Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Aula 5 – Leishmaniose – Parasitologia – 3º Período – Med Arkham – Gabriela Klein TAXONOMIA • FILO: Sarcomastigophora • SUBFILO: Mastigophora • CLASSE: Zoomastigophora • ORDEM: Kinetoplastida • FAMÍLIA: Trypanosomatidae • GÊNERO: Leishmania • ESPÉCIE: L. (Leishmania) chagasi; L. (L.) amazonensis; L. (Viannia) braziliensis; L. (V) guyanensis → Observação: essa escrita em que há 3 palavras, e uma escrita entre parênteses, significa um subgênero. Se lê Leishmania subgênero Viannia braziliensis; → Na ordem Kinetoplastida, os protozoários têm uma estrutura chamada cinetoplasto, organela que produz energia para movimentação do flagelo. MORFOLOGIA • Há duas formas evolutivas: → AMASTIGOTA: ocorre no hospedeiro vertebrado, é ovalado, NÃO TEM FLAGELO EXTERNO, tem núcleo, rizonema (raiz do flagelo) e cinetoplasto; → PROMASTIGOTA: encontrada no hospedeiro invertebrado, possui flagelo exteriorizado, cinetoplasto e núcleo; • O vetor invertebrado são mosquitos da subfamília Phlebotominae. Nas américas, o gênero que mais interessa é o Lutzomyia, e na África é o Phlebotomus. SÓ AS FÊMEAS SUGAM SANGUE, pois precisam amadurecer os ovos. CICLO BIOLÓGICO 1. Mosquito pica uma um animal infectado (cão, homem, raposa, gambá...) e suga células fagocitárias do sangue contendo amastigotas; 2. Ao ingerir, as formas amastigotas chegam no tubo digestivo do mosquito, e se transformam em promastigotas; 3. As promastigotas se reproduzem por divisão binária intensamente; 4. Quando esse mosquito picar um humano, irá sugar sangue e regurgitar a forma promastigota; 5. A forma promastigota entra no corpo, e o nosso organismo tenta se livrar dele acionando os macrófagos que vão fagocitar as promastigotas; 6. Ao ser fagocitada, a promastigota rapidamente se torna amastigota, que consegue escapar do lisossomo, caindo no citoplasma; 7. A amastigota começa se reproduzir por divisão binária, e o macrófago se rompe e libera as amastigotas; Forma de transmissão: HEMATOFAGISMO e REGURGITAÇÃO; Forma infectante para o homem: PROMASTIGOTA. LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA • ETIOLOGIA → Leishmania braziliensis: o Reservatório: cães, cavalos, roedores domésticos e sinantrópicos (animal de vida selvagem que frequenta ambiente humano, exemplo gambá); o Vetores: gênero Lutzomyia. Lutzomyia intermedia, Lu. migonei e Lu. Pessoai. → Leishmania guyanensis: o Norte da América do Sul e norte do Brasil; o Reservatório: preguiças, marsupiais, gambás e roedores; o Vetores: Lutzomyia umbratilis, Lu. anduzei e Lu. whitmanni. → Leishmania amazonensis: o Reservatório: rato-sóia; o Vetores: Lutzomyia flaviscutellata e Lu. Nociva. PROMASTIGOTA AMASTIGOTA Aula 5 – Leishmaniose – Parasitologia – 3º Período – Med Arkham – Gabriela Klein Fora da região amazônica, a espécie mais predominante é a Leishmania braziliensis. • LEISHMANÍASE CUTÂNEA → Lesões na pele; o Localizada: uma lesão no mesmo local da picada; o Disseminada: lesões em várias regiões, mesmo em áreas que não foram picadas; o Difusa com visceralização: penetração em vísceras profundas. Comum no Nordeste e Norte (Leishmania amazonenses); → Ocorre pápula, elevação avermelhada, que evolui para um nódulo e depois para uma úlcera, de borda elevada e funda. Geralmente, essa úlcera não tem pus; • LEISHMANÍASE MUCOSA → Coexiste a partir da forma cutânea; → Comprometimento da mucosa, principalmente da nasal (septo), mas pode ocorrer na gengiva, palato... → Ulceração das asas do nariz e destruição total do nariz; → Demora de semanas a meses para chegar em uma lesão grave; → As pessoas costumam chamar de “ferida brava”, pois não melhora com nada. • DIAGNÓSTICO → Biópsia ou escarificação: raspar o fundo da úlcera ou tirar um pedaço com pele íntegra e com úlcera, e procurar o protozoário. ATENÇÃO: após aproximadamente 2 meses, o parasita se torna raro nas lesões, pois o organismo começa a reagir, sendo bom apenas para o início do caso. → Cultura em meio NNN (Neal, Novy, Nicolle) – em Valença não é feito; → Inoculação em um animal (hamster), espera-se de 1 a 2 meses, e começam aparecer úlceras iguais ou parecidas; → INTRADERMORREAÇÃO DE MONTENEGRO: é a mais utilizada. No processo utiliza-se o antígeno da Leishmania, e inocula ele de forma intradérmica. Após 48 a 72 horas, observa se formou um nódulo, que é a reação positiva, significando que o organismo reconhece o antígeno, só não diz se o contato foi recente ou não. LEISHMANIOSE VISCERAL OU CALAZAR • Ocorre no Brasil, Sudão, Índia, Bangladesh, Nepal, países do Mediterrâneo, China, Oriente Médio; • O nome calazar é porque significa “febre negra”, e na Índia, essa doença causava escurecimento da pele, mas no Brasil isso não ocorre; • Causada por 3 espécies → Leishmania donovani: calazar indiano; → Leishmania infantum: calazar mediterrâneo; → Leishmania chagasi: calazar brasileiro. • TRANSMISSÃO → Em outros países, o vetor é do gênero Phlebotomus; → No Brasil, o único vetor é o mosquito Lutzomyia longipalpis.; → Reservatórios naturais: cão, gambá, lobo-guará; → A transmissão é por regurgitação das formas promastigotas; → Era uma doença de áreas secas e montanhosas, áreas rurais do Nordeste, porém com a urbanização, começaram os surtos epidêmicos nas cidades grandes como Belo Horizonte; → Os órgãos ricos de sistema fagocitário mononuclear são baço fígado e medula, sendo essas células acometidas pelo parasita. Observação: o cão infectado sofre queda de pelos, emagrecimento e aumento das unhas. • PATOGENIA → Formas promastigotas são fagocitadas por macrófagos e transformam-se em amastigotas; → As amastigotas rompem as células e são fagocitadas novamente, repetindo o ciclo; → A maioria NÃO ADOECE, quando adoece geralmente é CRIANÇA, pode ser adulto ou idoso também; Aula 5 – Leishmaniose – Parasitologia – 3º Período – Med Arkham – Gabriela Klein → Depressão das células T e ativação policlonal de linfócitos B. Com essa ativação, as imunoglobulinas vão aumentar e a albumina diminuir. A albumina é responsável por manter os líquidos na nossa circulação por pressão oncótica, e sem ela os líquidos saem do vaso fazendo edema. • DIAGNÓSTICO CLÍNICO → A maioria é ASSIMTOMÁTICO; → Forma subclínica: febre, retardo de crescimento, hepatomegalia; → Forma clássica: evolução lenta, de meses, com febre baixa que vai e volta, emagrecimento progressivo, anorexia, apatia, diarreia, tosse, palidez, hepatomegalia, cabelos quebradiços e sem brilho, cílios compridos e edema de mesmos inferiores. Além disso, fígado e baço alterados. É necessário tratar a forma clássica, pois evolui para óbito. • DIAGNÓSTICO LABORATORIAL → Hemograma: ocorre a diminuição das células sanguíneas, pancitopenia; → Inversão da relação albumina/globulina; → Biópsia de medula óssea e corar pelo Giemsa ou Wright: é de mais fácil acesso do que o baço e fígado. A Intradermorreação de Montenegro não serve para diagnosticar a visceral; • PROFILAXIA: → Detecção de casos suspeitos: manutenção de centros capacitados a detectar, fazer biópsia, sorologia e tratar; → Combate ao vetor com inseticida; → Detecção e eliminação de reservatórios naturais: sorologia ou eutanásia.
Compartilhar