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VII De principatibus novis qui alienis armis et fortuna acquiruntur Dos principados novos que são conquistados por armas alheias e pela fortuna Governo concedido por interesse em trocas ou por favores; concedido pela fortuna, leia-se aqui sorte, e estabelecido pela virtude, leia-se aqui destreza em obter sucesso. Aqui, Maquiavel trás a exemplo mais que adequado a governança de César Borgia, filho do então papa Alexandre VI, que para o crescimento do filho, concedeu-lhe um reino. Ademais, Maquiavel trilha todo o percurso de Borgia com o intuito de demonstrar com detalhes os quatro pilares desenvolvidos pelo príncipe para uma governança de sucesso. • Aliados - é preciso abrir mão das armas alheias para ter sua própria autonomia. O príncipe em questão enfraqueceu e com muita astúcia aniquilou seus inimigos, assim os aliados destes voltaram suas alianças ao príncipe, ao passo que este os honrou com riquezas e títulos, conquistando-os. Aqui o príncipe passa a ter seu próprio exército fiel. • Conquista do povo - buscou unir e pacificar os vilarejos que havia tomado para si, mantendo seus costumes e elegendo um representante do povo, dando total poderio para este, visando a empatia dos homens. No entanto, após um tempo percebeu que o então eleito estava caindo no gosto popular criou um tribunal civil com representantes diversos do povo e para sanar qualquer rancor que houvesse ficado entre os cidadãos, culpou o representante como ordenador e mandou matar e jogar os restos em praça pública, agradando ao povo e desencarnado a culpa de si. • Apoio do Rei - percebendo que após ganhar tanta influência o próprio rei não mais lhe daria apoio, o príncipe tratou de realizar novos laços com a França e com a Roma em busca de proteção, laços militares e afinitivos. • Apoio do Papa - com receio do próximo papado ser contra seu reinado, buscou proteger -se de quatro maneiras: 1. Extinguiu os herdeiros dos senhores que ele havia desapossado, com a desculpa de que o papa poderia usar isso contra ele. 2. Conquista da empatia dos nobres de Roma, para ter seu apoio frente ao novo papa quando necessário. 3. Conquista e influência de todo o colégio cardeal a seu favor. 4. Ampliação do seu território o quanto possível antes da morte do atual papa, para assim ter seu consenso e mais força para batalha caso desapoio do próximo papado. Das 4 medidas, 3 houveram êxito, e Borgia teria se tornado independente de outros em armas e fortuna por sua virtude e sabedoria de governo. No entanto, Alexandre morreu pouco antes de sua maior conquista, desamparando-o de suas novas conquistas e com o príncipe em doença em estado de quase morte, não fosse por isso o príncipe seria lembrado como um conquistador. Tanto que romanha, seu primeiro estado, o esperou e se manteve com ele, roma o protegeu em seu leito de morte e este teve influência na escolha do sucessor do papa. "me parece justo — e já o fiz — apresentá-lo como comparável a todos aqueles que, por fortuna ou com armas alheias, ascenderam ao poder imperial; porque, tendo ele grande espírito e elevadas aspirações, não poderia ter governado de outro modo, e seus desígnios só foram frustrados pela brevidade da vida de Alexandre e por sua própria doença. Quem, pois, julgar necessário em seu principado novo assegurar-se contra os inimigos e fazer novas amizades, vencer pela força ou pela fraude, fazer-se amar ou temer pelo povo, ser seguido e reverenciado pelos soldados, aniquilar os que possam ou devam prejudicá-lo, inovar com novos modos as regras antigas, ser severo e benevolente, magnânimo e liberal, extirpar milícias infiéis e constituir novas, manter a amizade dos reis e dos príncipes de modo que o favoreçam com sua graça ou o ataquem com respeito não encontrará exemplo mais válido que o procedimento desse homem." Página 72
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