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1 Júlia Cristine • Do grego pemphix (bolha) • Doenças não congênitas que fazem formação de bolhas decorrentes de reação autoimune • A formação de bolhas ocorre por acantólise que é a perda da adesão entre os queratinócitos através da destruição dos desmossomos • Ocorre a formação de autoanticorpos (patogênicos) da classe IgG que irão agir contra os antígenos dos desmossomos que são as desmogleínas PÊNFIGO FOLIÁCEO EPIDEMIOLOGIA • Possui forma endêmica (pênfigo fogo selvagem) e não endêmica (pênfigo de Cazenave) • Tipo mais comum no Brasil FORMA NÃO ENDÊMICA - CAZENAVE • Não tem associação familiar • Mais comum nas 4ª e 5ª década de vida • Ocorrência universal FORMA ENDÊMICA – FOGO SELVAGEM • Mais acometida no Brasil, principalmente no DF, MT, MG (triângulo mineiro), GO e SP (oeste paulista). • Incide mais em pessoas que moram perto de córregos e rios, áreas rurais e algumas tribos indígenas • Tem mais relação com casos familiares PATOGENIA FATORES AMBIENTAIS • A doença ocorre mais em áreas rurais em colonização • Os doentes normalmente vivem em áreas precárias, com pouca higiene, próximas a córregos com grande exposição de vários de tipos de insetos • Hipótese do mimetismo antigênico → Simulídeos ou Flebotamos ao picarem o hospedeiro, podem introduzir ou modificar antígenos que levariam a formação de anticorpos que ao reagirem com as desmogleínas 1, iria ter a produção de autoanticorpos que iriam atacar esses antígenos. Exposições sucessivas levariam a doença em pessoa geneticamente predispostas. • Os autoanticorpos atacam exclusivamente a desmogleína 1, proteína essencial para a integridade dos desmossomos na camada granulosa FATORES GENÉTICOS • Foi-se visto importância genética no pênfigo foliáceo endêmico, onde parentes com consanguinidade tinha superioridade de 93% de 2 Júlia Cristine ocorrência em relação a não consanguinidade. • Determinados alelos conferem maior risco para desenvolvimento da doença FATORES IMUNOLÓGICOS • Pênfigos são doenças autoimunes com presença de autoanticorpos antiepiteliais que atacam os espaços intercelulares da epiderme • Principais subclasses envolvidas são a IgG4 e em menor intensidade a IgG1 e IgG2, com ausência da IgG3. • O antígeno alvo é a desmogleína 1 tanto na forma endêmica quando não endêmica. • Os autoanticorpos atacam os domínios EC1 e EC2 das desmogleínas os quais são mais longe da membrana celular • Nos indivíduos que possuem os anticorpos antidesmogleína mas são sadios e nos doentes em remissão, o IgG1 predomina • Nos doentes em fase ativa, a IgG4 é mais elevada • No pênfigo foliáceo endêmico foi se visto o fenômeno de etítopos → Os ac originados pelos fatores ambientais inicialmente reconhecem o EC5, que não causa acantólise, ou seja, não causa a doença. Nos indivíduos predispostos geneticamente, os anticorpos passam a reconhecer o EC1 e EC2, causando a acantólise e com isso, a doença ativa MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Bolhas superficiais que se rompem com facilidade. Dessa forma, são formadas áreas de erosão que juntam causando uma área eritematosa com crostas e escamas. • Não acomete a mucosa • Ocorrem normalmente nas áreas seborreicas (face, pescoço e região pré-esternal) → Forma localizada ou frusta/Pênfigo eritematoso • Muito ardor e queimação (por isso, fogo selvagem) • Aumento de sensibilidade ao frio • Pior com exposição solar • Pode evoluir para forma eritrodérmica, onde predomina o eritema e descamação com odor característico • Podem evoluir para lesões pigmentares de aspecto verrucoso → Forma queratósica, que pode evoluir lesões pigmentares residuais que é a forma pigmentar que indica remissão da doença 3 Júlia Cristine • Pode ter complicações como retardo no crescimento da criança, escabiose e dermatofitoses. DIAGNÓSTICO EXAME CITOLÍTICO Confirma-se pênfigo por presença de células acantolíticas EXAME HISTOPATOLÓGICO Clivagem acantolítica alta (localizada nas porções superiores da epiderme) PROVAS IMUNOLÓGICAS IFD (imunofluorescência direta) • Depósitos de IgG e C3 em toda epiderme IFI (imunofluorescência indireta) • Positiva • Faz-se na pele aparentemente sã SINAL DE NIKOLSKY • Positivo TRATAMENTO • Prednisona 1mg/kg/dia (dose máx. 100-120mg) • Triamcinolona em dose equivalente caso o tratamento com prednisona não foi sucedido no prazo de 7 a 10 dias • Após resolução completa das lesões, o corticoide deve começar a ser reduzido • A dose é reduzida 10mg/semana até atingir 40mg/dia. Após, deve-se reduzir de 5-10mg/mês até atingir a dose diária de 10mg/dia. Após, deve-se reduzir 2,5mg a cada 2 ou 3 meses conforme a evolução clinica do paciente. • Quando não há melhora com a corticoterapia sistêmica, faz-se associação com micofenolato mofetil 35 a 35 mg/kg/dia • Sulfona ou cloroquina como adjuvante para casos leves e resistentes a redução de corticoesteróides • Corticoterapia tópica (valerato de betametasona) é indicada em crianças com formas generalizadas e pouca resposta à corticoterapia sistêmica • Todo doente da forma endêmica deve ser tratado de forma profilática por pelo menos duas vezes para estrongiloidíase, que é uma das causas de morte em pacientes da forma endêmica em corticoterapia sistêmica. Feito com ivermectina • Se houver infecção bacteriana secundaria, é indicado antibioticoterapia sistêmica. • Uso de cremes e pomadas, eventualmente com efeito antibiótico (meomicina) PÊNFIGO VULGAR • É a forma mais grave de pênfigo • É crônica com períodos de remissão e exacerbação • Inicia normalmente com lesões na mucosa oral que lembram aftas • Ocorre mais entre 4ª e 6ª década de vida • Alguns recém nascido demonstram manifestações clínicas transitórias, que somem depois de alguns meses após o nascimento devido a transmissão dos anticorpos pela placenta que serão eliminados progressivamente 4 Júlia Cristine • Incidência maior em Judeus • Associa com HLA-DR4 e DQw8 PATOGENIA • Apresenta autoanticorpos IgG4 e IgG1 • O antígeno que acomete somente a mucosa é a desmogleina 3, que é predominante na região suprabasal • Se o pênfigo for somente mucosa é denominado Pênfigo Vulgar Mucoso • Se o pênfigo atingir a pele também (demonstrando atacar a desmogleina 1 juntamente da 3), é denominado Pênfigo Vulgar Mucocutâneo MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Lesões orais com predomínio da mucosa jugal, palato e gengiva • Pode apresentar gengivite descamativa • Pode lesionar outras mucosas como esofagiana, nasal, faríngea, laríngea, conjuntival, cervical, vaginal, uretral e anal • Bolhas flácidas que se rompem formando erosões que sangram facilmente e são dolorosas • Pode limitar às mucosas ou evoluir para acometimento cutâneo • Bolhas flácidas que logos são rompidas deixando erosão vermelha, úmidas, aspecto bife sangrante, algumas com formação de crostas dolorosas sem tendência para cicatrização • As cutâneas mais comuns são na face, couro cabeludo, axilas e virilhas COMPLICAÇÕES • Infecção bacteriana secundária, podendo ocorrer sepse e choque séptico • Desnutrição e caquexia • No feto pode ocorrer retardo do crescimento, prematuridade e morte intrauterina DIAGNÓSTICO EXAME CITOLÍTICO Deve ser realizada de uma bolha intacta – Células acantolíticas EXAME HISTOPATOLÓGICO Presença de clivagem acantolitica suprabasal SINAL DE NIKOLSKY Positivo PROVAS IMUNOLÓGICAS IFD Autoanticorpos anti-IgG nos espaços intercelulares da epiderme predominantemente nas camadas inferiores do epitélio IFI Autoanticorpos circulantes de IgG ELISA Método sensível e específico para Dsg1 e Dsg2 5 Júlia Cristine TRATAMENTO• Corticoterapia sistêmica em altas doses de prednisona 1 a 2mg/kg/dia de acordo com a gravidade • Se não houver melhora é indicado associar com imunossupressores → 1ª opção: azatioprina 2mg/kg/dia 2ª opção: micofelonato mofetil 35 a 45 mg/kg/dia • Se não houver melhora, pulsoterapia com metilpredinisolona 1g/dia IV em 3 dias consecutivos. Também pode ser indicada a pulsoterapia com ciclofosfamida ou imunoglobulina IV. • Sulfona 100mg/dia pode ser associada a corticoterapia para casos leves ou lesões mucosas resistentes • A dose de prednisona deve manter até as lesões cicatrizarem por completo, o que leva de 3 a 4 semanas • Devem ser feitos exames parasitológicos de fezes ou tratamento profilático para estrongiloidíase
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