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1 Alline Alvarez ABDOME AGUDO Definição Dor na região abdominal não traumática de início súbito, de intensidade variável c/ caráter evolutivo associado ou não a outros sintomas e que requer um tratamento precoce (leva o doente a procurar auxílio médico). A apendicite é mais comum em jovens, enquanto diverticulite, infarto intestinal, obstrução intestinal e doença biliar são mais comuns em idosos. Nem todo abdome agudo necessita de tratamento cirúrgico; Duração Algumas horas até quatro a sete dias, com necessidade de intervenção clínica ou cirúrgica (inferior a 24 hs). A dor pode ser súbita de forte intensidade ou lenta que aumenta gradativamente. Comer piora a dor da obstrução intestinal, cólica biliar, pancreatite e diverticulite. E melhora a dor pela úlcera péptica e gastrite; Hipocôndrio direito: Fígado, vesícula biliar Epigástrico: estômago, pâncreas, parte do fígado Hipocôndrio esquerdo: pedaço do estômago, baço Fossa ilíaca direita: Apêndice, ceco, ovário, trompas, ureter Mesogástrica: intestino, aorta abdominal 2 Alline Alvarez 1. Dor parietal – dor localizada – sistema nervoso cérebro-espinhal 2. Dor visceral – dor não localizada – sistema nervoso Autônomo 3. Dor referida – ex. irritações no diafragma provocam dor referida no ombro Inspeção do abdome: cicatriz, retração ou abaulamento, ascite, estrias, hérnias, circulação colateral; Ausculta Palpação: Começar pelo local que não tem dor, porque se começar pelo lugar que tem dor o paciente vai reclamar e não vai querer que continue o exame. Tem que palpar os 9 quadrantes, tanto a palpação superficial como profunda Percussão Toda vez que a gente palpa a barriga isso estimula o peristaltismo, e por isso os ruídos hidroaéreos aumentam. Por isso tem que fazer a ausculta antes; Fazer o exame físico enquanto conversa com a criança, para ela não se assustar; Classificação de Abdome agudo (não traumático) 1. Inflamatório Causas mais frequentes: apendicite, pancreatite aguda e diverticulite. Também pode ocorrer devido colecistite, doença inflamatória pélvica, peritonite primária (contaminação devido a translocação de bactérias que estão no intestino e formam uma infecção intra-abdominal, como em um paciente com ascite.) Peritonite secundária (paciente teve uma inflamação, começou a juntar líquido inflamatório na barriga que contaminou devido a apendicite, ou devido manipulação cirúrgica) No abdome agudo inflamatório, os ruídos hidroaéreos estão diminuídos. Vesícula biliar: 3 Alline Alvarez Inspeção: Sinal de Gray-Turner: indica pancreatite aguda (associado a sangramento no retroperitônio). É caracterizada por manchas equimóticas nos flancos. Sinal de Cullen: indica pancreatite aguda ou gravidez ectópica rota. É caracterizada por equimose periumbilical. Apendicite Aguda A apendicite é um processo inflamatório agudo e purulento, decorrente, na maioria das vezes, da dificuldade de drenagem do conteúdo apendicular; Gera aumento de volume do apêndice e isquemia. Em alguns pacientes pode haver perfuração e/ou formação de abscesso; Sua maior incidência é em adolescentes e adultos jovens; Às vezes pode ser necessário tomografia para confirmar o diagnóstico Dor inicialmente no mesogástrico (região periumbilical) – Depois se localiza na fossa ilíaca direita (Ponto de McBurney), indicando o comprometimento do peritônio periapendicular; Febre não costuma ser elevada (37,5 a 38º) e costuma não aparecer em idosos; Diferença entre a temperatura axilar e retal é maior que 0,5ºC Na maioria das vezes, os movimentos peristálticos ficam inibidos, podendo resultar em desaparecimento dos ruídos hidroaéreos (silêncio abdominal) 4 Alline Alvarez Desidratação (pois o paciente não sente vontade de comer e beber água) Taquicardia Critérios de Alvarado – APENDICITE AGUDA 3 sintomas: Dor migratória na fossa ilíaca direita – 1 Náusea, vômito - 1 Inapetência/anorexia -1 3 sinais: Dor a palpação na fossa ilíaca direita -2 Blumberg positivo -1 Febre -1 2 exames laboratoriais: Leucocitose -2 Desvio a esquerda (forma jovem e bastonete) -1 Resultado Menor que 5: baixa probabilidade (deixa em observação) 5 a 7: observação e reavaliação Maior que 8: considerar cirurgia Sinal de Blumberg: Traça uma linha entre o umbigo e a espinha ilíaca anterossuperior e divide em três e procura o ponto de McBurney. Depois comprime o solta esse ponto de forma abrupta. O paciente vai dar um pulinho. Gestante: apêndice se desloca cranialmente. Sinal de Rovsing: Palpação da fossa ilíaca esquerda (pode ser tanto compressão direta como movimento de rolamento) e vai gerar deslocamento de ar por todo cólon e vai provocar dor na região do apêndice que está inflamado. Sinal do Ilio-psoas: Pede para o paciente estender e levantar a perna e oferece resistência. Colecistite aguda Sinal de Murphy positivo, dor no hipocôndrio direito e epigástrio, dor continua. Sinal de Murphy: Pressiona com a mão ponto cístico e pede para o paciente respirar fundo. Se o sinal for positivo há uma interrupção da inspiração. Dor é contínua, localizada no hipocôndrio direito, podendo irradiar-se para o ângulo da escápula ou para o ombro direito, via nervo frênico. Pancreatite Aguda (está associada a presença de cálculos na vesícula ou ao uso de álcool) Paciente fica em posição antálgica Dor em faixa, que irradia para o dorso. 5 Alline Alvarez Dor continua que pode durar horas e até dias na região epigástrica e hipocôndrio esquerdo, com irradiação para o dorso. Essa dor piora com a alimentação e pode diminuir quando o paciente se inclina para frente ou comprime o tórax com joelho. Sintomas que acompanham: Náusea e vômitos, que pode levar a uma desidratação. Observa-se também parada de eliminação de gases com distensão abdominal, pela instalação do íleo paralítico. Exame físico: fácies de sofrimento, hipotensão, taquicardia, sudorese e palidez cutaneomucosa, sobretudo nas formas hemorrágicas; abdome encontra-se flácido. Sinal de Cullen (manchas azuladas periumbilicais) e sinal de Gray- Turner (manchas azuladas nos flancos) – GRAVE, presente na forma necro-hemorrágica Amilase e lipase elevadas (a lipase começa a se elevar depois de 48,72 horas). O paciente apresenta amilasúria. Na pancreatite aguda e ocorrem hemorragias por ruptura de vasos sanguíneos devido à digestão das paredes destes pelas enzimas pancreáticas ativadas, sobretudo pela elastase. O sangue extravasado fica restrito à glândula ou às cavidades retroperitoneal e peritoneal. A ultrassonografia deve ser solicitada logo após ser feita a hipótese diagnóstica. Pode pedir tomografia de abdome para avaliar e classificar a gravidade e nos casos em que o diagnóstico clínico está duvidoso. Mas nem toda pancreatite faz tomografia. O tratamento da pancreatite é jejum e hidratação, para o pâncreas ficar em repouso. Se não melhorar em 48h, aí pede a tomografia. Diverticulite Aguda História prévia de divertículos Tomografia de abdome (serve para confirmar a diverticulite) Dor em fossa ilíaca esquerda e hipogástrico Inflamação peritoneal: Paciente com irritação no peritônio, tem muita dor na ida de carro para o hospital, o paciente sente qualquer solavanco no trajeto. Durante o exame físico, paciente com irritação peritoneal geralmente fica bem imóvel no leito, durante a avaliação 2. Perfurativo Causas mais frequentes: Úlcera gastroduodenal perfurada, neoplasia gastrointestinal perfurada, febre tifoide, divertículos do cólon. Irritação peritoneal (localizada/generalizada) Abdome em tábua (musculatura permanece tensa e rígida durante todo o ciclo respiratório) 6 Alline Alvarez Sinal de Jobert Sinal de Jobert: desaparecimento da macicez e aparecimento de timpanismo na região do hepática. Presença de timpanismo na região da linha hemiclavicular direita, onde normalmente se encontra macicez hepática, caracterizando pneumoperitônio. (Pneumoperitônio é ar na cavidade abdominal que ocorre devido a perfuração de vísceras ocas) 3. Obstrutivo Causas mais frequentes: hérnia estrangulada, volvo e intussuscepção A maior causa é devido a formação de aderências entre alças intestinais como consequência de cirurgia abdominal prévia. Dor abdominal tipo cólica (porque o intestino está tentando fazer o peristaltismo, e aí vai causar dor) Náusea e vômito Parada de eliminação de gases e fezes Distensão abdominal progressiva O Raio-X é obrigatório para todo paciente com suspeita de obstrução Sinal do grão de café: indica volvo no colo sigmoide 7 Alline Alvarez Raio x Miolo de pão (todo furadinho): Indica fecaloma Exame físico Inspeção: Grande distensão abdominal Ausculta: Inicialmente, os ruídos hidroaéreos estão aumentados com timbre metálico (para tentar desobistruir) depois diminuem até se tornarem ausentes (quando o ruído diminui, está havendo diminuição da perfusão e que ao longo das horas vai evoluir para isquemia, necrose e perfuração) Percussão: hipertimpânico (pois o intestino está distendido e cheio de gás) Toque retal: Serve para identificar fator obstrutivo baixo, como fecaloma ou tumor e se tiver sangue no toque retal pode suspeitar de intussuscepção principalmente em crianças. Avaliar a existência de hérnias Raio X de abdome 4. Hemorrágico Causas: Gravidez ectópica rota, ruptura do baço, ruptura de aneurisma de aorta abdominal, cisto ovariano hemorrágico, necrose tumoral (mais comum 8 Alline Alvarez nos tumores de fígado, o tumor pode crescer demais e rompe e começa a sangrar), endometriose. Sinais e sintomas: Taquicardia, hipotensão e choque, palidez cutânea e de mucosa, discreta irritação peritoneal, descompressão brusca positiva (variável). Paciente se sente mal quando fica em pé, e tem a sensação de desmaio Toque retal: Fezes com sangue, geleia de morango, pode ser isquemia intestinal, principalmente em crianças. Dor no fundo de saco, pode ter sangue ou líquido inflamatório. ❖ Sinal de Grey-Turner → Pancreatite Aguda (sinal das manchas equimóticas em um dos flancos) ❖ Sinal de Cullen → Gravidez Ectópica Rota (coloração equimótica periumbilical) ❖ Sinal de DeBakey → Na inspeção do abdome com o paciente deitado, observa-se uma massa pulsátil, devido a pulsação da aorta. (Característico de aneurisma de aorta) Gravidez ectópica rota Tríade clássica: Dor abdominal, sangramento vaginal e atraso ou irregularidade menstrual. 5. Vascular Isquemia intestinal devido embolia da artéria mesentérica superior (30 a 50% dos casos). Embolo se desloca pelo vaso e entope. Trombose mesentérica (por alteração da placa aterosclerótica, que se tornam instáveis e causam obstrução) Torção do omento (capa de gordura que fica em frente do intestino) Torção de pedículo de cisto ovariano 9 Alline Alvarez Infarto esplênico (geralmente associada a pancreatite crônica, ou doença autoimune) Doença isquêmica intestinal: Fatores de risco: - Idade avançada, cardiopatias, doenças vasculares prévias, fibrilação atrial, doenças valvares, hipercoagulação. • Isquemia mesentérica aguda – Perda súbita do suprimento arterial – tromboembolismo da artéria mesentérica superior – Infarto com necrose de grandes porções ou todo o trato digestivo. Ausculta: diminuída ou abolida devido isquemia Questões: 1- Quais os tipos de abdome agudo? 2- Os seguintes sinais estão associados a qual tipo de abdome agudo: A- Sinal de blumberg positivo: dor na descompressão brusca positiva no ponto de McBurney (fossa ilíaca direita) B- Sinal de Murphy C- Sinal de Jobert D- Sinal de DeBakey: Abdome agudo hemorrágico Irritação peritoneal: Paciente dá um pulinho, quando o carro pula. 3- Paciente sexo masculino, 40 anos com história de dor abdominal em faixa há 3 dias, com irradiação para dorso após libação alcoólica, associado a náuseas e vômitos. Negava febre ou diarreia. Realizados exames de laboratório com amilase= 1000 U/L. Qual hipótese diagnostica? Quais as características esperadas na descrição do exame físico? Pancreatite aguda. REG, levemente descorado, taquicárdico, abdome doloroso a palpação no epigástrico e hipocôndrio esquerdo. RH diminuído. Sinal de Grey-Turner, Sinal de Cullen.
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