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Introdução Unidade Cronoestratigráfica é uma unidade representada por um conjunto de estratos formados em um mesmo intervalo de tempo geológico. O objetivo principal da Cronoestratigrafia é organizar os corpos geológicos em unidades cronoestratigráficas, que possuem correspondência com intervalos de tempo geológico (unidades geocronológicas). As unidades Crono são materiais e delimitadas por datações radiométricas (forma direta) ou por calibração com dados paleontológicos (forma indireta). → Hierarquia A hierarquia das Unidades Crono é função da duração do intervalo de tempo representado pelas rochas que constituem a unidade e não tem relação com a espessura da unidade. Essas unidades são separadas por superfícies isócronas (crono-horizontes). → Classificação Cronoestratigráfica Contempla a organização dos estratos em unidades baseadas na idade ou no seu tempo de formação ✿ Cronozona: zona que abrange todas as rochas formadas em qualquer local durante um intervalo de tempo geológico representado por um intervalo concreto de estratos. ✿ Crono-horizonte: superfície estratigráfica isócrona. Pode ser chamado de horizonte-guia, camada-guia, datum ou nível estratigráfico. Não possui espessura característica, porém deve se estender por toda a extensão geográfica da Cronozona. → Unidades Cronoestratigráficas As subdivisões do Fanerozóico são definidas por limites basais reconhecidos em referência a seções-tipo globais (Global Standard Section and Point - GSSP) e as subdivisões do Pré-Cambriano são baseadas em datações absolutas (Global Standard Stratigraphic Age - GSSA). ✿ Cronozona: menor unidade cronoestratigráfica. Normalmente utilizada em subdivisões do Quaternário, em virtude da precisão radiométrica das datações. Não há limitações quanto ao alcance geográfico ou limite geológico da unidade. Localmente, pode representar o tempo de sedimentação de uma unidade litoestratigráfica ou de diferenciação de uma biozona. Nominação: a cronozona é nominada de acordo com a unidade estratigráfica na qual foi definida. ✿ Andar: unidade básica da Cronoestratigrafia. Menor unidade Crono que pode ser reconhecida em todo o mundo. Normalmente envolve períodos de formação de ~90 ky (Pleistoceno Superior) a 10 m.a. Nominação: a maioria dos andares têm recebido nomes geográficos ou de Unidades Bioestratigráficas nas quais se baseiam (Andar Rio da Serra, Andar Alagoas, ambos compõem a Série Cretáceo Inferior da Bacia de Sergipe-Alagoas). ✿ Série: a maioria das séries é reconhecida em todo o mundo. Normalmente envolvem tempos de formação superiores a 15 m.a. Nominação: podem ser nominadas de acordo com nomes de épocas geológicas (Série Cretáceo Superior) ou acidentes geográficos (Série Rio Tietê) ✿ Sistema: envolve as rochas formadas durante um período geológico. Possui duração extremamente variável (Quaternário - 1,8 m.a. e Cretáceo - 80 m.a.) Nominação: Sistema Jurássico, envolve as rochas formadas durante o período Jurássico. ✿ Eratema: corresponde a Era, o eratema contempla as rochas formadas em intervalos de grandes mudanças ocorridas no desenvolvimento da vida na Terra (Eratema Paleozóico - vida antiga; Eratema Cenozóico - vida recente) ✿ Eontema: unidade Crono de maior hierarquia. A história da Terra comporta três eontemas: Arqueano (antigo Azóico ou Criptozóico); Proterozóico e Fanerozóico (Phaneros - vida visível) → Estabelecimento de Unidades O conceito fundamental na definição de uma Unidade Crono é o tempo envolvido em sua formação e a sua extensão geográfica - que, em teoria, deveria ser extensiva em todo o mundo. A definição do estratótipo-limite deve compreender a clara definição dos limites inferiores da unidade. Os limites superiores são referenciados aos limites inferiores do estratotipo-limite da unidade sobrejacente. → Cronocorrelação ✿ Correlação Física de Estratos: planos de acamamento podem ser extensivos lateralmente e, assim, utilizados como indicadores de sincronicidade ou de posição relativa dos estratos (Princípio da Sobreposição). ✿ Litologia: a mais evidente ocorre quando uma sucessão sedimentar mostra um estrato que representa um evento deposicional único (camada de cinzas vulcânicas, camada de calcário extensa, de fosfato, de diatomito). Apesar de não indicarem idades de formação, as unidades litoestratigráficas podem ser utilizadas para determinar as posições relativas dos corpos geológicos e assim auxiliar na cronocorrelação. ✿ Paleontologia: os fósseis constituem um dos melhores e mais utilizados meios de se estender e correlacionar camadas e, assim, determinar suas idades relativas. Recomenda-se o uso de várias biozonas entrelaçadas e principalmente o uso de zonas de linhagem, que possuem significado Crono. ✿ Radiometria: determinação das idades absolutas dos estratos. Os métodos de determinação radiométrica baseiam-se na velocidade de decaimento radioativo de certos isótopos. ✿ Intervalos de Polaridade Magnética: intervalos de variação na orientação do campo magnético terrestre, que ocorrem em intervalos variáveis de 1 ky a 10 ky (orientação normal e reversa) e permanecem na mesma posição por 100 ky a 10 m.a.. ✿ Variações Paleoclimáticas e Taxas de Intemperismo: mudanças paleoclimáticas importantes podem conduzir a formação de depósitos sedimentares particulares (evaporitos, carvão, depósitos glaciogênicos), que podem servir de base para a cronocorrelação quando apoiados em outros métodos de datação. ✿ Discordâncias: discordâncias de caráter regional também podem ser utilizadas para a cronocorrelação, em ocasiões nas quais é possível rastrear as superfícies de grandes extensões. ✿ Ciclos Anuais: utilização de indicadores naturais de ciclos anuais (varves, dendrocronologia). ✿ Outros indicadores: termoluminescência (TL), luminescência opticamente estimulada (LOE), tração de fissão (TF), etc. → Unidades Aloestratigráficas Unidade formada por corpos sedimentares estratiformes, mapeáveis e definidos com base no reconhecimento de superfícies limitantes de caráter regional, que marcam os contatos inferior e superior da unidade. A Aloestratigrafia é utilizada principalmente em estudos de sucessões quaternárias em virtude de diversos fatores: nível de detalhamento dos estudos, natureza descontínua e pouco espessa do registro sedimentar, registro paleontológico escasso, e reduzida possibilidade de obtenção de dados geocronológicos precisos. De acordo com o NASC (2005), a Aloestratigrafia permite a distinção de depósitos de litologias semelhantes sobrepostos, contíguos ou geograficamente separados, limitados por descontinuidades, ou ainda, o agrupamento de depósitos caracterizados por heterogeneidades litológicas ou que ocorram em níveis topográficos diferentes e exibam idades distintas, desde que limitados por descontinuidades. → Classificação Aloestratigráfica De acordo com NASC (2005), a classificação consiste em: Alogrupo, Aloformação (unidade fundamental) e Alomembro. No International Stratigraphic Guide, as unidades aloestratigráficas são concebidas como UBSU (Unconformity-bounded Stratigraphic Unit) e a unidade básica é o Synthem (Sistema). → Superfícies: ✿ Discordância ✿ Pedogênese ✿ Pediplanação ✿ Superfície de Ravinamento ✿ Superfície de inundação → Nomenclatura A designação formal de unidades é análoga às unidades litoestratigráficas, na qual as unidades designativas são acompanhadas de um nome geográfico (Alogrupo Alto Rio Paraná, Aloformação Paranavaí, etc). A descrição da unidade deve vir acompanhada de uma seção tipo (holo) e várias seções de referência (hipo). → Unidades Pedoestratigráficas Introduzida no NASC (1983), a Unidade Pedoestratigráfica compreende intervalos formados por paleossolos que ocorrem em superfície (reliquiares) ou soterrados. Horizontes específicos (Bw, Bk, Bkm ou Bqm) de paleossolos podem ser traçados por grandes extensões e assim auxiliarem em correlações estratigráficas principalmente em sucessões afossilíferas ou sem datações. ✿ Geossolo: unidade fundamental da Pedoestratigrafia. O termo não é designativo de um perfilde solo ou paleossolo stricto sensu, mas compreende toda a distribuição 3-D de horizontes pedogenéticos na paisagem (soilscape) que podem ser lateralmente correlacionados. As propriedades físicas e químicas de um geossolo comumente variam verticalmente e lateralmente pela extensão das unidades. As Unidades Pedo são caracterizadas por essas variações nas localidades-tipo das unidades, logo, recomenda-se a caracterização das unidades em estratotipos compostos. As variações laterais dos geossolos devem ser consideradas e analisadas de acordo com as pedofácies (variações laterais de desenvolvimento pedogênico de acordo com variações horizontais nas taxas de sedimentação). → Tipos de Perfis (i) Perfis múltiplos (compound paleosols) (ii) Perfis compostos (composite or polygenic paleosols) (iii) Perfis acumulativos (cumulative profiles) → Definição e Nomenclatura ✿ Designação FORMAL vs INFORMAL: nem sempre é recomendável ou desejável a designação de uma Unidade Pedoestratigráfica. Em alguns casos, como em estudos com paleossolos reliquiares, é preferível o uso da designação informal. As formais só são utilizadas para geossolos que podem ser mapeados por grandes extensões. O limite superior de uma Unidade Pedo é definido pelo topo do horizonte mais superficial na sucessão pedogenética (horizonte A) e o limite inferior pelo horizonte mais inferior do perfil (horizonte C). ✿ Nominação: é composta pelo termo Geossolo seguido de um nome geográfico (Geossolo Santo Anastácio, Sangamon Geosol). → Unidades de Polaridade Magnetoestratigráficas Sempre que há variações nas propriedades magnéticas de corpos geológicos segundo estratos organizados, estas podem ser relacionadas com unidades estratigráficas, conhecidas como Unidades Magnetoestratigráficas. A propriedade magnética mais utilizada é a variação na direção da magnetização remanescente das rochas, causadas por reversão da polaridade do campo magnético. ✿ Unidades de Polaridade Magnetoestratigráficas: são as unidades caracterizadas por polaridade magnética. A magnetização de uma rocha orientada para o presente Polo Norte magnético da Terra - Polaridade Normal. Quando orientada para o Polo Sul atual - Polaridade Reversa. → Definições ✿ Unidade Magnetoestratigráfica (Magnetozona): formadas por rochas que possuem propriedades magnéticas similares (magnetização, susceptibilidade magnética), que permitem diferenciá-las de corpos rochosos adjacentes. ✿ Unidade de Polaridade Magnetoestratigráfica: formada por um corpo de rochas caracterizado por sua polaridade magnética, que permite diferenciá-lo de corpos rochosos adjacentes. ✿ Horizontes de Reversão de Polaridade: são superfícies ou intervalos de transição, nos quais há a reversão de polaridade. Esses intervalos marcam os limites das unidades de polaridade magnetoestratigráfica. → Unidades Magnetoestratigráficas ✿ Zona de Polaridade: unidade fundamental de classificação da polaridade magnetoestratigráfica. Ela é caracterizada por intervalos bem definidos de polaridade normal ou reversa, mas pode apresentar pequenos intervalos de polaridade oposta. Em terra, as Unidades Magnetoestratigráficas são descritas e referenciadas a um estratótipo com limites bem definidos e idade determinada, permitindo, assim, a crono correlação. As anomalias em mar não constituem unidades formais, porém são úteis aos estudos de reconstrução de movimentos de placas tectônicas e interpretação geológica de bacias oceânicas. → Classificação (i) Superzona de Polaridade (ii) Zona de Polaridade (iii) Subzona de Polaridade ✿ Nominação: formada pela junção de um nome geográfico com um termo indicativo de sua hierarquia e direção de polaridade (Zona de Polaridade Normal Jaramillo, Zona de Polaridade Reversa Cobb Mountain).
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