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- -1 AVALIAÇÃO E CURRÍCULO CAPÍTULO 4 – QUANDO, POR QUE E PARA QUE AVALIAR? Vanessa Regina Eleutério Miranda - -2 Introdução Avaliação educacional é um termo genérico, que abrange vários significados e várias práticas distintas. Pode se referir à prática de avaliar a aprendizagem no contexto das escolas, à prática de avaliar instituições de ensino e professores, à prática de avaliar currículos e projetos ou, ainda, à prática de avaliar sistemas educacionais. A ideia de desempenho e rendimento está muito associada à avaliação, mas nem sempre uma avaliação se refere, estritamente, a resultados, podendo se referir também a processos. Independentemente da forma, dos meios e recursos ou dos objetivos para se realizar uma avaliação, entendemos que ela é um procedimento necessário no contexto da escolarização, seja na dimensão micro, no âmbito das instituições escolares; seja na dimensão macro, nas políticas de avaliação criadas e realizadas pelos órgãos reguladores do setor, como o Ministério da Educação (MEC). Partindo da compreensão de que a avaliação envolve múltiplas dimensões da educação, neste capítulo serão abordadas algumas características dessa atividade. Trabalharemos com algumas das suas muitas dimensões e particularidades, iniciando pelas compreensões, entendimentos e usos da avaliação no cotidiano das escolas e salas de aula, passando pela avaliação como instrumento de gestão da escola e chegando às ações políticas e institucionalizadas nos sistemas educacionais. Nesse sentido, nossa conversa será orientada pelas seguintes questões: quando avaliar? Por que avaliar? Como avaliar? Quais são os objetivos e as concepções que norteiam essas escolhas? Quais são as diferentes possibilidades para se pensar e executar a avaliação? Essas – e outras – respostas serão esclarecidas no decorrer deste material didático. Bom estudo! 4.1 Avaliação: conceitos e princípios A avaliação é uma atividade considerada muito comum no ambiente educacional. Talvez por ser tão usual e por ter uma função bem específica na tradição educacional, há uma percepção quase geral de que a avaliação representa uma materialização dos resultados de desempenho dos estudantes diante da relação de ensino- aprendizagem. Dessa forma, é senso comum que avaliar significa verificar, medir, provar etc. Para Luckesi (2002, p. 17), a avaliação da aprendizagem é tão importante e central no contexto educacional, que a prática educativa passou a ser dirigida e direcionada por uma “pedagogia do exame”. A pedagogia do exame se refere a um tipo de prática que se volta para a ideia de treinamento e de resolução de provas. Está centrada na cultura do desempenho, na qual o mais importante é ter bons resultados nos exames, independentemente da aprendizagem crítica e reflexiva dos conhecimentos. Ainda segundo Luckesi (2002), a pedagogia do exame é orientada para a formação de estudantes capazes de serem bem-sucedidos nas provas para ingresso no Ensino Superior, objetivo prioritário desde o início da escolarização. No dia a dia das escolas, a pedagogia do exame e a cultura do desempenho também são dirigidas à promoção. Instituições de ensino, profissionais da escola, famílias e os próprios estudantes consideram a promoção como objetivo primário das atividades educativas, o que leva a avaliação ao cerne das decisões e planejamentos (LUCKESI, 2002). Conforme Esteban (2013), os sistemas de notas ou de classificações de resultados também são utilizados por parte do corpo docente, como forma de disciplinamento e de controle dos comportamentos e das aprendizagens. Assim, como indica Alves (2013), é usual que professores elaborem suas provas com o objetivo de “provar” os alunos e não como forma de auxiliá-los a aprender mais e melhor. De acordo com Luckesi (2002), os instrumentos de avaliação do tipo exame (provas) são os mais utilizados e, muitas vezes, o exame é mais complexo do que a forma como os conteúdos foram abordados em sala de aula, o que exige muito dos estudantes. As provas também são usadas como forma de ameaça e de punição, o que gera - -3 que exige muito dos estudantes. As provas também são usadas como forma de ameaça e de punição, o que gera medo entre crianças e jovens. Figura 1 - Na cultura do desempenho, a classificação dos resultados é o mais importante. Fonte: Shutterstock, 2018. Luckesi (2002) afirma que a pedagogia do exame tem consequências pedagógicas, psicológicas e sociais, tanto para alunos e suas famílias, quanto para professores. Pedagogicamente, a centralidade na avaliação secundariza o processo de ensino e de aprendizagem, na medida em que ela se torna um mero instrumento de verificação e de punição, não contribuindo para melhorar nem o ensino, nem a aprendizagem. Psicologicamente, a pedagogia do exame desenvolve personalidades submissas, uma vez que o medo é uma de suas tônicas; e individualistas ou autocentradas, na medida em que o seu próprio resultado é mais importante que o desenvolvimento coletivo. Dessa forma, a classificação acaba por criar hierarquias entre os estudantes. Sociologicamente, essa hierarquização de desempenhos gera uma seletividade social, que reproduz o modelo da sociedade de classes e a desigualdade social, favorecendo ainda mais alguns, e excluindo outros. - -4 4.1.1 Tipos e finalidades da avaliação educacional As perspectivas mais tradicionais de educação entendem a avaliação como um instrumento eficaz para coletar informações e dados, processando-os de forma que haja melhoria da aprendizagem e do ensino. Nessa visão tradicional, a partir da determinação de objetivos educacionais, a avaliação se torna, também, um sistema de controle de qualidade que consegue verificar se o processo de ensino-aprendizagem está sendo realizado como o planejado, bem como se os objetivos estão sendo cumpridos. A prática da avaliação, em diferentes perspectivas pedagógicas, tem alguns pressupostos e características que podem ser identificados. Primeiramente, a “avaliação é um processo contínuo e sistemático”, que não pode ser realizado de forma improvisada e sem uma periodicidade programada, devendo ser previamente planejada para acontecer em momentos ou situações específicas (HAYDT, 2004, p. 13). A avaliação também é, segundo a autora supracitada, algo “funcional”, pois visa dar uma visão sobre o andamento do trabalho pedagógico, principalmente, em relação aos objetivos propostos. Além disso, “a avaliação é orientadora”, na medida em que permite aos alunos (e aos professores) conhecer seus erros, dificuldades e acertos, de modo que possam corrigir falhas e consolidar aprendizagens. Por fim, “a avaliação é integral”, uma vez que considera o estudante e o processo de aprendizagem como um todo, que reúne dimensões cognitivas, afetivas e psicomotoras (HAYDT, 2004, p. 14). Nesse sentido, precisamos considerar que a avaliação serve a diferentes propósitos e funções, como diagnosticar, controlar ou classificar (ALVES, 2013; ESTEBAN, 2013). Dependendo do propósito e função, são utilizados diferentes instrumentos de avaliação, que são utilizados para “[...] comprovar se os resultados desejados foram alcançados, ou, melhor dizendo, verificar até que ponto as metas previstas foram atingidas” (HAYDT, 2004, p. 21). VOCÊ SABIA? A avaliação como instrumento de verificação de aprendizagens, visando à progressão de estudantes, está intimamente ligada ao pensamento de Benjamin Bloom, que desenvolveu uma lógica de organização do trabalho docente conhecida como Taxonomia de Bloom. A Taxonomia de Bloom se baseia na definição de objetivos educacionais que subsidiam o planejamento e a avaliação do processo de ensino-aprendizagem. Dessa forma, é considerado um modelo tecnicista de educação. Para saber mais, acesse: <http://www.nutes.ufrj.br/abrapec/ixenpec >./atas/resumos/R0453-1.pdf http://www.nutes.ufrj.br/abrapec/ixenpec/atas/resumos/R0453-1.pdf http://www.nutes.ufrj.br/abrapec/ixenpec/atas/resumos/R0453-1.pdf - -5 Figura 2 - A avaliação pode indicar o desempenho/resultado de estudantes, mas também apontaros problemas que precisam ser superados. Fonte: Pink Blue, Shutterstock, 2018. Três tipos de avaliação podem ser realizados nas escolas: a avaliação diagnóstica, a avaliação somativa e a avaliação formativa (HAYDT, 2004). Como ressalta o próprio nome, a avaliação tem a finalidade de fazer um levantamento dediagnóstica informações sobre o processo de aprendizagem. Em geral, é realizada no início de uma etapa, de um ano letivo ou mesmo de uma atividade específica, com o objetivo de mapear aquilo que os alunos já sabem sobre um ou mais temas e conteúdos. A partir desse diagnóstico, muitas vezes, são identificadas as causas das dificuldades e, - -6 mais temas e conteúdos. A partir desse diagnóstico, muitas vezes, são identificadas as causas das dificuldades e, com isso, normalmente, são definidos os rumos das atividades de ensino, fazendo-se planejamentos de aulas e /ou de intervenções que possam favorecer a aprendizagem. Já a avaliação é a mais reconhecida pelas pessoas em geral, estudantes e suas famílias. Refere-se àsomativa dimensão de verificação das aprendizagens, no sentido de resultados de desempenho. Ela pode ser associada à noção de teste e medida, uma vez que é utilizada para se fazer uma classificação dos desempenhos de estudantes. Por sua vez, a avaliação é referente ao ato de avaliar como algo mais abrangente. Na avaliaçãoformativa formativa, além de verificar aprendizagens, o instrumento de avaliação se propõe a ser também formativo, na medida em que proporciona ao estudante a compreensão do seu próprio desenvolvimento. Nesse tipo de avaliação, o estudante conhece os seus erros e acertos, o que permite que ele possa se dedicar a melhorar aqueles aspectos nos quais tenha maior dificuldade. 4.1.2 Funções, modalidades e propósitos da avaliação Como mencionamos, a avaliação é uma atividade que desempenha diversas funções, servindo a variados objetivos. Os objetivos da avaliação são voltados tanto para professores e estudantes, quanto para a instituição escolar, as famílias e a sociedade, como um todo. Para além de seus propósitos pedagógicos, a avaliação serve a propósitos sociais, uma vez que cumpre o papel de prestar contas à sociedade sobre os processos de escolarização e o trabalho que é desenvolvido no cotidiano educacional, sobre as práticas realizadas e resultados alcançados. Esse papel da avaliação faz com que este instrumento – e outros processos escolares – não seja neutro, uma vez que sua realização é orientada por necessidades distintas, traduzindo, muitas vezes, tensões e exigências sociais. Sacristán (2000, p. 323) acredita que a prática da avaliação nas instituições de ensino gera “um certo currículo oculto”. Para o autor, a educação escolar se constitui a partir de uma lógica pela qual os resultados obtidos na avaliação criam meios de valorização dos sujeitos. E, ainda, têm influência na forma como esses sujeitos se relacionam com os conteúdos curriculares, na maneira como se dispõem a estudar e também no modo como eles se relacionam com os professores e outros colegas, bem como com o meio social. Assim, a prática da avaliação ensina aos alunos como o sistema educacional funciona, fazendo-os almejar os melhores resultados, já que passam a tomar o resultado como um valor importante. O currículo oculto da avaliação ensina que o sucesso escolar de um indivíduo é medido pelos resultados que ele obtém quando realiza uma avaliação. Esses efeitos das práticas de avaliação podem ser percebidos, de acordo com Sacristán (2000), nas funções que a avaliação possui, mesmo que tais funções não sejam pretendidas a princípio. O teórico caracteriza as funções da avaliação em sete tipos, sendo um deles subdividido em sete dimensões, a saber (SACRISTÁN, 2000, p. 323): A) Definição dos significados pedagógicos e sociais; B) Funções sociais; C) Poder de controle; D) Funções pedagógicas: 1. Criadora do ambiente escolar 2. Diagnóstico 3. Recurso para a individualização 4. Garantia da aprendizagem 5. Função orientadora 6. Base de prognósticos 7. Ponderação do currículo e socialização profissional E) Funções na organização escolar; F) Projeção psicológica; G) Apoio da investigação. - -7 Considerando as dimensões supracitadas, no que se refere à “definição dos significados pedagógicos e sociais” (A), a avaliação, em suas diversas práticas, cumpre um papel valorativo, gerando categorias como as de “rendimento educativo”, “êxito e fracasso escolar”, “bons e maus estudantes”, “qualidade de ensino”, “progresso escolar”, “bom e mau professor”, “boa escola”. Dessa forma, a avaliação atribui sentido à ideia de “excelência escolar” e faz com que tanto a escola (professores, estudantes e famílias), quanto a sociedade em geral, associem as categorias mencionadas ao funcionamento das escolas, considerando-as como uma função social da escola. Figura 3 - Por meio da avaliação, a escola cumpre um papel de certificação do saber, que assegura o lugar social da competência dos sujeitos. Fonte: Maxx-Studio, Shutterstock, 2018. Quando trata das “funções sociais” (B) da avaliação, Sacristán (2000, p. 323) considera um papel de validação e de valorização. A avaliação cumpriria a função de certificação do saber, em uma sociedade que hipervaloriza o nível de escolaridade dos indivíduos, validando os conhecimentos aprendidos na escola, bem como os comportamentos e valores considerados mais adequados para o ingresso no mercado de trabalho e para a vida - -8 comportamentos e valores considerados mais adequados para o ingresso no mercado de trabalho e para a vida em sociedade. Do mesmo modo, acontece uma valorização de certos valores sociais, mais do que a outros, de maneira que o capital cultural obtido e certificado pelos títulos obtidos garantam a existência de níveis de competência e, consequentemente, de sucesso de quem os possui. Essa é uma função seletiva e hierarquizadora da avaliação. Falando do “poder de controle” (C), Sacristán (2000, p. 323) reforça a noção de que a avaliação garante a possibilidade de se atribuir um valor (numérico) à aprendizagem dos estudantes, o que é utilizado como instrumento de poder, por parte de docentes, sobre quem é avaliado. Essa prática determina uma classificação que segue critérios estabelecidos pelos professores, de modo que cabe ao educador o controle sobre o comportamento do aluno diante do processo de ensino-aprendizagem. Essa função da avaliação é mais presente em ambientes autoritários e intolerantes, ou mesmo em ambientes dogmáticos, provocando uma relação de distanciamento entre docentes e estudantes. VOCÊ QUER VER? O filme , de 1989, retrata a realidade de uma escola de elite,Sociedade dos poetas mortos considerada de excelência. Em meio aos dilemas dos estudantes adolescentes, professores efetivam práticas tradicionais de educação, nas quais a avaliação é um importante instrumento pedagógico, que denotam funções sociais e de controle. Sob a direção de Peter Weir, a obra apresenta diversas cenas que retratam a forma como a avaliação é realizada, confira! - -9 Figura 4 - O controle exercido por meio da avaliação baseia-se na ideia de resultados a serem alcançados pelos estudantes. Fonte: garagestock, Shutterstock, 2018. De acordo com Sacristán (2000, p. 323), as chamadas “funções pedagógicas” (D) da avaliação se referem aos aspectos mais reconhecidos socialmente como papel das escolas, ou seja, aquilo que justifica a sua própria existência. Nesse sentido, a avaliação é “criadora do ambiente escolar” (1), uma vez que se projeta nas relações interpessoais do ensino e da aprendizagem, influenciando a forma como estudantes se relacionam com seus professores e com seus colegas. Essas relações interpessoais, segundo Sacristán (2000), se manifestam nos comportamentos de professores avaliadores, em suas técnicas de avaliação e em sua opinião sobre o desempenho ideal (bom aluno), bem como no comportamento dos estudantes. Manifestam-se também na maneira como os alunos lidam com esses padrões de desempenho – e como tendem a incorporar esses padrões–, tornando-se competitivos, ajudando outros colegas e, até mesmo, na forma como constroem alternativas de burla à avaliação (fazer cola, por exemplo). Nesse sentido, todas as práticas e comportamentos são avaliáveis, tanto dentro das instituições de ensino, quanto pela sociedade em geral, quando esses comportamentos e práticas chegam ao mundo exterior por meio dos resultados das avaliações. Para Sacristán (2000, p. 323), a avaliação também tem a função pedagógica de “diagnóstico” (2), quando a sua existência é justificada pela necessidade de conhecer o progresso dos estudantes, com o objetivo de se buscar formas de intervenção na melhoria das aprendizagens. No diagnóstico, a avaliação também se presta ao papel de formação dos alunos, constituindo simultaneamente uma avaliação diagnóstica e uma avaliação formativa. A prática da avaliação, nesse caso, se dá continuamente, durante o processo de ensino e aprendizagem. Ainda com função diagnóstica, de acordo com Sacristán (2000, p. 323), a avaliação tem como função pedagógica ser um “recurso para a individualização” (3), o que permite que, realizada a avaliação diagnóstica individual dos estudantes, se façam adaptações do ensino às condições e ritmos dos estudantes, tratando de modo particular e individual cada caso e dificuldade particular, o que só é possível quando se realiza uma avaliação formativa. Na função social da “garantia da aprendizagem” (4), a avaliação é considerada pelo autor supracitado como uma - -10 individual cada caso e dificuldade particular, o que só é possível quando se realiza uma avaliação formativa. Na função social da “garantia da aprendizagem” (4), a avaliação é considerada pelo autor supracitado como uma atividade que tem efeitos sobre o processo de continuar aprendendo. Assim, a avaliação pode ter efeitos benéficos sobre os estudantes, na medida em que os instrumentos de avaliação são usados para reativar ou consolidar aquilo que foi aprendido. Essa prática da avaliação pode levar os alunos a se autoconhecerem e a desenvolverem estratégias que possam incrementar a forma como aprendem. No longo prazo, estariam estimuladas as capacidades de memorizar informações e conhecimentos e, também as capacidades de utilizar aquilo que foi aprendido ou assimilado. Como “função orientadora” (5), a avaliação auxilia na identificação das habilidades e afinidades dos estudantes para com determinadas áreas de conhecimento ou disciplinas, apontando aqueles conhecimentos que precisam de mais dedicação, bem como aqueles em que os alunos têm mais facilidade (SACRISTÁN, 2000, p. 323). Essa compreensão tanto pode orientar ações que possam ajudar a superar as dificuldades e a criação de hábitos de estudo, quanto pode apontar perfis que, futuramente, indiquem caminhos profissionais. Diante dessa perspectiva, a avaliação serve como “base de prognósticos” (6), já que pode dar indícios dos rumos de cada estudante, em termos de sucesso/fracasso na escolaridade presente e de sucesso/fracasso na vida futura, mesmo que o futuro não seja objetivo explícito da avaliação no presente (SACRISTÁN, 2000, p. 323). Figura 5 - O sucesso, ou o fracasso, escolar é muitas vezes determinado pelos procedimentos de avaliação adotados. Fonte: Rasdi Abdul Rahman, Shutterstock, 2018. Ainda como função pedagógica da avaliação, Sacristán (2000, p. 323) considera que a “ponderação do currículo e socialização profissional” (7) aparece nas formas de avaliar os conteúdos e as aprendizagens. A avaliação, nesse caso, está associada às definições daquilo que constará nos currículos (influência na seleção dos conhecimentos presentes no currículo), explicitando o que são conhecimentos relevantes e quais são as posturas de aprendizagem ideal. Essa influência no currículo acontece, em grande parte, pela ação das avaliações externas, - -11 aprendizagem ideal. Essa influência no currículo acontece, em grande parte, pela ação das avaliações externas, isto é, pelas políticas de avaliação, definidas pelos órgãos de controle das escolas, como as secretarias de educação ou o Ministério da Educação. Desse modo, o conteúdo ou conhecimento mais relevante passa a ser aquele que será avaliado, o que afeta tanto o trabalho de professores, quanto aquilo que a sociedade, as famílias e os próprios estudantes consideram como valor ou capital cultural relevante. Quadro 1 - Relação entre instrumentos/recursos de avaliação e as finalidades da educação. Fonte: Elaborado pela autora, baseada em SACRISTÁN, 2000, p. 336. Outra característica da avaliação descrita por Sacristán (2000, p. 323) se refere às “funções na organização escolar” (E). Para o autor, a forma de organização das escolas exige que se definam formas de organização dos alunos e dos conhecimentos, ordenando o progresso da escolarização. Nesse sentido, a avaliação cumpre a função de ajudar na organização escolar quando define os critérios de progressão de estudantes e comprova ou certifica que os mesmos estão aptos a prosseguir, apontando seus êxitos em etapas anteriores. A avaliação acaba por ter uma “projeção psicológica” (F), uma vez que tem repercussões psicológicas na motivação e nas atitudes dos estudantes frente ao conhecimento e à própria escolarização. Essa motivação tanto pode se dar no sentido de estimular o estudo e a dedicação de estudantes, no caso dos bons resultados, quanto pode desestimular ou desencorajá-los, no caso de resultados ruins, principalmente quando frequentes. Por fim, a avaliação tem como função pedagógica o “apoio da investigação” (G). De acordo com Sacristán (2000), as avaliações dos alunos fornecem um quadro de informações sobre o sistema educativo, que, embora não sejam dados ricos em termos qualitativos, apontam os limites e progressos do sistema, por meio dos resultados das avaliações. Embora com um viés eficientista, baseado na comparação de resultados do ensino, esses dados podem servir para a realização de uma reflexão das práticas escolares e da experiência global das escolas, o que leva à busca por práticas e metodologias que possam responder às necessidades de aprimoramento do processo. Essa função da avaliação também está muito associada às políticas de avaliação. 4.2 Finalidades da avaliação na escola Se no contexto das salas de aula a avaliação tem finalidades múltiplas, no âmbito da instituição escolar, como um todo, existem também finalidades da avaliação a serem consideradas. Em geral, essas finalidades estão relacionadas às concepções de ensino e de aprendizagem, assim como de educação, escolhidas como - -12 relacionadas às concepções de ensino e de aprendizagem, assim como de educação, escolhidas como orientadoras pela proposta pedagógica da escola ou da rede de ensino na qual ela se vincula. Em outras palavras, podemos dizer que a avaliação é realizada e utilizada de maneiras diferentes, dependendo daquilo que a escola deseja em termos educacionais. Segundo Alves (2013), diferentes correntes político-pedagógicas perpassam a realidade da educação escolar. Essas correntes são orientadas por pensamentos distintos sobre os objetivos educacionais e sobre o modo como a educação deve ser concretizada. As diferentes correntes norteiam as escolhas sobre o ensino, interferindo na forma como são feitas as avaliações. Independentemente de posturas individuais diante do tema avaliação, as escolas e redes de ensino têm um projeto pedagógico que dá o tom dos procedimentos feitos e decisões tomadas por professores. A partir de 1996, com a criação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB – Lei 9.394/1996), vários aspectos da prática escolar foram flexibilizados, o que permitiu a existência e convivência de múltiplas formas de compreender a educação e o ensino, na realidade educacional brasileira. Um aspecto dessa flexibilidade, que se destaca quanto ao tema e à prática da avaliação, se refere à dimensão dos tempos escolares, que legitimou outras lógicas de organização do ensino, diferentes da tradicional organização anual, por séries (BRASIL, 1996). Parente (2010) destacaque a intensidade da rotina escolar tradicional, com durações fixas como quantidade de aulas, bimestres, semestres, séries, anos, níveis, graus etc., impõe um ritmo de trabalho que nem sempre é condizente com os tempos das aprendizagens, isto é, com o tempo gasto pelos sujeitos para aprender. Essa lógica de organização do tempo foi imposta por várias gerações e ficou cristalizada na noção mais transmissiva e acumulativa da prática escolar. Como professores e estudantes, nessa forma de organização, têm prazos para cumprir as programações do ensino e da aprendizagem, esse modelo de organização dos tempos contribuiu muito para a existência das reprovações daqueles alunos que não conseguem vencer as etapas programadas, comprovando sua aprendizagem por meio dos resultados das avaliações. Para a autora, romper com essa lógica de organização dos tempos escolares não tem sido muito fácil, na medida em que ela está arraigada às práticas das instituições, mas também perpassa o imaginário da sociedade sobre o que seja a realidade do cotidiano escolar. “Substituir uma lógica significaria, além de alterar práticas e valores atuais, construir outros parâmetros e vivências” (PARENTE, 2010, p. 144). Entre os muitos dilemas surgidos a partir da possibilidade de existência de outras formas de organização dos tempos escolares está a mudança do regime seriado, que organiza a escola em séries anuais como o tempo do calendário, e o regime de ciclos, que propõe uma organização dos tempos como base em ritmos de aprendizagem, diferentes da forma de registro anual do tempo. Esses dois regimes implicam em mudanças no trabalho docente e interferem na forma como são realizadas as avaliações. 4.2.1 Concepção de avaliação nos regimes seriado e de ciclos Ciclos ou séries são os nomes atribuídos aos modos de organizar o tempo e os espaços das escolas, os quais concretizam uma visão de mundo e de educação e instituem as relações daqueles que fazem parte da dinâmica do ambiente escolar Podemos dizer que o ensino seriado no Brasil foi criado a partir das experiências dos Estados Unidos e da Europa, no contexto da escolarização de massa (ampliação do atendimento escolar), visando atender a uma maior quantidade de alunos (FREITAS, 2013). Em linhas gerais, o objetivo desse modelo é o desenvolvimento progressivo dos estudantes, no qual em cada série são agrupados alunos da mesma idade e do mesmo patamar de desenvolvimento. Dentre as características principais desse modelo estão o estabelecimento de horários rígidos das atividades escolares, a obrigatoriedade do ensino e a divisão dos alunos em classes de acordo com seu rendimento, sendo que cada uma dessas classes contava com um professor, ministrando as aulas simultaneamente. Segundo Freitas (2013), nesse modelo a avaliação tem lugar importante, e a reprovação é uma possibilidade de resultado do processo. A reprovação é um dos mecanismos disciplinares mais efetivos do ensino seriado, para garantir que todos os alunos dominem quantidades mínimas dos conteúdos ofertados nas disciplinas e para - -13 garantir que todos os alunos dominem quantidades mínimas dos conteúdos ofertados nas disciplinas e para naturalizar condutas e hábitos considerados essenciais à vida em sociedade. Desse modo, conforme Tiggemann (2010), aqueles que não conseguirem acompanhar de maneira satisfatória os conteúdos ministrados devem repetir a série. De acordo com Freitas (2004), a atual forma escolar é fruto de um processo histórico da década de 1970, alinhado com a narrativa neoliberal que gerou um movimento do ensino voltado para o mercado de trabalho e devido ao potencial da escola para a acumulação de capital. À medida que as políticas neoliberais e progressistas foram se tornando centrais na gestão estatal, a educação não escapou dessa lógica, levando a mudanças no sistema. Dentre as mudanças marcantes, destaca-se a , criada e instituída oficialmente nos anosprogressão continuada 1990. Para Freitas (2004), a progressão continuada é a denominação do empenho neoliberal para que as escolas sejam eficazes e inclusivas, ou seja, mantendo o perfil eficientista da educação mais tradicional, e incluindo segmentos sociais que foram sistematicamente alijados do processo de escolarização. Figura 6 - A demanda por inclusão de grupos tradicionalmente excluídos do processo de escolarização foi materializada na atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Fonte: Nelosa, Shutterstock, 2018. Há um entendimento comum, não fundamentado teoricamente, de que a progressão continuada é um VOCÊ SABIA? O neoliberalismo é uma doutrina político-econômica estruturada no início do século XX e colocada em prática no início dos anos de 1980. Essa teoria defende a não intervenção do Estado na regulação econômica, de modo que o mercado é que definiria o funcionamento da economia, criando competitividade. Defende, ainda, entre outras coisas, a privatização de empresas públicas e a oferta de serviços públicos por empresas. Para Ibarra (2011), nas áreas sociais o neoliberalismo pode ter como consequência a diminuição da universalização do acesso ao pleno emprego, à saúde e à educação. Para saber mais, acesse: <http://www.scielo.br >./pdf/rep/v31n2/04.pdf http://www.scielo.br/pdf/rep/v31n2/04.pdf http://www.scielo.br/pdf/rep/v31n2/04.pdf - -14 Há um entendimento comum, não fundamentado teoricamente, de que a progressão continuada é um mecanismo existente apenas na lógica de organização escolar por ciclos. Todavia, é necessário ressaltar que, de acordo com a LDB (Lei 9.394/1996), a progressão continuada é um mecanismo que pode acontecer tanto no regime de ciclos quanto no regime seriado. Em ambos os regimes, a progressão continuada propõe uma nova organização dos tempos escolares, de modo que os alunos não sejam interrompidos durante o processo de aprendizagem (BRASIL, 1996). Outro entendimento equivocado é o de que a progressão automática é uma forma de aprovação automática de estudantes, que, por não serem barrados pelos processos de avaliação e pela reprovação, avançam na escolarização – mesmo que seus desempenhos fossem considerados insuficientes caso estivessem no modelo tradicional de organização dos tempos escolares. Essa visão errônea pode ser superada quando se compreende que, na progressão continuada, a criança avança em seu percurso escolar em razão de ter se apropriado, pela ação da escola, de novas formas de pensar, sentir e agir; na promoção automática, a criança permanece na unidade escolar, independentemente dos progressos alcançados. Freitas (2004) afirma que o termo é designado para um movimento de superação da percepção neoliberalciclos da educação, que defende a necessidade de se ir além da inclusão com qualidade e, também, de se entender os motivos para que essa inclusão ocorra, o que aponta para a necessidade de serem incorporadas experiências socialmente significativas para os estudantes. Esse modelo de ciclos é fruto do desencantamento com o paradigma neoliberal no final dos anos de 1990, que funciona como uma forma de preservar a ordem econômica e social. Até o ano de 2002, 82% das escolas brasileiras eram organizadas em séries; 9,5% em séries e ciclos, e 10,9% em ciclos (FREITAS, 2004). Como mencionamos, é importante considerar que para se entender o funcionamento do modelo do ensino seriado é necessário tomar a centralidade da avaliação. Nessa perspectiva, ao final de cada ano o professor responsável pela turma ou pela disciplina aprova ou reprova os alunos, de acordo com suas notas em atividades avaliativas que demonstrem o seu nível de aprendizagem. Com a progressão continuada, cria-se uma lógica avaliativa distinta, e a organização por ciclos é muito coerente com a progressão das aprendizagens em ritmos diferenciados. Neste modelo espera-se que a escola avalie as formas de ensinar e o progresso dos alunos por ciclos, ou seja, o modelo defende que toda criança é capaz de aprender e, deste modo, a avaliação deve extrapolar a compreensão da aprovação automática. Na perspectiva dos ciclos,acredita-se na concepção de ritmo de aprendizagem (FREITAS, 2004). VOCÊ O CONHECE? Jean Piaget (1896-1980) foi um biólogo e epistemólogo que estudou os processos pelos quais se desenvolvem a aprendizagem. Em uma perspectiva cognitivista, Piaget demonstrou que a aprendizagem é um processo que segue estágios progressivos do desenvolvimento cognitivo e, apesar de aspectos comuns (ciclos de desenvolvimento), varia de indivíduo para indivíduo. Sua teoria auxiliou a se pensar na possibilidade de outras formas de organização dos tempos. Para saber mais, acesse: <https://novaescola.org.br/conteudo/1709/jean-piaget-o-biologo-que- >.colocou-a-aprendizagem-no-microscopio https://novaescola.org.br/conteudo/1709/jean-piaget-o-biologo-que-colocou-a-aprendizagem-no-microscopio https://novaescola.org.br/conteudo/1709/jean-piaget-o-biologo-que-colocou-a-aprendizagem-no-microscopio - -15 A adoção do regime de ciclos possui uma lógica que rompe com os preceitos da educação seriada, na qual se pressupõe o ensino progressivo, organizado por fases com etapas sucessivas. Os ciclos também são um modelo pedagógico que fixa etapas, as quais devem ser cumpridas em um determinado tempo, seguindo um ordenamento ascendente; contudo, com um tempo mais longo que o anual, o que permite o sucesso de estudantes com diferentes ritmos de aprendizagem. A avaliação, nessa lógica, tem um papel mais diagnóstico e formativo, uma vez que as classificações de desempenho (avaliação somativa) não são a prioridade. 4.3 Avaliação e gestão da escola Podemos dizer que a escola é uma espécie de organismo vivo, onde os diferentes aspectos de seu funcionamento interferem uns nos outros e no desempenho geral da instituição. Na atualidade, sobretudo após a aprovação da atual LDB (BRASIL, 1996), há um consenso de que o melhor caminho para organização do funcionamento das escolas de educação básica é a partir do modelo de gestão democrática. Na gestão democrática, os sentidos de democracia e de participação são centrais, e há mais clareza sobre como todo o trabalho pedagógico realizado nas instituições é influenciado pelo modo como a gestão se processa. Conforme Libâneo (2013), na gestão democrática os procedimentos de avaliação são importantes aliados para o funcionamento da escola. Realizada de maneira sistemática, a avaliação auxilia no diagnóstico e acompanhamento dos trabalhos realizados, visando à reorientação de rumos e ações, assim como a tomada de decisões. Nesse sentido, as avaliações realizadas no contexto das salas de aula passam a ser debatidas por todos os membros do corpo docente, e até pela comunidade escolar. A existência de um espaço coletivo de avaliação se torna, assim, fundamental (AFONSO, 2013). VOCÊ QUER LER? No livro “Os Ciclos de Aprendizagem – um caminho para combater o fracasso escolar” Perrenoud (2003) explica as concepções e as práticas envolvidas no modelo de ciclos. O autor demonstra como os ciclos da aprendizagem são distintos dos tempos escolares definidos pelo calendário, e como nem todos os estudantes se adaptam ao modelo tradicional. A partir da leitura, você perceberá que a criação de lógicas de organização dos tempos escolares mais coerentes com os tempos da aprendizagem pode ser uma forma de superação do fracasso escolar. - -16 Figura 7 - O momento de avaliação coletiva é fundamental para definir os rumos e as ações da escola, em uma lógica de gestão democrática. Fonte: Rawpixel.com, Shutterstock, 2018. A partir da gestão democrática, criou-se no Brasil o chamado . O Conselho de Classe é, deConselho de Classe acordo com Dalben (2010, s. p.), “[...] um órgão colegiado, de cunho decisório, presente no interior da organização escolar, responsável pelo processo de avaliação do desempenho pedagógico do aluno”. No espaço do Conselho de Classe, há oportunidade de que professores de diferentes áreas de conhecimento discutam sobre os rumos do trabalho pedagógico, partindo da avaliação realizada nas salas de aula. Muitas vezes, os professores têm percepções diferentes a respeito da mesma turma, ou do mesmo estudante, e o debate coletivo auxilia a identificar os motivos dessas distinções, além de responsabilizar a todos (professores e demais profissionais da escola, estudantes e suas famílias) pelo processo de ensino-aprendizagem como um todo. 4.3.1 Conselho de Classe Ainda que o Conselho de Classe tenha sido criado com o objetivo de avaliar tanto o desempenho de estudantes quanto o trabalho realizado na escola, essa prática não tem sido a mais usual quando se trata deste instrumento avaliativo. Segundo destaca Dalben (2006), o Conselho de Classe tem um papel importante no processo de avaliação dos estudantes, contudo, na experiência cotidiana das escolas brasileiras, ele vem tendo pouca importância para a superação das dificuldades encontradas pela avaliação das aprendizagens. Como modelo de avaliação coletiva e colegiada, o Conselho de Classe deve analisar os resultados no desempenho de estudantes, considerando os múltiplos fatores envolvidos no processo de ensino-aprendizagem. Isso significa que a avaliação deveria ser feita considerando, também, as contribuições e os limites do trabalho pedagógico, de modo a compreender o que não está bom, e como pode ser melhorado. Observe o exemplo descrito no caso a seguir. - -17 Observe o exemplo descrito no caso a seguir. Para Dalben (2006), o Conselho de Classe tem o papel de realizar uma avaliação diagnóstica da realidade educacional, mas, sobretudo, uma avaliação diagnóstica da avaliação realizada no âmbito das salas de aula. A exposição e o debate sobre os procedimentos individuais de professores, feitos em uma reunião com a presença dos demais docentes e podendo contar com a presença dos próprios estudantes, é uma estratégia importante de democratização das relações na escola – e um momento no qual os professores podem realizar autoavaliação. Estreitamente vinculado ao Projeto Político-Pedagógico (PPP) da instituição escolar, o Conselho de Classe deve exercer suas atividades de modo coerente com o modelo de escola e de sociedade previsto no PPP. Isso significa que a avaliação do Conselho de Classe se faz a partir de princípios éticos mais amplos, favorecendo a instituição a contribuir para a justiça social. Para Dalben (2006; 2010), o Conselho de Classe tem, ainda, outro papel de grande relevância: avaliar o currículo da escola, identificando se – e como – esse documento tem contribuído para a aprendizagem, em conformidade com os propósitos democráticos da educação. Nesse sentido, o Conselho de Classe deve se preocupar em zelar pelo desenvolvimento dos alunos, contribuindo para a tomada de decisões sobre os melhores caminhos, os melhores recursos e as melhores ações de toda a escola, visando aproximar a cultura do aluno aos conhecimentos curriculares. 4.4 Políticas de avaliação As chamadas políticas de avaliação se tornaram uma prática regular dos sistemas de ensino no Brasil, sobretudo a partir dos anos 1990. Fortemente relacionadas à lógica neoliberal de gestão dos sistemas educacionais, as políticas de avaliação fazem parte de um conjunto mais amplo de políticas, que instituíram processos de reforma em sistemas educacionais de diferentes partes do mundo. Tais reformas são impulsionadas pela atuação do Banco Mundial, principalmente a partir do Fórum Mundial de Educação para Todos, realizado em Jomtien, na Tailândia, em 1990. Nessa mesma década, o governo federal passou a realizar, com regularidade, avaliações de sistema, visando mapear a qualidade da educação brasileira. Outras iniciativas regionais, em diferentes estados do país, também passaram a ocorrer, com o mesmo objetivo, no interior das redes de ensino estaduais (GATTI, 2009). CASO O Conselho de Classe de uma escola pública do Rio de Janeiro se reúne a cada final de ano, para avaliar o processo de ensino-aprendizagem. Infelizmente, a reunião acaba sempre por discutir mais os resultados dos alunos do que o processo. No último ano, duas professoras chegaram a um impasse. Um estudante consideradoindisciplinado seria aprovado pela professora de Português, a qual argumentava que houve avanços na aprendizagem do aluno, mesmo estando aquém da qualidade esperada. A professora de História não concordava aprová-lo, mas diante da posição da colega disse que não fazia sentido reter o aluno em História, sendo ele aprovado em Português. Por fim, apesar de não obter um bom desempenho, o estudante foi aprovado por todos. Ninguém falou sobre os problemas de ensino que pudessem ter contribuído para o baixo desempenho do aluno. - -18 A lógica de organização e de gestão da educação no Brasil passa a ser, nesse período, predominantemente voltada para o gerencialismo, em que o foco é a busca constante pela eficiência e eficácia dos serviços (CASTRO, 2007). Nessa perspectiva, são fortalecidas as estratégias de controle por meio de avaliações externas, nas quais indicadores de desempenho são definidos como norteadores, na tentativa de alcançar o sucesso escolar. Desse modo, sempre com objetivo de alcançar bons resultados, a avaliação é tomada como um instrumento estratégico para a gestão dos sistemas, uma vez que faz um mapeamento (parcial) da realidade e das condições dos processos escolares, ainda que centrado no resultado dos estudantes. Visando atender essa sistematização de práticas de avaliação que mapeiam a qualidade do ensino e controlam as práticas escolares, foram criados diversos tipos de avaliação, do tipo exame, como: Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB), com a Prova Brasil e a Provinha Brasil; Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM); Exame Nacional de Desempenho do Ensino Superior (Enade); Exame Nacional de Certificação de Jovens e Adultos (Enceja) e o Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior (Sinaes). 4.4.1 Avaliações de sistema Para entendermos a lógica de funcionamento de avaliações de sistema no Brasil, é importante que conheçamos as suas principais e mais relevantes características, de acordo com o Ministério da Educação. Conforme indicado na página do Instituto Nacional de Pesquisas Anísio Teixeira (INEP), órgão do Ministério da Educação, responsável pela realização das avaliações externas, o Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB) foi criado nos meados dos anos de 1990 e constituiu em um conjunto de avaliações em larga escala com o objetivo de contribuir para a qualidade da educação básica brasileira, monitorando as políticas públicas voltadas VOCÊ QUER LER? O Fórum Mundial de Educação para Todos, realizado em Jomtien, na Tailândia, em 1990, gerou um documento norteador dos princípios considerados fundamentais para a educação das populações de países em desenvolvimento. A “Declaração Mundial sobre Educação para Todos: satisfação das necessidades básica de aprendizagem” foi utilizada para orientar os acordos firmados entre o Banco Mundial e os países participantes, com a intermediação da Unesco. O documento está disponível para leitura no endereço: <http://unesdoc.unesco.org/images >./0008/000862/086291por.pdf VOCÊ SABIA? As avaliações de sistema no Brasil são reconhecidas internacionalmente, sendo elogiadas pelo Banco Mundial, que é um dos estimuladores dessa prática. Apesar de ainda não ter alcançado os patamares de qualidade considerados desejáveis pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Brasil conseguiu obter avanços nas últimas décadas. Para saber mais acesse: <https://guiadoestudante.abril.com.br/universidades/sistema-de- >.avaliacao-educacional-do-brasil-e-um-dos-melhores-do-mundo-diz-estudo/ http://unesdoc.unesco.org/images/0008/000862/086291por.pdf http://unesdoc.unesco.org/images/0008/000862/086291por.pdf http://unesdoc.unesco.org/images/0008/000862/086291por.pdf https://guiadoestudante.abril.com.br/universidades/sistema-de-avaliacao-educacional-do-brasil-e-um-dos-melhores-do-mundo-diz-estudo/ https://guiadoestudante.abril.com.br/universidades/sistema-de-avaliacao-educacional-do-brasil-e-um-dos-melhores-do-mundo-diz-estudo/ - -19 objetivo de contribuir para a qualidade da educação básica brasileira, monitorando as políticas públicas voltadas para a educação básica. Atualmente ele possui a Avaliação Nacional da Educação Básica (ANEB), a Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA) – também chamada de Provinha Brasil –, que avalia os níveis de alfabetização e letramento em Língua Portuguesa (leitura e escrita) e Matemática, e a Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (Anresc), conhecida como Prova Brasil. Essas avaliações são aproximadas do contexto escolar para permitir um melhor resultado no que tange o aprendizado dos alunos (INEP, 2018). Já o foi criado em 1998, fruto de uma ideia iniciada em 1996, com a lei n.ºExame Nacional do Ensino Médio 9.934/1996 (BRASIL, 1996). O objetivo era, como nas demais avaliações de sistema, avaliar o desempenho dos estudantes da educação básica para demonstrar a qualidade do ensino no Brasil e indicar áreas que precisavam ter melhorias. Durante 10 anos o ENEM foi utilizado apenas para avaliar as habilidades e competências dos concluintes da educação básica. Em 2009, o ENEM passou a ser também uma forma de avaliação que permitia o acesso ao ensino superior por meio do Sistema de Seleção Unificada (SiSU), permitindo que estudantes do país inteiro pudessem pleitear vagas em quaisquer universidades. Esse é considerado, hoje, um dos aspectos mais positivos do ENEM: a possibilidade de operar em larga escala no processo de alocação dos candidatos permitindo que pessoas oriundas de regiões menos desenvolvidas possam migrar para locais mais desenvolvidos no país. O exame usa como metodologia avaliativa uma abordagem qualitativa que analisa três categorias básicas: o trabalho, a cidadania e a avaliação, coadunando com os princípios dispostos na Lei de Diretrizes e Bases (LDB). O MEC pretende, segundo Machado e Lima (2014), que o ENEM fomente transformações que não sejam apenas pelas políticas centrais, mas também pela discussão sobre a qualidade do ensino e dos modelos de ensino no Brasil. O , por sua vez, foi criado em 2004 pela Lei n.º 10.861, e faz parte do Sistema Nacional de Avaliação daEnade Educação Superior do Brasil, que tem como objetivo avaliar os cursos de graduação, as instituições e o desenvolvimento da aprendizagem avaliando os alunos ingressantes e concluintes. O objetivo foi substituir o antigo Exame Nacional de Cursos (ENC), que era designado apenas aos estudantes concluintes. Desse modo, o Enade configura-se como um indutor da qualidade da educação superior no Brasil e uma forma do governo brasileiro garantir a qualidade dos cursos e supervisioná-los, diante da imensa quantidade de instituições e cursos no país visando ganhos à sociedade. Atualmente, o Enade é considerado um dos principais mecanismos de avaliação da educação no nível superior, fornecendo ao Estado dados válidos sobre os currículos e as práticas dos cursos de graduação. Além disso, configura-se como um instrumento que proporciona maior confiança nas instituições, permitindo que tanto o Estado, quanto as instituições avaliadas possam traçar metas para melhorar a qualidade do ensino superior no país. Síntese Concluímos este estudo, no qual foi possível aprender um pouco mais sobre as diferentes características da avaliação, realizada em diferentes espaços: nas salas de aula, nas instituições de ensino, nos sistemas educacionais. Neste capítulo, você teve a oportunidade de: • conhecer os tipos de avaliação da aprendizagem, suas funções, finalidades e características; • compreender a relação existente entre a avaliação da aprendizagem e a gestão da escola; • entender o papel da avaliação na gestão, no gerenciamento e no controle dos órgãos reguladores da educação, como o MEC. • • • - -20 Bibliografia AFONSO, A. J. Avaliar a escola e a gestão escolar: elementos para umareflexão crítica. In: ESTEBAN, M. T. . et al . 4. ed. 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