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Direito Tributário I 1) O Estado de São Paulo, através de lei, resolveu instituir taxa a ser cobrada sobre a propriedade de bens imóveis. Tal exigência fiscal é constitucional? Explique. Tal exigência fiscal é inconstitucional, porquanto os Estados só poderão instituir taxas em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição (arts. 145, inc. II, da CF e 77, do CTN), Conforme preceitua ALEXANDRE (2017), de acordo com a Constituição as taxas são tributos retributivos e contraprestacionais, porquanto o Estado não pode cobrá-las sem exercer o poder de polícia ou prestar ao contribuinte, ou colocar à disposição deste, um serviço público especifico e divisível. Ainda, conforme AMARO (2009, p. 31): “o Estado exerce de terminada atividade e, por isso, cobra a taxa da pessoa a quem aproveita aquela atividade.” 2) Uma Lei Federal reduziu o percentual da multa aplicável na hipótese de cometimento de determinada infração tributária. O Ministro da Fazenda, regulamentando a referida Lei, através de uma Portaria, esclareceu que o novo percentual de multa aplicar-se-ia, apenas aos fatos ocorridos a partir da publicação da Lei? Considerando tal situação, a referida lei poderá ser aplicada sobre fatos ocorridos antes do termo inicial de sua vigência? A referida Lei que visa reduzir o percentual da multa aplicável à hipótese de cometimento de determinada infração tributária poderá ser aplicada a fatos pretéritos ao termo inicial de sua vigência, porquanto é mais benéfica ao contribuinte (art. 106, II, “c”, do CTN), conforme leciona AMARO (2009, ps. 202/203): “Já em matéria de sanção as infrações tributárias [...], o Código Tributário Nacional, inspirado no direito penal, manda aplicar retroativamente a lei nova, quando mais favorável ao acusado do que a lei vigente à época da ocorrência do fato. Prevalece, pois, a lei mais branda (lex mitior).” 3) O Município de Lajeado instituiu uma taxa de renovação de alvará de funcionamento em relação a todas as pessoas jurídicas estabelecidas no município. Esse tributo é legalmente exigível? Explique. Com base no artigo 145, inciso II, da CF/88, é possível a cobrança de taxa por atividade estatal potencial ou efetiva (taxa de polícia). Ademais, os municípios costumam cindir esta taxa em duas - localização e funcionamento -. Segundo leciona ALEXANDRE (2017), a periodicidade da cobrança de taxa de funcionamento é justificável em virtude da necessidade que o poder público possui em verificar se efetivamente continuam sendo cumpridas as exigências legais que proporcionam o exercício da atividade. Ainda, tal ato é típico papel do poder de polícia, que proporcionaria a cada nova fiscalização a motivação para a cobrança de uma nova taxa. O doutrinador menciona, ainda, que conforme entendimento o clássico jurisprudencial, a cobrança de mera taxa de renovação é ilegítima quando não uma nova fiscalização, conforme entendimento do STF (REE 195.788, 113.835 E 108.222) e STJ (RESp 236.517 e 76.196). Ademais, recentemente os julgamentos do STF tem presumido o exercício do poder de polícia sem que haja efetiva fiscalização individual, ou seja, decorrendo desse entendimento seria possível efetuar a cobrança de renovação, mesmo sem a efetiva fiscalização, não obstante são apenas entendimentos, não podendo-se presumir que de fato tal questão está superada. Por fim, impende ressaltar, ainda, a novidade interposta em relação à presunção do exercício fiscalizatório, uma vez que se há órgãos de fiscalizadores designados para tal ato, deve ser presumível que ele está sendo exercido. Outrossim, em que pese a jurisprudência clássica vá no sentido de considerar ilegal a cobrança de taxa de renovação sem uma efetiva fiscalização, os novos entendimentos, utilizando-se da presunção da fiscalização, consideram a mesma legal. 4) O Governador do Estado do Rio Grande do Sul, no dia 24 de dezembro de 2014, baixou um decreto aumentando a alíquota do ICMS nas saídas de cigarros, a partir de 1o de janeiro do próximo ano. Justifique a legalidade ou ilegalidade do referido ato do Governador. A anterioridade nonagesilmal foi instituída para proteger o contribuinte contra mudanças negativas no seu patrimônio, conforme leciona ALEXANDRE (2017, p. 169): “... o STF, entendendo que a anterioridade nonagesimal existe para proteger o contribuinte contra mudanças que repercutam negativamente no seu patrimônio, decidiu que o art. 195, § 6.º, só é aplicável no caso de instituição ou majoração.” Em relação ao caso fático, o ICMS teve sua alíquota aumentada no dia 24 de dezembro de 2014, razão pela qual sua incidência não terá força vinculante no dia 1º de janeiro do próximo ano, em razão do princípio da anterioridade nonagesimal ou noventa, segundo doutrina ALEXANDRE (2017, p. 170): “Dessa forma, se um tributo vier a ser majorado ou instituído por lei publicada após o dia 3 de outubro (quando faltam 90 dias para o término do exercício financeiro), a cobrança não mais pode ser feita a partir de 1.º de janeiro seguinte, sob pena de infringir a noventa (publicada a lei “em meados de outubro”, a cobrança deve se verificar “em meados de janeiro”). Já se a publicação da lei instituidora ou majoradora ocorrer no início do ano, a cobrança não pode ser feita imediatamente após transcorrer de noventa dias, pois o princípio da anterioridade do exercício exige que se espere o início do ano subsequente. Grifou-se Infere-se, portanto, que o ato do Governador é totalmente ilegítimo, com base no princípios, bem como ao que se extrai do artigo 196, §6.º, da CF/88 e EC 42/2003. 5. O Presidente da República, mediante decreto, elevou a alíquota do Imposto de Importação relativo as importações de trigo, a vigorar a partir da data da publicação do referido Decreto. Justifique a legalidade ou ilegalidade do Decreto. Neste caso não incide o princípio da legalidade, tampouco o da anterioridade, visto que o imposto é considerado um elemento extrafiscal, no que tange à sua função. A regulação dele não funciona essencialmente pormotivos de arrecadação, mas em razão de política econômica, o que é fator importante para sua regulação. Assim sendo, sua alíquota pode ser sim alterada por decreto presidencial. 6. Lei Estadual, tendo observado todos os trâmites formais, reduziu a alíquota do ICMS incidente nas operações internas, de 17% para 13%, a vigorar a partir da sua publicação? Referida lei é constitucional, no que diz respeito às Limitações Constitucionais ao Poder de Tributar? Explique. Sim, visto que a atribuição de responsabilidade dar-se-á em relação a mercadorias ou serviços previstos em lei de cada Estado. Neste caso, tendo Lei Estadual reduzido alíquota do ICMS incidente nas operações internas, refere- se ao poder do Estado de atribuir a responsabilidade pelo recolhimento do ICMS a título de substituição tributária sobre qualquer mercadoria ou serviço. No entanto, é necessário que haja previsão expressa em lei, sendo fixada, inclusive, margem de lucro para fins de determinação da base de cálculo do imposto. 7. Com base no texto “Repensando a imunidade tributário aos templos de qualquer culto. Uma abordagem sobre a distorção e inconsistência de sua aplicação”, responda: a) qual o objetivo da imunidade aos templos de qualquer culto? Com previsão na Carta Magna, bem como no Código Tributário Nacional, a imunidade aos templos de qualquer culto tem como o objetivo proteger a liberdade religiosa, com o princípio da neutralidade do Estado laico, preservando os valores relevantes. b) há diferença de tratamento conferido pelo Brasil e outros países? Sim, pois conforme citado no texto, os Estados Unidos, alguns países da Europae América Latina não mais preveem em suas constituições a exoneração fiscal para os templos de qualquer culto. Importante citar que, dentre os países que não preveem a imunidade fiscal, está a Argentina, que inclusive tem estabelecida uma religião oficial no país. Ainda na América Latina, não exoneram de tributação os templos de qualquer culto os seguintes países: Paraguai, Chile, Colômbia e Venezuela. c) é possível excluir referida imunidade da Constituição? Conforme entendimento majoritário da doutrina pátria, bem como entendimento do STF, a exclusão da referida imunidade tributária seria uma ofensa direta ao dispositivo constitucional, sendo imodificável por ementa constitucional por tratar-se de cláusula pétrea, d) qual a opinião do grupo sobre a forma como vem sendo utilizada referida imunidade no Brasil? A imunidade tributária vem sendo utilizada de forma imoral no País. Atualmente não mais se tem como objetivo a ‘proteção a liberdade religiosa’. A imunidade tributária para os templos de qualquer culto no Brasil tem sido usada para que se possa concentrar ainda mais dinheiro nos referidos templos, os quais esbanjam boas estruturas, pagando altos salários para seus líderes, sendo que boa parte da população brasileira (12,492,403 brasileiros, conforme senso demográfico de 2000) não possuem vínculo religioso. e) Há alternativas úteis para remediar a atual situação? Uma das alternativas úteis seria a extinção da imunidade, eis que esta não mais se faz necessária para a proteção a liberdade religiosa, conforme já mencionado na alternativa ‘d’, 8. Ainda em relação às imunidades, considerando a situação veiculada na mídia sobre o Instituto Lula: caso seja comprovado que realizava pagamentos à empresas de seus filhos com intuito de distribuir lucros de forma disfarçada, e não em razão de serviços efetivamente prestados, poderá o Instituto vir a perder a imunidade fiscal? Sim, se for comprovado que o Instituto Lula realizava pagamentos às empresas de seus filhos com intuito de distribuir lucros de forma disfarçada, e não em razão de serviços efetivamente prestados, poderá perder a sua imunidade fiscal, uma vez que conforme o artigo 150, inciso VI, "c", da Constituição Federal que prevê a imunidade fiscal, será suspenso o benefício, pela autoridade competente, se a mesma não cumprir com os requisitos. Nesse sentido, um dos requisitos é a proibição da distribuição a terceiros de patrimônio ou renda da entidade imune, seja diretamente ou indiretamente. No caso do Instituto, têm-se que, entre os anos de 2011 e 2017, foram pagos pelo Instituto e pela empresa LILS, R$ 1,76 milhão a empresas dos filhos de Lula. Já a G4 Entretenimento e Tecnologia Digital Ltda recebeu R$ 1,34 milhões, empresa da qual são sócios os filhos de Lula. Além da empresa FlexBR Tecnologia Ltda, que também tem como sócios seus filhos. A Receita Federal, então, afirma que existe uma 'confusão patrimonial' entre o Instituto e a LILS. Conforme Jurisprudência abaixo, pode-se perceber que um dos requisitos para a imunidade fiscal é a não distribuição de lucros aos seus sócios ou fundadores, justamente o que ocorreu no caso do Instituto Lula, onde realizou o pagamento às empresas de seus filhos. Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. REEXAME NECESSÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. DIREITO TRIBUTÁRIO. IMPORTAÇÃO DE BENS PARA USO PRÓPRIO. INSTITUIÇÃO EDUCACIONAL E ASSISTENCIAL. NÃO-INCIDÊNCIA DO ICMS. Os critérios infraconstitucionais de classificação dos impostos não podem ser utilizados para o fim de determinar o alcance da imunidade constitucional prevista no art. 150, inciso VI, letra `a¿, da Constituição Federal. No caso da importação por instituição de educação e de assistência social, incide a imunidade constitucional relativamente ao ICMS, inclusive, porque a entidade, Fundação Universidade de Passo Fundo, atende aos requisitos estabelecidos no art. 14 do CTN: a) não distribui lucros aos seus sócios ou fundadores; b) aplica integralmente no país, em suas finalidades institucionais, os seus recursos; e c) mantém contabilidade organizada. NEGARAM PROVIMENTO AO APELO E CONFIRMARAM A SENTENÇA EM REEXAME. UNÂNIME. (Apelação e Reexame Necessário Nº 70022306567, Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Adão Sérgio do Nascimento Cassiano, Julgado em 04/06/2008). Dessa forma, conforme explanado acima, o fato do Instituto de Lula realizar o pagamento às empresas de seus filhos poderá fazer com que perca a imunidade fiscal. REFERÊNCIAS: ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário. 11. ed. Salvador: JusPodivm, 2017. Disponível em: https://www.acidadeon.com/politica/NOT,0,492,1155765,Tributarista+avalia+qu e+Instituto+Lula+pode+perder+imunidade+fiscal.aspx>. Acesso em: 17 abr. 2017. RIO GRANDE DO SUL. Tribunal de Justiça. Reexame Necessário. Nº 70022306567, Segunda Câmara Cível. Relator: Adão Sérgio do Nascimento Cassiano. Porto Alegre, 04/06/2008. Disponível em:< http://www1.tjrs.jus.br/site_php/consulta/consulta_processo.php?nome_comarc a=Tribunal+de+Justi%E7a&versao=&versao_fonetica=1&tipo=1&id_comarca=7 00&num_processo_mask=70022306567&num_processo=70022306567&codE menta=2387779&temIntTeor=true>. Acesso em: 17 de abr. 2017. https://www.acidadeon.com/politica/NOT%2C0%2C492%2C1155765%2CTributarista%2Bavalia%2Bque%2BInstituto%2BLula%2Bpode%2Bperder%2Bimunidade%2Bfiscal.aspx https://www.acidadeon.com/politica/NOT%2C0%2C492%2C1155765%2CTributarista%2Bavalia%2Bque%2BInstituto%2BLula%2Bpode%2Bperder%2Bimunidade%2Bfiscal.aspx http://www1.tjrs.jus.br/site_php/consulta/consulta_processo.php?nome_comarca=Tribunal%2Bde%2BJusti%E7a&versao&versao_fonetica=1&tipo=1&id_comarca=700&num_processo_mask=70022306567&num_processo=70022306567&codEmenta=2387779&temIntTeor=true http://www1.tjrs.jus.br/site_php/consulta/consulta_processo.php?nome_comarca=Tribunal%2Bde%2BJusti%E7a&versao&versao_fonetica=1&tipo=1&id_comarca=700&num_processo_mask=70022306567&num_processo=70022306567&codEmenta=2387779&temIntTeor=true http://www1.tjrs.jus.br/site_php/consulta/consulta_processo.php?nome_comarca=Tribunal%2Bde%2BJusti%E7a&versao&versao_fonetica=1&tipo=1&id_comarca=700&num_processo_mask=70022306567&num_processo=70022306567&codEmenta=2387779&temIntTeor=true http://www1.tjrs.jus.br/site_php/consulta/consulta_processo.php?nome_comarca=Tribunal%2Bde%2BJusti%E7a&versao&versao_fonetica=1&tipo=1&id_comarca=700&num_processo_mask=70022306567&num_processo=70022306567&codEmenta=2387779&temIntTeor=true
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