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Contabilidade das Instituições Financeiras Núcleo de Educação a Distância www.unigranrio.com.br Rua Prof. José de Souza Herdy, 1.160 25 de Agosto – Duque de Caxias - RJ Reitor Arody Cordeiro Herdy Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa (PROPEP) Emilio Antonio Francischetti Pró-Reitoria de Administração Acadêmica (PROAC) Carlos de Oliveira Varella Núcleo de Educação a Distância (NEAD) Márcia Loch CATALOGAÇÃO NA FONTE NÚCLEO DE COORDENAÇÃO DE BIBLIOTECAS – UNIGRANRIO P289c Passos, Dayse de Lima. Contabilidade das Instituições Financeiras / Dayse de Lima Passos. – Duque de Caxias, RJ: UNIGRANRIO, 2019. 244 p.: il.; 23 cm. Inclui bibliografia 1. Instituições Financeiras - Contabilidade. I. Título. CDD – 657.8333 Produção: Fábrica de Soluções Unigranrio Desenvolvimento do material: Dayse de Lima Passos Copyright © 2019, Unigranrio Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, da Unigranrio. Pró-Reitoria de Graduação (PROGRAD) Virginia Genelhu de Abreu Francischetti Pró-Reitoria de Pós-Graduação Lato Sensu e Extensão (PROPEX) Nara Pires Sumário Sistema Financeiro Nacional Objetivo ............................................................................................ 9 Introdução ......................................................................................... 11 1. Definição do Sistema Financeiro Nacional (SFN) ....................... 13 2. Conselho Monetário Nacional (CMN) ....................................... 17 3. Banco Central do Brasil (BCB); Banco do Brasil (BB), Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Caixa Econômica Federal (CEF) .......................................................................... 20 Síntese .......................................................................................... 31 Referências ........................................................................................ 33 Instituições Financeiras Objetivo ............................................................................................ 37 Introdução ......................................................................................... 39 1. Instituições Financeiras Públicas .............................................. 41 2. Instituições Financeiras Privadas ............................................. 46 3. Bancos Múltiplos .................................................................. 48 Síntese .......................................................................................... 53 Referências ........................................................................................ 55 Plano Contábil das Instituições Financeiras - COSIF Objetivo ........................................................................................... 59 Introdução ......................................................................................... 61 1. Objetivos, Estrutura e Característica Básica ............................... 63 2. Contabilização ...................................................................... 72 3. Operações de Crédito ............................................................ 79 Síntese .......................................................................................... 97 Referências ....................................................................................... 99 Operações Financeiras Objetivo ........................................................................................... 101 Introdução ......................................................................................... 103 1. Classificação, Tipos, Limites Operacionais ................................. 105 2. Crédito de Curso Anormal ...................................................... 111 3. Operações Ativas e Passivas ................................................... 114 Síntese .......................................................................................... 135 Referências ....................................................................................... 137 Arrendamento Mercantil Objetivo ........................................................................................... 141 Introdução ......................................................................................... 143 1. Características Operacionais ................................................... 145 2. Regulamentação ................................................................... 150 3. Contabilização ...................................................................... 152 Síntese ............................................................................................ 163 Referências ....................................................................................... 165 Capitalização Objetivo ........................................................................................... 167 Introdução ......................................................................................... 169 1. Capitalização ....................................................................... 171 1.1 Características Operacionais ................................................... 171 1.2 Regulamentação ................................................................... 174 1.3 Contabilização ...................................................................... 177 Síntese ............................................................................................ 187 Referências ........................................................................................ 189 Demonstrações Financeiras Obrigatórias Objetivo ........................................................................................... 191 Introdução ......................................................................................... 193 1. Padronização e Registro ........................................................ 195 2. Elaboração das Demonstrações Financeiras Obrigatórias ............. 196 3. Relatórios Especiais ............................................................... 212 Síntese ............................................................................................ 217 Referências ........................................................................................ 219 Auditoria Interna do Banco Central (Rotina) Objetivo ............................................................................................ 221 Introdução ......................................................................................... 223 1. Auditoria Interna do Banco Central (Rotina) ............................. 225 1.1 Levantamento da Carteira ...................................................... 227 1.2 Auditoria de Caixa ................................................................ 229 1.3 Auditoria de Procedimentos .................................................... 229 Síntese ............................................................................................ 241 Referências ....................................................................................... 243 Sistema Financeiro Nacional Objetivo Ao final desta unidade de aprendizagem, você será capaz de: Identificar os principais órgãos e funções do Sistema Financeiro Nacional. 9Contabilidade das Instituições Financeiras Introdução Nesta unidade de aprendizagem, você aprenderá como funciona o Sistema Financeiro Nacional (SFN) e entenderá como se realiza a intermediação do crédito dos agentes superavitários, com os agentes deficitários. Compreenderá, ainda, como está dividido o SistemaFinanceiro Nacional e sua composição. Verá detalhadamente como alguns órgãos auxiliam o bom andamento do SFN, suas funções, características e responsabilidades, a exemplo do Conselho Monetário Nacional, Banco Central do Brasil, Comissão de Valores Mobiliários, Comitê de Política Monetária do Banco Central, Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional etc. 11Contabilidade das Instituições Financeiras 1. Definição do Sistema Financeiro Nacional (SFN) Até 1964, os órgãos de aconselhamento e gestão da nossa política monetária, crédito e finanças públicas, concentravam-se no então Ministério da Fazenda, na Superintendência da Fazenda, na Superintendência da Moeda e do Crédito (SUMOC) e, também, no Banco do Brasil. Porém, essa estrutura não correspondia mais aos crescentes encargos e responsabilidades na condução da política econômica. Instituiu-se, então, o Sistema Financeiro Nacional (SFN), que, por meio da Lei 4.595/64 (Lei da Reforma Bancária), criou o Conselho Monetário Nacional (CMN) e o Banco Central do Brasil (BCB ou BACEN), bem como as normas e rotinas sob as quais as entidades financeiras deveriam subordinar-se. Na Lei 4.595/64, a definição de instituições financeiras está no artigo 17: Consideram-se instituições financeiras, para efeitos da legislação em vigor, as pessoas jurídicas públicas e privadas, que tenham como atividade principal ou acessória a coleta, intermediação ou a aplicação de recursos financeiros próprios ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de valor de propriedade de terceiros. A intermediação financeira das instituições financeiras envolve a utilização de recursos de terceiros, das pessoas físicas (indivíduos) ou jurídicas (empresas) que têm recursos sobrando, considerados agentes superavitários. Dessa forma, procuram as instituições financeiras para fazer algum tipo de investimento (aplicação), por determinado período de tempo, permitindo, assim, que as instituições financeiras utilizem esses recursos (terceiros) que não serão sacados, pelo menos por um tempo, para oferecer operações de financiamentos, empréstimos, arrendamentos mercantis, entre outros, para os agentes deficitários. Os agentes deficitários são as pessoas físicas e jurídicas que estão precisando de dinheiro por motivos como consumo, pagamento de dívidas, aplicação em determinados setores comerciais (agricultura, comércio, indústria, siderurgia etc.). Nessas transações, as instituições financeiras pagam juros para os agentes superavitários (juros menores) e recebem juros dos 13Contabilidade das Instituições Financeiras agentes deficitários (juros maiores), com a finalidade de obter lucro, sempre. As instituições financeiras também trabalham com recursos próprios, mas a maior parte do capital utilizado é de terceiros. Por meio dos intermediários financeiros (instituições financeiras), os tomadores têm acesso aos recursos de que necessitam para viabilizar seus projetos ou atividades; de outro lado, os poupadores obtêm uma forma de guardar e/ou aplicar seus recursos com segurança, conforme representado na Figura 1. Intermediários Financeiros Saques Prestações Principal + Remuneração (se houver) Principal + Juros Poupadores Tomadores Captação Operações de Crédito Figura 1: Intermediação do crédito. Fonte: Newlands Junior (2015). Caracteriza-se superávit quando os recursos financeiros arrecadados superam os desembolsos (receitas menos despesas, igual a lucro ou sobra: gastou menos do que tinha disponível). O déficit ocorre quando o desembolso é maior do que a arrecadação (receitas menos despesas, igual a prejuízo ou falta: gastou mais do que tinha disponível). Esse conceito é aplicável, com as devidas adaptações, tanto para pessoas físicas e jurídicas quanto para o Estado. A estrutura do SFN no Brasil é decorrente de um conjunto de instrumentos legais e inspirada no modelo de especialização de instituições existentes nos Estados Unidos, sendo cada segmento identificado de acordo com o objetivo principal das destinações dos recursos captados, conforme afirmam Niyama e Gomes (2012): Importante 14 Contabilidade das Instituições Financeiras ▪ Crédito de curto e curtíssimo prazos: Bancos Comerciais, Caixa Econômica Federal, Cooperativas de Crédito e Bancos Múltiplos com carteira comercial; ▪ Crédito de médio e longo prazos: Bancos de Investimento, Bancos de Desenvolvimento, Caixa Econômica Federal e Bancos Múltiplos com carteira de investimento ou desenvolvimento; ▪ Crédito ao consumidor: Sociedades de Crédito, Financiamento e Investimento (“Financeiras”) e Bancos Múltiplos com carteira de crédito, financiamento e investimento; ▪ Crédito habitacional: Caixa Econômica Federal, Associações de Poupança e Empréstimo, Companhias Hipotecárias, Sociedades de Crédito Imobiliário e Bancos Múltiplos com carteira de crédito imobiliário; ▪ Intermediação de títulos e valores mobiliários: Sociedades Corretoras e Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários, Bancos de Investimentos e Bancos Múltiplos com carteira de investimento; ▪ Arrendamento mercantil: Sociedades de Arrendamento Mercantil e Bancos Múltiplos com carteira de arrendamento mercantil. Existem outras instituições financeiras que são específicas para seus devidos segmentos, como: ▪ Seguradoras; ▪ Companhias de capitalização; ▪ Entidades fechadas e abertas de previdência privada; ▪ Empresas de factoring; ▪ Consórcios; ▪ Agências de fomento e de desenvolvimento; ▪ Sociedades de crédito ao microempreendedor; ▪ Bancos de câmbio etc. 15Contabilidade das Instituições Financeiras O Sistema Financeiro Nacional é composto por um conjunto de instituições financeiras e regras que têm como função manter o fluxo, de forma coesa e segura, de recursos necessários ao giro da economia, que envolvem os poupadores (agentes superavitários) e os tomadores (agentes deficitários), constituindo, assim, o mercado financeiro. O SFN é composto por órgãos normativos, que podem ser reguladores ou fiscalizadores|supervisores, órgãos operacionais e órgãos recursais. Estão entre os órgãos normativos: ▪ Conselho Monetário Nacional (CMN) – regulador; ▪ Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) – regulador; ▪ Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC) – regulador; ▪ Banco Central do Brasil (BCB ou BACEN) – supervisor; ▪ Comissão de Valores Mobiliários (CVM) – supervisor; ▪ Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) – supervisor; ▪ Superintendência Nacional de Previdência Complementar (PREVIC) – supervisor; ▪ Comitê de Política Monetária do Banco Central (COPOM) – supervisor. Esses órgãos têm função de regular e fiscalizar as instituições financeiras. Posteriormente, com mais detalhes, veremos como alguns desses órgãos funcionam. Os órgãos normativos relacionados a seguros serão abordados em outra unidade curricular específica para este assunto. Em se tratando dos órgãos operacionais, incluem-se todas as instituições financeiras bancárias ou monetárias: Bancos Comerciais e Cooperativas de Crédito. Assim como as instituições financeiras não bancárias Para conhecer como funciona o Sistema Financeiro Nacional, assista ao vídeo indicado. Assista agora Saiba Mais 16 Contabilidade das Instituições Financeiras https://www.youtube.com/watch?v=tOQjRR8vihQ ou não monetárias: Bancos de Investimento, Bancos de Desenvolvimento, Sociedades de Arrendamento Mercantil, Sociedades de Crédito, Financiamento e Investimento (financeiras), Sociedades de Crédito Imobiliário (SCI), Associações de Poupança e Empréstimo etc. Os órgãos recursais são os responsáveis pelo julgamento de recursos administrativos, equivalente ao Poder Judiciário. São eles: ▪ Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional (CRSFN); ▪ Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional de Seguros Privados (CRSNSP); ▪ Câmara de Recursos da Previdência Complementar (CRPC). 2. Conselho Monetário Nacional (CMN)O Conselho Monetário Nacional é o “chefe” do Sistema Financeiro Nacional (órgão supremo), trabalhando sempre em conjunto com o Banco Central do Brasil. Tem a responsabilidade de formular a política da moeda e do crédito, objetivando a estabilidade da moeda e o desenvolvimento econômico e social do País (BCB, 2018). É um órgão com funções exclusivamente deliberativas, responsável por editar/reformular a política da moeda e do crédito. O Conselho Monetário Nacional é composto, atualmente, pelos seguintes membros: ▪ Ministro da Fazenda (Presidente do Conselho); ▪ Ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão; ▪ Presidente do Banco Central do Brasil. Os membros do CMN reúnem-se uma vez por mês para deliberar sobre assuntos relacionados com as devidas competências do CMN. Em casos extraordinários, pode ocorrer mais de uma reunião por mês. As matérias aprovadas são regulamentadas por meio de Resoluções, normativo 17Contabilidade das Instituições Financeiras de caráter público, sempre divulgado no Diário Oficial da União e na página de normativos do Banco Central do Brasil. Em todas as reuniões são lavradas atas, cujo extrato é publicado no Diário Oficial da União (DOU) (BCB, 2018). Junto ao CMN, além do BCB, funciona a Comissão Técnica da Moeda e do Crédito (Comoc), como órgão de assessoramento técnico na formulação da política da moeda e do crédito do país. Ela funciona como uma assessoria do CMN para as questões legais, mas, além da Comoc, a legislação prevê o funcionamento de mais sete comissões consultivas. O Banco Central do Brasil é a Secretaria-Executiva do CMN e da Comoc. Compete ao Banco Central organizar e assessorar as sessões deliberativas (preparar, assessorar e dar suporte durante as reuniões, elaborar as atas e manter seu arquivo histórico). Além disso, o BCB auxilia, em ações complementares, o CMN, por exemplo: o CMN regula os critérios sobre o recolhimento de depósitos compulsórios, mas quem recolhe efetivamente em seus cofres é o Banco Central do Brasil. Também o Conselho Monetário é o responsável por zelar pela liquidez e solvência das instituições financeiras, mas quem atua na fiscalização direta é o BCB. Está previsto o funcionamento, também junto ao CMN, de comissões consultivas de Normas e Organização do Sistema Financeiro, de Mercado de Valores Mobiliários e de Futuros, de Crédito Rural, de Crédito Industrial, de Crédito Habitacional e para Saneamento e Infraestrutura Urbana, de Endividamento Público e de Política Monetária e Cambial. O CMN e a Comoc têm a seguinte composição, conforme os Quadros 1 e 2, a seguir. Ministro da Fazenda Ministro do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão Presidente do Banco Central do Brasil Quadro 1: Composição do CMN. Fonte: Adaptado do BCB (2018). 18 Contabilidade das Instituições Financeiras Presidente do Banco Central do Brasil Presidente da Comissão de Valores Mobiliários Secretário-Executivo do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão Secretária-Executiva do Ministério da Fazenda Secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda Secretário do Tesouro Nacional do Ministério da Fazenda Diretores do Banco Central do Brasil Quadro 2: Composição da Comoc. Fonte: Adaptado do BCB (2018). O Conselho Monetário Nacional tem uma série de atribuições previstas na Lei 4.595/1964 e várias destas responsabilidades dizem respeito ao papel que assumiu como conselho de política econômica; outras tantas dizem respeito diretamente à sua função de órgão normativo superior do Sistema Financeiro Nacional. O Conselho Monetário Nacional é o órgão deliberativo máximo do Sistema Financeiro Nacional e, dentre as suas principais atribuições, que estão prescritas nos artigos 3º e 4º da Lei 4.595, de 31 de março de 1964, destacam-se as seguintes: ▪ Zelar pela liquidez e solvência das instituições financeiras; ▪ Regular as condições de constituição, funcionamento e fiscalização das instituições financeiras; ▪ Adaptar os volumes dos meios de pagamentos às reais necessidades da economia nacional e seu processo de desenvolvimento; ▪ Regular o valor interno e externo da moeda e o equilíbrio da balança de pagamentos do país, ▪ Orientar a aplicação dos recursos das instituições financeiras; ▪ Propiciar o aperfeiçoamento das instituições e dos instrumentos financeiros; ▪ Expedir normas gerais de contabilidade a serem observadas pelas instituições financeiras; 19Contabilidade das Instituições Financeiras ▪ Determinar recolhimento de compulsórios sobre depósitos à vista, ▪ Fixar as diretrizes gerais das políticas monetária, cambial e creditícia (todas as modalidades e formas); ▪ Disciplinar os instrumentos de política monetária e cambial (as atividades das bolsas de valores e dos corretores de fundos públicos) e outras mais. 3. Banco Central do Brasil (BCB); Banco do Brasil (BB), Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Caixa Econômica Federal (CEF) Neste tópico, veremos as características e funcionalidades de alguns órgãos que compõem o Sistema Financeiro Nacional. Iniciando pelo Banco Central do Brasil (BCB ou mais conhecido como BACEN), no nosso e em todos os países do mundo, o BACEN, tem a mesma função clássica, que é a de fiscalizar as operações financeiras como um todo: fiscalizar as instituições, controlar a oferta da moeda e do crédito e também de executor das políticas monetária e cambial do país. Assim, ele é o responsável por cumprir as disposições e normas emanadas pelo Conselho Monetário Nacional. O Banco Central do Brasil é o banco dos bancos. Ele é o órgão executivo central do Sistema Financeiro Nacional, responsável pela fiscalização e cumprimento das disposições que regulam o funcionamento do sistema, de acordo com as normas expedidas pelo Conselho Monetário Nacional. Sendo de sua competência privativa as funções de: ▪ Fiscalizar as operações bancárias, como um todo; ▪ Controlar os meios de pagamentos por meio da emissão de moeda (emitir e distribuir papel moeda e moeda metálica); Importante 20 Contabilidade das Instituições Financeiras ▪ Realizar operações de empréstimos a instituições financeiras bancárias; ▪ Recolhimento de depósitos compulsórios; ▪ Controle do capital estrangeiro (formatar, executar e acompanhar as relações financeiras com o exterior) e da política cambial (formatar, executar e acompanhar); ▪ Regular a execução da compensação de cheques; ▪ Comprar e vender títulos públicos federais; ▪ Exercer o controle de crédito (executar e acompanhar a política creditícia); ▪ Conceder autorização para constituição e funcionamento de instituições financeiras, entre outras. Quem controla e autoriza a emissão de moeda é o BACEN, e quem produz o dinheiro é a Casa da Moeda do Brasil (CMB). A Casa da Moeda é a única instituição autorizada pelo BACEN a emitir papel-moeda e moeda metálica, aqui no Brasil. Ela também é responsável por emitir passaportes, carteiras de trabalho, entre outros documentos. Trata-se de uma empresa pública, vinculada ao Ministério da Fazenda, que foi fundada em 1694, por D. Pedro II. Muitas dessas funções nada mais são do que meios de executar uma função primordial: manter o poder de compra da moeda, ou seja, manter a inflação dentro de patamares definidos pelo CMN. A este desenho se dá o nome de metas inflacionárias. O Banco Central tem a missão de manter a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em níveis predefinidos e utiliza, assim, diversas ferramentas específicas, com essa finalidade. (GALLAGHER et al., 2018) A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) é um órgão normativo e de fiscalização do mercado de títulos de renda variável não emitidos pelo sistema financeiro, formado por ações e títulos mobiliários. A CVM foi criada pela Lei 6.385/1976, que lhe conferiu poderes para disciplinar e normatizar Importante 21Contabilidade das Instituições Financeiras o mercado de capitais, tendo comoprincipal objetivo o seu fortalecimento. Com a criação dessa autarquia, pretendia-se proteger o pequeno investidor de fraudes e de práticas irregulares na negociação de valores mobiliários; assim, a CVM zela pela lisura e pela transparência das operações feitas com títulos e valores mobiliários. É importante destacar que os valores mobiliários são formados por: (a) ações, debêntures e bônus de subscrição; (b) cupons, direitos, recibos de subscrição e certificados de desdobramento relativos aos valores mobiliários; (c) certificados de depósitos de valores mobiliários; (d) cédulas de debêntures; (e) cotas de fundos de investimento em geral ou de clubes de investimentos em quaisquer ativos; (f) notas comerciais (commercial papers); (g) contratos futuros, de opções e outros derivativos cujos ativos subjacentes sejam valores mobiliários; (h) títulos ou contratos de investimento coletivo, ofertados publicamente. Destaca-se que não são considerados valores mobiliários os títulos da dívida pública federal, estadual ou municipal e os títulos cambiais de responsabilidade de instituição financeira, exceto as debêntures. (BRUNI, 2013, p.16) Ainda que complexas, as funções da CVM podem ser resumidas em: ▪ Assegurar o funcionamento eficiente e regular dos mercados de Bolsa e de balcão; ▪ Proteger os acionistas ou debenturistas das irregularidades de controladores das companhias abertas; ▪ Evitar ou coibir fraude de manipulação de preço de valores mobiliários; ▪ Assegurar o acesso do público a informações sobre valores mobiliários emitidos; ▪ Estimular a formação de poupança e sua aplicação em valores mobiliários; ▪ Promover e expandir o mercado acionário. Importante Lisura: fig. integridade de caráter; honestidade nas ações; retidão. Glossário 22 Contabilidade das Instituições Financeiras As empresas, para emitir ações, debêntures, bônus de subscrição ou qualquer outro valor mobiliário, via distribuição pública, devem se registrar previamente na CVM e enviar periodicamente uma série de dados, de forma a fornecer ao investidor um grau adequado de informação sobre o investimento que está sendo disponibilizado. Observando a Figura 2, você entenderá como funciona o mercado financeiro. Fiscalizado e regulado pelo BACEN Fiscalizado e regulado pela CVM Mercado Financeiro Mercado Monetário Mercado de Crédito Mercado de Câmbio Mercado de Capitais Figura 2: Configuração do Mercado Financeiro. Fonte: Gallagher et al. (2018). Esse é o entendimento fundamental acerca dos mercados existentes: ▪ Mercado Monetário – são negociados os instrumentos financeiros que afetam de alguma forma a moeda. Lembrando que o termo “monetário” vem da palavra “moeda”. Logo, estamos diante de produtos como títulos públicos, Certificado de Depósito Bancário (CDB), Recibo de Depósito Bancário (RDB) e outros. ▪ Mercado de Crédito – aqui ocorrem os empréstimos e financiamentos oferecidos por intermediários financeiros, como por exemplo os bancos. ▪ Mercado de Câmbio – local de trocas de moedas, como de real para dólar ou euro. ▪ Mercado de Capitais – neste mercado as empresas buscam capital para investimento no médio e longo prazos, por meio da emissão de títulos como ações e debêntures, entre outros. 23Contabilidade das Instituições Financeiras A respeito do Comitê de Política Monetária do Banco Central (COPOM), foi instituído em 20 de junho de 1996, com objetivo de estabelecer as diretrizes da política monetária e de fixar a taxa de juros. A criação do COPOM buscou proporcionar maior transparência ao processo decisório referente à política monetária, a exemplo do que já era adotado nos Estados Unidos e na Alemanha. Atualmente, uma gama de autoridades monetárias em todo o mundo adota prática semelhante. O COPOM é composto por presidente e diretores do BACEN e se reúne, ordinariamente, oito vezes por ano, e, extraordinariamente, sempre que necessário, por convocação de seu presidente. Essa reunião ocorre em dois dias, sendo o primeiro para análise e o segundo, para tomar a decisão. Formalmente, os objetivos do COPOM são: ▪ Implementar a política monetária; ▪ Definir a meta da Taxa SELIC (Sistema Especial de Liquidação e Custódia); e ▪ Analisar o Relatório da Inflação. Esta taxa anunciada pelo COPOM é denominada Taxa SELIC Meta ou Taxa SELIC Alvo. A Taxa SELIC é a taxa básica da economia, que remunera os títulos públicos e baliza todas as outras taxas, bem como os valores da devolução do imposto de renda (Taxa SELIC Diária). A meta SELIC afeta diretamente a forma como a poupança remunera mensalmente. Nas reuniões do COPOM, a meta SELIC pode permanecer a mesma, crescer ou diminuir de acordo com o cenário analisado. A taxa definida em reunião valerá até a próxima reunião, onde serão tomadas novas decisões. As decisões emanadas do COPOM são divulgadas por meio de Comunicado assinado pelo Diretor de Política Monetária, comunicado divulgado na data da segunda sessão da reunião ordinária (segundo dia), após as 18h. A Taxa SELIC Diária não coincide com a Taxa SELIC Meta. Isso ocorre porque há diferenças entre a meta estabelecida na reunião do COPOM e o que ocorre no dia a dia do mercado Importante 24 Contabilidade das Instituições Financeiras nas negociações de títulos públicos. De acordo com a oferta e a demanda dos títulos, os preços variam e, consequentemente, a remuneração dos títulos também, afetando, assim, sua média (Taxa SELIC Diária). Ambos os valores são referenciados em valores anuais. (GALLAGHER et. al., 2018, p.37) Conheça melhor o COPOM, suas atribuições, agendas de reuniões, histórico das taxas de juros e consulte a última ata, para entender como o comitê avalia o relatório da inflação e determina a Meta SELIC. O Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional (CRSFN) é um órgão colegiado, de segundo grau, integrante da estrutura do Ministério da Fazenda, criado pelo Decreto 91.152/1985, com as competências ampliadas pela Lei 9.069, de 1995. Sua principal atribuição é julgar em segunda e última instância administrativa os recursos interpostos das decisões relativas às penalidades administrativas aplicadas pelo Banco Central do Brasil, pela Comissão de Valores Mobiliários pela Secretaria de Comércio Exterior (órgão do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio) e pelo Conselho de Controle das Atividades Financeiras (COAF), nas infrações previstas em diversos dispositivos da Lei 4.595/1964, em diversos outros dispositivos legais correlatos, na Lei 9.613/1998 (Lei da Lavagem de Dinheiro) e na legislação cambial, de capitais estrangeiros, de crédito rural e industrial. Os principais motivos para a criação do CRSFN foram: 1. Sobrecarga de tarefas do CMN; e 2. Necessidade de representantes de entidades de classe participarem do processo de recurso. O CRSFN é atualmente constituído por 16 conselheiros, sendo oito membros (quatro titulares e respectivos suplentes) indicados pelo governo e oito (quatro titulares e respectivos suplentes) indicados por entidades representativas do setor privado. Saiba Mais Leia mais 25Contabilidade das Instituições Financeiras http://www.bcb.gov.br/pt-br#!/n/COPOM Atualmente, as quatro classes de entidades que compõem o CRSFN, cada uma com um representante, são: 1. Abrasca – Associação Brasileira das Companhias Abertas; 2. Anbima – Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais; 3. Ancord – Associação Nacional das Corretoras e Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários, Câmbio e Mercadorias; 4. Febraban – Federação Brasileira das Associações de Bancos. Algumas instituições são consideradas de apoio ao Sistema Financeiro Nacional, tendo atribuições especiais (agentes especiais), como o Banco do Brasil, Banco de Desenvolvimento Econômico e Social e a Caixa Econômica Federal, por estarem ligadas diretamente ao governo. O Banco do Brasil (BB) é uma sociedade anônima de capital misto, cujo controle acionárioé exercido pela União e é o principal executor dos serviços bancários de interesse do governo federal. Sobre a história do Banco do Brasil, é a instituição financeira mais antiga do país e passou por três fases marcantes. Tiveram início, no ano de 1808, as atividades do primeiro Banco do Brasil, que durou até 1829. Nesse mesmo século, entre as décadas de 30 e 40, fundou-se um segundo Banco do Brasil, tendo encerradas as atividades em virtude das dificuldades financeiras já existentes naquela época. O terceiro e definitivo Banco do Brasil, surgiu em 1851, criado por Visconde de Mauá, financista que muito contribuiu para a credibilidade de nossa moeda. Em 1854, o banco fundiu-se ao próspero Banco Comercial do Rio de Janeiro, criado em 1828. Dessa fusão, resultou um banco que se firmou no mercado e se mantém até os dias atuais. Nessa parceria com o governo, o Banco do Brasil é responsável por: ▪ Receber créditos do tesouro nacional, oriundos de tributos e rendas federais; ▪ Realizar pagamentos do orçamento geral da união; ▪ Executar os serviços de compensação de cheques e outros papéis; 26 Contabilidade das Instituições Financeiras ▪ Executar a política de importação e exportação do país (adquirindo ou financiando os bens de exportação e ser o agente pagador e recebedor no exterior); ▪ Executar a política dos preços mínimos de produtos agropecuários etc. De atividade muito importante, o Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é o responsável pela execução da política de investimentos na área econômica e social do país. Sua atuação está voltada aos financiamentos de longo prazo nos setores de: transportes, mineração, siderurgia e outros indispensáveis ao desenvolvimento e ao bem-estar social. O BNDES é, atualmente, uma empresa pública federal (100% das ações pertencem à União) vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, mas já foi, na sua criação, uma autarquia federal. Foi criado em 20 de junho de 1952 pela Lei Federal 1.628, como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE), depois, em 1982, passou a se chamar Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), pela integração das preocupações sociais à política de desenvolvimento. Observe, na Figura 3, a origem das fontes de recursos para financiamentos concedidos pelo BNDES. 57%27% 4% 5% 7% Tesouro Nacional FAT/PIS=PASEP Patrimônio Líquido Captações Externas Outras Figura 3: Fontes de captação do BNDES (dados de junho de 2015). Fonte: Abreu e Silva (2016). 27Contabilidade das Instituições Financeiras O BNDES tem três subsidiárias integrais, cujas atuações básicas são descritas a seguir (NEWLANDS; BRITO): ▪ Finame – Agência Especial de Financiamento Industrial: voltada para o financiamento de máquinas e equipamentos industriais a empresas nacionais. Nesse intuito, as formas de atuação da Finame são: programa automático – apoio à aquisição de máquinas e equipamentos de produção em série; programa especial – apoio à aquisição de máquinas e de equipamentos de maior valor, destinados a projetos de grande porte, fabricados em sua maioria por encomenda; programa agrícola – apoio à aquisição de máquinas e equipamentos voltados para a produção agropecuária ou agroindustrial; e Finamex: apoio às indústrias brasileiras exportadoras de máquinas e equipamentos, inclusive mediante financiamento pré-embarque. ▪ BNDES Participações S.A. – BNDESPAR: o objetivo principal é promover a capitalização da empresa nacional por meio de participações acionárias. Invés de conceder financiamentos, o BNDESPAR adquire ações das empresas, injetando recursos próprios (não exigíveis) para financiar seus investimentos. Após consolidado o investimento, o banco põe à venda as ações adquiridas. Outras formas de atuação do BNDESPAR são a garantia oferecida no lançamento público de novas ações (underwriting) e o financiamento para que os acionistas venham a subscrever o aumento de capital da empresa. ▪ BNDES PLC: é uma subsidiária integral do BNDES, constituída no Reino Unido, e tem como principal finalidade a aquisição de participações acionárias em outras companhias, por ser uma investment holding company. Inaugurada em novembro de 2009, em Londres, a subsidiária representou a chegada do banco a um dos principais centros financeiros do mundo, constituindo mais uma etapa da expansão das atividades da instituição para fora do Brasil. Também são objetivos da subsidiária aumentar a visibilidade do banco junto à comunidade financeira internacional e auxiliar de maneira mais efetiva as empresas brasileiras que estão em processo de internacionalização ou aquelas que buscam oportunidades no mercado internacional. 28 Contabilidade das Instituições Financeiras Outro banco tradicional é a Caixa Econômica Federal (CEF), criada em 1861, está regulada pelo Decreto-Lei 759, de 12 de agosto de 1969, como empresa pública vinculada ao Ministério da Fazenda. Trata-se de instituição assemelhada aos bancos comerciais e múltiplos, podendo captar depósitos à vista, realizar operações ativas e efetuar prestação de serviços. A Caixa Econômica Federal é uma instituição financeira pública que atua de forma autônoma e apresenta um objetivo claramente social. É classificada como órgão auxiliar do Governo Federal na execução de sua política creditícia. Uma característica distintiva da CEF é que ela prioriza a concessão de empréstimos e financiamentos a programas e projetos nas áreas de assistência social, saúde, educação, trabalho, transportes urbanos e esportes. Pode operar com crédito direto ao consumidor, financiando bens de consumo duráveis, emprestar sob garantia de penhor industrial e caução de títulos, bem como tem o monopólio do empréstimo sob penhor de bens pessoais (joias, metais preciosos, pedras preciosas etc.) e sob consignação. Tem, ainda, o monopólio (exclusividade) da venda de bilhetes de loteria federal, além de centralizar o recolhimento e posterior aplicação de todos os recursos oriundos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) (é o agente operador exclusivo). A CEF integra o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) e é o principal agente do Sistema Financeiro da Habitação (SFH), atuando no financiamento da casa própria, principalmente no segmento de baixa renda. A CEF também pode realizar: ▪ Adiantamentos a governos com garantia na arrecadação futura de impostos; ▪ Empréstimos sob consignação a funcionários públicos, aposentados e trabalhadores de empresas privadas com desconto em folha de pagamento; ▪ Executar operações de arrendamento mercantil; ▪ Promover o crédito direto ao consumidor, por meio do financiamento de bens duráveis. 29Contabilidade das Instituições Financeiras Atualmente, é a CEF quem recolhe os valores destinados ao FGTS, porém em tempos não tão distantes, essa atribuição já foi responsabilidade de outros bancos, como Unibanco, Bamerindus etc. A partir do fim de 1990, os saldos do FGTS foram centralizados na CEF. Então, essa concessão, em algum momento, pode mudar. Esteja sempre atendo às mudanças das regras e leis. O fato de ser responsável pela implementação das políticas sociais do governo federal faz da CEF um agente especial. Entre os programas sociais administrados por ela, destacam-se os elencados no Quadro 3. PROGRAMA O QUE É? Bolsa Família É um programa de transferência direta de renda, direcionado às famílias em situação de pobreza e de extrema pobreza em todo o país, que tem como objetivos: combater a fome e promover a segurança alimentar e nutricional, combater a pobreza e outras formas de privação das famílias, promover o acesso à rede de serviços públicos, em especial, saúde, educação, segurança alimentar e assistência social. Minha Casa Minha Vida É uma iniciativa do Governo Federal que oferece condições atrativas para o financiamento de moradias para famílias de baixa renda. Seguro-desemprego Um dos mais importantes direitosdos trabalhadores brasileiros, o benefício oferece auxílio em dinheiro por um período determinado. Ele é pago em três a cinco parcelas de forma contínua ou alternada. FIES O Fundo de Financiamento Estudantil (FIES) é um programa do Ministério da Educação (MEC) que financia a graduação, em instituições particulares, de estudantes que não têm condições de arcar com os custos. Farmácia Popular É um programa que procura ampliar o acesso da população aos medicamentos considerados essenciais ao tratamento de doenças com maior ocorrência no Brasil, e é realizado por meio de transferência de recursos do Ministério da Saúde aos estabelecimentos farmacêuticos credenciados. Bolsa Atleta O programa do Governo Federal, em parceria com o Ministério dos Esportes, tem o objetivo de formar uma geração de atletas com potencial de representar o Brasil. A estratégia é simples: garantir a manutenção pessoal mínima de atletas para que eles tenham as condições necessárias para se dedicar ao esporte. Quadro 3: Programas sociais administrados pela CEF. Fonte: Abreu e Silva (2016). Importante 30 Contabilidade das Instituições Financeiras Síntese Nesta unidade de aprendizagem, você observou que o Sistema Financeiro Nacional é dividido em órgãos normativos e órgãos operacionais, e que o Conselho Monetário Nacional é o órgão supremo dentro desse sistema. Vimos, ainda, que, junto com o Conselho Monetário Nacional, foi criado o Banco Central do Brasil, que opera sempre em conjunto com as determinações do próprio CMN, fiscalizando as instituições financeiras. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) normatiza e fiscaliza diretamente as empresas que são sociedades anônimas de capital aberto (mercado de capitais) e o COPOM tem como objetivo estabelecer as diretrizes da política monetária e de fixar a meta SELIC. O Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional, como vimos, faz parte da estrutura do Ministério da Fazenda, lembrando que ainda existem os órgãos de apoio, com funções especiais, como o Banco do Brasil (principal executor dos serviços bancários de interesse do governo federal), CEF (órgão auxiliar do governo federal na execução de sua política creditícia) e BNDES (responsável pela execução da política de investimentos na área econômica e social do país). 31Contabilidade das Instituições Financeiras Referências ABREU; Edgar; SILVA, Lucas. Sistema Financeiro Nacional. São Paulo: Método, 2016. [Minha Biblioteca] BANCO CENTRAL DO BRASIL. Entenda o CMN. Disponível em: <https://www.bcb.gov.br/Pre/CMN/Entenda%20o%20CMN.asp>. Acesso em: 17 maio 2018. ________. Copom. Disponível em: <http://www.bcb.gov.br/pt-br#!/n/ COPOM>. Acesso em: 20 mai. 2018. BRASIL. Lei 4.595, de 31 de dezembro de 1964. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L4595.htm>. Acesso em: 22 mai. 2018. BRITO, Osias. Mercado financeiro: estruturas, produtos, serviços, riscos, controle gerencial. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2013. [Minha Biblioteca] BRUNI, Adriano Leal. Certificação Profissional ANBIMA Série 10 (CPA-10). 5 ed. São Paulo: Atlas, 2013. [Minha Biblioteca] GALLAGHER, Lilian Massena et al. Exame de certificação ANBIMA CPA-20: teoria. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2018. JUNIOR, Carlos Arthur Newlands. Sistema financeiro e bancário (Série Provas & Concursos). 5 ed. rev. e atual. São Paulo: Método, 2015. [Minha Biblioteca] 33Contabilidade das Instituições Financeiras NIYAMA, Jorge Katsumi; GOMES, Amaro L. Oliveira. Contabilidade de instituições financeiras. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2012. SOUZA, Henrique. Sistema Financeiro Nacional: seja um investidor de sucesso. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=tOQjRR8vihQ>. Acesso em: 22 mai. 2018. 34 Contabilidade das Instituições Financeiras Instituições Financeiras 37Contabilidade das Instituições Financeiras Objetivo Ao final desta unidade de aprendizagem, você será capaz de: Identificar as Instituições Financeiras Públicas, Privadas e os Bancos Múltiplos. Introdução Nesta unidade de aprendizagem, você irá identificar, dentro do Sistema Financeiro Nacional, quais são as instituições financeiras consideradas públicas e as consideradas privadas, e conhecerá as características principais dos bancos múltiplos e como eles atuam no mercado financeiro. Para entender o que são bancos múltiplos, você conhecerá o que é um banco comercial (ou que possui uma carteira comercial) e o que é um banco de investimento (ou que possui uma carteira de investimento). Além disso, você será capaz de identificar o que são cooperativas de crédito e quais são as demais instituições financeiras com função operacional componentes do Sistema Financeiro Nacional. 39Contabilidade das Instituições Financeiras 1. Instituições Financeiras Públicas Quando escutamos o termo “instituições financeiras”, lembramos imediatamente da instituição financeira mais conhecida: as instituições financeiras bancárias, ou mais comumente chamadas de bancos. Instituições financeiras, conforme Brito (2013, p.4): São instituições que atuam no processo de intermediação financeira, compreendendo, sobretudo, diversas modalidades de captação de recursos, operações de crédito, seguros, capitalização, mercado de capitais, poupança e financiamento à habitação, arrendamento mercantil e comércio exterior, sendo essas operações de curto e longo prazos. Conhecemos diversos bancos, tais como: Banco Santander, Banco do Brasil, Banco Itaú, Caixa Econômica Federal, Banco da Amazônia, Banco Bradesco etc. O termo “banco” origina-se do seguinte fato: já na Idade Antiga, a moeda era trocada em cima de um banco ou mesa colocada no mercado local, em que as pessoas trocavam a moeda, de diversas procedências e valores, dando, assim, o aparecimento dos primeiros banqueiros. Ainda relembrando a história, antes da existência de moedas, as trocas que ocorriam eram de produtos e mercadorias por outros produtos e mercadorias diversas que as pessoas estivessem necessitando, o que era conhecido como escambo. Depois do escambo, também foi utilizado como moeda de troca o “sal”, que era muito utilizado para conservação dos alimentos. Depois, foi a vez de o metal, originalmente no seu estado bruto; mais tarde, passou a ser pesado e marcado com o seu valor. Segundo o Banco Central do Brasil (2018), no século VII a.C., surgiram as primeiras moedas com características semelhantes às que conhecemos atualmente. O papel moeda surgiu mais à frente, na Idade Média, quando surgiu a prática de se guardar ouro com os ourives. Estes possuíam cofres para guardar suas matérias-primas (o ouro), utilizado para construir as mais diversas peças, e, posteriormente, vendê-las. O espaço ocioso do cofre era utilizado para guardar o ouro de terceiros: o ourive entregava um recibo para atestar a guarda 41Contabilidade das Instituições Financeiras do ouro, que continha data da guarda, quantidade e nome do primeiro dono. Porém, o documento começou a circular e ninguém retornava para resgatar o ouro: as pessoas que inicialmente guardaram seus ouros com o ourive, passaram a repassar o recibo para outras, seus credores, quitando dívidas – nesses casos, o recibo dificilmente retornava aos olhos do ourive. Com algumas descobertas arqueológicas, foi possível identificar que 800 anos antes de Cristo havia, na assíria, um bem-desenvolvido sistema de letras de câmbio, notas promissórias e cheques, semelhantes aos de nossa época; e, embora a história seja omissa nesse ponto, é fora de dúvida que os fenícios, dado ao seu intenso comércio marítimo, conheceram algum sistema bancário que lhes facilitasse o manejo de papéis de crédito para suas trocas internacionais. Entre os gregos e romanos, eram comuns algumas das operações típicas dos bancos modernos. A Idade Média viu crescer sensivelmente o comércio do dinheiro e, consequentemente, os negócios bancários. No século XII, surgiu, em Veneza, o primeiro banco de depósitos, o qual, em 1157, adquiriu caráteroficial, com a denominação de “La Banca di Venezia”. Ainda nesse século, o Banco de Amsterdã foi o que introduziu na Europa o uso da moeda papel – mesma data, talvez, do nascimento do crédito moderno e do sistema bancário. No entanto, foi sobretudo depois de 1900 que o capital dos bancos aumentou consideravelmente, fazendo com que estes ocupassem no mercado financeiro o papel preponderante que hoje desfrutam. No Quadro 1, abordamos a conceituação de alguns autores sobre o que é um banco. Observe: Garrone (1924) É uma empresa intermediária do crédito. Dória (1995) É uma instituição de crédito, que tem como finalidade a produção e a circulação dos capitais, servindo de intermediário entre aqueles que dispõem de recursos e aqueles que precisam. Bosisio (2014) É uma harmônica coordenação de pessoas e de bens da qual se serve o sujeito econômico para obter o crédito, principalmente mediante o crédito. 42 Contabilidade das Instituições Financeiras Renzi (2016) Os bancos são empresas que têm por objetivo o exercício do crédito, que pode ser efetuado com meios próprios e com meios provindos, mediante uma função eminentemente mediadora: utiliza-se desses fundos para empregá-los em operações desenvolvidas entre comerciantes, industriais, agricultores etc., que necessitam de meios financeiros. D’Áuria (1937) São intermediários do giro monetário. Obtêm os capitais de quem os possui, fornecendo-os aos que dele necessitam para o desenvolvimento de suas operações. Quadro 1: Conceitos de autores. Fonte: Adaptado de Marques Filho (2008). Resumindo, os bancos são empresas que possuem capitais próprios e de terceiros, empregando esses recursos em diversas espécies de operações peculiares ao comércio de dinheiro, com o objetivo de obter lucro. Figura 1: Instituições Financeiras. Fonte: Dreamstime. As instituições financeiras podem ser classificadas como públicas ou privadas, segundo o artigo 17 da Lei 4.595/64 (BRASIL, 1964, art. 17), também conhecida como Lei da Reforma Bancária: Art. 17. Consideram-se instituições financeiras, para os efeitos da legislação em vigor, as pessoas jurídicas públicas ou privadas, 43Contabilidade das Instituições Financeiras que tenham como atividade principal ou acessória a coleta, intermediação ou aplicação de recursos financeiros próprios ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de valor de propriedade de terceiros. As instituições financeiras públicas (ou bancos públicos) são aquelas mantidas pelos Governos Federal ou estadual, encarregados da execução da política creditícia dos respectivos Governos. Entretanto, conforme ressalta Abrão (2016, p.78), “os não federais ficam sujeitos às disposições relativas às instituições financeiras privadas, além de se dedicarem às operações dos bancos comerciais comuns”. Assim, o estado (governo) intervém nessas instituições. O principal agente da política de investimentos do Governo Federal é o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. São instituições financeiras públicas as Caixas Econômicas Estaduais, que se equiparam, no que couber, à Caixa Econômica Federal, gozando das mesmas isenções legais. A Caixa Econômica Federal como instituição financeira pública trabalha com diversas parcerias, sempre em relação a interesses sociais. Leia o artigo indicado e conheça sobre a parceria mais recente realizada pela CEF. O Banco do Brasil é o Agente Financeiro do Tesouro Nacional e está sob a supervisão do Conselho Monetário Nacional (CMN), funcionando como instrumento de execução da política creditícia e financeira do Governo Federal, segundo o artigo 19 da Lei 4.595/64 (BRASIL, 1964, art. 19). O Banco do Brasil é uma sociedade de economia mista, controlada pelo governo, pois ele possui a maioria de suas ações com direito a voto, sendo o restante de capital privado. Segundo redação dada no Decreto-Lei nº 900/1969, em seu artigo 5 (BRASIL, 1969, art. 5): Saiba Mais Leia mais 44 Contabilidade das Instituições Financeiras https://jornal.usp.br/institucional/usp-e-caixa-economica-federal-assinam-convenio-para-parceria-tecnologica/ III - Sociedade de Economia Mista - a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, criada por lei para a exploração de atividade econômica, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua maioria à União ou a entidade da Administração Indireta. As instituições financeiras públicas caracterizam-se pelos financiamentos de obras de interesse social, em longo prazo. Segundo Abrão (2016, p.78), “O papel crucial das instituições públicas representa maior autonomia na realidade de políticas destinadas aos diversos setores para efeito de crescimento da atividade empresarial e com volume de recursos disponíveis em carteira”. A parceria das entidades públicas financeiras com o governo é fundamental para a obtenção dessa política de crédito e para o equilíbrio da taxa de juros e redução dos spreads bancários. A margem financeira cobrada pelo banco e outras instituições financeiras é um valor que varia de banco para banco e acresce à habitual taxa de juro cobrada pelo empréstimo. Para os bancos, quanto maior o spread, maior é o lucro nas suas operações. O spread bancário brasileiro é um dos mais altos do mundo, o que gera muitas críticas, uma vez que é um dinheiro que poderia fazer a economia girar, e não ser totalmente utilizado pelos bancos (SIGNIFICADOS, 2018). O Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social são considerados agentes especiais dentro do Sistema Financeiro Nacional, pelas suas atuações em consonância com os planejamentos estratégicos do Governo. Hoje em dia, existe uma parceria dos bancos públicos e os bancos privados para que haja equidade nas operações oferecidas aos agentes deficitários, gerando uma melhoria no desempenho das próprias instituições financeiras. Importante Spread: Spread bancário é a diferença entre o que os bancos pagam na captação de recursos e o que eles cobram ao conceder um empréstimo para uma pessoa física ou jurídica. No valor do spread bancário, estão embutidos impostos como o IOF e o CPMF (quando está em vigor). Nesse contexto, o termo inglês “spread” significa “margem”. Glossário 45Contabilidade das Instituições Financeiras 2. Instituições Financeiras Privadas Como vimos anteriormente, as instituições financeiras também podem ser privadas – o que constitui a maioria delas, hoje, no Brasil. Destacam-se entre as instituições financeiras privadas os bancos comerciais. Elas devem ser obrigatoriamente Sociedades Anônimas - S.A., de acordo com o art. 25 da Lei nº 4.595/64 (BRASIL, 1964). Entre elas estão igualmente as cooperativas de crédito, que possuem forma jurídica própria, como veremos mais à frente. Essas instituições desempenham atividade de intermediação de crédito e prestam serviços aos consumidores de serviços financeiros, em nosso país. Elas disponibilizam diversas operações para aqueles que necessitam de crédito ou desejam ser remunerados pelos seus excedentes de recursos, prestando diversos tipos de assessorias financeiras. As instituições financeiras privadas são constituídas e controladas pela iniciativa privada, dentro dos princípios e regras criadas pelo CMN, sob fiscalização do BACEN. Elas têm como principal atividade a intermediação de recursos financeiros para a grande população brasileira (pessoas físicas e jurídicas) com os mais diversos fins, caracterizando-se pelos financiamentos a curto e médio prazos. Entre as instituições financeiras privadas, destacam-se: ▪ Sociedades de crédito, financiamento e investimento; ▪ Sociedades distribuidoras; ▪ Sociedades corretoras; ▪ Agentes autônomos de investimentos; ▪ Sociedades arrendadoras; ▪ Sociedades de investimento; ▪ Bancos comerciais; ▪ Bancos de investimentos; ▪ Bancos múltiplos. 46 Contabilidade das Instituições Financeiras Tratando-se dascooperativas de crédito, observa-se, além da legislação e normas do sistema financeiro, a Lei 5.764, de 16 de dezembro de 1971 (BRASIL, 1971, art. 1), que define a política nacional de cooperativismo e institui o regime jurídico das sociedades cooperativas. São organizações que atuam tanto no setor rural quanto no urbano e podem se originar da associação de funcionários de uma mesma empresa ou grupo de empresas, de profissionais de determinado segmento, de empresários ou mesmo adotar a livre admissão de associados em uma área determinada de atuação, sob certas condições. Os empréstimos e financiamentos só podem ser concedidos para os próprios cooperativados, segundo o art. 26, nº 12, do Decreto nº 60.597 (BRASIL, 1967, art. 26) e, geralmente, com taxas menores que os bancos usuais. Os eventuais lucros auferidos com suas operações – prestação de serviços e oferecimento de crédito aos cooperados – são repartidos entre os associados. As cooperativas de crédito devem adotar, obrigatoriamente, em sua denominação social, a expressão “Cooperativa”, vedada a utilização da palavra “Banco”; além disso, devem possuir o número mínimo de vinte cooperados e adequar sua área de ação às possibilidades de reunião, controle, operações e prestações de serviços. Estão autorizadas a realizar operações de captação por meio de depósitos à vista e a prazo somente de associados, de empréstimos, repasses e refinanciamentos de outras entidades financeiras e de doações. Podem conceder crédito somente a associados, por meio de desconto de títulos, empréstimos, financiamentos, e realizar aplicação de recursos no mercado financeiro (BRASIL, 2003). As cooperativas de crédito atuam fortemente no setor rural, com abrangência da Lei Complementar nº 93, de 4 de fevereiro de 1998, regulamentada pelo Decreto nº 3.475, de 19 de maio de 2000, estabelecendo o Banco da Terra com a finalidade essencial de financiar programas de reordenação fundiária e assentamento rural. Há, nesse campo agrícola, portanto, a prevalência de inúmeras alternativas, visando, sobretudo, amparar as cooperativas, facilitar o processo de concessão de crédito e situar preceitos impregnados da reforma agrária, faltando apenas maior estímulo e uma adequada fiscalização dos recursos, principalmente quando da liquidação dessas entidades (ABRÃO, 2106). 47Contabilidade das Instituições Financeiras 3. Bancos Múltiplos Antes de falarmos sobre Bancos Múltiplos, faz-se necessário entender o que é um banco comercial ou ter uma carteira comercial. Os bancos comerciais são intermediários financeiros que recebem recursos (depósitos, CDB, cobrança de títulos, arrecadação de tributos e tarifas públicas e outros) e os distribuem através do crédito (empréstimos e financiamentos) para quem necessita de recursos e, dessa forma, fazem girar a atividade produtiva. (BRUNI, 2013, p.22) Os bancos comerciais (com carteiras comerciais) são instituições financeiras privadas ou públicas que têm como objetivo principal proporcionar suprimento de recursos necessários para financiar, a curto e a médio prazos, o comércio, a indústria, as empresas prestadoras de serviços, às pessoas físicas e terceiros em geral (GALLAGHER et al., 2018). A captação de depósitos à vista, livremente movimentáveis, é atividade típica do banco comercial, o qual pode também captar depósitos a prazo, como CDB e RDB. Quando nos referimos ao depósito à vista, estamos falando de conta-corrente. O nome da conta contábil que se refere à conta-corrente do cliente em uma instituição financeira tem o nome de Depósito à Vista, podendo ser de pessoa física ou de pessoa jurídica. O banco comercial deve ser constituído sob a forma de sociedade anônima e na sua denominação social deve constar a expressão “Banco”, conforme Resolução CMN 2.099, de 1994. Em 1836, foi estabelecido o primeiro banco comercial privado do país, o Banco do Ceará. Tratando-se de bancos múltiplos, Bruni (2013, p.22) menciona que: Os bancos múltiplos surgiram através da Resolução nº 1.524/88, que, com o objetivo de racionalizar a administração das instituições financeiras, permitiu que várias instituições pudessem constituir-se em uma única instituição financeira, com um único balanço, um único caixa e, consequentemente, com grande redução de custos. 48 Contabilidade das Instituições Financeiras Os bancos múltiplos são instituições financeiras privadas ou públicas que realizam as operações ativas, passivas e acessórias das diversas instituições financeiras, por intermédio das seguintes carteiras: comercial, de investimento e/ou de desenvolvimento, de crédito imobiliário, de arrendamento mercantil e de crédito, financiamento e investimento. Essas operações estão sujeitas às mesmas normas legais e regulamentares aplicáveis às instituições singulares correspondentes às suas carteiras. A carteira de desenvolvimento somente poderá ser operada por banco público. Para ser um banco múltiplo ele deve ser constituído com, no mínimo, duas carteiras, sendo uma delas, obrigatoriamente, comercial ou de investimento, e ser organizado sob a forma de sociedade anônima. As instituições com carteira comercial podem captar depósitos à vista, como já vimos. Na sua denominação social, deve constar a expressão “Banco”, de acordo com a Resolução CMN 2.099, de 1994. Tratando-se de um banco de investimento, Bruni (2013, p.22) afirma que “são entidades privadas especializadas em operações de participação ou financiamento, a médio e longo prazos, no suprimento de capital fixo ou capital de giro às empresas”. Figura 2: Moeda corrente. Fonte: Dreamstime. 49Contabilidade das Instituições Financeiras Esses tipos de bancos não podem manter contas-correntes – como fazem os bancos comerciais – e captam recursos pela emissão de Certificado de Depósito Bancário (CDB) e de Recibo de Depósito Bancário (RDB), por meio de captação e repasses de recursos, de origem interna ou externa, ou pela venda de cotas de fundos de investimentos que são administrados por eles. Assista ao vídeo indicado e conheça melhor as características de um Banco Comercial, de um Banco de Investimento e dos Bancos Múltiplos, a fim de entender como funcionam as operações ofertadas pelas instituições financeiras. Suas operações ativas são, basicamente: ▪ Empréstimo a prazo mínimo de um ano para financiamento de capital fixo ou capital de giro; ▪ Repasses de empréstimos obtidos no país ou no exterior; ▪ Aquisição de ações, obrigações ou quaisquer outros títulos ou valores mobiliários para investimento ou revenda no mercado de capitais, conhecidas também como operações de underwriting. Underwriter é a denominação da instituição financeira que realiza operações de lançamento de ações no mercado primário, que podem ser bancos múltiplos, bancos de investimentos, sociedades corretoras e distribuidoras de títulos e valores mobiliários. As operações de underwriting são ofertas públicas de títulos em geral (ações, por exemplo) e de títulos de crédito representativo de empréstimo (debêntures, por exemplo), em particular, por meio de subscrição, cuja prática é permitida somente pela instituição financeira autorizada pelo Banco Central do Brasil (BACEN) para esse tipo de intermediação (PORTAL EDUCAÇÃO, 2018). Para Niyama (2012, p.11): Dentre as operações especiais, podemos destacar a administração de fundos de investimento, a distribuição, a intermediação ou a Saiba Mais Importante Assista agora 50 Contabilidade das Instituições Financeiras https://www.youtube.com/watch?v=lpCQaC01FYA colocação no mercado de títulos e valores mobiliários, a realização de operações compromissadas, a concessão de fiança e aval, a realização de operações de câmbio e de compra e venda no mercado físico de ouro. Além do apoio financeiro às empresas, os bancos de investimento possuem uma estrutura técnica, que permite oferecer uma série de serviços aos seus clientes, tais como assessoria em projetos de melhoria da produtividade,de reorganização, racionalização e modernização das empresas, fusões, cisões ou incorporações (corporate finance). 51Contabilidade das Instituições Financeiras Síntese Nesta unidade de aprendizagem, você conheceu como estão divididas as instituições financeiras, sendo elas públicas ou privadas. Entre as instituições financeiras públicas estão o BNDES, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil, sendo este último uma sociedade de economia mista. Suas características são financiamentos de longo prazo e de obras de interesse social. Entre as instituições financeiras privadas estão todos os bancos mais conhecidos, como: Banco Itaú, Banco Bradesco, Banco Santander etc., e têm como característica os empréstimos às pessoas físicas e jurídicas, para todos os tipos de fins, no curto e médio prazos. Para serem múltiplos, os bancos devem trabalhar com, no mínimo, duas carteiras, sendo pelo menos uma comercial ou de investimento. A carteira comercial tem como sua atividade típica a abertura de conta-corrente para os seus clientes, podendo, dessa forma, captar depósitos à vista. 53Contabilidade das Instituições Financeiras Referências ABRÃO, Nelson. Direito bancário. 16 ed. São Paulo: Saraiva, 2016. BANCO CENTRAL DO BRASIL. Museu de Valores do Banco Central. 2018. Disponível em: <http://www.bcb.gov.br/htms/origevol. asp?idpai=HISTDIN>. Acesso em: 10 jul. 2018. ______. Resolução CMN 2.099, de 1994. Aprova regulamentos que dispõem sobre as condições relativamente ao acesso ao Sistema Financeiro Nacional, aos valores mínimos de capital e patrimônio líquido ajustado, à instalação de dependências e à obrigatoriedade da manutenção de patrimônio líquido ajustado em valor compatível com o grau de risco das operações ativas das instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central. Disponível em: <https:// www.bcb.gov.br/pre/normativos/res/1994/pdf/res_2099_v1_O.pdf>. Acesso em: 11 jul. 2018. ______. Resolução CMN 3.106, de 2003. Altera disposições relativas a requisitos e procedimentos para a constituição, a autorização para funcionamento e alterações estatutárias de cooperativas de crédito. Disponível em: <https://www.bcb.gov.br/pre/normativos/res/2003/pdf/res_3140_ v1_O.pdf>. Acesso em: 11 jul. 2018. BRASIL. Decreto nº 3.475, de 19 de maio de 2000. Regulamenta a Lei Complementar nº 93, de 4 de fevereiro de 1998, que criou o Fundo de Terras e da Reforma Agrária - Banco da Terra, e dá outras providências. Disponível em: <www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/2000/decreto-3475-19-maio- 2000-377168-norma-pe.html>. Acesso em: 11 jul. 2018. 55Contabilidade das Instituições Financeiras https://www.bcb.gov.br/pre/normativos/res/1994/pdf/res_2099_v1_O.pdf https://www.bcb.gov.br/pre/normativos/res/1994/pdf/res_2099_v1_O.pdf https://www.bcb.gov.br/pre/normativos/res/2003/pdf/res_3140_v1_O.pdf https://www.bcb.gov.br/pre/normativos/res/2003/pdf/res_3140_v1_O.pdf ______. Decreto nº 60.597, de 19 de abril de 1967. Regulamenta o Decreto- lei nº 59, de 21 de novembro de 1966. Disponível em: <www2.camara.leg. br/legin/fed/decret/1960-1969/decreto-60597-19-abril-1967-401464- publicacaooriginal-1-pe.html>. Acesso em: 11 jul. 2018. ______. Decreto-lei nº 900, de 29 de setembro de 1969. Altera disposições do Decreto-lei número 200, de 25 de fevereiro de 1967, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del0900. htm#art5iii>. Acesso em: 11 jul. 2018. ______. Lei Complementar nº 93, de 4 de fevereiro de 1998. Institui o Fundo de Terras e da Reforma Agrária - Banco da Terra - e dá outras providências. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/ Lcp93.htm>. Acesso em: 11 jul. 2018. ______. Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964. Dispõe sobre a Política e as Instituições Monetárias, Bancárias e Creditícias, Cria o Conselho Monetário Nacional e dá outras providências. Disponível em: <http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L4595.htm>. Acesso em: 11 jul. 2018. ______. Lei nº 5.764, de 16 de dezembro de 1971. Define a Política Nacional de Cooperativismo, institui o regime jurídico das sociedades cooperativas, e dá outras providências. Disponível em: <www.planalto.gov.br/CCivil_03/ leis/L5764.htm>. 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Contabilidade de instituições financeiras. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2012. PORTAL EDUCAÇÃO. Operações de Underwriting. 2018. Disponível em: <https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/concursos/operacoes- de-underwriting/44914>. Acesso em: 12 jul. 2018. SIGNIFICADOS. O que é Spread Bancário. Disponível em: <https://www. significados.com.br/spread-bancario/>. Acesso em: 11 jul. 2018. TOPINVEST. CPA 20 - Aula 08 - Bancos Múltiplos. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=lpCQaC01FYA>. Acesso em: 11 jul. 2018. 57Contabilidade das Instituições Financeiras Plano Contábil das Instituições Financeiras - COSIF 59Contabilidade das Instituições Financeiras Objetivo Analisar o Plano Contábil das Instituições Financeiras. 61Contabilidade das Instituições Financeiras Introdução Nesta unidade de aprendizagem, veremos como está estruturado o COSIF – o Plano de Contas das Instituições Financeiras –, para que serve cada um dos seus capítulos, funcionalidades e objetivos. Para começar, vamos observar como são feitas as contabilizações das operações passivas, como: depósito à vista, depósito a prazo, depósito em caderneta de poupança, Documento de Ordem de Crédito (DOC), Transferência Eletrônica Disponível (TED) e ordem de pagamento. Por fim, serão vistas as operações ativas: descontos, empréstimos e financiamentos, tanto na modalidade prefixada quanto na pós fixada. Veremos como são realizadas as contabilizações das operações ativas, nas instituições financeiras. 63Contabilidade das Instituições Financeiras 1. Objetivos, Estrutura e Característica Básica O Plano Contábil das Instituições do Sistema Financeiro Nacional (COSIF), mais conhecido como o Plano de Contas das Instituições Financeiras, foi criado com a edição da Circular 1.273, em 29 de dezembro de 1987, com o objetivo de unificar os diversos planos contábeis existentes à época e uniformizar os procedimentos de registro e elaboração de demonstrações financeiras, o que veio a facilitar o acompanhamento, análise, avaliação do desempenho e controle das instituições integrantes do Sistema Financeiro Nacional (BCB, 2018). No passado, os planos eram elaborados por cada instituição individualmente. O COSIF apresenta os critérios e procedimentos contábeis a serem observados pelas instituições financeiras, bem como a estrutura de contas e modelos de documentos previstos no mesmo. A competência para expedir normas gerais de contabilidade a serem observadas pelas instituições financeiras é do Conselho Monetário Nacional (CMN), sendo que as normas específicas são elaboradas pelo Banco Central do Brasil (BCB) e devem estar em consonância com as disposições constantes na Lei das Sociedades por Ações. (NIYAMA;GOMES, 2012, p.19) Essas normas devem ser observadas pelas instituições financeiras conforme a Circular 1.273/87, tendo como objetivo: uniformizar os registros; racionalizar a utilização das contas; estabelecer regras, critérios e procedimentos necessários à obtenção e divulgação de dados; e possibilitar o acompanhamento do sistema financeiro, bem como a análise, a avaliação do desempenho e o controle pelo BACEN, de modo que as demonstrações financeiras expressem, com clareza, a real situação econômico-financeira da instituição (BCB, 1987). Cabem às instituições financeiras os seguintes procedimentos (NIYAMA; GOMES, 2012, p.19): a. Adotar métodos e critérios uniformes no tempo, sendo que as modificações relevantes e a quantificação de seus efeitos sobre 64 Contabilidade das Instituições Financeiras as demonstrações financeiras devem ser evidenciadas em notas explicativas, quando aplicáveis; b. Registrar as receitas e as despesas no período em que elas ocorrem e não na data do efetivo ingresso ou desembolso, em respeito ao regime de competência; c. Proceder à apropriação mensal das rendas, até mesmo dos ganhos, lucros, despesas, perdas, mora, receitas e prejuízos, independentemente da apuração de resultado a cada seis meses; d. Apurar os resultados semestralmente, considerando todas as provisões e receitas, observando os períodos de 1º de janeiro a 30 de junho e de 1º de janeiro a 31 de dezembro, para fins de publicação; e. Proceder às devidas conciliações dos títulos contábeis com os respectivos controles analíticos e mantê-las atualizadas, devendo a respectiva documentação ser arquivada por, pelo menos, cinco anos. As normas e procedimentos, bem como as demonstrações financeiras padronizadas previstas no COSIF, são de uso obrigatório pelos: ▪ Bancos múltiplos; ▪ Bancos comerciais; ▪ Bancos de desenvolvimento; ▪ Bancos de investimentos; ▪ Sociedades de crédito, financiamentos e investimentos; ▪ Sociedades de crédito imobiliário e associações de poupança e empréstimo; ▪ Sociedades de arrendamento mercantil (Leasing); ▪ Sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários e câmbio; ▪ Sociedades distribuidoras de títulos e valores mobiliários; ▪ Caixas econômicas; ▪ Cooperativas de crédito; ▪ Administradoras de consórcios; ▪ Agências de fomento ou desenvolvimento; 65Contabilidade das Instituições Financeiras ▪ Instituições em liquidação extrajudicial; ▪ Companhias hipotecárias; ▪ Sociedades de crédito ao microempreendedor; ▪ Fundos de investimento; ▪ Bancos de câmbio. Algumas empresas não são fiscalizadas pelo Banco Central do Brasil, assim, não são obrigadas a seguir as regras do COSIF, conforme elencado abaixo: 1. Sociedades de fomento mercantil (Factorings); 2. Administradoras de cartão de crédito; 3. Fundos de pensão (entidades abertas e fechadas de previdência privada); 4. Seguradoras; 5. Sociedades de capitalização; 6. Planos de saúde. O COSIF está dividido em quatro capítulos, como pode ser visto na Figura 1: Figura 1: Capítulos do COSIF. Fonte: BCB (2018). 66 Contabilidade das Instituições Financeiras Cada capítulo do COSIF tem sua função (BB, 2018), conforme a seguir: Capítulo 1 – Normas Básicas: nele, estão consolidados os princípios, critérios e procedimentos contábeis que devem ser utilizados por todas as instituições integrantes do sistema financeiro, com destaque sobre cada grupo de contas do balanço. Dentro desse capítulo, são abordados, atualmente, 37 assuntos diferentes, conforme a Figura 2: Figura 2: Capítulo 1 do COSIF. Fonte: BCB (2018). 67Contabilidade das Instituições Financeiras Capítulo 2 – Elenco de Contas: são apresentadas as contas integrantes do plano contábil e suas respectivas funções, o que nelas deve ser registrado e como devem ser feitas as movimentações de débito e crédito, objetivando a uniformidade. As contas estão dispostas em seus grupos, como mostra a Figura 3: Figura 3: Capítulo 2 do COSIF. Fonte: BCB (2018). Capítulo 3 – Documentos: são apresentados os modelos de documentos de natureza contábil que devem ser elaborados, remetidos ou publicados por todas as instituições integrantes do sistema financeiro, para atender às exigências do BCB (BACEN). Esse capítulo possui, atualmente, 15 modelos de documentos, conforme mostra a Figura 4: Figura 4: Capítulo 3 do COSIF. Fonte: BCB (2018).https://www3.bcb.gov.br/aplica/cosif https://www3.bcb.gov.br/aplica/cosif 68 Contabilidade das Instituições Financeiras Capítulo 4 – Anexos: são apresentadas as normas editadas por outros organismos (Comitê Pronunciamento Contábil (CPC), Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (IBRACON) etc.), que foram recepcionadas para aplicação às instituições financeiras e as demais autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil. Atualmente, existem nove anexos no capítulo 4, todos eles emitidos pelo CPC. O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) foi criado pela Resolução CFC nº 1.055/05 e tem como objetivo (CPC, 2018): O estudo, o preparo e a emissão de Pronunciamentos Técnicos sobre procedimentos de Contabilidade e a divulgação de informações dessa natureza, para permitir a emissão de normas pela entidade reguladora brasileira, visando à centralização e uniformização do seu processo de produção, levando sempre em conta a convergência da Contabilidade Brasileira aos padrões internacionais. Os pronunciamentos constantes no capítulo 4 do COSIF são aceitos pelo Conselho Monetário Nacional e pelo Banco Central do Brasil, além disso, são adotados por todas as instituições financeiras. Figura 5: Capítulo 4 do COSIF. Fonte: BCB (2018). Vale ressaltar que os capítulos do COSIF estão hierarquizados em ordem de apresentação. Assim, nas dúvidas de interpretação entre as Normas Básicas e o Elenco de Contas, prevalecem as Normas Básicas. Importante 69Contabilidade das Instituições Financeiras As instituições financeiras devem observar as seguintes características básicas do COSIF (NIYAMA, 2012, p.23): I. A escrituração deve estar fundamentada em comprovantes hábeis para a perfeita validade dos atos e fatos administrativos, deve ser completa, mantendo-se em registros permanentes todos os atos e fatos que modifiquem imediatamente ou não, o patrimônio da instituição financeira. II. O fornecimento de informações inexatas, a falta ou atraso de conciliação contábil ou a escrituração em atraso por mais de 15 dias, subsequentes ao encerramento de cada mês, ou processadas em desacordo com as normas do BACEN, colocam a instituição, seus administradores, gerentes e membros do conselho fiscal, sujeitos a penalidades cabíveis, nos termos da Lei 4.595 de 1964. III. Quanto à atuação do responsável pela contabilidade, este deve observar os procedimentos legais, os princípios fundamentais de contabilidade, a ética profissional e o sigilo bancário, cabendo ao Banco Central do Brasil comunicar aos órgãos competentes, sempre que forem observadas irregularidades, para adoção de medidas cabíveis. IV. O exercício social, obrigatoriamente, tem a duração de um ano, terminando sempre em 31 de dezembro e deve ser fixado no estatuto ou contrato social. Demonstraremos, agora, a estrutura patrimonial e os exemplos de contas existentes no Ativo e no Passivo das instituições financeiras (não estão elencadas todas as contas). Estrutura Patrimonial e Exemplos de Contas: I – Ativo 1 Circulante e Realizável a Longo Prazo 1.1.0.00.00.6 Disponibilidades 1.1.1.00.00.9 Caixa 1.1.1.10.00.6 Caixa 1.1.2.00.00.2 Depósitos Bancários 70 Contabilidade das Instituições Financeiras 1.1.2.10.00.9 Banco Do Brasil Cta. Depósitos 1.3.1.10.00.4 Títulos De Renda Fixa 1.3.1.10.25.5 CDB – Certificado de Depósito Bancário 1.3.1.15.00.9 Cotas de Fundos de Investimento 1.6.1.10.00.1 Adiantamentos a Depositantes 1.6.1.20.00.8 Empréstimos 1.6.1.30.00.5 Títulos Descontados 1.6.2.10.00.4 Financiamentos 1.7.1.10.00.0 Arrendamentos Financeiros a Receber 1.7.1.97.00.9 Rendas a Apropriar de
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