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ETINOGRAFIA NO PROCESSO DE SAUDE E DOENÇA

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AMANDA GARCIA 2021
ETINOGRAFIA NO PROCESSO DE SAUDE E DOENÇA
· O que é Antropologia? Seu objetivo é o estudo holístico do ser humano-origens, desenvolvimento, organização social e politicas religiões línguas arte e artefatos. 
· O que é etinografia? Método utilizado pela antropologia na coleta de dados. 
· Historia 
De V a.C. – até aproximadamente final do século XIX – os dados sobre outras sociedades eram obtidos por meio de relatos, por exemplo:
– Heródoto – (V a. C.) – viagens e descrição
– Carta de Pero Vaz de Caminha - século XVI
· Antropologia
A “descoberta do continente americano”, emergência do capitalismo comercial e dos Estados Nacionais na Europa Ocidental, o neo-colonialismo europeu, o positivismo e evolucionismo científico na Europa” Foram antecedentes para a formação da Antropologia.
Antropologia – surgimento como ciência – 1870 - Antropologia evolucionista
· A cultura, para os pensadores evolucionistas, é um termo geral que perpassa os diferentes estágios evolutivos;
· Todos os povos possuem cultura, mas em quantidades desiguais, o que explica suas diferenças evolutivas.
· Equipara: cultura- civilização, em estágios evolutivos desiguais.
· Lewis Henry Morgan: as etapas evolutivas da humanidade, define a relação entre os períodos e os principais marcos da cultura (uso do fogo, invenção da cerâmica, domesticação de animais, invenção da escrita, etc) que situavam estas sociedades em determinada condição. SELVAGERIA – BARBÁRIE – CIVILIZAÇÃO
Antropologia do século XIX
· A Antropologia do século XIX se tornou a especialista em “povos primitivos”;
· “Imaginava-se” e por dedução em seus escritórios - descreviam como eram os povos mediante a análise de relatos de viajantes, missionário ou expedições científicas;
· Observamos neste período o ETNOCENTRISMO - designa uma forma de enxergar outra etnia (e suas derivações, como cultura, hábitos, religião, idioma e formas de vida em geral) com base na etnia própria.
Antropologia do século XX
· A Antropologia do século XX é uma resposta crítica à Antropologia do século XIX.
· No final do século XIX – os antropólogos começam a participar das viagens e expedições de exploração e colonização nem que seja por pouco tempo...
· Bronislaw Malinowski: 
· Sua contribuição para a ciência veio na contramão do etnocentrismo e do evolucionismo vigentes na época. 
· Malinowski discordava da incoerência atribuída pelos ocidentais às sociedades primitivas. 
· Doutorando em Antropologia pela London School of Economics. Tripulante de um navio inglês, durante a 1ª Guerra Mundial, sendo austríaco, foi obrigado a ficar 4 anos nas Ilhas Trobriand – Austrália (1914-1918)
· Fundador da antropologia etnográfica 
· Surgimento da antropologia moderna: Malinowski inventou as bases do método etnográfico que transformou a antropologia para sempre: a observação participante – a partir da convivência por longos períodos com uma certa população –, focando nas interrelações e nos vários aspectos da sociedade na tentativa de abranger sua complexidade, ao invés de trabalhar à distância compilando fatos. Seu objetivo era compreender “o ponto de vista dos nativos”. Em 1922, quando publicou a obra prima Argonautas do Pacífico ocidental, Malinowski - descrição inédita da vivacidade de uma cultura.
Antropologia – História e evolução do conceito
1. Antropologia evolucionista – Séc XIX – Método comparativo – hierarquia de “raças”
2. Pós Malinowisk: Método relativista:
3. Antropologia funcionalista – Séc. XX
4. Antropologia estruturalista – séc. XX
As sete necessidades básicas e suas respectivas repostas culturais funcionais: Malinowski listou sete necessidades básicas e suas correspondentes instituições culturais que funcionavam para satisfazê-las. 
Antropologia – História e evolução do conceito
· Antropologia Funcionalista: Considera a sociedade um sistema complexo cuja partes trabalham juntas para solidariedade e estabilidade. Compara a sociedade com o corpo humano – cada órgão um segmento da sociedade que precisam estar em equilíbrio para a harmonia do todo.
· Antropologia Estruturalista (Claude Levi Strauss): Propôs o entendimento de que os elementos da cultura humana devem ser entendidos face a sua relação com o sistema ou estrutura maior. Mecanismos sociais refletem o domínio da cultura sobre a natureza. 
· Segundo Lévi-Strauss, o "tabu do incesto" pode ser considerado um fenômeno universal, que está presente em todas as sociedades humanas, mas cada sociedade (ou conjunto de sociedades) desenvolveu mecanismos diferenciados e específicos, com o objetivo de justificar e aplicar as regras de proibição das relações sexuais e maritais consanguíneas. Esse tabu pode ser concebido como um mecanismo social que reflete o domínio da cultura sobre a natureza....
· Na década de 1950, após as consequências trágicas da II Guerra Mundial e do Holocausto, intelectuais e especialistas de diferentes áreas se reuniram a pedido da UNESCO para redigir a primeira declaração sobre raça com o objetivo de refutar definitivamente, do ponto de vista cientifico, a perspectiva dos determinismos raciais, ou seja, as associações entre características físicas, comportamentos sociais e atributos morais.
· O antropólogo Claude Lévi-Strauss participou da redação desta declaração, e em 1952 escreveu “Raça e História”, brochura que se tornou um clássico da literatura anti-racista.
Etnografia observação participante
· A etnografia envolve a detalhada e atenta observação participante dos aspectos da vida, interessa-se não em saber como a sociedade chegou a ser o que é, mas sim em saber o que ela é no presente.
· A etnografia é um método de estudo utilizado pelos antropólogos com o intuito de descrever os costumes e as tradições de um grupo humano.
· Este estudo ajuda a conhecer a identidade de uma comunidade humana que se desenvolve num âmbito sociocultural concreto.
· Dá-se o nome de descrição densa ao relatório que apresenta o antropólogo para descrever em pormenor os costumes, as práticas, as crenças e os mitos de uma cultura. O investigador, de uma forma geral, recorre tanto ao método qualitativo como ao quantitativo para desenvolver o seu trabalho.
· É fundamental que o antropólogo não tenha uma visão/perspectiva etnocêntrica na hora de avaliar os comportamentos da comunidade; caso contrário, o seu trabalho perde credibilidade.
· “O etnocentrismo consiste em julgar, a partir de padrões culturais próprios, como “certo” ou “errado”, “feio” ou “bonito”, “normal” ou “anormal”, os comportamentos e as formas de ver o mundo dos outros povos, desqualificando suas práticas e até negando sua humanidade.
· Comum na antropologia evolucionista
· É fato que as sociedades têm significados e coerência próprios, com sistemas perfeitamente elaborados.
· Assim é que, para a antropologia, cada cultura atende às necessidades do indivíduo criando instituições (econômicas, jurídicas, políticas, educativas) que deem respostas coletivas e organizadas, resultando em soluções que articulam o social, o biológico e o psicológico.
· Cultura 
Antropologia médica
· Estuda a forma como as pessoas e diferentes culturas e grupos sociais explicam as causas dos problemas de saúde, os tipos de tratamento nos quais elas acreditam e a quem recorrem quando adoecem. (...) por fim é p estudo do sofrimento humano e das etapas pelas quais as pessoas passam para explica-lo e aliviá-lo. Helman (2009, p.11)
· Podemos identificar 3 subsistemas de cuidado à saúde: Informal – expressão da cultura popular, inclui indivíduo, família, rede social (remédios caseiros, repouso, suporte emocional, práticas religiosas...). Popular – especialistas de cura não profissionais (curandeiros, benzedeiras...). Profissional – formado pelas profissões legalmente reconhecidas (médicos...) Kleinman (1988)
· A antropologia aponta os limites da tecnologia biomédica quando queremos mudar o estado de saúde de uma população que está associado ao seu modo de vida e ao seu universo social e cultural.
· Que influenciam na adoção de comportamentos de prevenção e utilização dos serviços de saúde.· Vacinas – doença
· IST – comportamento promíscuo
Etnografia e Saúde
· ANTROPOLOGIA NO BRASIL – década de 70 e 80
· A avaliação da qualidade dos serviços de saúde do ponto de vista dos usuários a relação médico-paciente e o ensino médico);
· A avaliação do Programa de Saúde da Família (Trad et al., 2001); as interpretações e práticas da população);
· POLÍTICAS PÚBLICAS: – DESIGN ETINOGRÁFICO (2016) - imersão de servidores na experiência e realidade vivida pelos Cidadãos – suas reais necessidades, expectativas e dificuldades.
Etinografia na prática
· Reflexões sobre um fazer etnográfico no pronto-socorro 
· Reflexões sobre um fazer etnográfico no pronto – socorro
· O objetivo deste artigo é apresentar e discutir o método etnográfico com base em uma pesquisa empírica sobre a atuação médica hospitalar diante dos limites da vida e da morte.
· A coleta de dados deu-se ao longo de nove meses de observação participante e de entrevistas junto a 43 médicos, 25 homens e 18 mulheres, de 28 a 69 anos, que assistem pacientes com risco de morte, em setores distintos de um hospital metropolitano de pronto-atendimento
Hospital
· O território escolhido é o maior pronto-socorro de uma metrópole brasileira, de reconhecida excelência em traumas e agravos clínicos dos mais complexos, no Brasil e na América Latina. Situado no hipercentro de Belo Horizonte (Minas Gerais)
Estar lá
· Nesta etnografia, o “estar lá” aconteceu durante nove meses, entre plantões noturnos e diurnos. Contudo, a qualidade do trabalho não depende da duração cronológica do trabalho de campo, e sim da habilidade do autor para demonstrar – de forma sistemática, plausível e convincente – em seu material empírico o ato de ter “penetrado e ter sido penetrado pela cultura do outro”.
· Os dados foram coletados entre dezembro de 2012 e agosto de 2013. Além da observação participante foram realizadas e gravadas entrevistas guiadas por roteiro semiestruturado no próprio hospital estranhamento
Estranhamento 
· No hospital, a chegada de uma antropóloga gerou curiosidade.
· “Você vai passar um tempo ‘internada’ aqui com a gente?
· “É um tema difícil, você está preparada? Bem mórbido, não? Mas, ao mesmo tempo, muito interessante...”
· O que te levou a escolher esse tema tão excêntrico? Você está querendo matar alguém? [risos]”.
· Alguns médicos brincavam: “Sai pra lá... Você quer matar meu paciente... [risos]”.
Momentos e Símbolos
· “Onda Vermelha” (encaminhamento imediato do paciente com risco iminente de morte ao bloco cirúrgico).
• PCR
• TCE
• PAF
• PAB
• CHOCADO...
Indumentária
· Usar jaleco branco de manga comprida, calçado fechado e crachá de identificação funciona como um dispositivo para entrar e circular no hospital.
· Quando transitava sem essa indumentária, a antropóloga era vista como uma pessoa estranha: “Está procurando alguém?”, “É parente de algum paciente?”, “Aqui não pode ficar acompanhante”. (...)
· O jaleco representava um símbolo tão potente de pertencimento ao grupo dos médicos que, por vezes, a pesquisadora chegou a ser confundida com um deles: “Bom dia, Dra.!”, “Parece que o plantão será tranquilo”.
· A Lei no 14.466, sancionada no estado de São Paulo, é bem clara quando proíbe os profissionais da área da saúde de circular fora do ambiente de trabalho trajando jalecos e aventais. Dessa forma, o infrator está sujeito a pagar multa que gira em torno de R$ 174,00, experiências
· Na sala de recuperação, um homem recém-operado de diversas perfurações por arma de fogo falou à médica: “Se você não me der água agora, quando eu sair daqui você vai ter problema...”. Ela argumentou: “Se eu te der água você vai morrer, você quer isso?”. Ele ficou quieto e calou-se. Segundo essa profissional, apesar das ameaças: “Quando saem daqui eles agradecem bastante. Mas que eles intimidam e dão medo... isso é verdade. Você viu o tamanhão dele?! [risos]”
A Alteridade
· A palavra alteridade advém do vocábulo latino alteritas, que significa ser o outro, portanto, designa o exercício de colocar-se no lugar do outro, de perceber o outro como uma pessoa singular e subjetiva.
· Conclusão
· Uma experiência etnográfica na saúde requer um texto que fale do afetar mútuo de duas culturas, em que pesquisador e interlocutor contribuem com a matéria-prima dos sentidos e valores subjacentes ao encontro alteritário, que possibilita compreender o processo saúde/doença e aprimorar o cuidado em um dado contexto.

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