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Acidentes por Animais Peçonhentos

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Tutoria 3 – Módulo 3 – P4 – Eduarda Miranda 
 
1. Entender como realizar os primeiros socorros em pacientes com picadas de animais peçonhentos. 
• Procure atendimento médico imediatamente. 
• Informe ao profissional de saúde o máximo possível de características do animal, como: tipo de animal, 
cor, tamanho, entre outras. 
• Se possível, e caso tal ação não atrase a ida do paciente ao atendimento médico, lave o local da picada 
com água e sabão (exceto em acidentes por águas-vivas ou caravelas), mantenha a vítima em repouso e com 
o membro acometido elevado até a chegada ao pronto socorro. 
• Em acidentes nas extremidades do corpo, como braços, mãos, pernas e pés, retire acessórios que possam 
levar à piora do quadro clínico, como anéis, fitas amarradas e calçados apertados. 
• Não amarre (torniquete) o membro acometido e, muito menos, corte e/ou aplique qualquer tipo de substância 
(pó de café, álcool, entre outros) no local da picada. 
• Especificamente em casos de acidentes com águas-vivas e caravelas, primeiramente, para alívio da dor 
inicial, use compressas geladas de água do mar (ou pacotes fechados de gelo – “cold packs” – envoltos 
em panos, se disponível). A remoção dos tentáculos aderidos à pele deve ser realizada de forma cuidadosa, 
preferencialmente com uso de pinça ou lâmina. Procure assistência médica para avaliação clínica do 
envenenamento e, se necessário, realização de tratamento complementar. 
• Não tente “chupar o veneno”, essa ação apenas aumenta as chances de infecção local. 
2. Descrever os principais animais peçonhentos e o quadro clínico, o diagnóstico e o tratamento para cada um 
• Serpentes: 
o Acidente botrópico 
§ Manifestações locais – evidenciam-se nas primeiras horas após a picada, com a presença 
de edema, dor e equimose na região atingida, que progride ao longo do membro acometido. 
As marcas de picada nem sempre são visíveis, assim como o sangramento nos pontos de 
inoculação das presas. Bolhas com conteúdo seroso ou sero-hemorrágico podem surgir na 
evolução e dar origem à necrose cutânea. As principais complicações locais são decorrentes 
da necrose e da infecção secundária, que podem levar à amputação e/ou déficit funcional 
do membro. 
Acidentes por animais peçonhentos 
 
§ Manifestações sistêmicas – sangramentos em pele e mucosas são comuns (gengivorragia, 
equimoses a distância do local da picada), hematúria, hematêmese e hemorragia em outras 
cavidades podem determinar risco ao paciente. Hipotensão pode ser decorrente de seqüestro 
de líquido no membro picado ou hipovolemia conseqüente a sangramentos, que podem 
contribuir para a instalação de insuficiência renal aguda. 
o Acidente Crotálico 
§ Manifestações locais – não se evidenciam alterações significativas. A dor e o edema são 
usualmente discretos e restritos ao redor da picada; eritema e parestesia são comuns. 
§ Manifestações sistêmicas – o aparecimento das manifestações neuroparalíticas tem 
progressão craniocaudal, iniciando-se por ptose palpebral, turvação visual e 
oftalmoplegia. Distúrbios de olfato e paladar, além de ptose mandibular e sialorréia, podem 
ocorrer com o passar das horas. Raramente a musculatura da caixa torácica é acometida, 
o que ocasiona insuficiência respiratória aguda. Essas manifestações neurotóxicas regridem 
lentamente, porém são totalmente reversíveis. Pode haver gengivorragia e outros 
sangramentos discretos. Progressivamente, surgem mialgia generalizada e escurecimento da 
cor da urina (cor de “cocacola” ou “chá-preto”). A insuficiência renal aguda é a principal 
complicação e causa de óbito. 
o Acidente Laquético 
§ As manifestações, tanto locais como sistêmicas, são indistinguíveis do quadro desencadeado 
pelo veneno botrópico. A diferenciação clínica se faz quando, nos acidentes laquéticos, 
estão presentes alterações vagais como náuseas, vômitos, cólicas abdominais, diarréia, 
hipotensão e choque. 
o Acidente Elapídico 
§ Manifestações locais – dor e parestesia na região da picada são discretos, não havendo 
lesões evidentes. 
§ Manifestações sistêmicas – fácies miastênica ou neurotóxica (comum ao acidente crotálico) 
constitui a expressão clínica mais comum do envenenamento por coral verdadeira, 
complicação decorrente da progressão da paralisia da face para os músculos respiratórios. 
 
• Abelha: 
o As reações desencadeadas pela picada de abelhas variam de acordo com o local e o número de 
ferroadas, bem como características e o passado alérgico do indivíduo atingido. As manifestações 
clínicas podem ser alérgicas (mesmo com uma só picada) e tóxicas (múltiplas picadas). 
o Normalmente, após uma ferroada há dor aguda local, que tende a desaparecer espontaneamente 
em poucos minutos, deixando vermelhidão, coceira e inchaço por várias horas ou dias. A intensidade 
desta reação inicial causada por uma ou múltiplas picadas deve alertar para um possível estado 
de sensibilidade às picadas subsequentes. 
o Em casos de múltiplas picadas, podem ocorrer manifestações sistêmicas, devido à grande 
quantidade de veneno inoculada. Nesse caso, os sintomas são irritação e ardência da pele, 
vermelhidão, calor generalizado, pápulas, urticárias, pressão baixa, taquicardia, dor de 
cabeça, náuseas e/ou vômitos, cólicas abdominais e broncoespasmos. 
o Em casos mais graves pode ocorrer choque, insuficiência respiratória aguda, e insuficiência renal 
aguda. As manifestações alérgicas locais são caracterizadas por um inchaço que persiste por 
alguns dias. As reações alérgicas sistêmicas podem variar de urticária generalizada e mal-estar 
até edema de glote, broncoespasmos, choque anafilático, queda da pressão arterial, colapso, 
perda da consciência, incontinência urinária e fecal, e cianose. 
 
• Picadas por Escorpião: 
o Frequentemente, a picada de escorpião é seguida de dor (moderada ou intensa) ou formigamento no 
local da picada; podem ser tratados com analgésicos, sendo fundamental observar o surgimento de 
outros sintomas por, no mínimo, 6 a 12 horas, principalmente em crianças menores de 7 anos e em 
idosos. 
o Sintomas de gravidade: 
§ náuseas ou vômito; suor excessivo; agitação; tremores; salivação; aumento dos batimentos 
cardíacos e da pressão arterial. 
§ Nestes casos, procurar atendimento hospitalar o mais rápido possível, mantendo o paciente 
em repouso, para avaliação da necessidade de aplicação de soro anti-escorpiônico. Se 
possível, o animal que provocou a picada deve ser levado ao serviço de saúde para 
identificação. 
 
• Picadas por aranhas: 
o As principais aranhas causadoras de acidentes no Brasil são a “armadeira”, a marrom, a tarântula 
e a caranguejeira. 
o A armadeira quando surpreendida coloca-se em posição de ataque, apoiando-se nas pernas traseiras, 
ergue as dianteiras e procura picar. A picada causa dor imediata, inchaço local, formigamento e 
suor no local da picada. Deve-se combater a dor com analgésicos e observar rigorosamente novos 
sintomas, como vômitos, aumento da pressão arterial, dificuldade respiratória, tremores, espasmos 
musculares, caracterizando acidente grave. Assim, há necessidade de internação hospitalar e 
aplicação de soro específico. 
o A picada da aranha marrom provoca menos acidentes, por ser pouco agressiva. Na hora da picada a 
dor é fraca e despercebida, após 12 a 24 horas podem surgir dor local com inchaço, náuseas, mal 
estar geral, manchas, bolhas e até morte das células (necrose) no local picado. Nos casos graves, 
a urina fica de cor marrom escura. Deve-se procurar atendimento médico para avaliação. 
o A picada da tarântula (aranha que vive em gramados ou jardins) pode provocar pequena dor local 
e necrose. Utilizam-se analgésicos para alívio da dor e não há tratamento com soro específico, 
assim como para as picadas de caranguejeiras. 
• Picadas por lonomias e outras lagartas: 
o Envenenamento causado pela penetração de cerdas de lagartas (lepidópteros) na pele, ocorrendo, 
assim, a inoculação de toxinasque podem determinar alterações locais e, nos envenenamentos 
pelo gênero Lonomia, manifestações sistêmicas. 
o São considerados de importância médica os acidentes causados por insetos pertencentes a 
ordem Lepidoptera, na sua forma larvária. Popularmente conhecidas como taturana, oruga, ruga, 
lagarta-de-fogo, apresentam grande variedade morfológica. As principais famílias de lepidópteros 
causadoras de acidentes são a Megalopygidae e a Saturniidae. 
o Os representantes da família Megalopygidae (megalopigídeos) apresentam cerdas pontiagudas, 
curtas e que contêm as glândulas de veneno, entremeadas por outras longas, coloridas e 
inofensivas. Já as lagartas da família Saturniidae (saturnídeos) têm “espinhos” ramificados e 
pontiagudos de aspecto arbóreo, com tonalidades esverdeadas, mimetizando, muitas vezes, as 
plantas que habitam. Nesta família se inclui o gênero Lonomia, causador de acidentes hemorrágicos. 
o Alimentam-se durante a noite, permanecendo no tronco durante o dia. Os megalopigídeos são 
solitários, enquanto os saturnídeos têm hábitos gregários, fazendo com que o acidente ocorra, 
geralmente, com várias lagartas, principalmente em crianças que, ao subir no tronco das árvores, 
terminam por entrar em contato com as mesmas. 
o Os lepidópteros têm ampla distribuição em todo o país. As lagartas do gênero Lonomia vêm 
adquirindo, na última década, maior relevância em função do aumento na população de insetos, com 
duas espécies descritas: L. obliqua, encontrada predominantemente na região Sul, São Paulo e Minas 
Gerais, e L. achelous, identificada no Pará, Amapá e Maranhão. É o único grupo responsável por 
manifestações sistêmicas, caracterizadas por sangramentos. 
o Manifestações locais – independentemente do gênero ou família do lepidóptero causador do acidente, 
o quadro local é indistinguível e se caracteriza por dor imediata em queimação, irradiada para o 
membro, com área de eritema e edema na região do contato; eventualmente, pode-se evidenciar lesões 
puntiformes eritematosas nos pontos de inoculação das cerdas. Adenomegalia regional dolorosa é 
comumente referida. Embora raro, pode haver evolução com bolhas e necrose cutânea superficial. Os 
sintomas normalmente regridem em 24 horas, sem maiores complicações. 
o Manifestações sistêmicas – são somente observadas nos acidentes por Lonomia e instalam-se 
algumas horas após o acidente, mesmo após a regressão do quadro local. Chama a atenção a 
presença de queixas inespecíficas, como cefaléia, mal-estar, náuseas e dor abdominal, que muitas 
vezes estão associadas ou mesmo antecedem o aparecimento de sangramentos. Dentre as 
manifestações hemorrágicas, são mais comumente observadas gengivorragia, equimoses de 
aparecimento espontâneo ou provocados por traumatismo/venopunção, epistaxe e, em outros sítios 
que podem determinar maior gravidade, hematúria, hematêmese e hemoptise. Insuficiência renal aguda 
e hemorragia intracraniana têm sido associados a óbitos. 
 
• Acidentes com aranhas: 
o Envenenamento causado pela inoculação de toxinas através de aparelho inoculador (quelíceras) de 
aranhas, podendo determinar alterações locais (na região da picada) e sistêmicas. Apesar do grande 
número de aranhas encontradas na natureza, poucas são consideradas de importância médica. 
o As aranhas peçonhentas de interesse médico no Brasil são representadas pelos 
gêneros Loxosceles (aranha-marrom), Phoneutria (armadeira) e Latrodectus (viúva-negra), que 
apresentam aspectos biológicos e distribuição geográfica bastante distintos. 
o O gênero Loxosceles é encontrado em todo o país, mas sua importância é mais destacada na região 
Sul, particularmente no Paraná, onde vem proliferando de maneira significativa na última década. 
Várias são as espécies descritas e as principais causadoras de acidentes são: Loxosceles 
intermedia, L. laeta e L. gaucho. Podem atingir 1 cm de corpo e até 3 cm de envergadura de pernas. 
Constroem teias irregulares em fendas de barrancos, sob cascas de árvores, telhas e tijolos, atrás 
de quadros e móveis e em vestimentas, geralmente ao abrigo da luz; não são agressivas e picam 
somente quando comprimidas contra o corpo. 
§ 1. Loxoscelismo: Manifestações locais – a picada é usualmente pouco dolorosa, podendo 
passar desapercebida; após algumas horas, tornam-se evidentes dor, eritema e edema na 
região da picada, com equimose central, áreas de palidez (placa marmórea) e, 
eventualmente, bolhas com conteúdo sero-hemorrágico; à palpação, nota-se área endurada. 
A lesão cutânea pode evoluir com necrose seca e úlcera. Manifestações sistêmicas – 
acompanhando o quadro local, queixas inespecíficas como mal-estar, cefaléia, febre e 
exantema são comumente referidas pelos pacientes. A presença de hemólise intravascular 
caracteriza a chamada forma cutâneo-visceral do loxoscelismo, observada na minoria dos 
casos, em geral nas primeiras 72 horas após a picada. Os casos graves podem evoluir com 
insuficiência renal aguda. 
§ 2. Foneutrismo: Manifestações locais – a dor irradiada e de início imediato é o sintoma 
mais característico, podendo ser bastante intensa nas primeiras três a quatro horas após 
a picada; o quadro pode ser acompanhado por edema e sudorese no local e parestesia ao 
longo do membro. As marcas dos pontos de inoculação podem ou não ser visualizadas. 
Manifestações sistêmicas – em associação ao quadro local, os pacientes podem apresentar 
taquicardia, hipertensão arterial, agitação psicomotora e vômitos. Crianças podem 
apresentar manifestações graves, como sudorese profusa, sialorréia, priapismo, hipotensão, 
choque e edema pulmonar agudo, que podem eventualmente levar a óbito. 
§ 3. Latrodectismo: Manifestações locais – geralmente o quadro se inicia com dor local 
de pequena intensidade, evoluindo com sensação de queimação; observa-se pápula 
eritematosa e sudorese localizada. Manifestações sistêmicas – são mais freqüentemente 
observadas alterações motoras, como dor irradiada e contrações espasmódicas dos membros 
inferiores, contraturas musculares intermitentes, tremores, dor com rigidez abdominal (que 
pode simular abdome agudo) e fácies latrodectísmica, caracterizada por contratura facial 
e trismo dos masseteres. Outras manifestações, menos freqüentes, incluem opressão 
precordial, taquicardia e hipertensão arterial, náuseas, vômitos, sialorréia e priapismo. 
o Tratamento: 
§ Além de calor local e analgésico sistêmico, o tratamento sintomático para a dor no 
foneutrismo inclui infiltração anestésica local ou troncular com lidocaína a 2% ou 
similar, sem vasoconstritor (3-4 ml em adultos e 1-2 ml em crianças). Havendo recorrência 
da dor, pode ser necessária nova infiltração, em geral em intervalos de 60 min. Caso não 
haja resposta satisfatória ao anestésico, recomenda-se o uso de meperidina 50-100 mg 
(crianças: 1 mg/kg) via intramuscular. A soroterapia tem indicação restrita, conforme a 
gravidade do acidente, sendo utilizado o soro antiaracnídico que contém frações que 
neutralizam o veneno de Tityus, Phoneutria e Loxosceles. 
§ No loxoscelismo, a limitação ao uso de antiveneno se deve ao diagnóstico tardio, muitas 
vezes realizado já com a necrose cutânea delimitada. Nesse caso, medidas de suporte, como 
uso de antissépticos, lavagem com KMnO4 (permanganato de potássio) a 1:40 mil e curativos 
locais são recomendados até que ocorram a remoção da escara e o acompanhamento cirúrgico 
para o manejo da úlcera e correção da cicatriz. 
§ O soro antilatrodéctico encontra-se em fase experimental, não sendo disponível para uso 
de rotina. Desta forma, o tratamento medicamentoso do latrodectismo inclui, além de 
analgésicos sistêmicos: 
• benzodiazepínicos do tipo diazepan: 5-10 mg (crianças: 1-2 mg), via intravenosa, 
a cada 4 horas, se necessário; 
• gluconato de cálcio 10%: 10-20 ml (crianças: 1 mg/kg), via intravenosa, a cada 
4 horas, se necessário; 
• clorpromazina: 25-50 mg (crianças: 0,55 mg/kg/dose), via intramuscular,a cada 
8 horas, se necessário. 
3. Conhecer o controle e a prevenção contra animais peçonhentos. 
Prevenção geral: 
• Usar luvas de raspa de couro e calçados fechados, entre outros equipamentos de proteção individual (EPI), 
durante o manuseio de materiais de construção (tijolos, pedras, madeiras e sacos de cimento); transporte 
de lenhas; movimentação de móveis; atividades rurais; limpeza de jardins, quintais e terrenos baldios, 
entre outras atividades. 
• Olhar sempre com atenção o local de trabalho e os caminhos a percorrer. 
• Não colocar as mãos em tocas ou buracos na terra, ocos de árvores, cupinzeiros, entre espaços situados 
em montes de lenha ou entre pedras. Caso seja necessário mexer nesses lugares, usar um pedaço de madeira, 
enxada ou foice. 
• Os trabalhadores do campo devem sempre utilizar os equipamentos de proteção individual (EPIs), como botas 
ou perneiras, evitar colocar as mãos em tocas, montes de lenha, folhas e cupinzeiros. 
Prevenção contra cobras e escorpiões: 
- usar calçados e luvas nas atividades rurais e de jardinagem; 
- examinar e sacudir calçados e roupas pessoais, de cama e banho, antes de usá-las; 
- afastar camas das paredes e evitar pendurar roupas fora de armários; 
- não acumular lixo orgânico, entulhos e materiais de construção; 
- limpar regularmente atrás de móveis, cortinas, quadros, cantos de parede; 
- vedar frestas e buracos em paredes, assoalhos, forros, meia-canas e rodapés; 
- utilizar telas e vedantes em portas, janelas e ralos. Colocar sacos de areia nas portas para evitar a entrada 
de animais peçonhentos; 
- manter limpos os locais próximos das residências, jardins, quintais, paióis e celeiros. Evitar plantas tipo 
trepadeiras e bananeiras junto às casas e manter a grama sempre cortada; 
- combater a proliferação de insetos, principalmente baratas e cupins, pois são alimentos para aranhas e 
escorpiões; 
- preservar os predadores naturais de aranhas e escorpiões como seriemas, corujas, sapos, lagartixas e 
galinhas; 
- limpar terrenos baldios pelo menos na faixa de um a dois metros junto ao muro ou cercas; 
- não colocar mãos ou pés em buracos, cupinzeiros, montes de pedra ou lenha, troncos podres, etc. 
 
 
 
 
 
4. Compreender como realizar o serviço de notificação para animais peçonhentos (passo a passo e o porquê de ser 
obrigatório) 
 
• INSTRUMENTOS DISPONÍVEIS PARA CONTROLE 
Não existem medidas específicas para controle da população dos animais peçonhentos. Por serem animais 
silvestres, são proibidos sua captura e transporte não autorizados legalmente. Portanto, a única garantia para 
que não haja acidentes é a prevenção de sua ocorrência. 
• Vigilância Ambiental 
Os animais peçonhentos podem estar presentes em vários tipos de ambiente. No caso de serpentes, há espécies 
que vivem em ambientes florestais e outras em áreas abertas, como campos cerrados e caatingas, o que torna 
inviável o monitoramento de sua presença na natureza. A diversidade de hábitos alimentares é grande e várias 
espécies alimentam-se de invertebrados, como moluscos, minhocas e artrópodes, ao passo que outras se alimentam 
de vertebrados, como peixes, anfíbios, lagartos, serpentes, aves e mamíferos. Ressalte-se como de importância no 
meio periurbano a presença de roedores, que aumenta a proximidade dos ofídios ao homem. 
A proteção de predadores naturais de serpentes, como as emas, siriemas, gaviões, gambás e cangambás, e a 
manutenção de animais domésticos como galinhas e gansos próximos às habitações, em geral afastam as serpentes. 
O crescimento da população dos escorpiões e de aranhas do gênero Loxosceles no meio urbano dificulta o 
controle desses animais, principalmente na periferia das cidades, onde encontram alimento farto, constituído por 
baratas e outros insetos. Inseticidas e outros produtos tóxicos não têm ação na eliminação dos animais no ambiente. 
Apesar de não serem bem conhecidos os fatores que acarretam mudanças no padrão das populações de animais 
peçonhentos em determinado meio, como é o caso de Loxosceles e Lonomia no Sul do país, desequilíbrios ecológicos 
ocasionados por desmatamentos, uso indiscriminado de agrotóxicos e outros produtos químicos em lavouras, e 
alterações climáticas ocorridas ao longo de vários anos, certamente têm participação no incremento dos acidentes 
e, conseqüentemente, importância em termos de saúde pública. 
 
• Ações de Educação em Saúde 
o As estratégias de atuação junto às comunidades expostas ao risco de acidentes devem incluir, além 
das noções de prevenção dos acidentes, medidas de orientação para a não realização de práticas 
caseiras e alternativas no manejo dos pacientes, tais como: 
§ o uso de torniquete ou garrote, embora ainda bastante difundido, tem sido associado a 
complicações locais nos acidentes botrópicos e laquéticos, por favorecer a concentração de 
veneno e agravar a isquemia na região da picada; 
§ sucção e incisão no local da picada propiciam, além de infecção cutânea, a ocorrência de 
hemorragia, não tendo nenhuma eficácia na redução da absorção do veneno; 
§ a colocação de substâncias como alho, esterco, borra de café e outros produtos permanecem 
como práticas ainda fortemente arraigadas na população. A crença nessas medidas provoca o 
retardo no encaminhamento do paciente para a unidade de saúde, que é feito tardiamente para 
a administração do soro, muitas vezes quando o indivíduo já apresenta complicações; 
§ medicamentos fitoterápicos e outras terapias alternativas não encontram respaldo na 
literatura científica para o tratamento dos acidentes por animais peçonhentos, devendo-se 
desestimular o seu uso. 
• Organização da Distribuição dos Soros Antipeçonhentos 
Desde a implantação do Programa Nacional de Controle dos Acidentes por Animais Peçonhentos, em 1986, todos 
os soros antipeçonhentos produzidos no Brasil são adquiridos pelo Ministério da Saúde e distribuídos às secretarias 
estaduais de saúde, que, por sua vez, definem os pontos estratégicos para atendimento dos acidentes e utilização 
correta e racional dos antivenenos. O diagnóstico correto e a terapêutica adequada são condições essenciais para 
o bom prognóstico dos casos. 
Deste modo, é preocupação constante do Ministério da Saúde garantir o acesso gratuito e universal ao 
tratamento soroterápico. Para tanto, as análises epidemiológicas das séries históricas dos acidentes ocorridos no 
Brasil têm sido fundamentais para o planejamento dessa distribuição. 
Assim, considera-se a marcada sazonalidade na ocorrência dos acidentes em determinadas regiões, o que 
orienta a aquisição destes imunobiológicos junto aos laboratórios produtores e a distribuição racional dos estoques 
aos estados. Além disso, as estratégias de distribuição de soros devem levar em conta o mapeamento das áreas de 
maior registro de casos, visando minimizar as distâncias entre os locais de ocorrência dos acidentes e as unidades 
de saúde. 
O acompanhamento da distribuição geográfica dos animais e dos acidentes permite definir estratégias para a 
organização da assistência médica e planejamento das ações de vigilância, incluindo a distribuição de soros 
antiofídicos compatível com o perfil epidemiológico dos acidentes.

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