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12ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA - DEFESA DO CONSUMIDOR
Rua 23, Esq. com Av. B, Qd. A-6 – Térreo – Sl. T- 29 – Jardim Goiás Telefone: (62) 3243-8649 - Goiânia – GO – CEP: 74805-100
Excelentíssimo Senhor Juiz de Direito da Vara Cível da Comarca de Goiânia-Go.
O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS, ora
representado pelos Promotores de Justiça de Defesa do Consumidor, infra-assinados e que recebem intimações de estilo, pessoalmente, na Rua 23 esq. c/ Av. B, qd. 06, lts. 15/24, Jardim Goiás, Sala T-29, nesta, com fundamento no artigo 129, II, III e IX da Constituição Federal, somado aos artigos 1º, II. 2º, 3º, 5º, caput, 11, 12, da Lei Federal 7.347, de 24.07.85, que disciplina a Ação Civil Pública, e, ainda, nos artigos 6º, VI; 81, parágrafo único e incisos I, II e III; 82, I; 83, 84, caput e parágrafos 3º e 4º; 87 e 91 do Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078, de 11.09.90) propõe a presente:
 	AÇÃO CIVIL PÚBLICA COM PEDIDO DE LIMINAR	
contra o Supermercado WAL MART BRASIL LTDA., pessoa jurídica de direito privado, inscrito no CNPJ nº 00.063.640/0067-27 e inscrição estadual n º 10.410.287-0, localizada na Avenida Independência, s/nº, Setor Central, Goiânia-Go, na pessoa de seu representante legal, pelas razões de fato e de direito que passa a expor.
 (
RESUMO
 
DA
 
PRETENSÃO
)
 (
14
)
Tem a presente ação civil pública a seguinte pretensão:
I – Demonstrar que o réu oferta os produtos aos consumidores sem preço fixado na gôndola;
II – Demonstrar que o réu oferta produtos sem etiqueta de preço fixados no mesmo;
III – Demonstrar que nos produtos ofertados pelo réu há variação entre os preços da gôndola, da etiqueta e da barra de leitura de forma contumaz;
IV – Demonstrar que a conduta do réu é prática abusiva;
V – Demonstrar que as práticas abusivas causam dano moral coletivo (difuso);
VI – Demonstrar que houveram Termos de Ajuste de Conduta firmado com outros grandes supermercados (ICP: 55 usque 68);
VII – Demonstrar que outras ações com o mesmo objeto e causa de pedir já foram apresentadas contra outros grandes supermercados com liminares deferidas, sentenças julgadas procedentes e decisões do Tribunal de Justiça de Goiás que mantiveram sentença de primeiro grau (ICP: 69 usque 87) .
Os pedidos contidos nesta ação civil pública são:
I – na defesa do interesse difuso, que seja condenado o réu a pagar a quantia de R$100,00 (cem reais), a ser destinado ao Fundo de Defesa do Consumidor, por unidade de produto exposto na prateleira que estiver sem preço fixado na gôndola;
II – na defesa do interesse difuso, que seja condenado o réu a pagar a quantia de R$1.000,00 (Mil reais), a ser destinado ao Fundo de Defesa do Consumidor, por unidade de produto exposto na prateleira com divergência entre os preços da gôndola/preço da etiqueta; preço da gôndola/preço barra de leitura; preço da etiqueta/preço da barra de leitura;
III - na defesa do interesse difuso, que seja condenado o réu a pagar a quantia de R$ 1.000,000,00 (Um milhão de reais) a ser destinado ao Fundo de Defesa do Consumidor por dano moral coletivo (difuso);
Para melhor compreensão, apresentamos o índice:
* Intróito.	01
– Dos fatos	04
– Da legitimidade do Ministério Público na defesa dos direitos e interesses difusos	06
– Da necessidade da ação coletiva	11
– Da competência da Justiça Estadual e da Comarca de Goiânia, Estado de Goiás	12
– Da Configuração da relação de consumo e incidência do Código de Defesa do Consumidor	13
– Da prática abusiva	17
– Dos preços que na barra de leitura são menores do que os fixados na etiqueta e na gôndola	22
– Do vício de qualidade por falha na informação e a responsabilidade objetiva do réu	23
– Do dano moral coletivo (difuso)	25
– Do quantum da condenação em dano moral coletivo	30
– Da inversão do ônus da prova	32
– Do pedido de liminar	34
– Da multa no caso de descumprimento da liminar	36
– Do pedido	37
– Dos pedidos em sede de liminar	37
– Dos pedidos em sede de mérito	38
 	1 – DOS FATOS.	
O Ministério Público instaurou Inquérito Civil n º 209/2011 para apurar praticas abusivas e lesivas aos consumidores perpetradas pelo réu em razão de ofertar produtos sem a informação correta dos preços por não ter preço afixado na gôndola e/ou por haver diferença de preço entre o preço da gôndola, da etiqueta e da barra de leitura para mais ou para menos.
Apurou-se no Inquérito Civil que o réu oferta produtos aos consumidores sem fixação de preço na gôndola1 em muitos dos produtos pesquisados. Em pesquisa realizada pelo PROCON-GOIÁS às folhas 06 usque 10 do Inquérito Civil Público, dos 270 produtos pesquisados foram constatados 55 produtos sem o preço fixado na gôndola, conforme relatório às folhas 06 do inquérito civil público.
Apurou-se no Inquérito Civil que o réu oferta produtos sem fixar a etiqueta de preço no produto. Em pesquisa realizada pelo PROCON-GOIÁS às folhas 06 usque 10 do inquérito civil público, dos 270 produtos pesquisados foram constatados 55 produtos sem etiqueta de preço, conforme relatório às folhas 06 do inquérito civil público.
Apurou-se no Inquérito Civil que o réu oferta produtos com divergência entre o preço da gôndola/preço da etiqueta; preço da gôndola/preço da barra de leitura; preço da etiqueta/preço da barra de leitura. em muitos dos produtos pesquisados. Em pesquisa realizada pelo PROCON-GOIÁS às folhas 06 usque 10 do inquérito civil público, dos 270 produtos pesquisados foram constatados 55 produtos com divergência de preços, conforme relatório às folhas 06 do inquérito civil público.
Tais condutas perpetradas pelo réu configuram práticas abusivas e lesiva aos direitos dos consumidores, colocando em sobressalto consumidores indeterminados que não têm certeza do valor real a ser pago no caixa, ferindo, assim, os princípios basilares do Código de Defesa do Consumidor que amparam os consumidores no âmbito difuso, quais sejam, princípio da confiança, principio da boa-fé objetiva, principio da informação, principio da lealdade. Tal conduta acarreta um dano moral coletivo (difuso) que somente poderá ser inibido com a imposição de multa pela prática abusiva e indenização por dano moral coletivo.
1“Gôndola: 3 Market, Estante ou conjunto de prateleiras em supermercados”
 (
2
 
–
 
DA
 
LEGITIMIDADE
 
DO
 
MINISTÉRIO
 
PÚBLICO
 
NA
DEFESA
 
DOS
 
DIREITOS
 
E
 
INTERESSES
 
DIFUSOS.
)
Para o julgamento de mérito, faz-se necessário a presença dos pressupostos processuais de validade e de existência e dos elementos das condições da ação. Estes últimos são compostos pela possibilidade jurídica do pedido, interesse de agir e legitimidade para agir2. O Ministério Público tem legitimidade ad causam para defender interesses coletivos em sentido amplo, este é o gênero do qual fazem parte as subespécies interesse difuso, interesse coletivo em sentido estrito e interesse individual homogêneo com relevância social. Assim, determina a Constituição Federal no seu artigo 127 caput e 129, inciso III, respectivamente, in verbis:
“Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.”
“Art. 129. São Funções institucionais do Ministério
Público:
III – promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos;”
No mesmo sentido prescreve a legislação infraconstitucional no artigo 1 º, inciso II e IV da lei 7.347/853 e no artigo 81 do Código de Defesa do
2 Código de Processo Civil: Art. 3 º. Para propor ou contestar uma ação é necessário ter interesse e legitimidade.
3 Lei 7.347/85: Art. 1º. Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular, as ações
de responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados: II – ao consumidor;
V – a qualquer outro interesse difuso ou coletivo;
Consumidor ao definir o que são as subespécies de interesse coletivo em sentido amplo, in verbis:
“Art. 81. A defesa dos interessese direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo.
Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando
se tratar de:
I – interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para os efeitos deste Código, os transindividuais, de natureza indivisível de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato;
II – interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para os efeitos deste Código, os transindividuais de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base;
III – interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem comum.”
A legitimidade do Ministério Público, também, é aferida na interpretação literal do artigo 5 º da lei 7.347/854, artigo 25, inciso IV da lei 8.625/935 e artigo 82, inciso I do Código de Defesa do Consumidor, in verbis:
“Art. 82. Para os fins do artigo 81, parágrafo único, são legitimados concorrentemente:
4 Lei 7.347/85: Art. 5 º. A ação principal e a cautelar poderão ser propostas pelo Ministério Público, pela União, pelos Estados e Municípios. Poderão também ser propostas por autarquia, empresa pública, fundação, sociedade de economia mista ou por associação que:
5 Lei 8.625/93: Art. 25. Além das funções previstas nas Constituições Federal e Estadual, na Lei Orgânica e em outras leis, incumbe, ainda, ao Ministério Público:
IV – promover o inquérito civil e a ação civil pública, na forma da lei:
a) para a proteção, prevenção e reparação dos danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, aos bens e direitos de valor artísticos, estético, turístico e paisagístico, e a outros interesses difusos, coletivos e individuais indisponíveis e homogêneos;
I – o Ministério Público;”
Por oportuno, vale citar o insigne processualista Nelson Nery Júnior (1995:358 e 366), que, em consonância com a Profª. Ada Pellegrini Grinover6, assevera:
“O art. 82 do CDC confere legitimidade ao Ministério Público para ajuizar ações coletivas na defesa de direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos dos consumidores. Assim agindo, a lei infraconstitucional (CDC) agiu em conformidade com a Constituição Federal, porque a defesa do consumidor, além de garantia fundamental (artigo 5º, inciso XXXII, Constituição Federal) é matéria considerada de interesse social pelo artigo 1º, do CDC.” (grifo nosso)
Segundo o ensinamento de Nelson Nery Júnior e Rosa Maria de Andrade Nery7, o que caracteriza o interesse como sendo difuso, coletivo em sentido estrito ou individual homogêneo é a correlação lógica entre a causa de pedir e o pedido deduzido em juízo. No mesmo sentido é a lição de Hugo Nigro Mazzilli8:
“Temos, não raro, ouvido de alunos perguntas semelhantes a esta: a defesa de contribuintes é matéria de interesses difuso, coletivo ou individual homogêneo? Ora, a resposta correta vai depender do pedido que venha a ser concretamente formulado na ação civil pública ou coletiva. Se a ação civil pública ou coletiva pedir uma reparação indivisível em proveito de grupo indeterminável, os interesses discutidos serão difusos; se a reparação objetivada for indivisível, mas o grupo determinável, e estiver sob o ataque apenas da relação jurídica básica, que deva ser discutida de maneira uniforme para todos os integrantes do grupo, os interesses serão coletivos, em sentido estrito; se a reparação objetivada for divisível entre os integrantes do grupo lesado, então os interesses serão individuais homogêneos.”
6 Código de Defesa do Consumidor, 5ª edição, Forense, 1997, p. 675/677.
7 Assim ensina os renomados autores (Código de Processo Civil Comentado. 5 ª edição. editora Revista dos Tribunais. 2001. p. 1882 e 1883): “Caracterização do direito. O que qualifica o direito como difuso, coletivo, ou individual homogêneo é o conjunto formado pela causa de pedir e pelo pedido deduzido em juízo. O tipo de pretensão material, juntamente com o seu fundamento é o que caracterizam a natureza do direito.”
8 MAZZILLI; Hugo Nigro. A Defesa dos interesses Difusos em Juízo.Editora Saraiva. 15 º edição.
Diante do exposto, indagamos: Em uma mesma ação civil pública pode ser discutido duas ou as três espécies de interesses coletivos em sentido amplo? A resposta é afirmativa. Pela leitura da causa de pedir deduzimos que é necessário, em uma única ação civil pública, fazer pedido mediato na defesa de direitos e interesses difusos e na defesa de direitos e interesses individuais homogêneos com relevância social. Mas no caso em questão discute-se apenas a defesa de direitos e interesse difusos.
Segundo o demonstrado na causa de pedir (próxima e remota), o Ministério Público tem legitimidade para defender os direitos e interesses difusos, pois estão presentes, in casu, os seus requisitos, quais sejam, sujeito indeterminado, objeto indivisível e surge de uma circunstância de fato. O sujeito indeterminado resta configurado com a conduta do réu de ofertar produtos a consumidores indeterminados sem informação correta dos preços. Assim, qualquer consumidor do Estado de Goiás (4.848.725) e do Brasil (170.000.000) recebem uma informação incorreta do preço, ou porque vão ao estabelecimento comercial ou porque firmam contrato de compra e venda via internet. O objeto indivisível está presente, pois é impossível quantificar, a principio, em quanto cada consumidor foi lesado e indeniza-lo no quantum devido, a lesão pode ser de centavos de reais ou de alguns reais o que afetaria o interesse- utilidade para apresentar ações individuais. A situação de fato resta configurada ao ofertar o réu produtos com informação incorreta do preço.
Por todo o exposto, resta configurado a legitimidade do Ministério Público na defesa de interesses e direitos difusos no caso em questão.
 	2.1– DA NECESSIDADE DA AÇÃO COLETIVA.	
A ação coletiva tem por finalidade discutir em juízo questões de interesse de um número indeterminado de pessoas ou de um grupo, classe ou categoria de pessoas, assim evitando que os cidadãos lesados abarrotem o judiciário com ações individuais. Imaginemos que cada consumidor lesado em seu patrimônio e na sua moral procurasse o Poder Judiciário para se ver ressarcido e indenizado a sua moral lesada. O Poder Judiciário ficaria assoberbado de trabalho dificultando a prestação jurisdicional de outras lides com grande desprestígio para a administração da justiça.
O direito constitucional de acesso a Justiça é um direito individual e coletivo para apresentar a pretensão do autor ao Poder Judiciário. As ações coletivas diminuem o custo do Estado na prestação jurisdicional e o custo do cidadão ao apresentar sua pretensão. Imaginemos que um consumidor lesado contrate um advogado, pague às custas processuais e despesas outras (transportes, tempo, paciência) para se ver ressarcido em alguns centavos de reais e ou em alguns reais, esta ação fatalmente poderia ser extinta por falta de interesse-utilidade da prestação jurisdicional Este consumidor, do ponto de vista econômico, seria taxado pelos outros como tendo pouco discernimento, pois gastaria muito para receber pouco. Ademais, o réu somente teriam sua conduta inibida se milhares de consumidores ingressassem na Justiça, o que não acontece nem quando há valores maiores a serem discutido, como no caso da complementação da indenização do seguro DPVAT que os valores discutidos chegam a mais de R$2.000,00 (dois mil reais) por consumidor.
In casu, a ação coletiva é a medida adequada na defesa dos consumidores para combater a prática abusiva perpetrada pelo réu.
 (
2.2–
 
DA
 
COMPETÊNCIA
 
DA
 
JUSTIÇA
 
ESTADUAL
 
E
 
DA
COMARCA
 
DE
 
GOIÂNIA,
 
ESTADO
 
DE
 
GOIÁS.
)
O foro competente para a propositura da ação civil pública é o da comarca de Goiânia. Argumentamos:
In casu, a causa remota (fato gerador) deste direito refere-se a defesa de interesses difusos. O interesse difuso resta configurado, pois o pedido mediato tem por fim a proteção de pessoas indeterminadasque são potencialmente consumidoras dos produtos ofertados pelo réu, mas o local do dano e a sua abrangência tem repercussão mais intensa na comarca de Goiânia, assim, este é o foro competente para apresentar a ação civil pública, nos termos do artigo 93, inciso II do Código de Defesa do Consumidor:
“Art. 93. Ressalvada a competência da Justiça Federal, é competente para a causa a Justiça local:
I – o foro do lugar onde ocorreu ou deva ocorrer o dano, quando de âmbito local; (grifo nosso)
II – no foro da Capital do Estado ou no Distrito Federal, para os danos de âmbito nacional ou regional, aplicando-se as regras do Código de Processo Civil aos casos de competência concorrente.”
 (
3
 
–
 
DA
 
CONFIGURAÇÃO
 
DA
 
RELAÇÃO
 
DE
 
CONSUMO
 
E
INCIDÊNCIA
 
DO
 
CÓDIGO
 
DE
 
DEFESA
 
DO
 
CONSUMIDOR
.
)Outras ações judiciais já foram apresentadas contra diversos outros Supermercados e julgadas por esta Justiça, conforme contas às folhas 34 usque 89 dos autos.
A relação jurídica firmada entre o réu e os consumidores é uma relação de consumo, logo, aplica-se o Código de Defesa do Consumidor, regido pela lei 8.078, de 11 de setembro de 1990 para disciplinar esta relação jurídica. Vejamos.
Para configurar uma relação jurídica de consumo é necessário se fazer presente duas partes, quais sejam, o fornecedor e o consumidor.
O réu são os fornecedores, pois são eles as pessoas jurídicas privadas que desenvolvem atividades de comercialização de produtos, ofertando aos consumidores, sendo que sua atividade tem subsunção ao artigo 3 º do Código de Defesa do Consumidor , in verbis:
“Art. 3 º Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
ou imaterial.
§ 1º Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material
§ 2 º Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado
de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.” (grifo nosso)
No outro pólo está o consumidor e ele é a pessoa física ou jurídica destinatária final dos produtos ofertados, sendo que sua conduta tem subsunção ao artigo 2 º do Código de Defesa do Consumidor, in verbis:
“Art. 2 º Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.
Parágrafo	único.	Equipara-se	a	consumidor	a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.”
Diante do exposto, inquestionável é a existência de relação de consumo entre o réu e os consumidores determináveis (aqueles que firmam contrato de compra e venda) e os consumidores indetermináveis (aqueles que não firmaram contrato mas foram exposto à prática abusiva). Argumentamos.
O princípio da igualdade (CF: art. 3, inciso I e 5 º, inciso I e outros)9 insculpido explicitamente e implicitamente em diversas partes da Constituição Federal é um princípio nuclear a iluminar o operador do direito na busca de solução de conflitos de interesses intersubjetivos surgidos na complexidade da vida moderna e na realização da justiça. Portanto, este princípio aplica-se nas relações contratuais, buscando um equilíbrio de forças entre o sujeito ativo e sujeito passivo da relação jurídica. Porém, a vida moderna nos mostra que é impossível um equilíbrio de forças entre aqueles que exercem atividade mercantil (fornecedores) e aqueles que adquirem um produto como destinatário final (consumidor) e, por tal razão, o Constituinte concedeu uma proteção especial aos consumidores (Constituição Federal: art. 5 º XXXII e art. 170, inciso V e ADCT art. 48)10 por serem eles hipossuficientes e a parte vulnerável da relação jurídica.
O Código de Defesa do Consumidor é um microssistema aplicado para reger relações jurídicas onde as partes contratantes estão em desigualdade de forças para contratar e sua finalidade é equilibrar esta relação de forças, impedindo que a arbitrariedade e a injustiça reine na sociedade. O raciocínio mais equânime para identificar o consumidor é o que analisa pelo ângulo de sua vulnerabilidade, ou seja, da sua fraqueza, do seu desconhecimento técnico sobre aparelhos sofisticados, do seu desconhecimento jurídico e a sua fragilidade perante o poderio econômico da outra
9 Constituição Federal/88:
Art. 3 º. Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I – Construir uma sociedade livre, justa e solidária;
Art. 5 º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade nos termos seguintes:
10 Constituição Federal/88:
Art. 5 º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade nos termos seguintes:
XXXII – o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
(...)
V – defesa do consumidor; ADCT:
Art. 48. O Congresso Nacional, dentro de cento e vinte dias da promulgação da constituição, elaborará o Código de defesa do consumidor.
parte. Esta é a interpretação teleológica do artigo 4 º do Código de Defesa do Consumidor, in verbis:
“Art. 4 º A Política Nacional das relações de Consumo tem por objeto o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendido os seguintes princípios:
I – reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo;
O réu abarca nas suas relações jurídicas consumidores determinados (aqueles que firmam contrato de compra e venda) e os consumidores indetermináveis (aqueles que não firmaram contrato mas foram exposto à prática abusiva). Assim, trata-se de prática abusiva efetivada pelo réu previsto no Artigo 39 do Código de Defesa do Consumidor. Tal artigo está contido no Capítulo V, da Lei 8.078/9011. O Artigo 29 do CDC, primeiro Artigo do mesmo capítulo V, reza:
“Art. 29. Para o fim deste capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele prevista.”
Ademais, o parágrafo único, do Artigo 2, do Código de Defesa do Consumidor estatui:
“Art. 2º. Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.
Parágrafo Único: Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.”
11 Código de Proteção e Defesa do Consumidor.
Assim, conforme acima exposto, estamos diante, no caso em testilha, de dois conceitos de consumidor por equiparação12, o que torna mais nítida a relação de consumo.
 	3.1 – DA PRÁTICA ABUSIVA.	
A causa remota narrada na inicial e os documentos acostados a ela comprova que o réu têm conduta na relação contratual com os consumidores que vão de encontro ao Código de Defesa do Consumidor. A conduta do réu configura uma prática abusiva e lesiva aos princípios básicos do direito do consumidor, a saber, princípio da transparência, da boa-fé objetiva, da lealdade, da informação, da confiança e outros, assim, não cumprem o réu seus deveres anexos impostos por normas de ordem pública a todos aqueles que figuram como fornecedores na relação contratual. Vejamos:
O Código de Defesa do Consumidor é um microssistema jurídico que rege relaçõescontratuais em que o sujeito ativo e passivo estão em desequilíbrio de forças para contratar e tem por fim equilibrar as forças dos contratantes para preservar a autonomia racional da vontade13 dos consumidores para que possam ser emitidas de forma refletida, autônoma e livre de pressões. Para tal desiderato, as normas jurídicas deste microssistema são de ordem pública, conforme inteligência do seu artigo 1 º14 e impõe deveres aos fornecedores que devem ser cumpridos sob pena de incidirem em ilicitude civil.
12 Ou consumidor by standart, como prefere Nelson Nery Junior.
13Assim ensina Claudia Lima Marques, Contrato no Código de Defesa do Consumidor, editora Revista dos Tribunais, 4 º edição,p. 591: “Como mencioamos anteriormente (Parte I, item 3.2), a expressão de Nicole Chardim (autonomia racional” é feliz, pois indica a importância dos novos direitos dos consumidores e dos novos deveres dos fornecedores, em especial, dos deveres anexos de informar, de cooperar, de tratar com lealdade e com cuidado o consumidor no momento de formação dos contratos, pois somente se asseguramos este novo patamar de conduta no mercado poderemos alcançar uma vontade realmente refletida, autônoma e “racional” dos consumidores.”
14Código de Defesa do Consumidor: Art. 1 º . O presente Código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, de ordem pública e interesse social, nos termos dos arts. 5 º, inciso XXXII, 170, inciso V, da Constituição Federal e art. 48 de suas disposições Transitórias.
Os deveres anexos dos fornecedores determinam que eles devem pautar a sua conduta com os consumidores na venda de seus produtos e serviços com cooperação, lealdade, transparência, boa-fé, gerando confiança e informando o consumidor sobre os seus produtos. De outro lado, um dos requisitos do Código Comercial para caracterizar o empresário é o monopólio da informação, pois é o empresário/fornecedor que orquestra sua atividade comercial e avalia os seus risco, assim, tem ele noção dos riscos quando oferta seus produtos e serviços e ficará numa situação privilegiada em relação ao consumidor. É justamente por conhecer seu produto ou serviço é que tem ele o dever de informar o seu parceiro contratual vulnerável, qual seja, o consumidor. O dever de informar do fornecedor tem subsunção ao artigo 31 do Código de Defesa do Consumidor. in verbis:
“Art. 31. A oferta e apresentação de produtos e serviços devem assegurar informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam a saúde e segurança dos consumidores.”(grifo nosso)
Pelo princípio da vinculação da oferta, o Fornecedor fica vinculado à oferta feita ao consumidor em toda a sua extensão, especificamente ao preço. Nada mais justo, pois sua atitude foi refletida, ponderada e avaliada antes de ser ofertada. Neste sentido é o artigo 30 do Código de Defesa do Consumidor. In verbis:
“Art. 30. Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação, com relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado.”
A conduta do réu narrada na causa remota e comprovada com a documentação acostada à inicial, demonstra que eles não estão cumprindo o seu dever de informar o consumidor de forma precisa, clara, correta e ostensiva, conforme o
comando do artigo 31, pois não fixam o valor dos produtos nas gôndolas e etiquetas dos preços nos produtos. Ademais, não cumprem o princípio da vinculação da oferta, conforme o comando do artigo 30 do Código de Defesa do Consumidor, pois em muitos produtos o preço ofertado na gôndola ou na etiqueta de preço do produto, quando estes existem, não corresponde ao preço da barra de leitura, pagando o consumidor pelo produto um preço maior em muitas das vezes.
Dessa forma, a conduta do réu é uma prática abusiva e vedada pelo Código de Defesa do Consumidor, pois lesa princípios norteadores do Estatuto Consumerista, coloca o consumidor em desvantagem e gera enriquecimento ilícito pelo réu. Neste sentido é o artigo 39, caput¸ e inciso V:
“Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços dentre outras práticas abusivas:
V – exigir do consumidor vantagem manifestamente
excessiva;”
O negócio jurídico realizado pelo fornecedor (supermercados) e consumidor é um contrato de compra e venda concretizado pela tradição e formalizado pelo cupom fiscal, suas cláusulas contratuais estariam implícitas na relação, mesmo não estando escritas. Assim, seriam nulas de pleno direito, conforme inteligência do artigo 51, incisos IV, XV, § 1 º. In verbis:
“Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:
IV – estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade;
...,...,...
ao consumidor;
que:
XV – estejam em desacordo com o sistema de proteção
...,...,...
§ 1 º Presume exagerada, entre outros casos, a vantagem
I – ofende os princípios fundamentais do sistema jurídico a que pertence;(grifo nosso)
II – restringe direitos ou obrigações fundamentais inerentes à natureza do contrato, de tal modo a ameaçar seu objeto ou equilíbrio contratual;
III – se mostra excessivamente onerosa para o consumidor, considerando-se a natureza e conteúdo do contrato, o interesse das partes e outras circunstâncias peculiares ao caso.”
Inquestionavelmente, a conduta perpetrata pelo réu tem subsunção aos artigos supra citados e configuram uma prática abusiva a qual deve ser coibida pelo Poder Judiciário, impedindo o enriquecimento ilícito dos fornecedores e exigindo a adequação da sua conduta aos deveres impostos pelo Ordenamento Jurídico Consumerista.
 (
3.2
 
–
 
DOS
 
PREÇOS
 
QUE
 
NA
 
BARRA
 
DE
 
LEITURA
 
SÃO
MENORES
 
DO
 
QUE
 
OS FIXADOS
 
NA
 
ETIQUETA
 
E
 
NA
 
GÔNDOLA.
)
A fornecedora poderia vir a alegar na sua defesa que é impossível informar precisamente o consumidor sobre o preço, pois são inúmeros os produtos e, ademais, sofre a fornecedora prejuízo, pois alguns produtos tem o preço na barra de leitura menor do que o contido na gôndula ou na etiqueta de preço fixada no produto. Tal argumento seria um absurdo e ofensivo ao bom senso de um homem médio. QUANDO O CONSUMIDOR VAI COMPRAR MANTIMENTOS ELE VAI AO SUPERMERCADO E SE QUISESSE TESTAR SUA SORTE IRIA A LOTERIA. SE O CONSUMIDOR ADQUIRE PRODUTOS EM QUE O PREÇO DA BARRA DE LEITURA FOI MENOR DO QUE O FIXADO NA ETIQUETA OU NA GÔNDOLA, NÃO FOI SORTE DO CONSUMIDOR E SIM INCOMPETÊNCIA DO FORNECEDOR EM
ORGANIZAR A SUA ATIVIDADE COMERCIAL. A relação jurídica de compra e venda regida pelo Código de Defesa do Consumidor tem natureza paritária onde o preço é certo e determinado e não aleatório.
Caso seja verdade que o réu não conseguem organizar sua atividade comercial e acabem vendendo alguns produtos por preço menor do que o contido na etiqueta e na gôndola, concluímos que esta ação civil pública tem dupla finalidade, quais sejam, a proteção do consumidor e a proteção do réu, pois com a imposição de multa por unidade de produtos sem informação correta ou com diferenças de preço para menor, o réu ficariam incentivados a organizar sua atividade comercial e, consequentemente, não sofreriam prejuízo. Esta ação civil pública promoveria por vias obliquas a harmonização dos interesses dos fornecedores e consumidores prescrito no artigo 4 º, inciso III do Código de Defesa do Consumidor.
 (
4
–
DO
VICIO
DE
QUALIDADE
POR
FALHA
NA
INFORMAÇÃO
 
E
 
A
 
RESPONSABILIDADE
 
OBJETIVA DOS
 
RÉU.
)
A concepção tradicional do contrato que atendeu as necessidades sócio-econômicas do século passado à época do liberalismo econômico, acreditava que a autonomia e a liberdade contratual era plena, pois oscontraentes poderiam
firmar a avença e o pactuado era lei entre as partes. Porém esta concepção desconsiderava a vulnerabilidade econômica e social dos contraentes e por tal razão não atende as necessidades do homem deste século. A nova concepção de contrato limita a autonomia da vontade e impõe deveres aos contratantes mais fortes que oferta produtos a um número indeterminado de pessoas.
Os contratos de massa impõe aos fornecedores o dever de agir com lealdade com seus consumidores, inspirando confiança a eles. O princípio da confiança é um dos vetores de interpretação da nova concepção de contrato, pois o consumidor é a parte vulnerável desta relação jurídica e acredita que o fornecedor passará as informações sobre o produto de forma clara e precisa, até porque, é um direito do consumidor, conforme inteligência do artigo 6 º, inciso III do Código de Defesa do Consumidor.In verbis:
“Art. 6 º São direitos básicos do consumidor:
III – a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que apresentem;
VI – a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos;”
In casu, os consumidores tem o direito de serem informados sobre o preço do produto de forma precisa, clara e ostensiva, conforme o artigo 6 º inciso III, da Lei 8.078/90 e, por outro lado, o réu tem o dever de informar o preço, conforme inteligência do artigo 31 do Código de Defesa do Consumidor. Se ocorre infração ao direito dos consumidores de serem informados e, conseqüentemente, lesão ao princípio da confiança, da transparência, da lealdade e da boa-fé objetiva, princípio estes norteadores na nova concepção de contratos (contratos regidos pelo Código de Defesa do Consumidor) acarreta o vício de qualidade por falha na informação a qual deverá ser coibida. Neste sentido, é o artigo 18 da Lei 8.078/90:
“Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com as indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas.
O vício de qualidade por falha na informação do preço é uma prática abusiva e deve ser coibida.
 	5 – DO DANO MORAL COLETIVO (DIFUSO).	
Imaginemos a seguinte cena: Um consumidor de posse de R$10,00 (dez reais) procura a loja do Réu e compra os produtos A e B com preço na gôndola de R$3,48 e R$ 6,25 e para confirmar o valor dos produtos que pretende comprar procura no produto a etiqueta e não encontra o preço. Em seguida, dirige-se ao caixa e ao passar seus produtos na barra de leituras e informado pela funcionária que o valor de sua compra dá um total de R$10.96. Imaginemos o constrangimento, o desconforto deste consumidor perante os outros que estão na fila. Este fato é perfeitamente possível como prova às folhas 06 dos autos.
Outra situação hipotética é a do consumidor que procura esta rede de lojas de supermercados porque acredita que a sua conduta é pautada pelo princípio da confiança, da boa-fé, da transparência e na pressa que o mundo moderno impõe faz as suas compras. Ao chegar em casa, faz uma perícia contábil nas compras e descobre que pagou uma quantia maior, pois alguns produtos tinham o preço da gôndola maior que o preço da etiqueta.
Em ambas situações, o consumidor se sente lesado, ferido no seu patrimônio e principalmente na sua moral. Inconformado, pensa procurar o Poder Judiciário para fazer cessar esta prática abusiva, porém, percebe que mesmo que venha a ganhar, sua atitude cidadã é insuficiente para coibir esta prática abusiva, pois
como já diz o ditado, “uma andorinha só, não faz verão”, para impedir esta conduta lesiva do réu é necessário que milhares de consumidores abarrotem o Poder Judiciário de ações.
A única maneira de coibir esta prática abusiva é condenar a ré em uma quantia em dinheiro por causar dano moral coletivo (difuso). Vejamos:
Existe uma moral coletiva (difusa)? A resposta é afirmativa. A cada dia a sociedade evolui e se torna mais complexa, a cada dia é exigido mais do consumidor para ter conhecimentos sobre diversos produtos e serviços. Assim, é impossível ter conhecimento de tantos produtos e serviços que nos são apresentados hodiernamente. O consumidor é forçado a confiar no fornecedor, o consumidor precisa acreditar que as informações que lhe são passadas são verdadeiras e respeitam o seu patrimônio moral e material. Por exemplo: Quando vamos a uma farmácia, confiamos que o medicamento que nos compramos não possui nenhum vício e que não prejudicará a saúde de nenhum consumidor. Quando o consumidor vai receber o seguro DPVAT, confia que o valor que está sendo pago a ele, corresponde ao determinado na lei; Quando o consumidor vai ao supermercado confia que a informação sobre o preço do produto será facilmente identificado e que o preço da etiqueta, da gôndola e da barra de leitura são idênticos. Assim, o princípio da confiança e o da boa-fé objetiva é um valor cultural espraiado na sociedade, é um valor coletivo. Imaginemos no caso público e notório do medicamento Celobar. Que segurança teremos quando formos ingerir um medicamento desta marca ou com o mesmo princípio ativo? Nenhuma, pois a moral coletiva foi afetada. Sempre nos perguntaremos se não seremos os próximos a virmos a óbito.
A moral coletiva é um valor cultural que orienta o comportamento dos homens e lhes dá a paz de espírito, a tranqüilidade para confiar que o outro não lhe prejudicará. A moral coletiva é um valor metaindividual. Quando é lesada a moral coletiva é causado um pânico na sociedade que coloca em alvoroço a todos. Dizemos mais, a sociedade somente se manterá e sobreviverá se os princípios que regem os contratos de massa forem interpretados de forma mais abrangente, assim, teríamos o
princípio da confiança coletivo, o princípio da transparência coletivo, o principio da boa-fé obejtiva coletiva, o principio da lealdade coletivo. Assim, o fornecedor que lese a moral coletiva (difusa) deve ser condenado a ressarcir a um fundo uma quantia em dinheiro com a finalidade de evitar que outros venham a querer lesar a moral coletiva.
A moral coletiva é um fato jurídico e protegido pelo nosso Ordenamento Jurídico. Vejamos.
A Constituição Federal no seu artigo 1 º, inciso III elegeu como fundamento da República Federativa do Brasil a dignidade da pessoa humana e no dizer de Raul Machado Horta este princípio é vetor de interpretação das normas constitucionais, o que ele denomina de Constituição plástica. Concretizar o princípio da dignidade da pessoa humana, também, é proteger o consumidor, sendo este um direito fundamental insculpido no artigo no artigo 5 º XXXII da CF/88 e considerado cláusula pétrea.
A garantia de proteção do consumidor ocorre pelo acesso a Justiça individualmente pelos consumidores e coletivamente através de ação civil pública por seus legitimados, pois o princípio de acesso a justiça (CF: art. 5 º XXXV) possui uma acepção coletiva em sentido amplo, pois visa a proteger os interesses e direitos difusos, coletivos em sentido estrito e individuais homogêneos com relevância social (CF: art. 127, inciso III). A proteção do consumidor somente se efetiva quando o seu patrimônio material e moral é amparado preventivamente e repressivamente, caso tenha ocorrido a lesão.
O Constituinte ao prever instrumentos processuais como a ação civil pública para proteção dos interesses coletivos em sentido amplo, inquestionavelmente, por uma questão de lógica jurídica, tinha o intento de amparar a moral coletiva (difusa). Se pensarmos que a proteção do dano moral pode dar-se apenas com a iniciativa individual de cada consumidor, seria aceitar que as normasconstitucionais não tem aplicação, são letra morta. O constituinte tinha o intento de coibir os abusos praticados contra os consumidores em quantias pequenas, pois estas condutas somente serão efetivamente coibidas se forem condenadas as fornecedoras em dano moral coletivo.
Os réus são incentivados a manterem sua prática abusiva por uma questão de estatística, pois é rentável lesar o consumidor. De cada cem consumidores lesados, poucos percebem que foram lesados, os mais atentos teram o dissabor de ter de reclamar e ainda seram taxados como increnqueiros por brigarem por centavos de real. Se algum consumidor inconformado apresentar sua pretensão ao Poder Judiciário visando o ressarcimento de danos patrimoniais e morais receberá uma indenização muito pequena. Enfim, é rentável lesar o consumidor.
A defesa do consumidor que é lesado em quantias pequenas somente é coibida com a condenação da fornecedora em dano moral coletivo. Neste sentido, a Constituição Federal de 1988, no seu artigo 5 º, inciso X15, reza que o consumidor dever ser indenizado pelo dano moral sofrido, pois a imposição do respeito a moral é uma das garantias do respeito à dignidade humana (CF: art. 1º, inciso III). Consoante à Constituição Federal, caminha o Código de Defesa do Consumidor no seu artigo 6 º , inciso VI, in verbis:
“Art. 6 º. São direitos básicos do consumidor:
VI – a efetiva reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos.” (grifo nosso)
No mesmo sentido a Lei 7.347/85 no seu artigo 1 º versa a idéia que a proteção do consumidor ocorre no âmbito patrimonial e moral e no seu artigo 13 prevê a existência de um fundo de Defesa do Consumidor.
O FUNDO ESTADUAL DO CONSUMIDOR é gerido por órgãos de defesa do consumidor do Estado de Goiás e tem por finalidade gerar PROGAMAS DE EDUCAÇÃO PARA O CONSUMO EM TODO O ESTADO DE GOIÁS e
aparelhar órgãos (Procons Municipais, Delegacias de Defesa do Consumidor, Procon
15 Art. 5 º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.
Estadual, entre outros) de defesa do consumidor. As indenizações por dano moral coletivo deverão ser carreadas para o FUNDO ESTADUAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR, pois somente as a aplicação destes recursos na defesa da própria sociedade de consumo será capaz de minimizar os danos morais sofridos pela comunidade de consumidores goianos.
O Código de Defesa do Consumidor reza no seu artigo 4º, inciso
VI, in verbis:
“Art. 4 º A política Nacional das Relações de Consumidor tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria de sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios:
VI – coibição e repressão eficientes de todos os abusos praticados no mercado de consumo, inclusive a concorrência desleal e utilização indevida de eventos e criações industriais das marcas e nomes comerciais e signos distintivos, que possam causar prejuízo aos consumidores” (grifo nosso)
O princípio da coibição do abuso deve ser eficientemente aplicado para fazer cessar as práticas abusivas dos réus, pois a condenação em dano moral coletivo (difuso) é a melhor atitude para cessar a prática abusiva e impedir a indústria da indenização a o abarrotamento do Poder Judiciário com indenizações.
Diante do exposto, a condenação dos réus em dano moral coletivo é imprescindível para a efetiva defesa do consumidor.
 (
5.1
 
–
 
DO
 
QUANTUM
 
DA
 
CONDENAÇÃO
 
EM
 
DANO
MORAL
 
COLETIVO.
)
O princípio da razoabilidade e da proporcionalidade são vetores para a fixação do quantum deve ser condenado o réu em dano moral coletivo.
O valor a ser arbitrado deve ser necessário e suficiente para coibir o abuso e incentivar o réu a cumprir os seus deveres anexos, quais sejam dever de lealdade, de informação, de boa-fé objetiva, de confiança e respeito com os seus consumidores e acabar com esta prática abusiva que tirando um pouquinho de cada consumidor ganha-se muito e não pode ser tão excessiva a ponto de levar o réu à falência, porém, deve levar em conta os lucros obtidos pelo réu durante anos de lesão ao consumidor, a qual se locupletou ilicitamente.
Iluminados pelo princípio da razoabilidade, raciocinemos: Considerando que milhares de consumidores ingressam diariamente o estabelecimentos do réu e sintam dificuldades de encontrar o preço real do produto; Considerando o desconforto, o tempo gasto e outros dissabores sofridos pelos consumidores; Considerando que o número de autenticações chega a casa de milhares por dia: Considerando que 300 (trezentos) consumidores diariamente sejam lesados em R$3,00 cada por divergências de preços entre a etiqueta ou a gôndola e a barra de leitura dando um total de R$900,00 (novecentos reais) por dia de lucro ilícito para o réu; Considerando que no mês (30 dias) o lucro ilícito é de R$27.000,00 (vinte e sete mil reais); Considerando que no ano o lucro ilícito é de R$324.000,00 (trezentos e vinte e quatro mil reais); Considerando que durante os cinco próximos anos o réu se locupletará ilicitamente somando um total de R$ 1.620.000,00 (um milhão seiscentos e vinte mil reais); Considerando que essa estimativa tem por base o princípio da razoabilidade, pois o número de autenticações diárias fatalmente ultrapassam a casa das mil unidades. Podemos concluir que é razoável e proporcional para coibir a prática abusiva do réu a condenação na quantia de R$1.000.000,00 (Um milhão de reais).
Tal valor, no que pese ser uma quantia inferior à estimativa dos ganhos pelo réu, pensamos ser uma valor justo para incentivar o réu a cumprirem os seu deveres anexos com os seus consumidores.
 	6– DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA.	
O Código de Defesa do Consumidor, art. 6º, inc. VIII, prevê para qualquer ação fundada nas relações de consumo, bastando para tanto que haja hipossuficiência do consumidor ou seja verossímil a alegação do dano.
“Art. 6º. São direitos básicos do consumidor:
(...);
VIII – a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiência;
(...)” (grifo nosso).
Trata-se de aplicação do princípio constitucional da isonomia (tratar desigualmente os desiguais), pois o consumidor, como parte reconhecidamente mais fraca e vulnerável na relação de consumo, tem de ser tratado de forma diferente, a fim de que seja alcançada a igualdade real entre os partícipes da relação de consumo. Neste sentido é a doutrina do Professor Nelson Nery Jr. in Código de Processo Civil Comentado, 4ª ed, Saraiva, 1999, p. 1806, verbis:
“A inversão pode ocorrer em duas situações distintas: a) quando o consumidor for hipossuficiente; b) quando for verossímil sua alegação. As hipóteses são alternativas, como claramente indica a conjunção ou expressa na norma ora comentada. A hipossuficiência respeita tanto à dificuldade econômica quanto à técnica do consumidor em poder desincumbir-se do ônus de provar os fatos constitutivos de seu direito”.
Na relação contratual entre o réu e seus consumidores (determinados e indeterminados), estes se encontram em estado de hipossuficiência jurídica e fática, visto que estão em situação de extrema desvantagem.
Sobre o momento da inversão do ônus da prova é por oportuno colacionar a doutrina do Professor Nelson Nery Jr.:
“O juiz, ao receber os autos para proferir sentença, verificando que seria o caso de inverter o ônus da prova em favor do consumidor, não poderá baixar os autos em diligência e determinarque o fornecedor faça a prova, pois o momento processual para a produção desta prova já terá sido ultrapassado. Caberá ao fornecedor agir, durante a fase instrutória, no sentido de procurar demonstrar a inexistência de alegado direito do consumidor, bem como a existência de circunstâncias extintivas, impeditivas ou modificativas do direito do consumidor, caso pretenda vencer a demanda. Nada impede que o juiz, na oportunidade de preparação para a fase instrutória (saneamento do processo), verificando a possibilidade de inversão do ônus da prova em favor do consumidor, alvitre a possibilidade de assim agir, de sorte a alertar o fornecedor de que deve desincumbir-se do referido ônus, sob pena de ficar em situação de desvantagem processual quando do julgamento da causa”
Posto isto, o Ministério Público requer a inversão do ônus da prova, cabendo ao réu desconstituir as alegações fáticas e jurídicas consignadas nesta inicial.
 (
7
–
DO
PEDIDO
DE
LIMINAR
EM
RAZÃO
DA
PRESENÇA
 
DO
 
FUMUS
 
BONI
 
IURIS
 
E
 
DO
 
PERICULUM
 
IN
 
MORA.
)
O pedido de liminar é deferido pelo Poder Judiciário quando presentes os requisitos da fumaça do bom direito (fumus boni iuris) e do perigo da demora (periculum im mora). e encontra amparo legal no artigo 12 da lei 7.347/85 e no artigo 84 § 3 º do Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/90), in verbis:
“Art. 12. Poderá o juiz conceder mandado liminar, com ou sem justificação prévia em decisão sujeita a agravo.”
“Art. 84 Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento.
(...)
§ 3º. Sendo relevante o fundamento da damanda e havendo justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia, citado o réu.
Segundo o narrado na causa de pedir remota da inicial e provado com a documentação acostada, o réu oferta produtos aos consumidores sem preço fixado na gôndola; oferta produtos sem etiqueta de preços fixados nos produtos e oferta produtos com variação entre os preços da gôndola, da etiqueta e da barra de leitura.
O fumus boni iuris está presente, pois a conduta do réu é lesiva aos princípios da transparência, da lealdade, da confiança, da boa-fé objetiva e da informação que são princípios norteadores do Código de Defesa do Consumidor e lesivas as normas jurídicas prescritas nos artigos 4 º, 6 º, inciso III, 30, 31, 39, inciso V e 51, inciso IV, XV, §1º e inciso I, II e III todos do Código de Defesa do Consumidor. O consumidor tem o direito inafastável de ser informado corretamente e precisamente sobre o produto, especificamente, seu preço.
O periculum in mora está presente, pois a conduta do réu é uma prática abusiva perpetrada ao longo do tempo como prova os documentos acostados aos autos e até os dias de hoje não foi tomada nenhuma providência por parte do réu. As últimas pesquisas feitas neste mês de dezembro/2005 pelo Procon-Goiânia provam que o réu ainda continua com a sua conduta lesiva ao consumidor e não informam corretamente o preço. Na última pesquisa realizada às folhas 06 usque 89 do inquérito civil público, constatou-se que dos 790 itens pesquisados, 58 estavam com divergência de preço.
Os requisitos do fumus boni iuris e do periculum in mora estão presentes e justificam a concessão da liminar por parte do Poder Judiciário para coibir esta prática abusiva perpetradas pelos réu.
 (
7.1
 
–
 
DA
 
MULTA
 
NO
 
CASO
 
DE
 
DESCUMPRIMENTO
 
DA
LIMINAR.
)
Para que as decisões judiciais (liminares ou de mérito) sejam cumpridas, notadamente, tratando-se de obrigação de fazer e não fazer, faz-se necessário a aplicação de multa liminar ou uma astreinte. Trata-se de uma coação de caráter econômico, com objetivo de dissuadir o devedor inadimplente a fim de que este cumpra a obrigação. A imposição de obrigação de fazer (ou não fazer) só tem efetividade prática com a imposição de multa diária.
O fundamento legal da imposição pecuniária encontra-se no artigo 84, parágrafo 4º do CDC, verbis:
“Art. 84 Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento.
(...)
§ 3º. Sendo relevante o fundamento da damanda e havendo justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia, citado o réu.
§ 4º. O juiz poderá, na hipótese do § 3º ou na sentença, impor multa diária ao réu, independente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando prazo razoável para o cumprimento do preceito.”
Assim, para que o Estado-Juiz não fique desmoralizado em razão de eventual não cumprimento da liminar, faz-se necessária a fixação de multa pecuniária para o efetivo cumprimento das decisões judiciais e realizando o poder-dever do Estado no exercício preponderante da jurisdição.
 	8 – DO PEDIDO.	
 	8.1 – DOS PEDIDOS EM SEDE DE LIMINAR.	
Ante o exposto, o Ministério Público requer em sede de liminar:
– que na defesa dos direitos e interesses difusos, seja concedida liminar e impelido o réu à obrigação de fazer, qual seja, fixar os preços na gôndola, sob pena de multa de R$100,00 (cem reais) por unidade de produto exposto na prateleira, a ser destinada ao Fundo Estadual de Defesa do Consumidor, Criado pela Lei 12.207, de 20 de dezembro de 1.993 e ao Fundo Municipal de Defesa do Consumidor criado pela lei municipal 7.170, de 29 de dezembro de 1.997, sendo 50% para cada fundo, conforme fundamentado no item 7I - o Ministério Público,
- que na defesa dos direitos e interesses difusos, seja concedida liminar e impelido o réu à obrigação de não fazer, qual seja, não ofertar produtos expostos nas prateleiras com divergência entre o preço da gôndola/ preço da etiqueta; preço da gôndola/preço da barra de leitura; preço da etiqueta/preço da barra de leitura, sob pena de multa de R$1.000,00 (mil reais) por unidade de produto exposto na prateleira, a ser destinada ao Fundo Estadual de Defesa do Consumidor, Criado pela Lei 12.207, de 20 de dezembro de 1.993 e ao Fundo Municipal de Defesa do Consumidor criado pela lei municipal 7.170, de 29 de dezembro de 1.997, sendo 50% para cada fundo, conforme fundamentado no item 7;
 	8.2 – DOS PEDIDOS EM SEDE DE MÉRITO.	
Ante o exposto, o Ministério Público requer em sede de mérito:
– O recebimento da presente petição;
– A isenção de custas e emolumentos e outros encargos, nos termos do artigo 87 do Código de Defesa do consumidor e artigo 18 da Lei de ação civil pública;
8.2.3. – A citação do réu o Supermercado WAL MART BRASIL LTDA., pessoa jurídica de direito privado, inscrito no CNPJ nº 00.063.640/0067-27 e inscrição estadual n º 10.410.287-0, localizada na Avenida Independência, s/nº, Setor Central, Goiânia-Go, na pessoa de seu representante legal;
– A confirmação dos pedidos feitos em sede de liminar no item 8.1, quais sejam:
“8.1.1 – que na defesa dos direitos e interesses difusos, seja concedida liminar e impelido o réu à obrigação de fazer, qual seja, fixar os preços na gôndola, sob pena de multa de R$100,00 (cem reais) por unidade de produto exposto na prateleira, a ser destinada ao Fundo Estadual de Defesa do Consumidor, Criado pela Lei 12.207, de 20 de dezembro de 1.993 e ao Fundo Municipal de Defesa do Consumidor criado pela lei municipal 7.170, de 29 de dezembro de 1.997, sendo 50% para cada fundo, conforme fundamentado no item 7;
8.1.2 - que na defesa dos direitos e interesses difusos, seja concedida liminar e impelido o réu à obrigação de não fazer, qual seja, não ofertar produtos expostos nas prateleiras com divergência entre o preço da gôndola/ preço da etiqueta; preço da gôndola/preço da barra de leitura; preço da
etiqueta/preço da barra de leitura, sob pena de multa de R$1.000,00 (mil reais) por unidade deproduto exposto na prateleira, a ser destinada ao Fundo Estadual de Defesa do Consumidor, Criado pela Lei 12.207, de 20 de dezembro de 1.993 e ao Fundo Municipal de Defesa do Consumidor criado pela lei municipal 7.170, de 29 de dezembro de 1.997, sendo 50% para cada fundo, conforme fundamentado no item 7;”
– Na defesa dos direitos e interesses difusos, seja condenado o réu a pagar indenização por dano moral coletivo pela prática abusiva no valor de R$ 1.000.000,00 (Um milhão de reais) a serem destinados ao Fundo Estadual de Defesa do Consumidor, criado pela lei 12.207 de 20 de dezembro de 1.993 e ao Fundo Municipal de Defesa do Consumidor criado pela lei municipal 7.170, de 29 de dezembro de 1.997, sendo 50% para cada fundo, conforme fundamentado no item 5 e item 5.1;
– A inversão do ônus da prova a favor do consumidor nos termos do artigo 6º, inciso VIII do Código de Defesa do Consumidor, conforme fundamentado no item 4;
– A intimação pessoal do autor – mediante entrega dos autos – nas Promotorias de Justiça do Consumidor (12 º e 70 º) situadas no edifício sede do Ministério Público salas t-29 e t-31, localizado na rua 23, lote 15/24, esquina com a avenida B, Jardim Goiás, Goiânia-GO, de conformidade com o que prescreve o artigo 41, inciso IV, da lei 8.625/93;
– Protesta por provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito, especialmente, depoimento pessoal dos dirigentes da requerida, oitiva de testemunhas, juntada de documentos, perícias, sem prejuízo dos meios que eventualmente se fizer necessário à completa elucidação dos fatos articulados nessa petição;
Dá-se a causa, para todos os fins, o valor de R$ 1.000.000,00 (Um
milhão de reais).
Goiânia, 29 de novembro de 2011.
MURILO DE MORAIS E MIRANDA
Promotor de Justiça

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