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Desafios na Formação de Educadores

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Prezados alunos,decidimos resumir o texto a ser refletido e 
sintetizar a sua abordagem.Por esse motivo reproduzimos 
aqui,ipsis literis,o conteúdo presente nas páginas de 11 a 20 da 
obra; “Formação de educadores-Desafios e perspectivas’’,obra 
organizada por Raquel Lazzari Leite Barbosa. 
 
Apresentação 
Formar educadores - desafio 
para todos os tempos 
Raquel Lazzari Leite Barbosa 
Denice Barbara Catani 
 
Ao intitular-se "Formação de educadores: desafios e perspectivas para o 
século XXI", o "VI Congresso Estadual Paulista sobre Formação de 
Educadores" anunciou sua aspiração em ser o quadro de propostas, análises 
e críticas que pudesse apontar alternativas para um novo tempo. Depois de 
dez anos de encontros bianuais, buscava-se uma síntese e projeção para um 
novo tempo, o século que se iniciava. Quando da realização do III Congresso 
em 1994. 
Antônio Nóvoa nomeou sua intervenção de maneira simples, porém arguta: 
"Educação e sociedade: novas respostas para um velho problema". Propôs-se 
ele a analisar as condições nas quais eram buscadas alternativas para a 
formação e atuação dos professores. Longe estávamos e longe estamos de 
tê-las alcançado. A persistência da meditação dos congressos diz muito 
acerca dos investimentos intelectuais que, no país, têm sido feitos para 
alcançar "novas respostas" ao problema da formação dos educadores. A 
percepção mais arguta, no entanto, a cada dia, das grandes questões e suas 
implicações, dos pequenos problemas e seus desdobramentos, tem 
certamente sido favorecida ao encontrar fórum privilegiado. 
Historicamente no Brasil, sabemos, a questão da formação dos educadores 
foi alvo de investimentos significativos e de omissões de igual peso entre 
nós. Do alerta de Caetano de Campos, ao buscar o espírito da República 
brasileira, bradando assim pelo reconhecimento da importância dos 
professores em qualquer projeto de melhoria da nação, ao "estranho" lugar 
hoje atribuído aos profissionais que, só no discurso, têm seu papel 
valorizado e reconhecem na prática as mais"violentas agruras da profissão 
docente" para o "exercício decente de sua profissão", não se pode dizer que 
tenham faltado propostas. Podem-se, no entanto, reconhecer também as 
dificuldades com as quais tem-se lidado ao buscar dar conta de formar 
profissionais críticos, no interior do Estado, quase sempre para servi-lo, e 
com a simultânea esperança deque seja possível que estes proponham a 
inovação e sejam capazes de afrontar o mesmo Estado na defesa de ideais 
socialmente defensáveis. 
O intuito do "VI Congresso Estadual Paulista sobre Formação de 
Educadores" foi ampliar e fortalecer um espaço para a análise de questões 
referentes aos atuais desafios e perspectivas no âmbito da educação de 
docentes. Nesse sentido, reuniu pesquisadores que têm se dedicado a 
discutir e propor múltiplas formas de estudo e intervenção junto ao 
magistério. Fazem-se presentes temas como representações mediante as 
quais tenta-se instaurar modos ideais de atuação dos professores, aspectos 
da produção e circulação de leituras no interior da escola, as maneiras 
específicas hoje configuradas nacional e internacionalmente no que tange à 
preparação técnica dos educadores, as implicações de políticas públicas para 
as práticas de formação e exercício do magistério, os funda mentos que dão 
sentido às aproximações realizadas no domínio da História da Educação 
entre memória e docência, as concretizar reformas capazes de tornar 
realidade potencialidades das pesquisas acerca de e com os professores, 
bem como as questões vinculadas às propostas de democratização da escola 
em seus diversos graus. 
Ao reunir aqui tais trabalhos, o objetivo é dar a conhecer a fecundidade das 
análises empreendidas e contribuir para a busca de alternativas nos modos 
de trabalhar com os professores. 
"Formando professores reflexivos para a educação centrada no aluno: 
possibilidades e contradições", de Kenneth M. Zeichner, discute as 
transformações verificadas nos últimos 25 anos e que definem a figura do 
"professor reflexivo". Para tanto, o trabalho localiza a configuração desse 
novo perfil no âmbito de reformas e discursos educacionais que, em diversas 
partes do mundo, enfatizam a necessidade de um tipo de organização 
escolar mais democrático por meio da descentralização das decisões, o que 
exigiria dos docentes a capacidade de exercitar o próprio julgamento 
acerca das questões de ensino, seja no domínio interno das salas de aula 
seja no domínio mais amplo dos fundamentos e políticas educacionais. O 
texto em questão ressalta que, excetuando-se alguns poucos casos, as 
reformas acabam por desfavorecer uma proposta dessa natureza. Para além 
de modelos normativos, o autor questiona-se sobre as reais possibilidades 
de projetos que contribuam para o desenvolvimento de professores 
reflexivos, capazes de promoverem condições mais justas e condizentes ao 
ideal de"escola para todos". 
 
 
 
 
A democratização do ensino também é uma problemática presente na 
conferência proferida por Bernard Charlot intitulada "O sujeito e a relação 
com o saber". Atentando para a desigualdade social ante a escola, questão 
que tem mobilizado pesquisas desenvolvidas pelo autor e sua equipe há doze 
anos, o texto constitui um esforço para explicitar os fundamentos que dão 
sentido às aproximações entre a sociologia e a psicologia. Segundo Charlot, 
a sociologia permite compreender os modos pelos quais o lugar da 
criança pode conduzi-la ao fracasso escolar, enquanto a psicologia enfatiza 
aspectos relativos à constituição do sujeito, deixando de lado o fato de que 
algumas dificuldades tendem a ser mais freqüentes em determinadas 
classes sociais. No seu entender, o "pesquisador em educação não pode se 
restringir nem à sociologia nem à psicologia porque não pode ignorar a 
singularidade de cada aluno nem as diferenças sociais entre os alunos". 
Assim, o texto explicita alguns dos resultados de pesquisas que visam 
articular essas duas perspectivas, sugerindo alternativas férteis para 
pensar as relações entre o sujeito e o saber. 
"O livro e a educação: aspectos políticos na produção do livro didático", 
de Mário Castillo, foi outro trabalho apresentado na qualidade de 
conferência. O autor assinala elementos que permitem uma visão ampla 
e integral do tema tratado, reconhecendo o livro como um bem cultural e 
econômico. Preocupado com a importância e a necessidade do texto escolar 
, Castillo afirma a fertilidade do uso desse material em nome de um ensino 
favorável ao desenvolvimento da consciência crítica, a busca de significados, 
invenção e questionamento da própria realidade. 
São justamente estes últimos aspectos que estão presentes num projeto, 
do qual o autor é presidente, intitulado Libro Universitário Regional (LUR), 
destinado à difusão nas universidades latinoamericanas de conhecimentos 
tidos como "inovadores", mediante a produção e comercialização de livros. 
Ao explicitar os propósitos e resultados desse projeto, o texto convida os 
universitários da América Latina a participarem também como leitores e 
possíveis escritores. 
No que se refere especificamente à formação de professores no âmbito 
das políticas educacionais contemporâneas - temática de uma das mesas-
redondas 
-, Antônio Joaquim Severino, em seu texto "Preparação técnica e formação 
ético-política dos professores", tece comentários acerca dos efeitos das 
atuais políticas públicas brasileiras na área educacional implementadas pelos 
dispositivos da nova LDB (n.9.394/96) e seus efeitos no processo de 
formação do magistério. 
 
Contribui, dessa maneira, para o exame das perspectivas dos 
limites de tais iniciativas ao desenvolvimento profissional dos educadores, 
entendido como a articulação de diversas dimensões, a dos conteúdos 
específicos, 
a das habilidades técnicas e a das relações situacionais. É nesse sentido 
que o autor destacaa importância de assegurar aos docentes a participação 
no"processo construtivo de produção do conhecimento e com os recursos 
críticos necessários para a avaliação de sua prática político-social". 
Em "Novas tecnologias na educação presencial e a distância I", Vani M. 
Kenski discute a temática, entendida como uma das "ferramentas que 
auxiliam as pessoas a viverem melhor dentro de um determinado contexto 
social e espaço-temporal", situando-a no atual estágio da sociedade, quando 
é visível uma lógica em que predomina a permanente aquisição de 
equipamentos e tecnologias de comunicação. 
Para os professores, "profissionais que têm a 
informação como matéria-prima", tal situação implica uma pequena 
capacidade 
de "atualizar" os saberes a serem transmitidos aos alunos, pois, pela 
própria natureza do trabalho docente, esses conhecimentos têm limites 
mais 
definidos. Assim, o texto problematiza o atual significado da educação e as 
formas pelas quais seria possível evitar que as novas tecnologias acentuem a 
desigualdade no que tange ao acesso e consumo da informação, assinalando 
que "a preocupação dos educadores precisa ser a de contribuir para a 
formação 
de pessoas ativas socialmente ... que possam ter autonomia e conhecimento 
suficientes para a compreensão e análise crítica do papel das novas 
tecnologias no atual momento da sociedade". 
Acerca dessa mesma questão, "Novas tecnologias na educação presencial 
e a distância II", Raquel Goulart Barreto acrescenta que tais elementos 
implicam 
novos desafios e possibilidades para o magistério. A autora considera a 
configuração de um certo reducionismo do trabalho docente, hoje mais 
vinculado 
à idéia de atividade por conta da tendência em enfatizar o uso de métodos 
e tecnologias eficientes de ensino. Ao atentar para as implicações de 
políticas públicas - levadas a efeito pela LDB n.9.394/96, por programas 
coordenados 
pelo MEC, em âmbito nacional e, internacionalmente, pela Unesco 
e pelo Banco Mundial - no que se refere à formação de professores, faz-se 
notável o "esvaziamento da docência" decorrente da proposição de 
treinamento 
de habilidades desejáveis em curto prazo com o uso de técnicas 
supostamente 
econômicas e eficazes. Sendo assim, Barreto sugere outro tipo de 
investimento nos cursos de formação docente, de modo a redimensioná-los 
para além do consumo de tecnologias, assumindo significados mais amplos e 
significativos para o exercício do magistério. 
Acerca dos investimentos junto à educação de professores, é Denice 
Barbara Catani, em comunicação intitulada "Lembrar, narrar, escrever: 
memória 
e autobiografia em História da Educação e em processos de formação", 
quem indica alternativas para propiciar a esses profissionais modos de 
trabalho mais férteis. Trata-se do recurso às memórias e às narrativas 
autobiográficas 
tanto nos processos de formação quando na escrita da História da 
Educação. A autora constrói a sua análise partindo das produções do campo 
educacional, especialmente do modo como se tem falado de memória. Nesse 
sentido, refere-se a autores como Adorno, Pierre Nora, Maurice Halbwachs, 
M. Pollak, às memórias de Elias Canetti, assinalando algumas das formas 
pelas quais se constrói a memória dos educadores e se instauram 
legitimidades 
em seu espaço profissional. Catani ainda sustenta "a fecundidade do 
domínio acerca da própria história e (o) reconhecimento da riqueza 
envolvida 
nos processos memorialísticos que reconstituem trajetórias intelectuais" 
para desenvolver novas maneiras de educar professores. 
Dialogando sobre o tema da memória, Clarice Nunes escreve o seu trabalho 
"Memória e História da Educação: entre práticas e representações", 
tecendo algumas reflexões acerca da produção da pesquisa e da educação 
de 
professores. No seu entender, a problemática assume contornos especiais 
no 
atual contexto da globalização, quando a crença no poder da tecnologia 
induz 
os homens a esquecerem o que aprenderam e valorizarem a expansão da 
indústria moderna. Diante disso, a autora assinala os múltiplos papéis da 
memória no desenvolvimento do sujeito e da sociedade, discutindo o seu 
uso como fonte, as complexas relações com a história e, em especial, a 
importância 
da escola como um dos espaços mais significativos de memória. 
É justamente na busca de revisar a organização da instituição escolar da 
forma como ela tradicionalmente tem se apresentado que Zoë Readhead 
estrutura 
suas idéias em "O treinamento e a formação dos educadores". Filha 
de A. S. Neill -fundador da Escola de Summerhill (criada em 1921) e 
destacado 
como o "pioneiro da educação democrática" -, a autora critica a tendência 
em se incorporar ao ensino o controle cada vez mais acentuado das pessoas 
por meio de inúmeros testes e exames de classificação. Contrapõe a essa 
experiência a filosofia de Summerhill, voltada para a formação de "crianças 
livres" e capazes de se autogovernar e procura elucidar a complexidade de 
tal processo, que faz parte de uma "comunidade democrática na qual os 
adultos e as crianças têm direitos iguais". 
Segundo Readhead, a liberdade da infância 
deve integrar um projeto social maior de equação da violência, posto que 
esse tipo de educação pode garantir a formação de pessoas mais felizes e 
responsáveis. 
Além das palestras e mesas-redondas até aqui descritas, o Congresso 
ainda contou com seminários temáticos. Um deles é o de Sadao Omote, que 
versa sobre "A formação do professor de Educação Especial na perspectiva 
da inclusão" e argumenta a necessidade de pensar o tema considerando não 
apenas os professores atuantes junto a crianças e jovens com necessidades 
educacionais especiais, como também o magistério no ensino comum. 
Isso porque a inclusão é entendida como uma perspectiva fundamental nas 
sociedades 
 
atuais, e todos os educadores têm um importante papel a desempenhar para 
prover as pessoas dos bens necessários à superação da exclusão social. 
Contudo, 
o autor observa que a formação de professores especiais, tal como tem se 
configurado, acaba por favorecer práticas de segregação, o que pode, como 
se 
defende, ser transformado para promover o princípio da integração. 
Em seu seminário: "Formação de professores e pedagogos na perspectiva 
da LDB", Leda Scheibe discute uma das medidas mais inovadoras e 
polêmicas 
instituídas por meio da Lei n.9.394/96: a formação docente em nível 
superior. Retomando os artigos que tratam da questão, a autora assinala 
possibilidades 
como a extinção gradativa do curso de Pedagogia, a formação dos 
chamados técnicos ou especialistas em Educação, a criação dos Institutos 
Superiores de Educação, dentre outros aspectos, e chama a atenção para o 
risco de se descaracterizar a educação profissional dos professores por 
meio 
de iniciativas que acabam por favorecer a dicotomia entre teoria e prática, 
a separação entre ensino e pesquisa, bem como as diferenças entre 
bacharéis e licenciados. Assim, o trabalho visa colaborar com os debates 
acerca do tema, de modo a buscar alternativas de trabalho mais férteis a 
partir das mudanças empreendidas no âmbito da legislação e da implantação 
de novos cursos para o magistério. 
No entender de Emília Freitas de Lima, em sua comunicação "O curso 
de pedagogia e a nova LDB: vicissitudes e perspectivas", há que se defender 
uma educação de qualidade para os profissionais do ensino a partir de 
elementos 
que considera serem a "espinha dorsal" desse projeto: ter o curso de 
Pedagogia como o locus de formação de professores para os níveis infantil e 
fundamental; contar com pedagogos capazes de atuar na docência, na 
organização 
e gestão de sistemas; formar todos os profissionais da Educação em 
nível superior (faculdades, centros de formação e congêneres). Essas 
propostas 
são tecidas pela autora a partir de uma concepção específica de formação 
e dos modos pelos quais issotem se configurado no interior das atuais 
políticas públicas brasileiras e latino-americanas. 
Numa outra perspectiva, Maria da Graça Nicoletti Mizukami, com "A 
pesquisa sobre formação de professores: metodologias 
alternativas",alternativas", discute metodologias alternativas de pesquisas 
sobre, com e dos professores. A autora 
 
esclarece as potencialidades desse tipo de trabalho retomando idéias de 
autores 
como Shulman, Cochran-Smith e Lytle, Clark, John-Steiner, Weber, 
Minnis, Zeichner, Schön, Noffke, Anderson e Herr e, ainda, dando conta dos 
resultados de uma "pesquisa-intervenção" da qual participou visando tanto 
promover quanto pesquisar processos de formação docente. Trata-se, 
portanto, 
de um esforço para explicitar as bases que fundamentam estudos sobre 
os professores e trabalhos de educação desses profissionais. 
Já Fernando Becker, em texto intitulado "Vygotski versus Piaget - ou 
sociointeracionismo e educação", oferece importantes contribuições para 
pensar os modos pelos quais determinadas teorias circulam entre o corpo 
docente. Isso porque, analisando especificamente os dois autores citados 
em 
seu texto, Becker procura situar as contribuições de cada um no campo da 
pedagogia e da educação, alertando para o perigo das "primitivas paixões 
ideológicas" que, no caso brasileiro, resultam da aclamação da teoria 
vygotskiana 
em detrimento das idéias de Piaget quando, na verdade, as obras 
originais de cada teórico ainda são pouco conhecidas no país, e suas 
apropriações 
decorrem de uma "leitura descontextualizada historicamente", que o 
autor do trabalho revê, de modo a possibilitar contatos mais férteis dos 
professores 
com o conhecimento. 
Outro tema relevante e que também diz respeito ao trabalho docente é 
aquele tratado por Dagmar E. Estermann Meyer na comunicação "Escola, 
currículo e diferença: implicações para a docência", o qual se propõe a 
oferecer 
aos professores e professoras elementos para uma reflexão sobre os 
processos 
de produção de diferenças e desigualdades na escola, entendida como 
"instância em que se produzem identidades sociais". A autora tece 
comentários específicos acerca da questão de gênero e das formas pelas 
quais as práticas 
 
escolares instituem posições sociais de menino e de menina, de modo a 
favorecer debates que permitam refletir sobre a organização dos currículos 
e das atividades com os alunos. 
"Docência no ensino superior: construindo caminhos", escrito por Selma 
G. Pimenta, Léa das Graças C. Anastasiou e Valdo José Cavallet, apresenta 
conclusões e debates levados a efeito em Grupo de Estudos e Pesquisas 
sobre Formação de Professores da FEUSP, o qual pretende analisar 
questões 
atualmente impostas ao ensino superior, com a expansão desse nível. Para 
tanto, os autores se referem a experiências recentemente realizadas em 
instituições 
universitárias e assinalam a importância de os professores dessas 
mesmas instituições pensarem e avaliarem constantemente suas práticas. 
No seminário "Formação continuada: memórias", João Cardoso Palma 
Filho e Maria Leila Alves examinam a história do aperfeiçoamento 
profissional 
docente em São Paulo desde os anos 1960 - momento em que surgem as 
primeiras iniciativas na área - até os dias de hoje - quando ainda se 
reconhece 
a necessidade de superar problemas de fragmentação e descontinuidade 
das ações relativas à formação continuada dos professores. 
Em "Educação e emancipação", Newton Ramos de Oliveira traz uma 
análise sobre a situação e a formação do professor hoje em nosso país, 
caracterizando 
as implicações da chamada "sociedade administrada, atrasada pela 
informação" para os fins aos quais o professor e a escola se propõem. É por 
meio desse exame que o autor procura compreender o tema que intitula o 
seu trabalho, defendendo o exercício da reflexão e do pensamento crítico, 
assinalando "que a educação não é linear e exclusivamente um processo de 
resistência. Tem também - e obrigatoriamente - sua face de adaptação", do 
qual é preciso ter consciência, de modo a favorecer a formação humana em 
todas as suas dimensões. 
Atentando especificamente para a "formação de uma cultura de respeito 
à dignidade humana através da promoção e da vivência dos valores da 
liberdade, da justiça, da igualdade, da solidariedade, da cooperação, da 
tolerância 
e da paz", Maria Victoria Benevides questiona acerca da "Educação em 
direitos humanos: de que se trata?". Segundo a autora, o tema deve ser 
discutido 
considerando-se como premissas a educação global e continuada, a 
educação para mudança e a educação compreensiva, e, incluindo, nesse 
sentido, 
tanto a razão quanto a emoção. Esse trabalho mostra-se relevante tendo 
em vista o reconhecimento das contradições e conflitos vividos pela escola 
no seu cotidiano e que devem ser dados a conhecer por todo programa de 
direitos humanos, pois é nisso que reside o sucesso desse tipo de esforço. 
O tema "A reforma do ensino médio: uma crítica em três níveis" é 
examinadopor Celso João Ferretti numa perspectiva que, segundo o próprio 
autor, não é original, pois várias pesquisas têm sido produzidas ultimamente 
 
na área, exposta a diversas polêmicas. Ferretti traz importantes 
contribuições 
para o debate, tecendo observações acerca dos aspectos político-ideológico, 
educacional e de implementação, a partir das determinações constantes 
nas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio e alertando para 
os limites que as reais condições do sistema público de ensino podem impor 
às atuais proposições de autonomia para as escolas. 
"Mas o que significa ter autonomia? O que é ser autônomo?": é o que se 
interroga Stela Miller em seu "A leitura na escola hoje", pensando 
diretamente 
sobre as implicações do termo no processo de ler. O texto contribui, 
dessa maneira, para o esclarecimento de que, "por intermédio da leitura, o 
aluno poderá, paulatinamente, ir apropriando-se dos conteúdos 
socioculturais 
e construindo sua participação autônoma e crítica na sociedade" e, ainda, 
que "essa meta só se concretizará se a leitura de textos de fato contemplar 
a 
diversidade de escritos veiculados pela sociedade". 
Acrescentando outros elementos para discutir o tema da leitura na escola 
hoje, Juvenal Zanchetta Junior trata de "A leitura de linguagens não-
verbais 
na escola: uma introdução", examinando o papel que os meios de comunicação 
devem cumprir na formação escolar dos alunos. Lembra que as recentes 
diretrizes governamentais expressas em documentos como os PCNs para a 
educação têm privilegiado o estímulo compreensivo das linguagens 
midiáticas, 
com destaque para mensagens televisivas, sem, contudo, favorecer o 
desenvolvimento 
de atividades que abranjam de maneira fértil tais dimensões. E 
explicita os fundamentos da proposta de se "ensinar a entender esses 
procedimentos 
de representação do mundo e utilizá-los de modo a expandir o horizonte 
de expectativas e mesmo outras habilidades possíveis - como a da 
produção de textos, do uso da gramática prestigiada socialmente etc". 
Outro tema tratado em seminário acerca da "Organização dos sistemas 
municipais de educação no Estado de São Paulo: novas possibilidades na 
gestão de políticas públicas" foi examinado por Ana Maria Freire P. M. 
Almeida 
e Ricardo Ribeiro, de modo a - como os próprios autores se propõem - 
explicitar a questão na ampla perspectiva do fenômeno educacional e de 
políticas 
públicas. Nesse sentido, o movimento da descentralização é destacado 
como uma tendência atual e mundial, o que implica uma repartição de 
poderes administrativos e decisórios, favorecendo o fortalecimento dos 
níveis locais e, em última instância, a democratização do processo de gestão 
dos sistemas de ensino. 
 
Julio Groppa Aquino traz contribuições relevantes para pensar a questão 
da "Disciplina e indisciplina como representações da educação 
contemporânea"ao discutir algumas interpretações correntes acerca do 
tema e que circulam, 
 
"na maioria das vezes, de maneira cronificada, estereotipada". Trata-se da 
idéia segundo a qual os contratempos do trabalho docente são atribuídos a 
dificuldades - psicológicas ou sociais - da clientela escolar ou, como assim 
são chamados, dos "alunos-problema". Numa análise arguta dos limites dessa 
concepção, o autor sugere que se compreenda a indisciplina não como um 
desvio do aluno, mas como "algo relativo ao âmbito ético da prática 
pedagógica". 
Outra importante dimensão do trabalho docente é tratada por Dagoberto 
José Fonseca em "Diversidade cultural e educação", texto apresentado no 
seminário temático "Educação e afrodescendentes: uma relação a ser 
construída". 
O autor reflete sobre a presença do racismo na escola brasileira, que se 
manifesta em materiais como o livro didático e paradidático, no número 
significativo de evasão e repetência escolar entre a população negra, em 
práticas cotidianas que favorecem o complexo de inferioridade da criança 
afrodescendente, o que conduz o autor a reivindicar a construção de uma 
escola onde a diversidade seja verdadeiramente respeitada 
Em "Contextos integrados de educação infantil: uma forma de desenvolver 
qualidade", Tizuko Morchida Kishimoto oferece os fundamentos para a 
construção de uma proposta pedagógica atenta à dimensão cuidar-educar, 
tida como a base de uma formação integral da criança. Tal projeto deve ser 
"fruto de trabalho coletivo", abranger diferentes espaços e envolver pais, 
comunidades 
e outros agentes. Entretanto, pelo que a autora observa de experiências 
levadas a efeito por educadores paulistas e portugueses, essa proposta 
assume perspectivas férteis, mas tem encontrado entraves de ordem 
administrativa e curricular em sua realização. 
"Políticas de avaliação do MEC e suas repercussões na sala de aula", de 
Vera Maria Nigro de Souza Placco, constitui uma referência para entender 
aspectos relativos ao funcionamento e resultados do sistema educacional, 
na medida em que analisa as políticas de avaliação do MEC e algumas de 
suas repercussões. Para tanto, a própria noção de avaliação é explicitada 
como um elemento que possibilita a manutenção e o direcionamento do 
ensino e que se vincula a propósitos definidos e específicos nas políticas 
vigentes. É nessa perspectiva que a autora tece comentários acerca do 
Saeb, Enem e do Exame Nacional de Cursos, ponderando a necessidade de 
uma"cultura avaliativa", "realmente educativa e possibilitadora de avanços 
no campo educacional e político". 
Finalmente, "Do que temos, do que podemos ter e temos direito a ter na 
formação de professores: em defesa de uma formação em contexto", de 
António F. Cachapuz, é o trabalho que encerra esta coletânea, discutindo as 
possibilidades e os limites que nos últimos anos têm sido postos pela 
concepção, organização e estratégias de formação contínua do magistério 
 Examinando as dimensões epistemológicas, políticas e de ensino dessa 
proposta, o autor observa a predominância de uma racionalidade técnica, a 
qual sugere ser reinventada de modo a favorecer iniciativas mais ricas, 
interativas e reflexivas por parte dos professores 
Ao reunir as comunicações aqui descritas, este livro corresponde a um 
importante documento que dá a conhecer debates e proposições relativos à 
educação e atuação de educadores e que se destaca pela atualidade e 
diversidade dos textos nele incluídos. Considerando a natureza das 
discussões, os textos aqui reunidos podem potencializar investigações da 
área e constituir referências úteis na organização de novos modos de 
formar os professores, conforme a proposta do "VI Congresso Estadual 
Paulista sobre Formação de Educadores 
 
Agradecemos o apoio do CNPq.

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