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Regime de bens

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REGIME DE BENS
O regime de bens é o complexo de regras que regulam o patrimônio dos cônjuges e companheiro durante o matrimônio ou união estável.
Até o CC/16 o regime aplicável em regra (regime legal) era o regime de comunhão universal de bens. Ou seja, no silêncio, o regime aplicado era este. 
Havia também o regime dotal, em que era estabelecido um dote. 
Os regimes não poderiam ser mudados.
Com a Lei do Divórcio (Lei n° 6.515/1977) houve a modificação do regime legal, porém manteve a imutabilidade.
Com a CF/88 houve o reconhecimento de união estável como entidade familiar.
Com o CC/02 houve modificação que retirou a separação total e, juntamento com a comunhão universal, parcial e separação total, criou também a participação final nos aquestos.
PRINCÍPIOS
I. Princípio da autonomia privada/liberdade convencional: o art. 1.639 do CC dispõe sobre a livre escolha do regime de bens, salvo exceções previstas em lei, em que é permitida somente a separação de bens;
II. Princípio da variedade de regimes: os nubentes ou conviventes podem adotar o regime que quiserem ou criar um regime misto;
III. Princípio da indivisibilidade de regime de bens: significa que as partes têm liberdade para pactuar o regime de bens, entretanto observa-se o princípio da igualdade, não podendo estabelecer um regime para cada um. Ou será separação de bens, ou comunhão universal ou parcial para ambos, e não apenas para um;
IV. Princípio da mutabilidade justificada/controlada: a modificação do regime sofre controle do poder judiciário e para alterar deve haver justificativa, principalmente para proteção de terceiros.
TIPOS DE REGIME DE BENS
I. Comunhão parcial de bens: no silêncio de disposição em contrário, é o regime legal, a regra. Inclusive na união estável.
Se comunicam os bens havidos durante o casamento, independente da prova de esforço ou participação do outro, com exceção dos incomunicáveis.
No caso de bens comprados antes do casamento, mas com pagamento financiado, ao longo do casamento ou união estável são comunicáveis, pois as parcelas pagas são considerados bens comuns (aquestos) e serão divididas.
No caso de bens comprados e quitados antes do casamento, vendidos e comprados novos bens com a totalidade daquele valor anterior, não se comunica.
Existem três massas de bens: bens pertencentes exclusivamente ao cônjuge varão (possuía anteriormente), bens pertencentes exclusivamente ao cônjuge virago (possuía anteriormente), e os aquestos, que são os bens em comum, adquiridos (mesmo que por um deles) após a constituição do casamento ou união estável.
O art. 1.660 do CC expõe o que entra na comunhão parcial.
Art. 1.660. Entram na comunhão:
I - os bens adquiridos na constância do casamento por título oneroso, ainda que só em nome de um dos cônjuges;
II - os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o concurso de trabalho ou despesa anterior;
III - os bens adquiridos por doação, herança ou legado, em favor de ambos os cônjuges;
IV - as benfeitorias em bens particulares de cada cônjuge;
V - os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de cada cônjuge, percebidos na constância do casamento, ou pendentes ao tempo de cessar a comunhão.
O art. 1.659 do CC dispõe sobre o que se exclui da comunhão parcial.
Art. 1.659. Excluem-se da comunhão:
I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar;
II - os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos cônjuges em sub-rogação dos bens particulares;
III - as obrigações anteriores ao casamento;
IV - as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em proveito do casal;
V - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão;
VI - os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge;
VII - as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes.
OBS: no inciso I significa que bem sub-rogado é aquele que com o dinheiro que eu tenho antes eu uso pra comprar algo depois com o MESMO valor, não se comunica. Precisa provar a sub-rogação,s seja através do IR, escritura pública de compra e venda, etc.
II. Comunhão universal de bens: todos os bens se comunicam, tanto os adquiridos anteriores quanto posteriores ao casamento.
Há exceções, que são as expostas no art. 1.668 do CC.
Art. 1.668. São excluídos da comunhão:
I - os bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e os sub-rogados em seu lugar;
II - os bens gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro fideicomissário, antes de realizada a condição suspensiva;
III - as dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de despesas com seus aprestos, ou reverterem em proveito comum;
IV - as doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a cláusula de incomunicabilidade;
V - Os bens referidos nos incisos V a VII do art. 1.659.
As cláusulas de incomunicabilidade devem ser justificadas.
III. Participação final nos aquestos: regime novo, não previsto em 1916. É chamado de regime contábil, porque mistura a separação de bens com a comunhão universal de bens.
Não há meação, somente participação, ou seja, durante o matrimônio ou união estável rege o regime de separação total, com a administração exclusiva de cada cônjuge, e quando houver partilha, faz a partilha como comunhão parcial.
OBS: se forem bens móveis, cada cônjuge pode alienar, no caso de bens imóveis pode ser necessário a outorga do outro.
As dívidas também não se comunicam em regra.
IV. Separação de bens: é quando os bens não se comunicam, não existem bens comuns, somente particulares. Não há meação.
Este regime divide-se em:
a. separação convencional de bens: não há comunicação de bens, e cada cônjuge pode gravar ou alienar seus bens sem a outorga do outro. É estabelecido mediante pacto ou contrato.
Aqui se pode adquirir bem comuns, colocando na escritura pública a parte de cada um, e se tornam sócios. Não existe presunção se não for colocado no nome dos dois. 
b. separação legal/obrigatória de bens: não há comunicação de bens, salvo súmula 377 do STF). Há a imposição da lei (art. 1.641 do CC).
Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento:
I - das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da celebração do casamento;
II – da pessoa maior de 70 (setenta) anos;
III - de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial. → refere-se ao art. 1.1517 do CC, que fala sobre a pessoa de 16 a 18 que não tendo autorização dos pais para casar, ingressa com suprimento judicial.
OBS: no caso do inciso I, mesmo que seja decretado o divórcio, mas que não tenha sido feita a partilha, é obrigatório a separação. Ou enquanto não findou um inventário e a viúva quer se casar.
Para o STJ, e reforçado pelo enunciado n° 261 da III JDC, a obrigatoriedade do regime não se aplica a pessoa maior de 60 anos quando o casamento for procedido de união estável iniciada antes dessa idade, quando os cônjuges não tinham restrição legal.
OBS: a informação se refere aos de 60 anos pois foi feito antes da mudança, que é 70.
Para o regime de separação legal/obrigatória, comunicam-se os bens adquiridos na constância do casamento (s. 377 do STF de 1964). Esta súmula é válida, pois o STF entende que foi recepcionada pela CF/88.
Existem duas correntes, uma sobre ser presumida a prova de esforço mútuo (Simão, Berenice, Hironaka), e outra que necessita da prova de esforço comum (Tartuce). A mais aceitável é que é necessário a comprovação do esforço comum.
OUTRAS INFORMAÇÕES
Art. 1.643 dispõe que independente do regime de bens, os cônjuges podem, independentemente de autorização do outro, comprar, ainda que a crédito, coisas necessárias à economia doméstica, e obter empréstimo para a compra destes itens.
Não pode, conforme o art. 1.647, com exceção do regime de separação absoluta, sem anuência d outro, alienar ou gravar de ônus real bens imóveis, pleitear como autor ou réu acerca desses bens ou direitos, prestar fiança ou aval, fazer doação, não sendo remuneratória,de bens comuns, ou dos que possam integram futura meação.
No parágrafo único, dispõe que as doações nupciais feitos aos filhos quando casarem ou estabelecerem economia separada, são válidas.
 
MUTABILIDADE DOS REGIMES
É possível clausular em pacto antenupcial a modificação do regime após certo tempo? E no contrato de convivência?
É possível a alteração do regime mediante autorização judicial em pedido motivado por ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões invocadas e ressalvados os direitos de terceiros.
Também é permitido em caso de casamentos celebrados na vigência da legislação anterior. 
PACTO ANTENUPCIAL
(arts. 1.653/1.657 do CC)
Regra: é obrigatório na adoção de regime de bens diverso do regime legal (parcial de bens).
Forma: lavratura de escritura pública perante o Cartório de notas com sua remessa ao Serviço Registral de Pessoas Naturais onde se deu habilitação para o casamento. 
Regra: trata de conteúdo patrimonial.
Publicidade: cartório de registro de imóveis ara ter efeito perante terceiros, no domicílio dos cônjuges (art. 1.657 do CC).
Para o empresário deve-se registrar no registro público de empresas mercantis.
Negócio jurídico sob condição suspensiva: é nulo, se não registrado por escritura pública. É ineficaz se não lhe seguir o casamento, sendo o casamento sua condição de eficácia. 
A lei não condiciona prazo, então pode-se fazer um pacto mesmo que passe o prazo da habilitação. *** exemplo da pandemia, em que se adiaram muitos casamentos, ou muitos perderam o prazo de 90 dias da habilitação. Se perder o prazo da habilitação não precisa de novo pacto, basta habilitar de novo e casar. O pacto não tem prazo, somente a condição de se casar.
Natureza jurídica: negócio jurídico de direito de família (art. 104 + vontade qualificada).
Procuração: pode-se fazer pacto por procuração, não há impedimento. Porém a procuração deve estar detalhada minuciosamente com os termos do pacto para que assim seja feito.
Menores: no caso dos menores de idade (entre 16 e 18 anos), entendidos como relativamente incapazes, poderá haver celebração de pacto, mas o menor deve estar assistido por representante legal para que este participe e convalide o ato.
O pacto pode ser utilizado com efeitos de contrato de convivência? O negócio jurídico teve vontade das partes, e não houve a concretização, mas vivem de boa fé em união estável, pode sim aproveitar o documento.
PACTO PÓS-NUPCIAL
O pacto pós-nupcial, com a alteração do regime de bens, estabelece parâmetros que permitem que o casal promova, depois do casamento, um novo arranjo patrimonial.
Não é previsto em leis.
É necessário pacto antenupcial diante da alteração judicial do regime? … sim, tendo autorização.
	PACTO ANTENUPCIAL 
	CONTRATO DE CONVIVÊNCIA
	Não pode ser alterado. Somente com autorização judicial
	Pode ser alterado a qualquer tempo, respeitando direito de terceiros
	Só produz eficácia se consumado o casamento
	Produz eficácia imediata (se já existente a união estável)
	Forma prevista em lei: através de escritura pública
	Forma livre, desde que escrito
CONTEÚDO DAS CLÁUSULAS EM PACTO E CONTRATO
O pacto pode conter cláusulas existenciais, desde que não violem princípios (enunciado 635 da VIII JDC de 2018)
Posso ter uma cláusula dispensando dever de fidelidade?
Posso ter um cláusula indenizatória em caso de infidelidade?
Posso ter uma cláusula indenizatório pelo período de duração do casamento? Por anos? Ou uma cláusula indenizatório pelo rompimento? Alimentos compensatórios? Ex: esposa de jogador de futebol, cônjuge que larga o emprego, etc.
SIM!
Em questão de alimentos não é possível a renúncia pré-dissolução porque não é possível renunciar a normas de solidariedade.
Pode estabelecer cláusula de retroatividade de regime de bens? NÃO!!! Alguns defendem que pode, dentro da autonomia de vontade, mas o entendimento do STJ diz que não é possível retroagir.
Cláusulas possíveis: promessa de doação, não comunicação dos frutos, etc.
Cláusulas nulas: previsão que estabelece que em regime universal o cônjuge não precisa de autorização do outros, cláusula que determina a administração dos bens de forma exclusiva somente por um dos cônjuges, etc.

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