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Catharina Gusmão 19.2 - FDUFBa Sexologia Forense 2 Medicina Legal – MED142 TÍTULO VI: DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL CAPÍTULO I: DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL ASPECTOS GERAIS: Parte da Medicina Legal (conjunto de conhecimentos médicos que servem ao Direito) que estuda os problemas médico-legais ligados ao sexo Possui como objeto de estudo todos os fenômenos ligados ao sexo e suas implicações no âmbito jurídico Ramo da medicina legal que estuda os crimes relacionados com a liberdade sexual: - Dos crimes contra a liberdade sexual - Antes/2008: dos crimes contra os costumes ESTUPRO: CP. Art. 213 – Constranger alguém mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso Pena – reclusão, de seis a dez anos Parágrafo 1º: se da conduta resulta lesão corporal se natureza grave ou se a vítima é menor de 18 anos ou maior de 14 anos Pena – reclusão, de oito a doze anos Parágrafo 2º: se da conduta resulta morte Pena – reclusão, de doze a trinta anos Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. § 1º Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência. § 3º Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave: Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos. § 4º Se da conduta resulta morte: Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos. Pessoa vulnerável: - Pessoa menor de 14 anos; Catharina Gusmão 19.2 - FDUFBa - Pessoa que por enfermidade/ deficiência mental, não tiver o necessário discernimento para a prática do ato; - Pessoa que por qualquer outra causa, não possa oferecer resistência. Súmula 593/STJ: “O crime de estupro de vulnerável se configura com a conjunção carnal ou prática de ato libidinoso com menor de 14 anos, sendo irrelevante eventual consentimento da vítima para a prática do ato, sua experiência sexual anterior ou existência de relacionamento amoroso com o agente OBS: A vítima deve se tratar de uma pessoa VIVA, visto que violação de cadáver não consta como crime sexual (atos de necrofilia) CP. Art. 212 – Vilipendiar cadáver ou suas cinzas Pena – detenção, de um a três anos ou multa Cp. Art. 210 – Violar ou profanar sepultura ou urna funerária Pena – reclusão, de um a três anos ou multa LAUDO PERICIAL/EXAME DE CONSTATAÇÃO DE CONJUNÇÃO CARNAL E/OU ATOS LIBIDINOSOS (QUESITOS MÉDICO LEGAIS) 1º - Há sinais de conjunção carnal recente e/ou prática de outro ato libidinoso? (em caso afirmativo, especificar) Em caso afirmativo ao 1º quesito: 2º - Há sinal de violência da qual tivesse resultado lesão corporal? 3º Trata-se de periciando (a) que, por enfermidade ou deficiência mental não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que por outra causa não pôde oferecer resistência? (em caso afirmativo, especificar) PERÍCIA: Exame de conjunção carnal e/ou de atos libidinosos: - Urgência médico-legal - Procedimentos efetuados pela vítima que prejudicam o exame (tomar banho, trocar de roupa, etc.) Avaliar a realização da conjunção carnal e/ou dos atos libidinosos Avaliar existência de lesão corporal Lesões corporais mais observadas: - Equimose em face interna das coxas ou áreas de defesa - Surgilações - Escoriações em pernas - Escoriações e constrições no pescoço Catharina Gusmão 19.2 - FDUFBa Conjunção carnal: É restritivo, referindo-se apenas ao ato de penetração do pênis na vagina (immissio penis in vaginam) Na conjunção carnal pode haver ruptura himenal, presença de esperma e gravidez Materialização do ato: - Ruptura himenal - Presença de espermatozoides na cavidade vaginal - Presença de PSA (antígeno específico da próstata) = Glicoproteína P30 na cavidade vaginal - Pesquisa de fosfatase ácida na cavidade vaginal (deve ser acima de 300U.K./mL) - Gravidez Hímen: - É uma membrana mucosa de forma variada permeável que separa a vulva da vagina Diagnóstico: - Integridade - Ruptura Interpretação das rupturas: - Muito recente: 1 a 6 dias - período de sangramento e equimose - Recente: 6 a 20 dias – bordas da ruptura esbranquiçadas com exsudação ou supuração e bordas da ruptura de coloração rosácea - Antiga: mais de 20 dias – bordas da ruptura completamente cicatrizadas Extensão: - Completa - Incompleta OBS: Complacência Himenal Depende da elasticidade da membrana, pode ocorrer de que o óstio não se rompa durante a conjunção carnal Óstio amplo, orla estreita e consistência elástica Outros fatores, como a lubrificação da mulher, as dimensões dos órgãos sexuais, bem como a proporção entre eles, podem fazer com que o hímen não se rompa durante a relação Catharina Gusmão 19.2 - FDUFBa Ato libidinoso: Cópula ectópica: - Coito anal (materialização do ato: sinais clínicos de lesões na região anal e coleta de material) - Sexo oral Manipulações na região genital e paragenital Exame para a verificação de ato libidinoso: - Exame da região anal e peri-anal: importância para a distinção de lesão traumática – interesse médico-legal - Coleta de material ano-retal - É importante a diferenciação de fissuras (diversas origens – patológicas) e rágades (sinal de violência) na região anal: Histórico: - História sexual pregressa - Antecedentes obstétricos - Ciclo menstrual - Data da última menstruação - Data da última relação consentida - Métodos anticoncepcionais - Dinâmica do fato Exame geral – lesões corporais? - Lesões para silenciar ou homicídio (tentado ou consumado) - Lesões de imobilização - Lesões por deslocamento ou arrasto - Lesões derivadas de atos libidinosos (para-genital, bem como outras zonas erógenas – pescoço, mamas, coxas, nádegas, etc.) - Avaliar outras situações que impossibilitem a vítima a evitar a realização da conjunção carnal e/ou dos atos libidinosos (deficiência mental, uso de drogas ou álcool, exame de sanidade mental, etc) Catharina Gusmão 19.2 - FDUFBa Exame região para-genital - Inspeção das áreas lesionais (áreas de mordidas) - Tipagem sanguínea da vítima - Identificação do perfil de DNA da vítima - Coleta de sangue (ISTs) Perito explica ao periciando o exame que será realizado DECRETO 7958 – 2013: - Estabelece diretrizes para o atendimento às vítimas de violência sexual pelos profissionais de segurança pública e da rede de atendimento do SUS - Permite que hospitais realizem: Exames: descrição das lesões, registro de informações e coleta de vestígios que são encaminhados, quando requisitados, às autoridades policiais - Serviços de Referência para a Atenção Integral às Pessoas em Situação de Violência Sexual - Atenção aos artigos 4º e 5º - Necessidade de atendimento humanizado, visto que gera graves consequências nas vítimas
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