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PRINCÍPIOS DA IMUNIzAÇÃO LAÍS CRISTINA – CURSO DE MEDICINA IMUNIDADE NATURAL, INATA OU INESPECIFICA A primeira linha de defesa do organismo. Formada por: Barreiras mecânicas – pele e mucosas Barreiras fisiológicas – secreções, atividade ciliar do epitélio respiratório, acidez gástrica, peristalse intestinal Fatores séricos e teciduais – anticorpos, lisozima, lactoferrina, citocinas, sistema complemento, resposta inflamatória. 1. Células fagocíticas: monócitos, neutrófilos polimorfonucleares, macrófagos e células NK Ligam-se a micro-organismos invasores, os internalizam e posteriormente os destroem. Este tipo de resposta também envolve os anticorpos (moléculas produzidas pelos linfócitos B) e o sistema complemento. Algumas bactérias apresentam um sistema de defesa antifagocítico e só conseguem ser ingeridas por fagócitos quando recobertas por anticorpos ou componentes do complemento. IMUNIDADE ADQUIRIDA, ADAPTATIVA OU ESPECÍFICA Ocorre a produção de anticorpos específicos para determinados antígenos Característica de memória e especificidade Ação de linfócitos B e T A reposta imunológica aumenta à medida que há novo encontro com micro-organismo específico O antígeno é a partícula estranha do agente agressor e é reconhecido como estranha pelo organismo, pode ser um componente de bactérias, vírus ou fungos. Para que estes antígenos causem doenças, é necessário que ele supere todos os mecanismos de defesas. IMUNIZAÇÃO PASSIVA Este tipo de imunização é feita através da administração de anticorpos já formados no individuo. Promovendo uma imunização transitória contra determinado agente. Anticorpos heterólogos – obtidos através de animais previamente vacinados, geralmente cavalos. Exemplo: soro. Anticorpos homólogos – obtidos a partir do plasma dos seres humanos. Exemplo: imunoglobulinas As imunoglobulinas derivadas de humanos, são menos reatogênicas que os soros. Há um risco elevado de reações alérgicas (anafilaxia) oi hipersensibilidade com depósitos de complexos imunes (doença do soro) As imunoglobulinas utilizadas na prática médica são formadas na maioria das vezes, por IgG, cujos títulos caem a metade em cerca de 21-28 dias. Indicações para imunização passiva: 1. Imunodeficiências congênitas que cursem com disfunção de linfócitos B 2. Pessoas susceptíveis quando expostas a um agente infecção em situações em que não haja tempo suficiente para aguardar o desenvolvimento de uma resposta imunológica. As imunoglobulinas especificas disponíveis no CRIEs (Centros de Referências para Imunobiológicos Especiais) são: Imunoglobulina humana anti-hepatite B (IGHAHB) Imunoglobulina humana antivaricela-zóster (IGVZ) Imunoglobulina humana antirrábica (IGHR) Imunoglobulina humana antitetânica (IGHT) Em pediatria existem outras indicações para indicação do uso de imunoglobulina humana como, doença de Kawasaki, anemia aplásica por parvovírus B19, síndrome de Guillain – Barré, púrpura trombocitopênica autoimune, infecção por HIV, transplantados de MO e síndrome do choque tóxico grave. IMUNIZAÇÃO ATIVA Ocorre a indução de uma resposta imunológica celular e humoral duradoura contra determinado agente infeccioso para prevenir adoecimento. Este tipo de imunização ocorre através da vacinação. A vacinação é a via que apresenta maior impacto na redução da morbimortalidade para várias doenças infecciosas, podendo contribuir para erradicação, como ocorreu com a varíola. VACINAS VIVAS ATENUADAS X NÃO VIVAS As vacinas vivas são obtidas a partir de cepas naturais do micro-organismo que são atenuadas em laboratório. Produzem uma infecção semelhante à natural, porém mas fraca, estimulando uma forte resposta imune a longo prazo e sem a necessidade de reforço. Exemplos: BCG Sarampo Rubéola Caxumba Febre Amarela Poliomielite oral Rotavirus Varicela Ps. A vacina oral contra poliomielite (VOP) e a tríplice viral necessitam de reforço. A VOP necessita devido ao fato da existência de 3 tipos de vírus da poliomielite, assim, uma única dose não confere imunidade suficiente. A repetição da tríplice viral e as campanhas são necessárias para corrigir falhas primárias, raras falhas secundárias e captação de indivíduos não vacinados anteriormente, nestes casos há risco de desenvolver a doença em imunocomprometidos. As vacinas não vivas ou inativadas são obtidas de vários modos: 1. Micro-organismos inteiros inativados. Ex: coqueluche e vacina inativada da poliomitelie (VIP) 2. Toxinas inativadas. Ex: toxoides tetânico e diftérico 3. Fragmentos ou subunidades do agente. Ex: Vacina contra influenza injetável 4. Vacinas obtidas por engenharia genética. Ex: hepatite B 5. Vacinas obtidas a partir de polissacarídeos da capsula de bactérias. Ex: vacina antipneumocócica 23-valente 6. Vacinas glicoconjugadas VACINAS CONJUGADAS E COMBINADAS Vacinas conjugadas são aquelas em que um antígeno pouco potente, como polissacarídeo, é anexado a outro de maior poder imunogênico, como peptídeos e proteínas, com a finalidade de induzir uma resposta T-dependente duradoura e eficaz. O antígeno proteico mais utilizado são o toxoide tetânico, toxoide diftérico avirulento e proteína da membrana externa do meningococo. Exemplos deste tipo de vacina: anti-hemófilo, antipneumocócica conjugada e antimeningococo. Vacinas combinadas são aquela em que em um mesmo frasco são misturadas vacinas vivas atenuadas ou vacinas não vivas. Todavia, em um mesmo frasco nunca deve ser combinada vacinas vivas atenuadas com uma vacina não viva. Vacinação simultânea é aquela em que duas ou mais vacinas são aplicadas por seringas diferentes em locais diferentes, mas em um mesmo dia de atendimento. Como regra geral, vacinas atenuadas podem ser administradas livremente no mesmo dia, e se não forem feitas no mesmo dia, não há necessidade de aguardar intervalos de tempo entre elas. As vacinas atenuadas e inativadas também podem ser administradas no mesmo dia. As vacinas atenuadas são dependentes de qual vacina está sendo referida. Pode-se administrar simultaneamente, no mesmo dia, a tríplice viral e antivaricela, todavia, se não forem realizadas nesta condição, deve ser aguardado no mínimo 30 dias entre elas. o Outra excessão é a vacina da febre amarela que não deve ser administrada com nenhuma outra vacina atenuada. Deve-se aguardar 30 dias para outra administração. VIAS DE ADMINISTRAÇÃO VIA ORAL Poliomielite tipo Sabin (VOP), contra febre tifoide Ty21a, cólera oral e contra rotavírus. VIA INTRAMUSCULAR Locais mais utilizados são o vasto lateral da coxa e o deltoide. A administração na região glútea deve ser evitada e é contraindicada para algumas vacinas, como hepatite B. As principais vacinas contêm alumínio que libera de forma lenta os antígenos depositados no músculo intensificando a resposta imune Geralmente são compostas de agentes não vivos Ex: DTP, DT e hepatite B VIA SUBCUTÂNEA São empregadas vacinas de vírus vivo atenuado (não necessita de alumínio) Ex: tríplice viral, febre amarela e a varicela. VIA INTRADÉRMICA BCG SITUAÇÕES ESPECIAIS VACINAÇÃO E IMUNOGLOBULINAS Pessoas que receberam sangue ou imunoderivados devem ter vacinas atenuadas postergadas. Isto ocorre devido efeito neutralizante que os anticorpos presentes nestes componentes exerceriam sobre os micro-organismos vacinais, eliminando-os precocemente e evitando que o sistema imune do hospedeiro seja estimulado corretamente. Para vacinas não vivas, não há interferência do processo. O tempo médio necessário entre a administração de imunoderivados e a vacinação é de 4 meses. As vacinas atenuadas, como febre amarela e tríplice viral são administradas após os 12 meses de vida pois até esta idade, os protetores veiculados através do leite materno ainda estão em circulação, podendo comprometer a açãodestas vacinas. A BCG mesmo sendo uma vacina de vírus atenuado só é administrada no primeiro mês de vida pois induz imunidade celular e não humoral, não sofrendo interferência dos anticorpos maternos. Já a VOP, é possível de administração devido sua ação ser na mucosa. VACINAÇÃO EM GESTANTES Contraindicado vacinação de agentes vivos atenuados devido risco de contaminação do feto. Exceção: vacina da febre amarela, que pode ser aplicada após o primeiro trimestre quando há risco de exposição muito elevado. Vacinas não vivas podem ser administradas se possível após o primeiro trimestre. VACINAÇÃO EM IMUNODEPRIMIDOS Imunodeprimidos graves, de maneira geral, não devem receber vacinas de agentes vivos atenuados pelo risco de desenvolver a doença. As vacinas inativadas podem ser administradas, todavia, seu efeito não será tão eficaz quando comparado com imunocompetentes. CONTRAINDICAÇÕES GERAIS Reações imediatas anafiláticas a qualquer componente da vacina que foi previamente administrada. Vacinas atenuadas não devem ser aplicadas em: Imunodeficiência congênita e adquirida Neoplasia maligna Tratamento imunossupressor com prednisona, quimioterapia, radioterapia Gravidez – com exceção da regra da febre amarela. PS. Pessoas com anafilaxia grave após ingesta de ovo de galinha, poderão receber as vacinas em que em sua composição pode vir a ter traços de embrião de galinha, desde que a indicação seja precisa e que a administração seja realizada em unidades de saúde com serviço de emergência. SITUAÇÕES PARA ADIAMENTO DA VACINA Tratamento com imunossupressores e corticoides em dose imunossupressora – deve ser adiado a vacinação de agente atenuados até 3 meses após o final do tratamento. Doença febril, devido ao possível confundimento dos sintomas entre a doença infecciosa e os efeitos adversos da vacina. Uso de imunoderivados Sindromes hemorrágicas – estes indivíduos devem receber os respectivos fatores de coagulação recomendados a cada caso. FALSAS CONTRAINDICAÇÕES Prematuridade – as vacinas devem ser administradas em ordem cronológicas. Exceção da BCG que deve ser administrada em crianças com peso igual ou superior a 2 kg. Desnutrição Doença aguda benigna sem febre Uso de antibiótico ou antiviral História de reação local pela vacina História de febre após a vacina Antecedente familiar de convulsão, morte súbita. História de alergia à penicilina – nenhuma das vacinas atuais contém penicilina.
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