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Doença do Refluxo Gastroesofágico (Resumido)

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Luíza Barreto – Medicina 2021.1 
 
Doença do Refluxo Gastroesofágico 
- Doença crônica caracterizada por refluxo do conteúdo gástrico 
que causa sintomas ou complicações → Vai depender da 
agressividade do material refluxado (H+, pepsina, sais biliares, 
tripsina). 
- Tem grande variedade de sintomas, podendo ser associados ou 
não a lesões teciduais → A DRGE não erosiva é a mais frequente. 
- A pirose é o principal sintoma da DRGE, mas tem que ser 
diferenciada da pirose funcional e relacionada a uso de 
medicamentos. 
• Medicamentos que podem causar pirose: Anticolinérgicos, 
bloqueadores dos canais de cálcio, nitratos, teofilina, 
antidepressivos tricíclicos, alendronato, AAS e AINEs, ferro, 
progesterona, agonistas adrenérgicos, diazepam, 
meperidina, tetraciclina, quinidina, cloreto de potássio. 
• Pirose funcional: Quando tem a manifestação clínica da 
pirose, mas a endoscopia e a phmetria se encontram 
normais → ocorre por hipersensibilidade visceral. 
- A fisiopatologia da DRGE é por conta de uma falha em uma ou 
mais defesas do esôfago. 
• O principal mecanismo é pelos relaxamentos transitórios 
frequentes do esfíncter inferior do esôfago → Mas também 
pode ocorrer por falha no clearence esofágico 
(depuração); por um defeito na resistência epitelial 
esofágica (na produção de muco e mecanismos celulares 
de proteção); por defeito nos elementos anatômicos anti-
refluxo; por retardo no esvaziamento gástrico; aumento da 
pressão intra-abdominal. 
• Lembrando que o paciente pode ter mais de um fator que 
justifique a fisiopatologia da doença. 
FATORES DE RISCO: Aumenta com a idade; aparentemente mais 
prevalente em mulheres; aumenta durante a gestação; mais 
frequente em obesos; presença de hérnia hiatal (formas mais 
graves); apresenta fator genético. 
OBS: Hérnia de hiato → Pode fazer parte da fisiopatologia da 
DRGE. Hérnia é a saída de uma parte da câmara gástrica em 
direção ao tórax através do hiato diafragmático, formando uma 
bolsa acima do diafragma. Ou seja, o material refluxado da 
câmara gástrica chega na câmara da hérnia hiatal e 
permanece lá, onde é refluído pela segunda vez para o esôfago 
distal (mais contato com o conteúdo ácido). 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: 
• Típicas: Pirose + regurgitação, 2x por semana, há 4-8 
semanas. 
• Atípicas: Tosse crônica, asma, pigarro, pneumonia, 
bronquiectasia, rouquidão, otite, sinusite, erosão dentária, 
halitose, globus faringeus, apneia do sono, afta. → Tosse 
crônica é a mais comum. 
Obs: A ausência de sintomatologia típica não exclui DRGE, 
apesar de que a associação desses 2 sintomas típicos tem maior 
probabilidade de confirmar DRGE. Associados aos sintomas 
típicos, também pode ocorrer sialorreia, eructação, sensação de 
opressão retroesternal. 
DIAGNÓSTICO: É clínico, devendo ser confirmado com exames → 
pode ser EDA, impedancio pHmetria e teste terapêutico. 
- Pela EDA, o diagnóstico vai ser feito quando o paciente 
apresentar esofagite de grau C ou D, esôfago de Barrett ou 
quando tem estenose péptica. 
- Na impedancio phmetria (padrão ouro) vai ser feito o 
diagnóstico quando o teste de exposição ácida (TEA) for acima 
de 6%. Ela vai ser indicada quando o paciente possui indicativo 
de doença do refluxo com endoscopia normal; quando quer se 
caracterizar o padrão do refluxo gastroesofágico; quando quer 
saber sobre a participação do refluxo ácido nas manifestações 
atípicas da DRGE; para estudo de recidiva de sintomas no pós-
operatório (a cirurgia não é curativa, pode ocorrer de retornarem 
os sintomas) ou para avaliar a eficácia do tratamento clínico. 
- O teste terapêutico vai ser feito no ambulatório. Se o paciente 
tiver queixas típicas, faz teste terapêutico com IBP em dose 
padrão (plena) por pelo menos 4 semanas → o teste é positivo se 
o paciente tiver os sintomas abolidos ao final do experimento 
(para fazer o exame, o paciente precisa ter menos de 40 anos, 
queixas típicas e sem sinais de alerta). Em caso de sintomas 
atípicos, faz o teste terapêutico com IBP com a dose dobrada por 
8-12 semanas, e esse paciente deve ser indicado a fazer a 
impedancio phmetria de 24h de dois canais. 
 - Para pacientes com sintomas crônicos, > 40 anos ou sinais de 
alarme, é indicada diretamente a realização da endoscopia. 
Obs: Sintomas de alarme → Disfagia, odinofagia, perda de peso, 
hemorragia digestiva, náusea, vômitos e história familiar de 
câncer. 
- A EDA vai ser método de escolha para diagnóstico das lesões 
causadas pelo refluxo gastroesofágico (não o diagnóstico de 
DRGE, mas avaliar complicações) → vai classificar a DRGE em 
doença erosiva ou não erosiva. 
- 10-15% dos pacientes evoluem com complicações, por exemplo 
o esôfago de Barrett, que aumenta a chance de 
desenvolvimento de adenocarcinoma. 
Esôfago de Barrett → É a substituição do epitélio escamoso 
estratificado do esôfago por epitélio colunar contendo células 
intestinalizadas (metaplasia intestinal). É uma condição pré-
maligna que é fator de risco para desenvolvimento de 
adenocarcinoma do esôfago distal, por conta da displasia 
(neoplasia intraepitelial) que pode ocorrer no esôfago de Barrett. 
 
- O importante é saber que a endoscopia possui evidência 
conclusiva para refluxo quando apresenta esofagite graus C 
ou D, esôgado de Barrett ou estenose péptica, e a 
impedancio phmetria possui evidência conclusiva quando 
apresenta TEA acima de 6%. 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: 
Esofagite eosinofílica → doença imunomediada que decorre 
da infiltração de eosinófilos na mucosa do esôfago. O 
diagnóstico é feito pela presença de mais de 15 eosinófilos 
Luíza Barreto – Medicina 2021.1 
 
por campo de grande aumento. O paciente pode apresentar 
disfagia súbita ou impactação alimentar de causa obscura., 
e nesse paciente o esôfago apresenta anéis concêntricos 
que podem bloquear a descida do alimento. 
- Outros diagnósticos diferenciais incluem esclerodermia, 
diabetes, acalasia, espasmo, esofagite infecciosa, esofagite 
medicamentosa, pirose funcional, doenças benignas ou 
malignas de órgãos adjacentes (vesícula, pâncreas, 
coração), desordens musculoesqueléticas. 
TRATAMENTO DRGE: 
- As modificações não farmacológicas incluem: elevação da 
cabeceira da cama (15 cm); moderação na ingestão de 
alimentos gordurosos, cítricos, café, chocolate, bebidas 
alcoólicas e carbonatadas, hortelã, tomate e derivados; 
cuidados com medicações “de risco” (anticolinérgicos, 
teofilinam, antidepressivos tricíclicos, bloqueadores dos 
canais de cálcio, agonistas b-adrenérgicos, alendronato); 
evitar deitar por 2h após as refeições; evitar refeições 
copiosas; redução drástica ou cessação do tabagismo; 
redução do peso corporal nos casos de sobrepeso e 
obesidade. 
Obs: O alimento não é a causa do refluxo, mas pode 
desencadeá-lo, pois alguns deles diminuem a pressão do 
esfíncter inferior do esôfago, enquanto alimentos ácidos 
agravam a irritação da mucosa do esôfago quando são 
regurgitados. 
Tratamento farmacológico: Drogas anti-secretoras. 
- A primeira linha são os IBP (omeprazol, pantoprazol, 
lanzoprazol, rabeprazol, esomeprazol), devendo ser tomados 
30 a 60 min antes das refeições. O índice de cicatrização da 
esofagite é elevado, e seus efeitos adversos mais comuns são 
cefaleia, diarreia, constipação e dor abdominal. 
- Antiácidos são indicados para pacientes que não podem 
tomar IBP, como gestantes. Os antiácidos e sulcrafato são 
utilizados para neutralizar a secreção gástrica, fazendo 
apenas o controle imediato dos sintomas. 
- Os procinéticos (como bromoprida, domperidona, 
metoclopramida) são usados nos pacientes que possuem 
sintomas de regurgitação, ajudando a evitar o retorno do 
conteúdo gástrico para a cavidade oral, já que aumentam 
as contrações gástricas, aumentam o esvaziamento gástrico 
e aumentam a pressão sobre o esfíncter inferior do esôfago. 
→ usados para alívio da pirose, mas não aumentam o índice 
de cicatrizaçãoda esofagite. 
- Os bloqueadores dos receptores H2 (cimetidina, ranitidina, 
famotidina e nizatidina) costumam ser usados de modo 
noturno, por conta do efeito colateral de causar sono. Atual 
na cicatrização da esofagite erosiva leve, mas não são tão 
eficazes em casos intensos a moderados. São eventualmente 
prescritos quando não pode utilizar IBP. 
Tratamento cirúrgico: É controverso, pois não é curativo. 
- A cirurgia é indicada para pacientes com esofagites 
recidivantes após tratamentos de pelo menos 6 meses; 
quando tem alguma complicação da doença do refluxo 
(estenose, esofagite C ou D, ou esôfago de Barrett); se o 
paciente possuir um tempo de uso prolongado de IBP (10, 20 
anos); hérnias volumosas; baixa idade com sintomas 
importantes de refluxo (para evitar que se submetam a um 
tempo prolongado de IBP; ou por uma questão subjetiva, 
quando o paciente conseguir comprovar que existe uma 
diminuição da qualidade de vida. 
Obs: Nos pacientes refratários ao tratamento com IBP, o 
diagnóstico de refluxo não ácido constitui indicação para o 
tratamento cirúrgico, pois a fundoplicatura elimina dois tipos 
de refluxo. 
- Os procedimentos mais utilizados são as fundoplicaturas 
totais e parciais feitas pela via laparoscópica, nas quais o 
esôfago distal é envolvido pelo estomago em 360º e 270º, 
respectivamente. Associa-se a elas o fechamento do hiato 
esofágico, aumentando a competência do esfíncter e 
melhorando o clearence esofágico.

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