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Apoio social: Identificação e estímulo para a terceira idade | Ciclo de Vida | Medicina | UFCSPA

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Disciplina de Ciclo de Vida II
Curso de Medicina - Turma B
Alicia Tuon, Andressa Godinho, Andressa Ribeiro, Eliézer Cunha e
Thomas Pagot Comissoli
APOIO SOCIAL:
Identificação e estímulo para a terceira idade
É fato que a população global está passando por um processo de envelhecimento
populacional nas últimas décadas. Assim, além do declínio de fecundidade após a década
de 1950, houve também o aumento da expectativa de vida. Em 2008, quase 56 milhões de
pessoas no mundo tinham 65 anos ou mais e, até 2040, espera-se uma população total
dessa faixa etária de 1,3 bilhões. Apesar disso, o envelhecimento em diferentes culturas,
continua sendo visto como sinônimo de exclusão social e declínio da vida.
O processo de transição demográfica está ocorrendo de modo acelerado, o que
infere que novas políticas públicas devam ser planejadas para acompanhar essa mudança,
como na saúde, por exemplo. Vale ressaltar que é dever do Estado garantir à pessoa idosa,
mediante efetivação de políticas públicas, um envelhecimento saudável e em condições de
dignidade, conforme preconiza o art. 9o do Estatuto do Idoso. E, para isso, usa-se o
conceito da Organização Mundial da Saúde (OMS) de que “saúde não é necessariamente a
ausência de doença, mas sim o completo bem estar físico, emocional e social do indivíduo”.
Com o envelhecimento populacional, o arranjo familiar mudou. Assim, muitos idosos
optam por morar sozinhos, afirmativa que condiz com os dados do IBGE de que cerca de 4
milhões de idosos vivem sozinhos, hoje, no Brasil. Morar sozinho, no entanto, não quer
dizer ser solitário. Um idoso pode morar sozinho e ter o seu apoio social na família, nos
amigos e na comunidade. Preocupa-se mais com aqueles que não contam com essa rede
de apoio, pois sem ela é mais difícil a garantia do bem estar social e emocional, o que faz
com que esses indivíduos estejam mais vulneráveis.
O apoio social e emocional advindo dos relacionamentos é de suma importância
para pessoas de idade, uma vez que as ajuda a enfrentar o estresse e os traumas
associados ao processo de envelhecimento, como o aparecimento de uma doença ou a
perda de alguém próximo. Podemos perceber a importância desse apoio, ao passo em que
pessoas socialmente isoladas tendem a ser solitárias, e a solidão pode acelerar o declínio
físico e cognitivo (Hawkley e Cacioppo, 2007; Holtzman et al., 2004). Além disso,
sentimentos de inutilidade são um forte fator de risco para deficiências e mortalidade
(Gruenewald et al., 2007).
Sob essa perspectiva, no que concerne à perda de um cônjuge, dados estatísticos
demonstram que mulheres norte-americanas com 65 anos ou mais são mais propensas que
homens da mesma idade a enviuvar (Federal Interagency Forum on Aging-Related
Statistics, 2010). No entanto, levando em consideração o declínio das disparidades de
gênero em relação à expectativa de vida, um número cada vez maior de homens idosos
tende a sobreviver às suas esposas (Hetzel e Smith, 2001). Além disso, homens idosos
viúvos têm maior chance de internação do que mulheres idosas viúvas após a morte do
cônjuge (Nihtila e Martikainen, 2008). Frente a isso, a perda de alguém que se ama tende a
afetar a saúde física e mental para quem permanece. Isso acontece, pois há
relacionamentos que duram mais de décadas envolvendo sentimentos importantes, como
amor, carinho, afeto, companheirismo e família. Segundo a autora, Ana Claudia Quintana
Arantes, o luto é o rompimento de um vínculo importante diante de tais sentimentos, cujo
processo é multidimensional: físico, mental e social.
Dessa forma, o primeiro ano após a perda costuma ser o mais crítico, sendo
considerado o período cujo risco de morte natural ou suicídio é mais alto, principalmente
para adultos mais jovens, em razão de ser o momento em que hábitos rotineiros são
transformados e as lembranças emergem. Como mencionado, a dor da perda pode afetar
diretamente a saúde dos indivíduos, acarretando problemas de memória, perda de apetite e
dificuldade para se concentrar, além de aumentar os riscos de ansiedade, depressão,
insônia e disfunção social. Por outro lado, o luto pode estimular o conhecimento sobre si
mesmo e sobre novos aspectos no que diz respeito à vida. Em um estudo realizado com
mulheres que perderam seus maridos, elas continuaram a falar sobre seus falecidos e a
pensar sobre eles décadas após a perda. No entanto, essas mulheres afirmaram que se
sentiram mais fortes e mais autoconfiantes com o passar do tempo (Carnelley et al., 2006).
Esse processo de superação do luto, vivenciado pelas mulheres do estudo pode ser
entendido pela frase da autora Ana Claudia: “a dor vai embora e o que fica é a saudade”.
Entretanto, sintomas depressivos, que variam desde tristeza isolada até depressão
maior, são comuns em idosos e são frequentemente deixados de lado. De acordo com o
Federal Interagency Forum on Aging-Related Statistics, em 2006, sintomas de depressão
clínica foram afirmados por 10% dos homens idosos e 18% das mulheres idosas, resultando
em números muito significativos. Nesse sentido, a depressão, por sua vez, é uma síndrome
psiquiátrica caracterizada por desânimo, perda de prazer, desesperança, tristeza e outros
sintomas que impactam o estado de saúde do indivíduo. É importante ressaltar que esse
transtorno não é uma consequência natural do envelhecimento e pode estar associado a
questões hereditárias, as quais representam de 40 a 50% de risco para essa condição
(Bouchard, 2004; Harvard Medical School, 2004c).
Além disso, a depressão está fortemente associada a fatores ambientais, como
acontecimentos estressantes, solidão e abuso de medicamentos. Dentre esses
acontecimentos, a descoberta de uma doença grave, o declínio cognitivo associado à
velhice e a separação ou viuvez se destacam (Harvard Medical School). No que concerne
aos demais problemas de saúde, como diabetes e artrites, que são comuns nessa idade, os
profissionais da saúde tendem a dar maior importância a eles do que para quadros de
depressão e outras doenças mentais. No entanto, é fundamental termos em mente que a
depressão está relacionada ao surgimento e potencialização de outras doenças. Em um
estudo realizado com 1.801 adultos idosos com depressão clínica séria, cada um deles
teve, em média, quatro doenças crônicas e a depressão teve seu destaque no estado
funcional mental, na invalidez e na qualidade de vida em comparação aos demais
problemas (Noël et al., 2004).
Conforme a psicóloga Claudia Ajzen, “viver mais e com maior qualidade de vida é a
meta, portanto, entender o processo de envelhecimento e as atitudes que podem e devem
ser tomadas por familiares, profissionais da saúde e políticas públicas passa a ser
fundamental”. Por esse motivo, existem medidas de proteção que devem ser pensadas por
meio de uma abordagem multidisciplinar em saúde, a fim de garantir o completo bem-estar
do idoso.
Na saúde física, esse período traz diversas mudanças, como alterações no sistema
imunológico, no cérebro, na força, no equilíbrio, no sono e nas funções sexuais. Essas
alterações podem trazer muitos problemas físicos e psicossociais, já que o idoso pode se
frustrar com as suas incapacidades. Nesse sentido, o Apoio Social é uma parte importante
da atenção integral à saúde do idoso, já que abrange suporte emocional, financeiro,
instrumental e de relacionamento social, os quais podem amenizar as dificuldades do
processo de envelhecimento. Na Unidade Básica de Saúde da comunidade, podem haver
grupos de caminhada para a terceira idade, bem como exercícios aeróbicos regulares que
podem reduzir sintomas de depressão leve ou moderada (Dunn et al., 2005).
Ademais, muitos autores afirmam que o suporte social é um dos aspectos mais
relevantes para melhores condições de vida e de saúde das pessoas. No caso dos idosos,
esse apoio se faz ainda mais relevante, pois muitas dessas pessoas vivem sozinhas. Um
apoio social adequado mostrou melhorias na saúde mental, nas incapacidades, no
bem-estare na qualidade de vida. A ausência de apoio social, por outro lado, pode estar
relacionada a indicadores de mortalidade e de maior vulnerabilidade.
À medida que as pessoas envelhecem, elas tendem a procurar atividades e outras
pessoas que lhes proporcionem gratificação emocional. A partir disso, se faz importante a
construção de redes sociais e comunitárias para os idosos. Para muitas dessas pessoas, as
redes constituem o único recurso disponível para aliviar as cargas da vida cotidiana e das
enfermidades, trazendo suporte emocional e uma percepção mais positiva sobre si mesmo.
Não obstante, a companhia de um animal de estimação pode oferecer certo conforto, já que
a terapia assistida por animais faz diminuir os sintomas depressivos e melhora as funções
cognitivas dos idosos (Moretti et al., 2010)
As redes de apoio social costumam ser divididas em formais (composta por
profissionais qualificados, como os da saúde ou serviços estatais) e informais (formada por
amigos, parentes e vizinhos) que se complementam e podem atuar de modo integrado. Em
relação ao sistema de saúde, faz-se de extrema relevância pensar em como essas redes
sociais estão inseridas no SUS. Considerando-se a integralidade como um dos princípios
básicos do nosso sistema de saúde, fica claro que são necessárias medidas que atentem
para os cuidados sociais e psicológicos, não apenas patológicos. Nesse contexto, as redes
sociais adequadas favorecem o suporte social e, consequentemente, levariam a uma
redução de demanda nas redes de atenção à saúde.
Diversas experiências de inserção de idosos em redes de apoio informais
demonstraram benefícios. Na Austrália um estudo avaliou as redes sociais de idosos
residentes de um resort costeiro. A maioria deles havia se mudado para o resort há pouco
tempo, e sua família estava geograficamente distante. Para eles, a filiação a clubes ou
associações se mostrou um dos melhores caminhos para que se fizessem conexões. Outro
exemplo nos EUA, mostrou que idosos que participaram como voluntários em escolas
públicas demonstraram uma melhora na qualidade de vida e na saúde, já que houve a
construção de uma rede de apoio social entre os participantes. Já em Cuba, a criação de
uma organização comunitária que incentiva os idosos a praticarem atividade física, o
“Círculo de Abuelos”, mostrou uma melhora na qualidade de vida dos participantes. Esses
resultados podem ser associados tanto ao exercício físico quanto à rede de apoio formada
pelos participantes.
Desse modo, o tema escolhido é de suma importância no cuidado e na manutenção
de uma vida saudável (tendo como perspectiva o conceito supracitado de saúde da OMS)
dos idosos. Isto, pois, o Apoio Social, com base na identificação e no estímulo à terceira
idade, demonstra sua eficiência na literatura na prevenção de danos causados pela solidão,
por exemplo.
Focamos na solidão entre os idosos, porque é uma questão, muitas vezes, ignorada
e considerada como parte natural do processo de envelhecimento. Entretanto, ela não pode
ser encarada desta maneira. A solidão, dentre suas inúmeras consequências, estão a
depressão, o comprometimento na qualidade de vida da pessoa e até mesmo o suicídio. A
solidão não pode ser conceituada como o “estar sozinho”, pois, existem situações que os
idosos pode sentir-se só devido a falhas na sua interrelação com sua família. Portanto,
mesmo acompanhado, o sentimento de solidão prevalece.
A criação de núcleos de apoio fora do círculo familiar corroboram para a diminuição
desse estado de solidão e, consequentemente, aumentam a qualidade de vida das pessoas
na terceira idade. Se espera que nesses núcleos, os idosos possam criar novos laços de
companheirismo, de amizade e até de amor. E, assim, exercendo a atividade mais
intrínseca do ser humano, a socialização, de maneira a se enxergarem como agentes ativos
da sua própria vida.
No tocante da participação de cada integrante do grupo, trabalhamos unindo
materiais e conhecimentos prévios para desenvolvermos a nossa linha de raciocínio para o
trabalho. A delimitação de funções específicas para cada não é clara ou pré determinada.
Foi um trabalho construído por 10 mãos, trabalhando em sinergia. Entretanto, deve-se
destacar que a produção audiovisual do trabalho é mérito do talento, compaixão e olhar
único da vida do Eliézer. Por fim, um trabalho coletivo que resume bem a jornada durante as
duas disciplinas de Ciclo de Vida: humano e com carinho.
REFERÊNCIAS
GUEDES, M.B.O.G et al . Apoio social e o cuidado integral à saúde do idoso. Physis:
Rio de Janeiro , v. 27, n. 4, p. 1185-1204, 2017. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-73312017000401185&lng=pt
&nrm=iso>. Acesso em: 25 out. 2020.
FONSECA CAVALCANTI, Karla et al. O olhar da pessoa idosa sobre a solidão.
av.enferm. [online]. 2016, vol.34, n.3 [cited 2020-10-27], pp.259-267.Available from:
<http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0121-45002016000300006&ln
g=en&nrm=iso>. ISSN 0121-4500. http://dx.doi.org/10.15446/av.enferm.v34n3.60248.
Acesso em: 25 out 2020.
PAPALIA, D.E. Desenvolvimento Humano. Artmed: Grupo A, 2013. Disponível em:
https://app.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788580552171/. Acesso em: 09 nov 2021.
GUSSO, Gustavo D. F., LOPES, Jose M. C. Tratado de Medicina de Família e Comunidade
– Princípios, Formação e Pratica. Porto Alegre: ARTMED
http://dx.doi.org/10.15446/av.enferm.v34n3.60248

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