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Hermenêutica Jurídica: Interpretação e Construção do Sentido

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hermenêutica
1 CONCEITO
- deus hermes: traduzia a língua dos deuses para os mortais -
interpretação
2 HERMENÊUTICA JURÍDICA
- ramo científico que busca interpretar/traduzir o direito, estuda o
processo de interpretação das normas , desenvolve técnicas próprias
- tem seus fundamentos na baixa idade média com discussões sobre o
evangelho
3 INTERPRETAÇÃO
- busca do sentido e do alcance das normas/fontes jurídicas
- lei: é dotada de imperatividade, possui linguagem prescritiva e possui
uma lógica de permissão, imposição ou proibição; não possui
significado de imediato, é algo construído com o tempo
- princípios: são normas jurídicas abertas e abstratas, são mais flexíveis e
também são imperativos; similares a um programa
4 USO DA INTERPRETAÇÃO
- o processo aciona o poder judiciário é um meio para resultar em uma
decisão de assistir o direito a uma das partes
- serão examinados os fatos, relacionados com as provas produzidas no
julgamento e o ordenamento jurídico; a partir daí deve-se obter a
decisão
- a decisão é a tradução da convicção formada pelo juiz, não pode ser
simplista
- a atividade jurisdicional é fiscalizada pelas partes (recursos), a
sociedade, pela corregedoria, pelo CNJ
hermenêutica = interpretação + construção de sentido
5 SENTIDO DA NORMA JURÍDICA
5.1 TEORIA SUBJETIVA (a partir do sujeito)
- preocupação com a vontade do legislador responsável pela norma, com
a interpretação a partir dela
- inspiração positivista, primeira teoria que teve
- se a lei for insuficiente, deve-se buscar debates parlamentares dessa
época para ir de acordo com a vontade do legislador
- em desuso
5.2 TEORIA OBJETIVA
- privilegia a vontade da lei enquanto objeto com vida própria,
considerando a dinâmica social
- autonomia, busca o sentido em meio ao contexto contemporâneo
- atividade construtiva
- o intérprete não é só um porta-voz do direito mas pode também
atualizá-lo *prestar atenção sobre o ativismo judicial
- tendência predominante
6 ESCOLA EXEGESE: PROCESSOS INTERPRETATIVOS
- após a revolução francesa, surgiu o CC francês de 1804 e os juízes que
julgavam com base em cânones antigos perderam sua liberdade de
apreciação do direito
- a partir disso, os juízes ficaram presos a vontade dos legisladores,
realizando subsunção do fato à norma via um raciocínio silogístico
- se mostrou insuficiente
6.1 PROCESSO GRAMATICAL, LITERAL OU FILOLÓGICO
- era observado o processo gramatical da formação da norma,
atentando ao máximo para sua literalidade
6.2 PROCESSO LÓGICO
- o intérprete utilizava de construções lógico-jurídicas para relacionar o
fato à norma; criação de modelos interpretativos
6.3 PROCESSO SISTEMÁTICO
- presume que o direito é um sistema, portanto nenhum ramo está
exatamente apartado do outro e devem ser interpretados enquanto um
conjunto
- correlação constante entre normas, relações hierárquicas
- necessário investigar a questão da hierarquia em relação a choques
6.4 LÓGICO-SISTEMÁTICA
- FUSÃO, MAIS ACEITA
7 ESCOLA HISTÓRICA: PROCESSOS DE INTERPRETAÇÃO
7.1 HISTÓRICO EVOLUTIVO
- cada Estado possui seu direito proveniente do espírito de seu povo,
importância da história para o direito
- teoria subjetiva submetendo o hermeneuta
7.2 CONCEPÇÃO TELEOLÓGICA
- mais aceita
- atenta para os fins daquela norma, busca uma finalidade posta no
presente, não no passado
- teoria objetiva
8 INTERPRETAÇÃO QUANTO À AMPLITUDE
8.1 EXTENSIVA
- o aplicador vai além do que está descrito na norma, constrói para além
do texto
- ligado ao processo teleológico
- ocorre quando a norma diz menos do que deveria
8.2 RESTRITIVA/ESTRITA
- quando é necessário limitar a compreensão da norma dentro do texto
ou até mesmo dentro dele para cumprir a finalidade social
- em caso de aplicação das exceções
- processo gramatical
9 INTERPRETAÇÃO EM FUNÇÃO DA FONTE
9.1 AUTÊNTICA
- ocorre quando uma lei é criada para explicar outra, busca a
vontade/interpretação do legislador; pode inserir definições para evitar
interpretações contraditórias
- casos de divergência na doutrina e na jurisprudência, pacificando
- só é autêntica de verdade quando for gerada pelo mesmo órgão
legislativo que a lei anterior
9.2 JURISPRUDÊNCIA
- entendimento hegemônico dos tribunais sobre uma determinada
questão
- não é obrigatória de ser seguida, salvo caso de súmula vinculante (STF),
mas tem força simbólica
obs: jurisprudência é diferente de jurisdição
jurisdição é a tarefa típica do judiciário, interpretar normas já criadas para
resolver conflitos
9.3 ADMINISTRATIVA
- princípio da legalidade estrita, a administração pública faz apenas o
que a lei lhe compete
- padronização interpretativa
- resoluções circulares, orientações normativas
9.4 DOUTRINÁRIA
- interpretações dadas por estudiosos de um tema do direito sobre
alguma norma ou ramo
- não são obrigatórias, é só uma tese
- entendimento múltiplo
10 ANTINOMIAS JURÍDICAS
- quando duas normas entram em conflito totalmente ou parcialmente
(uma obriga e outra proíbe/permite)
- como resolver??
10.1 CRITÉRIO CRONOLÓGICO (lex posterior)
- a norma mais recente vale pois tende a representar a realidade atual
de uma melhor forma, é um critério de revogação tácita
- não é antinomia se a lei posterior revoga expressamente a anterior
10.2 CRITÉRIO HIERÁRQUICO
- a norma superior vale né
10.3 CRITÉRIO DE ESPECIALIDADE
- o hermeneuta observa qual a norma mais geral e qual a mais
específica, subjetivo
- a norma mais específica ganha
10.4 ANTINOMIAS INSOLÚVEIS
- os critérios normais são insuficientes ou mais de um é aplicável
- se o conflito for entre uma norma proibitiva e uma permissiva, a
permissiva ganha
- se o conflito for entre uma norma proibitiva e outra imperativa, as duas
são descartadas e o comportamento é lícito
- no caso concreto: uma norma pode ser eliminada, as duas podem ser
ou elas podem ser conservadas
- quando ambas podem ser conservadas, significa que a antinomia é
apenas aparente ou há uma interpretação incompleta
OBS: o critério hierárquico e o da especialidade prevalecem sobre o
cronológico, entre eles dois não há definição
11 LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO (LINDB)
- antes era lei de introdução ao direito civil, mas mudou para que suas
normas de como interpretar o direito valessem para todo o
ordenamento
11. 1 PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE DA NORMA
- o Estado tem o monopólio da criação e aplicação do direito, criando e
publicizando via fontes públicas oficialmente reconhecidas e aplicando
via tribunais com autoridade estatal na solução de conflitos
- assim, no art. 3º mostra que as leis seguem a premissa de serem
públicas para todo mundo saber, válidas e obrigatórias
11.2 SEGURANÇA JURÍDICA
- esse princípio trata da presunção de previsibilidade dos efeitos
jurídicos no ordenamento e também da publicidade das normas
- logo todos, salvo os incapazes e relativamente incapazes, não podem
afirmar que não conheciam determinada norma
- necessita de normas públicas e claras quanto a seu conteúdo
- DIREITO INTEMPORAL: uma mudança legislativa só é válida se for
publicizada
11.3 VIGÊNCIA E CONHECIMENTO DA LEI
- a lei só surte efeitos 45 dias após a sua publicação em veículo oficial,
salvo exceções em que o texto normativo explicita quando ela passa a
vigorar
- vacatio legis: esse tempo entre a publicação e a entrada em vigor
- imprecisão pois está trocando o termo vigor com eficácia
- salvo casos de leis temporárias (em que elas mesmas estabelecem
prazos de validade), toda lei terá vigor até que outra a modifique ou a
revogue
11.4 CONTINUIDADE DAS LEIS E REVOGAÇÃO
- art. 2º estabelece que só há revogação de uma lei por outra, seja
expressa ou tácita - impossibilitando a revogação por desuso
- a revogação enquanto sucessão temporal das normas
- ab-rogação: revogação completa
- derrogação: revogação parcial
- quando uma norma é revogada, ela é banida do ordenamento jurídico,
não há repristinação
- o que pode ocorrer é a criação de uma lei nova com os efeitos da
anterior
11.5 PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE DA LEI
-estabelece que a lei não pode retroagir, isto é, se aplicar a fatos
anteriores a sua vigência (tem suas exceções)
- segurança jurídica aqui
- a aplicação da retroatividade da lei pode ocorrer no direito penal (para
beneficiar o réu), quando for o caso de uma interpretação autêntica (aí
a lei nova retroage até o início da vigência da anterior), no caso de leis
abolitivas (a lei retroage por motivos políticos, não encontra obstáculo
no ato jurídico perfeito); essas leis que retroagem devem ter um caráter
particular benéfico
11.6 DIREITO ADQUIRIDO
- é um direito a qual a pessoa já é titular porém ainda não o exerceu
- ex: uma pessoa completamente incapaz é capaz de ser o titular de
imóveis apesar de não poder exercer atos de compra/venda com ele
- é diferente de expectativa de direito pois no direito adquirido, o titular
preenche os requisitos para o ser
11.7 ATO JURÍDICO PERFEITO
- é um ato da esfera jurídica que foi realizado de acordo com a lei vigente
de seu tempo, se foi considerado lícito em sua consumação não tem
porque discutir depois
11.8 COISA JULGADA
- é uma garantia jurídica e processual de que uma decisão não pode
mais ser questionada quando já esgotadas as vias recursais, a decisão
se tornou parte da legislação já
- uma lei nova não pode alterar a matéria de uma decisão de caráter
definitivo
11.9 APLICAÇÃO IMEDIATA DA LEI
- leis que não retroagem mas seus efeitos serão sentidos nos atos
jurídicos em curso
- ex: normas processuais, normas de ordem pública

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