) Primeira Geração São neutros em pH fisiológico e atravessam prontamente a barreira hematoencefálica (alta lipofilia), onde bloqueiam as ações dos neurônios histaminérgicos no SNC. Mostram-se menos seletivos para o receptor H1 dos que o de segunda geração. Além de poderem ligar-se a receptores colinérgicos, α- adrenérgicos e serotoninérgicos em doses convencionais Segunda Geração São ionizados em pH fisiológico e não atravessam com precisão a barreira hematoencefálica. Em geral, essa geração possui efeitos anticolinérgicos menos graves e são menos sedativos do que os de primeira geração, devido à sua entrada reduzida no SNC Farmacocinética Por via oral, são bem absorvidos pelo TGI. A duração do efeito varia. São metabolizados, em sua maioria, no fígado, e deve-se considerar ajustar a dose em pacientes com doença hepática grave. Como inibidores das enzimas hepáticas do citocromo P450, os anti- histamínicos podem afetar o metabolismo de outros fármacos que utilizam do mesmo sistema. A coadministração de agentes que competem pelas mesmas enzimas pode reduzir o metabolismo de um anti-histamínico e aumentar sua concentração Difenidramina; Prometazina; Pirilamina; Clorfeniramina; Cipro-heptadina; Hidroxizina Loratadina, Cetirizina, Fexofenadina, Cetirizina IMUNOLOGIA – FARMACOLOGIA (Golan) Gabriela Chioli Boer – T9 Usos Clínicos Distúrbios alérgicos: a fim de aliviar os sintomas de rinite, conjuntivite, urticária e prurido. Os anti- histamínicos bloqueiam o aumento da permeabilidade capilar necessário para formação do edema. Suprimem a via do FNkB e reduzem a transcrição de citocinas pró- inflamatórias, quimiotaxia e expressão de moléculas de adesão Prurido: a Hidroxizina é um exemplo muito utilizado Náuseas e cinetose: pela inibição dos sinais histaminérgicos do núcleo vestibular para o centro do vomito no bulbo Insônia: embora efetivos para promover o sono, a incidência aumentada de efeitos adversos, incluindo a tendência de produzir sedação no dia seguinte, limita sua utilidade prática Uso limitado → asma e anafilaxia: os anti-histamínicos H1 apresentam eficácia limitada para tais comorbidades Efeitos adversos Os principais são: toxicidade do SNC, cardiotoxicidade e efeitos anticolinérgicos. Os fatores que aumentam o risco de toxicidade do SNC incluem baixa massa corporal, disfunção hepática ou renal grave e uso concomitante de substâncias, como o álcool Os efeitos anticolinérgicos, mais proeminentes nos de primeira geração, consistem em dilatação da pupila, ressecamento dos olhos, boca seca, retenção urinária e dificuldade miccional O fato de alguns indivíduos terem sono com Loratadina é por conta do limiar de sono mais baixo, assim os poucos anti-histamínicos que atravessam a barreira hematoencefálica já são suficientes para provocar sonolência nesses indivíduos FARMACOLOGIA DA IMUNOSSUPRESSÃO A supressão farmacológica do sistema imune utiliza oito tipos de abordagens: I. Inibição da expressão genica para modular respostas inflamatórias II. Depleção das populações de linfócitos em expansão com agentes citotóxicos III. Inibição da sinalização de linfócitos para bloquear ativação e expansão dessas células IV. Neutralização de citocinas e receptores de citocinas essenciais para mediar a resposta imune V. Depleção de células imunes específicas, habitualmente por anticorpos específicos contra células VI. Bloqueio da coestimulação para induzir anergia VII. Bloqueio da adesão celular para impedir a migração e o guiamento das células inflamatórias VIII. Inibição da imunidade inata, incluindo ativação do complemento INIBIDORES DA EXPRESSÃO GÊNICA GLICOCORTICOIDES ▪ Efeitos metabólicos: os glicocorticoides são análogos do cortisol e exercem efeitos metabólicos importantes sobre quase todas as células do organismo, em doses farmacológicas, suprimem a ativação e função de células do sistema imune. Sua ação promove um desvio da resposta para um padrão Th2, com características anti-inflamatórias dependentes do aumento de citocinas como IL- 1, IL-4, IL-5, IL-6, IL-10, IL-13. Induz ainda a secreção do TGF-β, cpaz de reduzir a ativação do linfócito T e a proliferação celular. São capazes de inibir citocinas pró- inflamatórias, como IL-2 e IL-12, IFN-γ e TNF- α, bem como moléculas de adesão ou enzimas. Um dos principais mecanismos de ação moduladora sobre o processo inflamatório é exercido sobre a taxa de expressão de fatores de transcrição, redução da ação histamínica, IMUNOLOGIA – FARMACOLOGIA (Golan) Gabriela Chioli Boer – T9 diminuição da síntese de prostaglandinas (fosfolipases A2) e ativação do plasminogênio ▪ Ações fisiológicas: o cortisol na forma não ligada difunde-se pela membrana plasmática para o citosol. Existem dois tipos de receptores para os glicocorticoides: tipo I (mineralocorticoides) e tipo II. Há formação de um complexo após ligação com o receptor e sofre dimerização, por sua vez dimerizado, o complexo liga-se a elementos de resposta aos glicocorticoides (ERG) que podem intensificar ou inibir a expressão de genes ▪ Indicações terapêuticas: amplo espectro, podendo ser utilizados de forma substitutiva em casos de insuficiência adrenocortical, no diagnostico de doenças como a síndrome de Cushing, suprimir inflamação, asma, rejeição de transplante e artrite reumatóide. Também podem ser empregados no tratamento agudo da hipoglicemia ou hipercalcemia ▪ Efeitos adversos importantes: necessário um rigoroso monitoramento em pacientes tratados com glicocorticoides. Analisando diabetes, osteoporose, cataratas, aumento do apetite levando ao ganho ponderal, hipertensão, susceptibilidade da resistência às infecções, disfunção hipofisária/gonadal, sistema cutâneo, manifestações psiquiátricas, dentre outros ▪ Suspensão do uso: a retirada da corticoterapia é uma situação que deve ser planejada, pois a retirada inadequada pode determinar a reativação da doença de base ou quadro de insuficiência adrenal aguda consequentemente à supressão prolongada do eixo HHA, uma vez que o hipotálamo e hipófise necessitam de várias semanas a meses para o restabelecimento da produção adequada de ACTH ▪ Fármacos: inibem a expressão de COX-2; induzem lipocortinas e ativam vias anti- inflamatórias endógenas. Não corrigem a etiologia da doença subjacente, mas limitam os efeitos da inflamação AGENTES CITOTÓXICOS ANTIMETABÓLITOS Mecanismos levam à redução nos níveis celulares de AMP e GMP, que são metabólitos essenciais para as sínteses de DNA e RNA, armazenamento de energia, sinalização celular e outras funções ▪ Azatioprina: a AZA é um pró-fármaco do análogode purina, a 6-MP, lentamente liberado à medida que AZA reagem de modo não enzimático com compostos sulfídricos. A liberação lenta de 6-MP favorece a imunossupressão. Possui elevada absorção no TGI e metabolização hepática mediada pela xantino oxidase o Fármacos que interferem na concentração da AZA → Alopurinol: a eficiência e toxicidade são potencializadas numa coadministração, uma vez que permite uma redução da dose de 6-MP em até dois terços. O Alopurinol inibe a xantino oxidase, impedindo, assim, a oxidação da 6-MP a seu metabólito inativo INIBIDORES ESPECÍFICOS DA SINALIZAÇÃO DOS LINFÓCITOS CICLOSPORINA: A CsA inibe a produção de IL-2 pelas células T ativadas. Atua por meio da ligação à ciclofolina, formando um complexo que se liga à calcineurina, inibindo sua atividade de fosfatase. Ao inibir a desfosforilação do FNTA, a CsA impede a translocação do FNTA para o núcleo, portanto, suprime a produção de IL-2 Normalmente: a estimulação das células T aumentam o nível de Ca2+ e este ligado a calmodulina ativa a desfosforilação mediada pela calcineurina do FNTA, o qual é ativado e transferido para o núcleo, onde induz a transcrição do gene IL-2 Graves efeitos adversos: nefrotoxicidade, hipertensão, hiperlipidemia, neurotoxicidade e hepatoxicidade Prednisona (pró-fármaco), Prednisolona (ativo), Metilprednisolona e Dexametasona IMUNOLOGIA – FARMACOLOGIA (Golan) Gabriela Chioli Boer – T9 INIBIDORES DO MTOR SIROLIMO (OU RAPAMICINA) Liga-se à FKBP (intracelular) bloqueando a sinalização do receptor de IL-2, necessária para proliferação de células T. o complexo sirolimo-FKBP liga-se ao alvo molecular da mTOR e o inibe, com isso inibe a síntese de proteínas e interrompe a divisão celular na fase G1 Possui baixa absorção no TGI (atenção aos alimentos gordurosos) e metabolização hepática pela CYP3A4 Efeitos adversos: hiperlipidemia, leucopenia, trombocitopenia, anemia, úlceras orais e aumento do colesterol e triglicérides DEPLEÇÃO DE CÉLULAS IMUNES ESPECÍFICAS Anticorpos utilizados como alvo depletam células reativas do sistema imune ANTICORPOS MONOCLONAIS OKT3: dirigido contra a CD3 humana, que é importante na ativação do receptor de células T. o tratamento com OKT3 causa depleção do reservatório disponível de células T pela ativação do complemento mediada pelo anticorpo e remoção dos imunocomplexos Como o OKT3 é dirigido contra todas as células T, o tratamento pode resultar em imunossupressão profunda, mas transitória, já que os níveis normalizam em 1 semana após interrupção. Além disso, essa terapia pode também ativar amplamente as células T resultando em uma síndrome de liberação de citocinas Outra limitação é que o OKT3 pode induzir a produção de anticorpos contra regiões do OKT3 específicas, o que reduziria a eficácia do fármaco INIBIÇÃO DAS CITOCINAS INIBIDORES DO TNF-Α Macrófagos, mastócitos e células Th ativadas (principalmente Th1) secretam TNF- α, a qual estimula a produção de metabólitos citotóxicos pelos macrófagos, aumentando, assim, a atividade fagocítica, além dessa citocina estimular a produção de proteínas da fase aguda IMUNOLOGIA – FARMACOLOGIA (Golan) Gabriela Chioli Boer – T9 Demonstra eficácia terapêutica nas doenças de artrite reumatóide, psoríase e doença de Crohn Funções propostas do TNF na artrite reumatóide: o TNF é secretado por macrófagos ativados na articulação acometida. Em primeiro lugar, o TNF ativa as células endoteliais a suprarregular a expressão de moléculas de adesão e a sofrer outras alterações que promovem adesão e diapedese dos leucócitos. Em segundo lugar, o TNF exerce efeito de retroalimentação positiva sobre monócitos e macrófagos, promovendo a secreção de citocinas (IL-1), que junto do TNF estimula os fibroblastos sinoviais a aumentar a expressão de mataloproteases da matriz, prostaglandinas e citocinas, que degradam a cartilagem articular. Todos os pacientes devem ser submetidos a triagem para tuberculose antes de iniciar o tratamento, dado risco aumentado de reativação da tuberculose latente. Todo paciente que adquire infecção durante uso de inibidor de TNF-α deve ser submetido a avaliação e antibioticoterapia agressiva Etanercepte (dímero do receptor de TNF solúvel); Infliximabe, Adalimumabe e Golimumabe (são anticorpos monoclonais anti-TNF-α
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