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( Aula 04 ) ( Eduigen Lima Lopes Sousa )Direito e Linguagem O Direito e a linguagem possuem uma importante relação de dependência, pois o direito se realiza efetivamente por meio da linguagem. O primordial instrumento de trabalho “O Direito, mais que qualquer outro saber, é servo da linguagem ... Dissociar o Direito da Linguagem será privá-lo de sua própria existência, porque, ontologicamente, ele é linguagem e somente linguagem”. “A comunicação é a única forma de sobrevivência social, o próprio fundamento da existência humana, solidificada pela cooperação e pela coexistência. É o instrumento que possibilita e determina a interação social; é o fato marcante através do qual os seres vivos se encontram em união com o mundo. Sem o sopro da comunicação não há cultura” Elementos da comunicação Emissor: É o sujeito que elabora a mensagem, é quem transmite. Em outras palavras, é o remetente. No direito o emissor é o sujeito ativo (autor) que provoca a máquina judiciária. Receptor: é o destinatário da mensagem, é quem o emissor se dirige. Situa-se no polo passivo. É provocado em sua conduta Mensagem: consiste no conteúdo que se deseja transmitir. É formada através de signos, símbolos, ícones e demais elementos significativos. Canal de Comunicação: é o elemento que conduz, transmite a mensagem, permitindo o fluxo da mensagem. Código: é a convenção pré-determinada pelo emissor — ex.: língua — de modo que permite a compreensão no plano da decodificação da mensagem. O código tem a função de padronizar o signo, viabilizando a comunicação. Referente: são os dados e contexto, oferecendo, no momento da comunicação, percepções influênciadas pelos objetos reais, situação do local, sensibilidade do receptore outras circunstâncias que permeiam a comunicação. O Direito é uma éspecie de sistema de controle do comportamento social, considerado uma instituição social que se dá por meio da linguagem. “...as normas são fenômenos necessários para a estrutura ôntica ( essência própria de um ente, aquilo que ele é em si mesmo, sua identidade, sua diferença em face de outros entes, suas relações com outros ente) do homem. O pensamento sobre esta ótica jurídica passa pela via da linguagem “Logo, o objeto do discurso da ciência do direito (...) não é o conjunto das normas positivadas, mas o ser (o próprio homem), que, no interior da positividade que o cerca, representa, discursivamente, o sentido das normas ou proposições prescritivas que ele estabelece, obtendo uma representação da própria positivação”. Direito e suas acepções O que é o direito? Tafera simples e difícil ao mesmo tempo. Depende também da existência de inúmeras opiniões e posições ideológicas. Direito significa sempre controvérsia – Definição descritiva · Direito é o justo. · Direito é aquilo que alguém pode fazer. · Direito é o estudo das normas jurídicas. · Direito é o conjunto de normas que objetivam regulamentar o comportamento das pessoas em sociedade. · Formulação mais completa -Platão (427-384 a.C) Obras: A república – 375 a.C.; As leis – 350 a.C. Dar a cada um aquilo que ele merece O justo — Garantido pelo Estado — Estado = natureza humana= pessoas movidas pelo desejo (pessoas), movidas pela coragem (militares) movidas pela razão (filósofos) Dar a cada pessoa aquilo que corresponde à sua natureza e a sua função na sociedade. Aristóteles (384-322 a.C) Obras: Ética a Nicômacos (330 a.C); Política (336 a.C) O Estado define o que é direito, devendo empregar o critério de justiça. Igualdade aritimética/acumulativa Iguadade geométrica/justiça distributiva O direito se confunde com a justiça Estoicos. Zenão de Cício (336-264 a.C.) O direito não está ligado ao Estado, mas a natureza. O ser humano, deve viver conforme as leis que resultam da natureza, independentemente da época, lugar e da condição social. Celso e Ulpiano Ulpiano – o direito é o mesmo para todos. Ius naturale – ius gentium – ius civile Celso – Ius est ars boni et aequi Indica que o direito vincula-se à busca pela justiça – princípios que permitem ordenar corretamente a sociedade O direito não oferece respostas claras e definitivas “Arte” em perpétua transformação Tomás de Aquino (1225-1274) As leis são mandamentos da boa razão, formulados e impostos por aquele que cuida do bem da comunidade – o monarca Ius positivum – limites na criação do direito – lex aeterna = ensinamentos da Igreja + direito natural Se houver conflito entre a lei positiva e a eterna = “súditos” são liberados do dever de obediência à lei positiva Thomas Hobbes O leviatã (1651) O direito é imposto pelo Estado Every man is enemy to every man” —Todo homem é inimigo de todo homem— Pacto de sujeição – contrato social – poder central – Estado Poder absoluto do Estado Superioridade do D.positivo com relação ao D.Natural Mesmo se não for justo, devem obedecer Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) Do Contrato Social (1762) Pacto social onde o povo crie sua próprias leis e não se submeta à vontade dos poderosos. Autolegislação – o direito deve expressar a soberania do própria povo e garantir a ordem e a segurança sem abolir a liberdade dos membros da sociedade. Resulta de decisões da própria coletividade Immanuel Kant (1724-1804) A metafísica dos costumes (1797) O direito como produto da sociedade e expressão de obrigações morais dos indivíduos Moral # Direito = direito ameaça com coação em caso de descumprimento da norma – não interessa pelos motivos da ação dos indivíduos, somente o resultado Conciliar a liberdade de cada um com a liberdade dos demais. Hans Kelsen (1881-1973) Teoria Pura do direito – 1934 Positivismo jurídico A tarefa da ciência jurídica é explicar o funcionamento do ordenamento jurídico O direito como organização da força ou ordem de coação. As normas são obrigatórias e aplicam-se mesmo contra a vontade dos destinatários por meio do emprego da força. Pirâmide normativa Robert Alexy (1945...) Conceito e validade do direito (1992) A validade de uma norma não basta que seja criada pela autoridade competente conforme uma Constituição. O direito está estritamente vinculado aos preceitos morais vigentes em determinada sociedade. Normas injustas não são válidas. O OJ não compreende somente as normas, mas também os princípios morais Convergências e divergências de definições 1. Convergências e divergências de definições A definição do direito não pode ser válida para toda a humanidade e para todos os tempos. O direito seria fundamentado na natureza humana, pois somente as regras, as sanções e a coação permitem a convivência social pacífica, a ordem e o progresso. O estudo de regras de conduta de sociedades do passado é interessante, mas não pode ser realizado sem tomar cuidados metodológicos da história do direito. É preferível concentrar os estudos no final do Século XVIII - primeiras constituições – EUA 1776; França 178 2. O direito como dever ser social O direito não descreve aquilo que acontece na realidade nem se interessa pelas ideologias, sentimentos, opiniões. Estabelece sempre um dever ser. Não descreve aquilo que realmente acontece; não estuda aquilo que “é”, mas descreve e impõe aquilo que deve acontecer, aquilo que “deve ser” 3. Direito e coerção O direito é um dever ser particularmente forte e ameaçador O direito é um dever ser cuja aplicação é garantida pela ameaça de penalidades, aplicáveis pelas autoridades estatais. As controvérsias decorrem da carga emotiva que possui o termo “direito”, vinculado às nossas ideias subjetivas sobre o justo e o correto. Divergências ideológicas nas definições 1.Abordagem apologética Não podemos esperar dos juristas uma definição imparcial, já que o tema não é técnico Apologismo “As leis não são puros atos de poder. São atos de sabedoria, de justiça e razão. O legislador exerce menos uma autoridade do que um sacerdócio” 2. Abordagem crítica O direito moderno como um instrumento de dominação, que legitima a exploração econômica e a exclusão social. uízo de valor negativo sobre o direito Há uma rejeição a vinculação entre o direito e a justiça– Spinoza/Marx “O vosso direito é somente a vontade de vossa classe erigida em lei, uma vontade, cujo conteúdo é determinado pelas condições de vida materiais de vossa classe.” (Marx) “Uma norma jurídica sem cogência ( sem a coerção) é uma contradição em si mesma; um fogo que não queima, uma luz que não ilumina.” (Ihering) 3. Abordagem neutra Antes de criticar e rejeitar o direito como manipulador, incoerente, parcial e opressor, devemos conhecer o que realmente é um o ordenamento jurídico. Esquecimento das convicções pessoais. Conhecimento do sistema. Tentativa de Kelsen Elementos fixos - Definição •Critérios • Postura pessoal do autor (apologética, crítica ou neutra) • Origem do direito • Forma do direito • Conteúdo do direito • Garantia de aplicação Origem Forma Conteu. Garantia de aplicação Postura do autor Estado Lei escrita Estável Violência Apologética Sociedade Costume Dever moral consenso crítica Vontade política neutra Hierárquico DEFINIÇãO – Neutra Origem do direito moderno – estatal Sua forma quase sempre – escrita Conteúdo – é mutável Aplicação – combinação de ameaça de punição e consenso “O direito das sociedades modernas é um conjunto de normas que objetiva regulamentar o comportamento social.” Características das normas na definição neutra Escritas e veiculadas em publ. oficiais pelo Estado; Objetivam manutenção social Geralmente são respeitadas nas relações sociais A eficácia é garantida pela ameaça de coação São reconhecidas como vinculantes pela maioria da população – legitimidade do direito estatal
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