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Exclusão da Ilicitude (Art 23 do Código Penal)

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Exclusão da ilicitude:
Art. 23. Não há crime quando o agente pratica o fato:
I — em estado de necessidade;
II — em legítima defesa;
III — em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
Excesso punível
Parágrafo único. O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo.
O art. 23 apresenta situações em que o ato ilícito possui causa justificada. No entanto, não se analisa somente o aspecto objetivo da excludente de ilicitude, também se analisa o aspecto subjetivo, como no exemplo da legítima defesa da pessoa que age movido por vingança, essa pessoa não tem o amparo do artigo 23. A ilicitude é a contrariedade do fato típico com o ordenamento jurídico como um todo, não havendo nenhuma norma fomentando ou permitindo a conduta típica. É o segundo elemento do crime. 
O consentimento do titular de um bem jurídico tem caráter de causa supralegal justificante, que afasta a proibição da conduta disposta em lei, como no caso de cárcere privado (art. 148), furto (art. 155) e dano (art. 163), desde de que atenda certas condições: o consentimento do ofendido ser livre, sem uso de coação, fraude ou outro vício de vontade, ele tenha noção das consequências, se trate de bem jurídico disponível e que o fato típico (o crime) se limite e se identifique com o consentimento do ofendido. 
Em qualquer causa de justificação, o agente responde por excesso, que pode decorrer do dolo, da culpa ou de caso fortuito (nesse último caso, o agente é isento de responsabilidade penal). O excesso ocorre em um segundo momento, quando a situação inicialmente configure a existência de uma excludente. O excesso doloso ocorre quando o agente aproveita uma situação excepcional e atua deliberadamente para impor sacrifício maior do que aquele estritamente necessário à salvaguarda do seu direito ameaçado. O excesso é culposo quando involuntário, podendo ocorrer por erro escusável ou erro de proibição evitável, ocorre do equívoco do agente. O excesso culposo só é punível se houver previsão legal da modalidade culposa. O excesso punível, seja ele doloso ou culposo, decorre do uso imoderado ou desnecessário de um meio que resultou em algo mais grave do que o esperado nas circunstancias.
Quem cumpre estritamente dever imposto por lei não comete crime, mesmo que eventualmente essa conduta venha a configurar tipo penal (art. 23 – III, CP). Em sentido de estrito cumprimento de dever legal (e apenas do dever legal, não configurando obrigações de natureza social, moral e religiosa), a lei (ou decreto, regulamento, etc.) pode impor determinada conduta, e mesmo ele sendo típica, ela não é ilícita. É o caso do carrasco que executa a pena de morte, o carcereiro que encarcera o prisioneiro e o policial que prende em flagrante, casos somente em que é justificável esse tipo de comportamento. O art. 292 do Código Processual Civil, contudo, não permite que o agente do Estado utilize força excessiva que leve a ferir ou matar o delinquente, mesmo que haja resistência. Configura como legitima defesa o caso em que a resistência (ilegítima) do delinquente apresenta grave risco ao agente do Estado, que pode utilizar a força, desde que empregue moderadamente os meios para repelir ou impedir a agressão. Os destinatários naturais desta excludente de criminalidade são os agentes públicos, mas nada impede que os cidadãos também sejam destinatários, como é o caso dos pais que possuem o dever de guarda, vigilância e educação de seus filhos (art. 231, IV, do CC). A tolerância ao castigo imposto aos menores sob a guarda dos pais e tutores eram permitidos, mas agora é superado (e para os mestres, a permissividade é completamente abandonada) para evitar autenticas torturas e restrições censuráveis da liberdade e integridade do menor de idade. O cumprimento do dever deixa de ser estritamente no âmbito da legalidade quando, por condução e procedimento inadequado do agente, esse cumprimento passe a se configurar como abuso, excesso, ultrapassando os limites do estritamente necessário. 
O exercício regular de um direito jamais poderá ser antijurídico, seja ele público, privado, penal ou extrapenal, desde que os requisitos objetivos exigidos pela ordem jurídica sejam obedecidos. É a hipótese em que o cidadão pratica uma conduta de acordo com as normas permitidas em direito, seja penal, seja extrapenal. Vale dizer: aquilo que é permitido não pode ser ao mesmo tempo proibido. É o caso das intervenções médicas e cirúrgicas. É o caso também do resultado danoso de esportes regularizados pelo governo, como o boxe, a luta livre, o futebol, etc. No entanto, se o esportista ignorar as regras que disciplinam a sua modalidade ele poderá responder pelo resultado lesivo que produziu, seja em decorrência de dolo ou culpa. Os ofendículos são as defesas predispostas que objetivam impedir ou dificultar a ofensa de um bem jurídico (patrimônio, domicilio, etc.). Os ofendículos são de fácil percepção para o agressor (fragmentos de vidro no muro, grades, etc.) e as defesas mecânicas não (armas automáticas predispostas, cercas eletrificadas, etc.) que protegem a propriedade ou outro bem jurídico, são obstáculos. Alguns autores incluem o uso de ofendículos na excludente do exercício regular do direito (a própria decisão de instalar ofendículos constitui o direito de autoproteger-se) ou até mesmo na legitima defesa (legitima defesa preordenada) quando atinge o agressor, mas são censuradas se atingir um inocente. 
O estrito cumprimento de dever legal é a hipótese em que o agente público, cumprindo as determinações legais, não prática conduta ilícita (contrário ao ordenamento jurídico). No cumprimento do seu mister, o agente público pode, eventualmente, agredir bem jurídico de outrem (direito de liberdade), se ele estiver dentro das determinações legais, esse fato não é ilícito. Art. 301 do Código Processual Penal, o flagrante compulsório: acontecendo uma hipótese de flagrante, a autoridade deverá agir. O delegado tem a obrigatoriedade de proceder em flagrante quando ele verifica a prática de um crime. A lei permite, autoriza e obriga essa conduta. Essa atitude seria considerada cárcere ou sequestro se não fosse cometida por um agente público que no estrito cumprimento do dever legal, se conduz. Outro exemplo é o do Oficial de Justiça que, por ordem do juiz, penhora um bem tutelado de alguém. Essa atitude seria considerada furto se fosse praticada por qualquer outra pessoa que não estivesse agindo no estrito cumprimento de dever legal, o oficial de justiça, no entanto, está respaldado por uma determinação judicial. É análogo a furto, mas não o é. Requisitos: Proporcionalidade e razoabilidade. Conhecimento da situação de fato justificante (elemento subjetivo): O indivíduo deve agir sabendo que está no estrito cumprimento do dever legal. A diferença entre o estrito cumprimento de dever legal e o exercício regular de direito é: O destinatário, os agentes públicos no primeiro, os particulares, no segundo. 
Requisitos: Indispensabilidade; Proporcionalidade; Conhecimento da situação de fato justificante, a ciência de que o agente está agindo acobertado por essa excludente. Exemplo do flagrante facultativo, é a hipótese na qual o particular pode realizar a prisão em flagrante (é um exercício regular de direito); e o direito de castigo, direito dos pais de corrigir seus filhos (não autoriza torturas, o exercício tem que ser regular e proporcional), é um dever.

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