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SUPREMA Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de Fora Semiologia da Dor Método Clínico 1 Humberto Pereira Azzi Professor Dr. Klaus Bertges Conceito A Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP) define a dor como: “Uma experiencia sensorial e emocional desagradável associada a uma lesão real ou potencial, que se descreve como causada por uma lesão”. Nocicepção O termo nocicepção está relacionado com o reconhecimento de sinais dolorosos pelo sistema nervoso, que formulam informações relacionadas à lesão. É o componente fisiológico da dor e compreende os processos de Transdução, Transmissão, Modulação e Percepção em resposta a um estímulo nocivo externo. Nocicepção Transdução: impulso doloroso é recebido pelos nociceptores e transformado em potencial de ação. Transmissão: impulso é conduzido até o corno posterior da medula espinhal Modulação: Estimulo é modulado no corno da medula espinhal antes de chegar a níveis superiores do SNC Percepção: Impulso é integrado e percebido como dor Nocicepção e Dor Estímulo nociceptivo Alterações neuroendócrinas Hiperexcitabilidade Nocicepção e Dor A exposição da pele ou qualquer outro órgão exposto a estímulos potencialmente nocivos que induzem à sensação desagradável, informam o indivíduo sobre o perigo real ou potencial para sua integridade física. Característica principal: capacidade de diferenciar estímulos comuns dos estímulos nocivos ao organismo. Isso ocorre em função da capacidade dos nociceptores de codificar a intensidade de um estímulo doloroso, respondendo de forma irregular aos estímulos de intensidade baixa. Dor Dor fisiológica: Induz respostas protetoras, como o reflexo de retirada (ou reação de fuga), com intuito de interromper a exposição ao estímulo nocivo. Dor patológica: Pode surgir de diferentes tecidos e pode ser classificada com dor inflamatória ou neuropática Dor visceral e Dor Somática Profunda: são exemplos de dores patológicas, que são causadas por estímulos inevitáveis e apresentam respostas adaptativas específicas, geralmente são subagudas e podem vir acompanhadas de respostas autonômicas ou comportamentais específicas. Classificação da Dor: Tempo Dor aguda: valor biológico fundamental, pois constitui um alerta para a possibilidade de uma lesão tecidual vir a se instalar ou já estar instalada, além de induzir reações de defesa, fugas ou remoção do agente causal. Dor crônica: despe-se desse valor biológico, pois é constituído especialmente por reações músculoesqueléticas e psicocomportamentais que induzem incapacidade e repercussões biopsicossociais desfavoráveis. Dor disruptiva: é um sinalizador de que a dor se apresenta apesar de estar tomando analgésicos regularmente para controlar a dor crônica. Classificação de Dor: Fisiopatologia Dor Nociceptiva: Causada pela ativação dos nociceptores e pela transmissão dos impulsos gerados, que percorrem as vias noceptivas até as regiões do SNC, onde são interpretadas. Características: Começa simultaneamente ao início da atividade do fator causal Pode ser espontânea (pontada, facada, agulhada) ou evocada (manobra de Lasègue, estiramento da raiz nervosa). Classificação da Dor: Fisiopatologia Dor Neuropática: Decorre de lesão de qualquer tipo infligida ao SNP ou SNC, e pode apresentar-se de 3 formas: constante, intermitente e evocada. Classificação da Dor: Fisiopatologia Dor constante: Descrita como dor em queimação, dormente, em formigamento ou como um mero dolorimento Tende a ser agravada pela interrupção cirúrgica das vias da dor, pois tais procedimentos acentuam a desaferentação Classificação da Dor: Fisiopatologia Dor intermitente: É a mais frequente nas lesões nervosas periféricas e da medula espinal Relatada como dor em choque ou aguda. Classificação da Dor: Fisiopatologia Dor evocada: Mais comum nas lesões encefálicas Frequente nas lesões medulares e do sistema nervoso periférico Pode se manifestar sob a forma de anodinia ou de hiperpatia. Classificação da Dor: Fisiopatologia Características da Dor Neuropática: Seu início pode coincidir com a atuação do fator causal, porém mais comumente, ocorre após determinado tempo Em geral, o fator causal não pode ser removido, por ter deixado de agir ou por ser impossível interrrompê-lo Classificação da Dor: Fisiopatologia Dor mista: Dor nociceptiva + dor neuropática (Lesão tecidual + Lesão Neuronal) Ex: dor por neoplasia maligna, quando ela se deve tanto ao excessivo estímulo dos nociceptores quanto à destruição das fibras nociceptivas Classificação da Dor: Fisiopatologia Dor Psicogênica: Não há qualquer substrato orgânico, sendo gerada por mecanismos puramente psíquicos Características: Pode ser localizada, difusa, generalizada, imprecisa Sinais e sintomas de depressão e ansiedade crônicas são com frequência identificáveis Classificação da Dor: Fisiopatologia A utilização inadequada e abusiva de medicamentos é comumente observada. Ao exame físico, em geral sem quaisquer achados relevantes. Classificação da Dor: Origem Dor irradiada É sentida a distancia de sua origem, porém corre obrigatoriamente em estruturas inervadas pela raiz nervosa ou em nervo cuja estimulação nóxica é responsável pela dor. Classificação da Dor: Origem Dor Somática Superficial: Bem localizada Apresenta-se de maneira bem distinta de acordo com o estímulo aplicado Exemplos: Pontada, rasgando, queimor. Intensidade: Variada, proporcional à intensidade do estímulo Causas: Traumas, queimaduras e processo inflamatórios Classificação da Dor: Origem Dor Somática Profunda: Ativação de nociceptores dos músculos, fáscias, tendões, ligamentos e articulações Causas: Estiramento muscular, contração muscular isquêmica, contusão, ruptura tendinosa e ligamentar, síndrome miofascial, atrite e artrose Mais difusa que a dor somática superficial Localização: imprecisa, descrita como dolorimento, dor surda, dor profunda e câimbra (contração muscular isquêmica) Intensidade: proporcional a do estimulo causal, vai de leve a moderada Classificação da Dor: Origem Dor Visceral: Estimulação de nociceptores viscerais Profunda, difusa, de difícil localização, Exemplos: dolorimento, dor surda, vaga, contínua (Tende-se acentuar-se com a solicitação funcional do órgão acometido). Causas: Comprometimento secundário do peritônio ou nervo frênico, reflexo viscerocutâneo Localização: Próximo ao órgão que a origina Classificação da Dor: Origem Referida: Sensação dolorosa superficial localizada. A explicação mais aceita para esse fenômeno é a convergência de impulsos dolorosos viscerais e somáticos superficiais e profundos para neurônios nociceptivos comuns localizados no corno dorsal da medula espinhal Como Investigar na Anamnese Localização: região onde o paciente sente a dor. Irradiação: Localizada, irradiada ou referida. Qualidade ou caráter: Tipo de sensação e emoção. Espontânea e/ou evocada. Intensidade: Resulta da interpretação global de aspectos sensoriais, emocionais e culturais. Sem dor, leve, moderada, intensa, muito intensa, pior do possível. Duração: Data de início da dor até o momento da anamnese. Evolução: Maneira como a dor evoluiu desde o seu início até o momento da anamnese. Como Investigar na Anamnese Relação com funções orgânicas: Essa relação é avaliada de acordo com a localização dada e os órgãos e estruturas situadas na mesma área Fatores desencadeante ou agravamentos: São os fatores que desencadeiam a dor, em sua ausência, ou que agravam, se estiverem presentes. Fatores atenuantes são dados como algumas funções orgânicas, posturas ou atitudes que aliviam a dor. Soma-se a isso utilização de medicamentos e fisioterapias Manifestações concomitantes: Várias manifestaçõesclínicas associadas à dor e relacionadas com a enfermidade de base. São de grande valia para o diagnóstico. Fácies da Dor Conjunto de dados exibidos na face do paciente, sendo ela resultante de traços anatômicos, expressão fisionômica e elementos psicológicos. Tipos de Fácies da Dor Fácies normal: Nenhuma alteração, normal. Tipos de Fácies da Dor Fácies hipocrática: Aspecto próximo a agonia Falta de gordura facial Pele de coloração escurecida Boca entreaberta Lábios afiliados Olhos fundos e parados Tipos de Fácies da Dor Fácies renal: Rosto pálido Rosto edemaciado, predominando o edema palpebra Tipos de Fácies da Dor Fácies leonina: Pele espessa Lepromas de tamanhos variáveis Sem supercílios Nariz espesso e largo Barba escassa Semelhante a um leão Tipos de Fácies da Dor Fácies Adenoidiana: Nariz pequeno e afiliado Boca entreaberta Tipos de Fácies da Dor Fácies Parkinsoniana: Olhar fixo Supercílios elevados Fronte enrugada Expressão de espanto Fisionomia facial semelhante a uma máscara Tipos de Fácies da Dor Fácies Acromegálica: Saliências das arcadas supra- orbitais Proeminências das maçãs do rosto Maior desenvolvimento da mandíbula, do nariz, lábios e orelhas Olhos aparecem pequenos Tipos de Fácies da Dor Fácies Mongolóide: Olhos oblíquos e bem distantes um do outro Braquicefalia Orelhas pontiagudas Tipos de Fácies da Dor Fácies de Depressão: Pouca expressividade do rosto Cabisbaixos com olhar voltado para o chão Sulco nasolabial acentuado Tristeza e sofrimento moral aparentes Tipos de Fácies da Dor Fácies Pseudobulbar: Súbitas crises de choro ou de riso que levam a um aspecto espasmódico, ao tentar contê-las Tipos de Fácies da Dor Fácies Etílica: Olhos avermelhados e uma certa ruborização na face Hálito etílico Voz pastosa Sorriso indefinido Tipos de Fácies da Dor Fácies Esclerodérmica (Fácies de Múmia): Imobilidade facial Endurecimento da pele Regulamento dos lábios Afinamento do nariz Imobilização das pálpebras Fisionomia parada, imutável e inexpressiva Referências PORTO, Celmo Celeno. Semiologia médica. 3 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1997.
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