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CONCEITO • Extremamente comum, chegando a 4% dos atendimentos clínicos. • É benigna principalmente se for crônica e recorrente FISIOPATOLOGIA ESTRUTURAS SENSÍVEIS À DOR • A cefaleia é causada por tração, deslocamento, inflamação, espasmos vasculares ou distensão de estruturas sensíveis à dor na cabeça ou no pescoço. O envolvimento apenas de partes ósseas não causa dor. IRRADIAÇÃO OU PROJEÇÃO DA DOR • O nervo trigêmeo (V) carrega a sensibilidade de estruturas intracranianas da fossa anterior e média do crânio (acima do tentório cerebelar). Lesões intracranianas discretas, nessas localizações, podem produzir dor que se irradia na distribuição do nervo trigêmeo, podendo causar cefaleia frontal • Os nervos glossofaríngeo (IX) e vago (X) transmitem a sensibilidade de parte da fossa posterior; a dor originada dessa área também pode ser referida à orelha ou à garganta, como na neuralgia glossofaríngea. • Os nervos cervicais superiores (C2- C3) transmitem estímulos de estruturas infratentoriais e cervicais, por isso a dor de lesões na fossa posterior (causando uma cefaleia occipital) frequentemente se projeta para o segundo e o terceiro dermátomo cervical. FATORES PRECIPITANTES • Cirurgia dentária ou oftálmica recente • Exacerbação aguda de sinusite crônica • Fadiga • Estresse ou tensão psicológica • Infecção viral sistêmica • Menstruação • Fome • Consumo de sorvete ou alimentos com nitrato, tiramina ou feniletilamina • Álcool pode precipitar cefaleia em salvas • ACO podem precipitar ou exacerbar enxaquecas • A tosse em pacientes com lesões na fossa posterior pode provocar a enxaqueca SINTOMAS PRODRÔMICOS (AURAS) • Normalmente são escotomas cintilantes ou outras alterações visuais • Muito frequente na enxaqueca • Também pode ocorrer em distúrbios convulsivos e cefaleias pós-ictais CARACTERÍSTICAS DA DOR • Dor facial • Caracterizada por ser latejante ou pulsátil na cefaleia tensional e na enxaqueca • Aperto ou pressão na cabeça é muito comum na cefaleia tensional • Dor causada por lesões intracranianas em massa pode ser surda e constante • Dor aguda e lancinante (em facadas) pode ser causa neurítica como uma neuralgia do trigemio • Dor de picador de gelo é comum em enxaqueca, cefaleia em salvas ou arterite de células gigantes • O caráter da dor isoladamente não é forma confiável para diagnostico CEFALEIAS CRONICAS ENXAQUECA • Cefaleia recorrente, normalmente pulsátil e bilateral • Pode ser associada a náuseas, vômitos, fotofobia, fonofobia e mal-estar • A crise começa com sintomas visuais ou neurológicos (normalmente sensoriais), em cerca de 15% dos pacientes (enxaqueca com aura ou clássica) seguido pela fase de cefaleia • A maioria é enxaqueca sem aura/comum • Mais comum em mulheres • O início é em idade precoce, sendo que cerca de 25% dos casos começam durante a primeira década de vida, 55% aos 20 anos e mais de 90% antes dos 40 anos GENÉTICA • Tem influência genética • HF positiva em ao menos um parente de primeiro grau está presente na maioria dos casos PATOGÊNESE • No inicio da aura ocorre diminuição do fluxo sanguíneo cerebral no córtex occiptal e disseminação anterior através do córtex de acordo com a citoarquitetura • Esse esquema juntamente com sua taxa de propagação, lembram a depressão disseminada, onde uma onda lenta de despolarização neuronal e glial diminui o fluxo sanguíneo e diminui a atividade neuronal no despertar • A inibição da disseminação da depressão pode prevenir a aura da enxaqueca • Esses achados sugerem que as alterações na atividade neuronal, mais do que a isquemia, dão origem à aura • A fase da cefaleia pode ser explicada por duas teorias • A primeira teoria diz que a dor é desencadeada perifericamente pelos neurônios trigêmeos sensitivos primários que inervam as meninges e os vasos sanguíneos. Esses neurônios projetam-se para o núcleo caudal no tronco cerebral e de lá para a substância cinzenta periaquedutal, os núcleos talâmicos sensoriais e o córtex somatossensorial. • A outra teoria diz que ocorre um distúrbio primário das vias centrais da dor, causando com que uma informação sensorial que seria inócua seja interpretada de forma errada como dor de sinalização (alodinia) ACHADOS CLÍNICOS COM AURA • Cefaleia é precedida por sintomas neurológicos transitórios. As auras mais comuns são alterações visuais, em especial defeitos hemianópicos de campo visual, escotomas (pontos cegos) e cintilações (pontinhos brilhantes) que aumentam de tamanho e se disseminam perifericamente • Cefaleia unilateral desagradável • Normalmente (50%) pacientes apresentam crises no máximo uma vez na semana • Normalmente os episódios duram mais que duas horas e menos que um dia • No segundo e terceiro trimestre de gravidez e após a menopausa remissões são comuns • A enxaqueca clássica tem como característica uma dor hemicraniana • Cefaleia bilateral, portanto, não exclui o diagnóstico de enxaqueca, assim como uma localização occipital, que é uma característica comumente atribuída a cefaleias tensionais (???) • Durante a cefaleia, distúrbios associados proeminentes incluem náusea, vômito, fotofobia, fonofobia, irritabilidade, osmofobia (hipersensibilidade a odor) e mal- estar. Podem ocorrer também sintomas autonômicos e vasomotores • Vertigem (tontura), ataxia (perda de equilíbrio e coordenação motora) e atordoamento são mais comuns na enxaqueca basilar que é diferente de AVC pois ocorre a “marcha enxaquecosa” que significa que o inicio é gradual, e a resolução espontânea dos sintomas • Após os 50 anos a aura pode aparecer sem a cefaleia (equivalente enxaquecoso) SEM AURA • Cefaleia que normalmente é bilateral e periorbital • Bem mais comum que a sem aura • Dor latejante, especialmente quando grave • Pode ter náuseas, fotofobia e vômitos • Quando a dor persiste, a contração associada de músculos cervicais pode compor os sintomas • Pode ter sensibilidade do couro cabeludo • Se não tratada, pode durar de 4 a 72 horas ou acabar logo após vomitos • Na enxaqueca comum e clássica, a compressão da carótida ipsilateral ou da artéria temporal superficial durante a cefaleia pode reduzir sua gravidade CRÔNICA/TRANSFORMADA • Dores praticamente diárias • Obesidade, frequencia anterior da cefaleia e cafeína são FR • Pode ter sintomas enxaquecosos ou parecidos com cefaleia tensional • Um subgrupo comum é o de cefaleia decorrente do uso excessivo de medicamentos FATORES PRECIPITANTES • Alguns alimentos (queijos que contêm tiramina; carnes, como cachorros-quentes ou bacon, com nitritos para conservação; chocolate contendo feniletilamina, mas não chocolate apenas) e por aditivos alimentares como glutamato monossódico (usada para realçar sabor). Jejum, emoção, menstruação, fármacos (principalmente ACO e vasodilatadores como a nitroglicerina) e luzes brilhantes TRATAMENTO • Dividida em medidas para a crise atual e para episódios futuros AGUDOS • Analgésicos clínicos • Agonistas de receptor de serotonina (triptanos) ou alcaloides ergot. • Novos fármacos antagonistas dos receptores de peptídeos relacionados ao gene da calcitonina (telcagepant, olcegepant) • Devem ser tomados imediatamente no começo dos sintomas para ter a máxima eficácia • As formas parenterais são melhores que as orais • Alguns fármacos contra a enxaqueca causam náusea como efeito colateral, sendo as vezes necessário evitar o uso de fármacos orais • Alcaloides do ergot e triptanos estão contraindicados em pacientes com hipertensão ou outra doença cardiovascular PROFILÁTICO • Deve ser usado em pacientes quepossuem duas ou mais cefaleias por semana, ou naqueles os quais o tratamento abortivo é inadequado • AD tricíclicos, b-bloqueadores, anticonvulsivantes e bloqueadores dos canais de cálcio devem ser tentados neste sentido, a não ser que doenças ou medicações concorrentes ditem o contrário • Na gravidez devem ser usados analgésicos narcóticos ou sumatriptano (no 1º trimestre), outros podem ser teratogênicos CEFALEIA POR USO DE EXCESSIVO MEDICAÇÃO • O consumo em excesso de medicamentos para tratar enxaquecas ou outros tipos de cefaleia pode acarretar em uma síndrome de cefaleia crônica e diária • A maioria dos pacientes tem como queixa base a enxaqueca, usando excessivamente analgésicos simples e triptanos. Entretanto, pacientes com outros tipos de cefaleia e usando outras classes de fármacos também são suscetíveis. • A maior parte dos pacientes é do sexo feminino • Cefaleia presente em pelo menos 15 dias de um mês por pelo menos 3 meses • O tratamento é através da abstinência abrupta das medicações que causam a cefaleia, exceto para analgésicos narcóticos ou fármacos sedativos. • Corticosteroides podem ser úteis para o tratamento da cefaleia por abstinência. CEFALEIA EM SALVAS ACHADOS CLÍNICOS • Dores em salvas, breves, não latejantes e muito graves que duram de 15 minutos a 3 horas • Sempre serão unilaterais e costumam ocorrer no mesmo lado no mesmo paciente • Ocorrem normalmente a noite, podendo ate mesmo acordar o paciente, e recorrem durante o dia tendo frequência na mesma hora (ritmo circadiano), com período de salvas de semanas a meses • O paciente pode andar sem parar durante a cefaleia • Entre as salvas pode ficar sem cefaleias de meses a anos • A causa é desconhecida, mas foi visto uma ativação hipotalâmica via RM • Quase não tem HF • Mais comum em homens e começa mais tardiamente que a enxaqueca, com média de início nos 25 anos • A cefaleia pode começar como uma sensação de queimação sobre a região lateral do nariz ou como uma pressão atrás do olho • A crise pode ter associação com congestão ocular ipsilateral, lacrimejamento, congestão nasal e síndrome de Horner (pálpebra caída) • O álcool e medicamentos vasodilatadores podem causá-la, principalmente se usados em períodos susceptíveis TRATAMENTO AGUDO • O alívio imediato da dor é alcançado pela inalação de oxigênio a 100% (7 a 12 L/min durante 15 a 20 minutos) ou pela administração subcutânea de sumatriptano (6 mg, repetidos novamente por crise, se necessário) • Tratamentos abortivos alternativos incluem sumatriptano intranasal, zolmitriptano ou lidocaína, octreotide subcutâneo, e di- - hidroergotamina por via intravenosa, intramuscular, subcutânea ou intranasal PROFILAXIA DE MANUTENÇÃO • Alguns fármacos usados no tratamento da enxaqueca (antagonistas dos canais de cálcio, triptanos e alcaloides do ergot) são úteis para prevenir sintomas recorrentes durante período suscetível de cefaleias em salvas. O mais usado é o verapamil (360 mg/dia, ou de liberação contínua, 240 a 480 mg/dia). Carbonato de lítio ou xarope de citrato de lítio, 300 mg por via oral 1 a 3 vezes ao dia, também é eficaz em muitos casos. Os níveis séricos de lítio devem ser determinados a intervalos semanais pelas primeiras semanas, devendo ser mantidos abaixo de 1,2 mEq/L para reduzir a possibilidade de efeitos adversos • Os fármacos usados na profilaxia mantida são suspensos após o período susceptível. PROFILAXIA TRANSICIONAL • Prednisona no início de um ciclo de salvas pode ser abortiva, quando em doses de 40 a 80 mg/dia por via oral, durante uma semana, sendo então suspensa por meio de redução da dose durante a semana seguinte. Metilprednisolona ou di- hidroergotamina p TRATAMENTO INVASIVO • Para pacientes que não responderam ao tratamento medicamentoso • Bloqueio ou estimulação do grande nervo occipital ou do gânglio esfenopalatino, estimulação hipotalâmica e ablação do gânglio do nervo trigêmeo por radiofrequência ou rizotomia trigeminal CEFALEIA TENSIONAL • Cefaleia recorrente crônica de causa desconhecida • Fisiopatologia desconhecida e parece ser causada por tensão • Inicia após os 20 anos • Caracteriza-se por crises de cefaleia não latejante occipital bilateral, que não está associada com náuseas, vômitos ou distúrbios visuais prodrômicos. • Varia de horas a dias • Dor comparada com faixa apertada ao redor da cabeça • Os fármacos usados incluem muitos dos agentes usados para a enxaqueca. As crises agudas podem responder ao ácido acetilsalicílico, fármacos anti- inflamatórios não esteroides, paracetamol, ergotamina ou di- hidroergotamina. Para o tratamento profilático, a amitriptilina ou a imipramina eficazes, e o propanolol é útil em alguns casos. Os inibidores seletivos da recaptação de serotonina não são úteis. Embora muitos pacientes respondam a benzodiazepínicos como diazepam, 5 a 30 mg/dia por via oral, ou clordiazepóxido, 10 a 75 mg/dia por via oral, esses fármacos devem ser usados com parcimônia em decorrência de seu potencial de adicção. Psicoterapia, fisioterapia e técnicas de relaxamento podem fornecer benefício adicional em casos selecionados
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