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DEFINIÇÃO Processo inflamatório, de origem imunológica, que acomete os glomérulos de ambos os rins e cuja expressão clínica é uma Síndrome Nefrítica, que, independente da origem, é caracterizada por: hematúria, edema, hipertensão arterial sistêmica, oligúria e proteinúria subnefrótica. Obs.: Nem toda síndrome nefrítica é uma glomerulonefrite pós estreptocócica. Entretanto, cerca de 80 a 90% das síndromes nefríticas que acometem as crianças são glomerulonefrite pós estreptocócica (GNPE). ETIOLOGIA Síndrome pós-infecciosa: Pós-estreptocócic Não pós-estreptocócica (Bacterianas – endocardite, sepse; Virais – hepatite B e C, mononucleose; Parasitárias – toxoplasmose) Por doenças multissistêmicas: LES; Síndrome goodpasture Primária do glomérulo: Doença de Berger GLOMERUOLONEFRITE DIFUSA AGUDA – GNDA Infecção pelo Streptococcus beta-hemolítico do grupo A de Lancefield o Cepas 12/18/25: Faringite; o Cepas 2/49/55: Impetigo. Obs.: nem toda cepa de streptococcus causará síndrome nefrítica. Cada cepa tem uma proteína M diferente. Proteína M: antígeno que induz a imunogenicidade e caracteriza os sorotipos. Sorotipos: 1, 2, 4,12, 25, 29, 55, 27 e 60. Pico de incidência: 6 – 8 anos Mais prevalente no sexo masculino: M2:1F (IVAS) / M1:1F (Piodermite) Sequela tardia, não supurativa, de uma infecção Streptocócica: o Faringoamigdalite: 7 a 21 dias (média de 2 semanas); o Piodermite: 15 a 28 dias (média de 3 semanas). Obs.: Outra sequela tardia, não supurativa é a febre reumática. EPIDEMIOLOGIA Mais comum na infância o Mundo – 472.000 casos/ano; o 404.000 casos em crianças; o 456.000 em países menos desenvolvidos. Nível socioeconômico o Surtos epidêmicos; o Áreas densamente populosas; o Comunidades fechadas. Predisposição genética o Irmãos do caso-índice: 38%. PATOGENIA Não se sabe precisamente o mecanismo. Algumas teorias: Aprisionamento de imunocomplexos circulantes Formação de imunocomplexos contra componentes estreptocócicos presentes nos glomérulos Formação de imunocomplexos in situ contra componentes do glomérulo (mimetismo molecular); O Ag da bactéria tem uma semelhança com proteínas que contém no glomérulo, atacando o self. Tudo isso leva a ativação do complemento no glomérulo e atração de linfócitos T, neutrófilos, macrófagos, com liberação de citocinas. O espaço de bowman é comprimido pelo maior volume dos tufos capilares. o Acontecendo em alguns glomérulos. A hematúria é devido ao aumento da permeabilidade glomerular, por lesão dos capilares. FISIOPATOLOGIA Mecanismo principal: hipovolemia Edema pelo aumento da pressão hidrostática. Dismorfismo das hemácias acontece pela passagem no glomérulo. TRÍADE CLÁSSICA: Edema: matutino, periorbitário, aumento progressivo para MMII e genitália. o De parede abdominal Hipertensão: 50-90% dos casos, multifatorial, tabelas para sexo/idade/altura. Hematúria: macroscópica (50% dos casos), microscópica (quase 100% dos casos). o A ausência em uma única amostra não descarta. COMUNS: Proteinúria: 73% apresentam proteinúria nefrítica, 3% apresentam proteinúria nefrótica (>50mg/kg/dia), 24% não apresentam proteinúria. Oligúria: diminuição do volume urinário, 25-30% dos casos. Obs.: Poucas causas de síndrome nefrítica, apresenta proteinúria nefrótica. Assim, você vai diferenciar de síndrome nefrótica porque na nefrítica essa proteinúria se resolve em mais ou menos 2 semanas, sem o uso de corticoide (medicação utilizada para proteinúria nefrótica da síndrome nefrótica). FREQUENTES: Congestão circulatória Palidez INESPECÍFICOS: Febre Mal estar Dor abdominal Cefaleia Anorexia Cansaço RAROS – mais preocupantes: Anúria Insuf. Renal Encefalopatia hipertensiva Insuficiência cardíaca DIAGNÓSTICO História e exame físico Sumário de urina (hematúria, cilindros hemáticos praticamente patognômonico de hematúria glomerular, leucocitúria (células inflamatórias no glomérulo), proteinúria). Bioquímica o Ureia aumentada; o Creatinina normal ou aumentada; o Hiponatremia dilucional (porque você aumenta a reabsorção de Sódio e água. Entao, mesmo com alta reabsorção de sódio ele é diluído na água). Avaliação hematológica o Anemia normocítica e normocrômica; o Trombocitopenia. Imunologia o ASLO positivo (eleva-se 10-14 dias após infecção estreptocócica). Pico na 4ª semana/Piodermite não se altera. Se infecção de orofaringe. o Anti DNAse B positivo (90-95% de alteração nas piodermites). o C3 e CH5O diminuído (90-100%) no sangue, mas no glomérulo está cheio de C3. o C4 menos alterado TRATAMENTO 1. Erradicação da estreptococcia Penicilina Benzatina dose única; Eritromicina nas hipersensibilidades; Evita disseminação das cepas. Obs: a erradicação da bactéria não muda o prognóstico da doença, mas evita a disseminação das cepas nefritogênicas. Erradicação do estrepto com amoxicilina tem que fazer uso por 10 dias. 2. Repouso relativo Controle do edema e hipertensão. 3. Restrição hídrica e de Na Ingestão hídrica limitada a: 400ml/m2 ou 20ml/kg + perdas do dia anterior (diurese, vômito); Para pacientes graves! Não tão grave – restrição conforme a cede (água). Não oferecer líquidos que vão estimular ainda mais a cede (ex.: sucos). 2g de sal/dia; Na fase oligúrica, edema e HAS. TTO ambulatorial: Alimentação hipossódica e água conforme a sede. 4. Restrição proteica – não costuma fazer. Máximo de 1g/kg/dia de proteína. 5. Diurético: Se sinais de intoxicação hídrica, manifestações clinicas: taquipneica, estertores pulmonares, dispneia no decúbito, edema agudo, congestão cardíaca. Furosemida: 1-4 mg/kg/dia; 6. Anti-hipertensivo Bloqueadores de canal de cálcio (Nifedipino ou Anlodipino); Vasodilatadores; hidralazina e em casos mais graves nitroprussiato. Betabloqueadores; Propanolol, atenolol. Obs.: Cuidado: IECA em situações aguda [vasoconstrição da arteríola aferente]. PROGNÓSTICO EVOLUÇÃO NORMAL: Recorrência é rara. Excelente evolução, especialmente em crianças. Apenas 1% dos pacientes pediátricos evolui para DRC. Obs.: C3 e CH5O normalizam em até 8 semanas. EVOLUÇÃO ANORMAL: Situações que indicam biópsia renal: o Basta 1 critério. Hematúria mascroscópica > 4 semanas; Azotemia por mais de 4 semanas; HAS por mais de 4 semanas; Proteinúria nefrótica > 4 semanas; Complemento baixo > 8 semanas; Oligoanúria > 72h. Obs.: Diferença de azotemia e uremia – na azotemia há elevação dos compostos nitrogenados e na uremia há essa elevação e tem sintomas decorrente disso.
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