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Aula 6 - CONTROLADORIA NA EXECUÇÃO E

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CONTROLADORIA
CONTROLADORIA NA EXECUÇÃO E 
CONTROLE – CAPITAL DE GIRO
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Olá!
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
1. Identificar o conceito de capital de giro;
2. Reconhecer os indicadores de atividade;
3. Reconhecer e apurar o ciclo operacional e o ciclo de caixa;
4. Identificar a análise dinâmica do capital de giro.
1 Capital de giro
Preservação de liquidez - A administração do capital de giro envolve um processo contínuo de tomada de
decisões voltado principalmente para preservação da liquidez da empresa com objetivo de gerir cada item do
ativo e passivo circulantes, de tal forma que um nível aceitável de capital circulante líquido seja mantido.
Capital circulante líquido é a quantia de dinheiro que sobra após os passivos circulantes serem subtraídos dos
ativos circulantes.
Problemas de liquidez - Muitas empresas enfrentam problemas de liquidez em certos momentos em função
das naturais incertezas e irregularidades da atividade empresarial. Normalmente, essa escassez de recursos é
suprida por empréstimos de emergência obtidos junto a bancos e é corrigida a curto prazo pela reformulação de
prazos de duplicatas a receber e fornecedores.
Insolvência - A falta crônica de dinheiro e a perspectiva a longo prazo de agravamento de insuficiência de
entradas de caixa em face das saídas comprometidas caracterizam a insolvência.
Insolvência ocorre pela incapacidade de uma empresa solver (pagar) suas obrigações, ou seja, pela falta de
dinheiro no momento de vencimento da dívida.
Falta de dinheiro - Via de regra, a falta de dinheiro a curto prazo deve-se a cinco fatores:
• Desempenho de vendas aquém do esperado;
• Falta de controle das despesas;
• Prejuízo;
• Má administração do ativo e passivo circulantes;
• Excesso de investimentos em ativos não circulantes (principalmente investimentos e imobilizado).
Fluxo de caixa - Em outras palavras, toda empresa tem um fluxo de caixa em que as entradas naturalmente se
equilibram com as saídas. Essa harmonia é quebrada quase sempre por uma das cinco hipóteses descritas
anteriormente e só não será corrigida se a empresa for incapaz de obter os empréstimos adicionais necessários.
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2 Os indicadores de atividade
Compras de Mercadorias: Na consecução de suas atividades operacionais, a empresa persegue
sistematicamente a produção/compra de bens ou serviços e, consequentemente, vendas e recebimentos.
Estoque: A empresa procura, com isso, a obtenção de determinado volume de lucros, os quais possam satisfazer
às expectativas de retorno de suas fontes de financiamento.
Vendas: É no desenvolver de todo esse processo, que se identifica de maneira normal e repetitiva o ciclo
operacional da empresa, o qual pode ser definido como as fases operacionais existentes no interior dela, que vão
desde a aquisição de matéria-prima/mercadoria até o recebimento das vendas efetuadas.
Recebimento: A fim de possibilitar uma melhor gestão do capital de giro é importante conhecer o giro (ou a
quantidade de dias) de cada um dos itens que compõe esse ciclo operacional e financeiro.
3 Giro dos Estoques (GE) e Prazo Médio de Permanência 
em Estoque (PMPE)
Giro de estoque
A determinação do giro dos estoques é feita com base em duas informações:
a) o custo das vendas e
b) o saldo médio do estoque.
Rotação dos estoques da empresa
Basicamente, o giro dos estoques indica quantas vezes os estoques da empresa se renovaram no período. Assim,
quanto maior for esse indicador, maior é a rotação dos estoques da empresa.
Exemplo
Consideremos, para fins ilustrativos, as seguintes informações sobre certa empresa comercial:
- Saldo do estoque no início do período: R$ 110.000
- Saldo do estoque no final do período: R$ 130.000
- Custo das vendas do período: R$ 1.200.000
Como calcular
Para apurar o giro do estoque e o prazo médio permanência das mercadorias em estoque, o seguinte
procedimento deverá ser aplicado:
Giro do estoque = Custo da mercadoria
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Estoque médio
Giro de estoque = R$ 1.200.000 . 
(R$ 110.000 + R$ 130.000) /2
Giro de estoque = R$ 1.200.000
R$ 120.000
Giro de estoque: 10 vezes
Prazo médio de permanência em estoque = Número de dias do período
Giro de estoque
Prazo médio de permanência em estoque = 360
10
Prazo médio de permanência em estoque = 36 dias
Conclusão
Como percebemos, nesse caso, o estoque da empresa se renova 10 vezes durante o período que implica dizer
que as mercadorias permanecem, em média, 36 dias estocado.
4 Giro das Contas a Receber (GCR) e Prazo Médio de 
Recebimento (PMR)
Contas a receber: Nesse caso, para apurar os indicadores de atividades relacionados às contas a receber,
precisaremos das seguintes informações:
a) vendas a prazo e
b) saldo médio das contas a receber.
Giro das contas a receber O giro das contas a receber, à semelhança do giro dos estoques, indica o número de:
vezes que as contas a receber se renovam durante o período considerado.
Assim, quanto que amaior for o giro das contas a receber menor será o prazo médio de recebimento 
empresa concede a seus clientes.
Exemplo: Para exemplificar, considere as seguintes informações obtidas das demonstrações contábeis de certa
empresa:
Saldo das contas a receber no início do período - R$ 180.000
Saldo das contas a receber no final do período - R$ 120.000
Vendas de mercadorias (80% a prazo) - R$ 1.500.000
Fórmula GCR:
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Giro das contas a receber = Vendas a Prazo .
Contas a receber médio
Giro de contas a receber = R$ 1.500.000 .
(R$ 180.000 + R$ 120.000) / 2
Giro de comtas a receber = R$ 1.200.000
R$ 150.000
Giro de contas a receber = 8 vezes
Fórmula PMR:
Prazo médio de recebimento = Número de dia do período
Giro das contas a receber
Prazo médio de recebimento = 360
8
Prazo médio de recebimento = 45
5 Giro das Contas a Pagar (GCP) e Prazo Médio de 
Pagamento (PMP)
Contas a pagar: Da mesma forma que nos casos anteriores, a apuração dos indicadores de atividades
relacionados às contas a pagar precede das seguintes informações:
a) compras a prazo e
b) saldo médio das contas a pagar.
Sabe-se que quanto que osmaior for o giro das contas a pagar, menor será o prazo médio de pagamento
fornecedores concedem à empresa.
Giro das contas a pagar: Vamos considerar as seguintes informações para calcular o giro das contas a pagar e o
prazo de pagamento dos fornecedores:
- Saldo do estoque no início do período: R$ 110.000
- Saldo do estoque no final do período: R$ 130.000
- Custo das vendas do período: R$ 1.200.000
- Saldo dos fornecedores no início do período: R$ 168.000
- Saldo dos fornecedores no final do período: R$ 198.000
Obs.: 75% das compras são pagas a prazo
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Exemplo: Para apurarmos o giro das contas a pagar, precisamos conhecer o valor das compras das mercadorias.
Essa informação não está disponível nas demonstrações contábeis, no entanto podemos obtê-la relacionando a
posição dos estoques e o custo das vendas, como segue:
Estoque inicial + Compras - Estoque final = Custo das vendas
R$110.000 + Compras - R$130.000 = R$1.200.000
Compras = R$1.200.000 - R$110.000 + R$130.000
Compras = R$1.220.000
Aplicação: Agora é possível apurar o giro das contas a pagar, bem como o prazo médio de pagamento dos
fornecedores.
Giro das contas a pagar = Compras a Prazo .
Contas a pagar médio
Giro das contas a pagar = R$ 1.220.000 x 75% .
(R$ 168.000 + $ 198.000) / 2
Giro das comtas a pagar = R$ 915.000
R$ 183.000
Giro das contas a pagar = 5 vezes
Prazo médio de pagamento = Número de dias do período
Giro das contas a pagar
Prazo médio de pagamento = 360
5
Prazo médio de pagamento = 72 dias
6 Ciclo operacional e Ciclo financeiro
Os prazos médios só são úteis quando analisados em conjunto. Diante disto surge o conceito de ciclo operacional
que compreende o período de tempo que vai do ponto em que a empresa adquire a matéria-prima e se utiliza da
mão de obra no seu processo produtivo, até o ponto em que recebe o dinheiro pela venda do produto resultante.
Portanto,o ciclo operacional implica a ideia de tempo decorrido entre a saída e retorno ao caixa dos recursos
aplicados nos fatores de produção e de comercialização.
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Já o ciclo de caixa (ou ciclo financeiro) representa o período de tempo em que os recursos da empresa se
encontram comprometidos entre o pagamento dos insumos e o recebimento pela venda dos produtos acabados.
Quanto maior o ciclo financeiro, pior para a empresa, pois representa maior tempo de utilização de
financiamento e, portanto, maior custo financeiro.
Considerando então os prazos calculados nos exemplos utilizados, podemos apurar o ciclo operacional e o ciclo
financeiro da seguinte forma:
PMPE 36 dias
(+) PMR 45 dias
(=) CO 81 dias
(-) PMP (72 dias)
(=) CC 9 dias
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Pela análise desses números, podemos concluir que a empresa despende 81 dias entre comprar, vender e
receber as vendas. Ainda, em 72 dias deve pagar o fornecedor das mercadorias fazendo com que o seu ciclo de
caixa seja positivo em 9 dias, isto é, existe uma defasagem entre o pagamento do fornecedor e o recebimento
proveniente das vendas de 9 dias que precisam ser financiados.
7 Análise Dinâmica do Capital de Giro
Sob a ótica da análise financeira tradicional - que trabalha principalmente com os indicadores de análise de
balanços - o estudo dos demonstrativos contábeis, que têm como foco o Ativo e Passivo Circulantes, consagra os
indicadores de liquidez como alguns dos principais instrumentos de análise.
Avance a tela e veja quais são esses instrumentos de análise!
Contudo, apesar da utilidade e da objetividade desses indicadores, eles possuem pelo menos duas falhas. Puxe as
setas abaixo e veja quais são estas falhas!
a) pressupõem que, para pagar os compromissos de curto prazo, a empresa deve realizar integralmente seu
ativo circulante. Ora, essa situação somente ocorre quando da liquidação da empresa.
b) avaliam o desempenho passado, uma vez que os indicadores são o resultado das atividades anteriores em
termos de política de estocagem, de crédito, de compras, taxas de rentabilidade e do nível de utilização de
recursos de terceiros. Não são de grande utilidade, portanto, para uma avaliação da capacidade financeira da
empresa para períodos futuros.
Para uma avaliação que visa o estudo da capacidade econômico-financeira de enfrentar um período de
desenvolvimento ou uma política econômica recessiva, ou seja, olhando para o futuro da empresa, é necessário
estudar a composição do ativo e do passivo circulantes, relacionando os saldos contábeis com as atividades da
empresa sob a ótica financeira.
Se pensarmos na , podemos observar aspectos diferentes de acordo com os negóciosatividade operacional
realizados pela empresa.
Numa , a atividade operacional é a ; numa , asempresa de serviços venda de serviços empresa comercial
atividades operacionais são a ; numa , as atividadescompra e a venda de mercadorias empresa industrial
operacionais são a . Assim, quando falamos decompra de insumos, a fabricação e a venda de produtos
atividade operacional, estamos pensando em compra, fabricação e venda.
Dessa forma, podemos separar o ativo e passivo circulantes em dois grupos de contas: as que mantêm relação
direta com a atividade operacional da empresa e as demais contas.
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Num primeiro grupo estarão as contas que expressam saldos que podem ser considerados como efeitos
financeiros das atividades operacionais da empresa.
Estas serão denominadas no caso das contas do e de aplicações de capital de giro ativo circulante fontes de
 no caso das contas do .capital de giro passivo circulante
Num segundo grupo estarão as contas de natureza eminentemente financeira, cujos saldos não estão
diretamente relacionados com as atividades operacionais.
Estas contas são denominadas ou , demais contas do ativo circulante demais contas do passivo circulante
conforme o caso.
A seguir, apresentamos um modelo de reclassificação das contas de ativo e passivo circulantes:
Contas do Ativo Circulante
• APLICAÇÕES DE CAPITAL DE GIRO
• Clientes
• Estoques
• Despesas antecipadas
• Outras contas a receber
DEMAIS CONTAS DO ATIVO CIRCULANTE
• Disponibilidades
• Investimentos temporários
• Demais valores a receber
Contas do Passivo Circulante
• FONTES DE CAPITAL DE GIRO
• Fornecedores
• Obrigações fiscais
• Obrigações trabalhistas
• Adiantamento de clientes
• Outras contas a pagar
DEMAIS CONTAS DO PASSIVO CIRCULANTE
• Operações financeiras
• Demais valores a pagar
1. As demais contas do ativo ou passivo circulantes expressam saldos de operações que, uma vez realizadas (no
caso do ativo) ou liquidadas (no caso do passivo), transformam-se em entradas ou saídas de caixa, e não
necessariamente são renovadas, uma vez que não se relacionam com as atividades da empresa.
2. As contas que mantêm relação direta com o nível de atividades da empresa, identificadas como aplicação ou
fonte de capital de giro, possuem algumas peculiaridades importantes. São expressas aplicações e fontes
permanentes de recursos e, ao mesmo tempo, contas cíclicas, à medida que se renovam periodicamente, de
acordo com os prazos das operações.
3. A diferença entre o valor das aplicações de capital de giro e das fontes de capital de giro denominamos de 
 (NLCG). É preciso notar que o valor da NLCG pode ser positivo ounecessidades líquidas de capital de giro
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negativo. Quando for positivo, indica que as aplicações de capital de giro são maiores do que as fontes de capital
de giro, indicando que a empresa está investindo recursos no giro dos negócios. Por outro lado, quando for
negativo, indica que as fontes de capital de giro são maiores do que as aplicações de capital de giro, mostrando
que a empresa está obtendo (se financiando) recursos oriundos do giro dos negócios.
4. A diferença entre as demais contas do ativo circulante e as demais contas do passivo circulante denominamos
tesouraria (T).
Para ilustrar esses conceitos, vamos proceder à reclassificação das contas relacionadas abaixo e apurar a
necessidade de capital de giro e o saldo de tesouraria.
A seguir, veja mais detalhes sobre o quadro a cima!
APLICAÇÕES DE CAPITAL DE GIRO
Estoques 20.000
Clientes 18.000
Despesas antecipadas 2.000
Subtotal 40.000
FONTES DE CAPITAL DE GIRO
Fornecedores 15.000
Salários a pagar 10.000
ICMS a recolher 8.000
Adiantamento de clientes 5.000
Subtotal 38.000
Perceba que a reclassificação das contas do circulante permite uma análise mais profunda do capital de giro, uma
vez que a necessidade líquida do capital de giro indica o quanto de financiamento é necessário para o giro dos
negócios, e o saldo de tesouraria revela a capacidade de captação e aplicação de recursos no curto prazo.
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No exemplo que utilizamos, verificamos que a necessidade líquida de capital de giro foi de R$2.000, o que
significa dizer que a empresa necessita desse recurso para financiar suas atividades operacionais.
De outro lado, o saldo de tesouraria, negativo em R$500, indica que a empresa obteve financiamento de curto
prazo suficiente para financiar suas necessidades financeiras (de curto prazo), sendo este valor remanescente
utilizado para cobrir parte da necessidade de capital de giro.
Assim, o capital de giro líquido da empresa foi de R$1.500 (ativo circulante - passivo circulante, R$44.500 -
R$43.000) e pode ser melhor analisando pela segregação do que se refere aos negócios e ao financiamento.
O que vem na próxima aula
• Análise econômico-financeira;
• Análise horizontal e vertical;
• EBITDA e ROI.
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Identificou o conceito de capital de giro e sua importância na gestão dos ativos e passivos de curto prazo;
• Reconheceu os indicadores de atividades e apurar o ciclo operacional e financeiro;
• Identificou a análise dinâmica do capital de giro e apurar a necessidade líquida de capital de giro e o 
saldo de tesouraria.
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