Buscar

TEORIA DO CRIME

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Está previsto nos artigos 13 a 31 do Código Penal. Segundo o conceito analítico de crimeー teoria
finalista da açãoー o crime é composto por três elementos, por isso chamada de teoria tripartite:
● fato típico - fato previsto na lei
● ilicitude - proibido
● culpabilidade - reprovável/passível de pena
O fato típico, por sua vez, é composto por quatro elementos: conduta, resultado, nexo causal e
tipicidade.
É a ação ou omissão de fazer/praticar o ato. Deve ser voluntária e consciente, dirigida a uma
finalidade.
1. Causas de exclusão da conduta
As causas de exclusão de conduta (CHA) são coação física irresistível, hipnose e sonambulismo, ato
reflexo (movimentos involuntários).
● coação física irresistível - o coator usa o corpo do coagido como objeto inanimado. Exclui
fato típico pois exclui a conduta. Ex.: o infrator pega sua mão e te faz apertar o gatilho
usando a força.
● coação moral irresistível - o coator obriga o coagido a praticar a conduta. Exclui
culpabilidade pois exclui exigibilidade de conduta diversa. Ex.: o infrator aponta uma arma
para você e te obriga a fazer algo senão te matará.
2. Classificação doutrinária dos crimes quanto a conduta
Os crimes comissivos são praticados por ação (A atira e mata B). Diz respeito à primeira parte da
descrição de conduta: “é a ação de fazer/praticar ato voluntário e consciente com uma finalidade”.
Os crimes omissivos são praticados por omissão. A pessoa não tinha o dever de agir e se omitiu,
causando o resultado. “É a omissão de fazer/praticar ato, voluntária e consciente com uma
finalidade”. Pode ser:
● omissivo próprio, quando a lei descreve uma omissão. Ex.: João se afoga no mar. Ana vê a
situação e não faz nada, causando a morte de João - ela não tinha o dever de salvá-lo, mas se
tivesse o feito impediria o resultado morte.
● omissivo impróprio/comissivo por omissão, que são situações em que um crime comissivo
pode ser praticado por omissão, quando quem se omite tinha o dever de agir (posição de
garantidor). Ex.: João se afoga no mar. Ana, que é salva-vidas, vê a situação e não faz nada,
causando a morte de João - ela tinha o dever de salvá-lo, respondendo por homicídio
○ o sujeito que deveria evitar o injusto é punido com o tipo penal correspondente ao
resultado.
Exemplo: A omitiu-se e B sofreu algum dano. Se A não tinha o dever de agir responde por omissão
de socorro. Se tivesse, responderia pelo crime comissivo.
Segundo o art.13, §2, a omissão será penalmente relevante, equivalente à ação, quando o agente
podia e devia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:
● tem por lei o dever de cuidado, proteção ou vigilância (ex.:pais em relação aos filhos
menores, os policiais, os bombeiros)
● de outra forma assumiu o dever de impedir o resultado (ex.: médico, enfermeiro, salva
vidas)
● quem com seu comportamento anterior criou o risco da ocorrência do resultado (ex.:um
amigo atira o outro na piscina, como brincadeira e este vem a ter uma câimbra e começa a se
afogar) - ingerência
É a modificação do mundo exterior causada pela conduta. Nem todo crime exige resultado para ser
consumado.
“Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu
causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido”
1. Classificação dos crimes quanto ao resultado:
crime material - resultado deve ocorrer para consumar o crime (estelionato, homicídio, etc)
crime formal - não exige resultado para que o crime seja consumado (extorsão mediante sequestro)
crime de mera conduta - não prevê resultado algum (invasão de domicílio)
“Art. 14 - Diz-se o crime:
I. Crime consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal;
II. Tentativa, tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à
vontade do agente.
III. Pena de tentativa - Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com
a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.
IV. Desistência voluntária e arrependimento eficaz - o agente que, voluntariamente, desiste de
prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já
praticados.
V. Arrependimento posterior - nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa,
reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato
voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.
VI. Crime impossível - não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por
absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime
É expresso no caput do artigo 13: o resultado, do qual depende a existência do crime, só é imputável
a quem lhe deu causa. Considera-se causa toda a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria
ocorrido (teoria da conditio sine qua non).
Portanto, se o resultado foi causado por causa inteiramente independente, não há nexo de
causalidade - nexo causal.
Exceção (art.13,§1): a causa superveniente relativamente independente exclui a imputação quando
por si só tiver produzido o resultado. Trata-se de uma situação em que o agente causou o resultado
mas não responderá por ele, pois o texto legal estabelece o rompimento do nexo causal.
- Ex.: A atira em B para matar, mas B sobrevive ao tiro e morre em um acidente a caminho do
hospital - causa da morte foi o acidente mas A responde por seus atos também (tentativa de
homicídio).
É a perfeita adequação de um fato ao modelo normativo/ ao tipo.
● tipicidade objetiva formal - se a conduta está adaptada a letra da lei, princípio da legalidade
● tipicidade objetiva material - conteúdo da norma com o que realmente se quer proibir -
insignificância e adequação social
Princípio da insignificância - riscos e lesões mínimas não merecem relevância penal. Consequência:
afasta a tipicidade material.
Adequação social - conduta socialmente adequada não merece relevância penal. Ex. venda de cd
pirata mesmo que seja 'normal' é crime e não é socialmente adequado, conforme súmula 502 do
STJ.
1. TIPICIDADE SUBJETIVA
Pelo princípio da vedação de responsabilidade objetiva (art.19 CP) não há responsabilidade penal
sem dolo ou culpa.
- todos os crimes são a princípio dolosos, pois está implícito neles.
- a culpa, por outro lado, precisa de previsão expressa para que tenha relevância (regra da
excepcionalidade do crime culposo), sendo atípica na sua ausência. (ex. homicídio culposo
existe, mas infanticídio culposo não)
a. Dolo
É composto por consciência e vontade.
Dolo direto é aquele em que o autor prevê o resultado e atua para alcançá-lo pois quer o resultado
Dolo eventual é quando o autor prevê o resultado e aceita o risco de sua produção
b. Culpa
Para que haja a culpa deve ocorrer a quebra do dever geral de cuidado (não vou deixar crianças
brincarem com espetos de churrasco afiados) e previsibilidade, conduta descuidada gerando um
resultado previsível (se eu andar na contra mão provavelmente baterei em outro carro)
● culpa consciente: prevê o resultado mas tem certeza que o evitará - muito parecida com dolo
eventual, a diferença é querer/aceitar o risco ou não. Ex.: dirigindo rápido às 18h sabendo
que fica cheio de pedestre na rua, mas como sou bom motorista não vou atropelar ninguém.
○ o agente não quer o resultado e acredita que ele não ocorrerá mesmo agindo de
forma descuidada.
● culpa inconsciente: o autor não prevê o resultado, que era previsível. Ex.: dirigindo rápido
para chegar logo em casa e atropela alguém. Era de se imaginar o perigo de atropelar
alguém dirigindo rápido, mas o autor nem previu isso.
Erro de tipo
É a falsa percepção da realidade, pelo agente, que afeta algum elemento que integra o tipo penal.
Sua primeira consequência é a exclusão do dolo, pois, atingido algum elemento do tipo, não há que
se falar em vontade e, consequentemente, em dolo
Erro sobre elemento: o sujeito não sabe/não tem consciência de que está realizando algo ilícito
descrito em lei. Ex.: Pego o celular da mesaachando que é o meu - erro sobre elemento alheio -
furtei sem saber.
● afasta o dolo
● Se o erro for inevitável afasta a culpa, visto que mesmo com o cuidado comum o resultado
teria ocorrido.
● Se o erro for evitável responde por culpa, já que se tivesse tomado o cuidado devido o
resultado poderia ser evitado.
Erro sobre discriminante: pode chamar de erro de excludente de antijuridicidade (legítima defesa,
estado de necessidade, estrito cumprimento do dever legal, exercício regular do direito) ou ainda
descriminante putativa por erro de tipo.
● por equivocada compreensão da situação de fato o sujeito imagina estar em circunstâncias
que se fossem reais tornariam suas condutas aceitas.
● afasta o dolo
● Se for inevitável, afasta a culpa
● Se evitável, permite a punição por culpa se previsto (tem que estar escrito crime culposo na
lei)
Erro de tipo acidental:
sobre a pessoa: por equivocada identificação o autor atinge pessoa diversa da pretendida. Responde
pelo crime ocorrido, como se tivesse atingido a vítima pretendida.
sobre a execução: por imprecisão no golpe executório, o sujeito atinge pessoa diversa da pretendida
(erro de mira, dar bebida com veneno mas outra pessoa beber).
● se o resultado for único ou simples, atingindo apenas terceiro, responde como se tivesse
atingido a vítima pretendida.
● se o resultado for múltiplo ou complexo, atinge quem pretendia e também terceiro, responde
pelos crimes praticados em concurso formal (atirei em uma pessoa mas a bala passa e atinge
mais uma pessoa - responde por homicídio doloso contra o alvo e culposo contra o terceiro)
OBS: o resultado único responde como se tivesse atingido a vítima inclusive quando for legítima
defesa - uma pessoa me ataca com uma faca e eu atiro em defesa, mas a bala atinge um idoso
passando na rua. Respondo por legítima defesa.
2. TIPICIDADE OBJETIVA
É a união da tipicidade material e formal: adequação da conduta ao tipo penal (formal) e lesão ou
perigo de lesão relevante ao bem jurídico (material).
Na falta de tipicidade material o crime é ou insignificante ou impossível.
a. Etapas de realização do delito iter criminis - é o caminho percorrido pelo crime.
1º. Cogitação - é a idealização do crime no plano mental do autor. Não é punível.
2º. Atos preparatórios - atos materiais voltados a propiciar a execução do delito. Não tem relevância
penal, salvo quando os atos configuram delito expresso (ex. formação de quadrilha, associação
criminosa).
- já caiu sobre o homem ter petrechos para falsificação de moedas mas ainda não falsificou
nenhuma, mesmo assim é conduta ilegal.
3º. Início da execução - passa a ter relevância para o direito penal.
4º. Consumação - o código define o crime consumado. Haverá consumação na hipótese em que
estiverem preenchidas as elementares do tipo penal.
5º. Exaurimento - esgotamento do potencial lesivo após a consumação do crime. Se já foi
consumado e continua lesando a vítima repercute na dosimetria da pena.
b. Tentativa (conatus)
Início da execução > não consumação > por circunstâncias alheias à vontade do agente.
Uma vez reconhecida, há causa de diminuição de pena (1/3 a 2/3). Quanto mais próximo da
consumação, menor a redução (teoria objetivo-material)
Existem tipos penais que não admitem tentativa:
● crimes culposos
● crimes preterdolosos (tem dolo no antecedente e culpa no consequente - lesão corporal com
resultado morte)
● contravenção penal (não se pune a tentativa)
● crimes unissubsistentes, aqueles que se perfazem por uma conduta que não pode ser
fracionada (crimes omissivos, crimes contra a honra praticados verbalmente)
● crimes habituais, que necessita de reiteração da conduta para sua caracterização (casa de
prostituição, perseguição reiteirada - stalking)
c. Desistência voluntária ou arrependimento eficaz
Quando ocorrem tentativas abandonadas ou qualificadas. Diferente da tentativa, nesse o crime não
se consuma por vontade do agente - ele pode mas não quer.
Início da execução > não consumação > por ato voluntário do agente
Desistência voluntária é quando o agente não esgota os atos executórios (ele não termina o crime).
Basta uma atitude negativa para que o crime não se consume - que ele deixe de agir.
Arrependimento eficaz é quando o agente esgota os atos executórios (faz tudo possível do crime).
Exige uma atitude positiva para evitar o resultado do crime - agir para que o resultado não se
consume.
Nos dois tipos o agente só será beneficiado se conseguir evitar o resultado do crime. Basta a atitude
ser voluntária, não precisa ser espontânea.
Os dois agentes respondem pelos atos praticados, não pela tentativa. Ex.: responde por lesão
corporal, não por tentativa de homicídio.
Teoria da ponte de ouro - ponte para permitir que o agente se beneficie.
d. Arrependimento posterior
Pressupõe a consumação do crime. Comparado ao arrependimento eficaz (ponte de ouro), este é a
ponte de prata. Tem como requisitos cumulativos:
● crime cometido sem violência ou grave ameaça
● reparação do dano ou restituição da coisa
● até o recebimento da denúncia
● ato voluntário do agente
Consequência é causa de diminuição de pena (1/3 a 2/3). O critério usado para reduzir é a
celeridade da reparação ou restituição (quanto mais rápida, maior a redução).
e. Crime impossível
Hipótese em que não há risco de lesão ao bem jurídico - tentativa inidônea.
É causa de atipicidade material, pois não tem lesão ou perigo de lesão ao bem tutelado.
● absoluta ineficácia do meio - refere-se ao meio empregado para a prática do crime (tentar
envenenar com farinha, não tem como)
● absoluta impropriedade do objeto - objeto material do crime - coisa ou pessoa sobre a qual
recai a conduta do agente (atirar em alguém já morto)
A análise deve ser feita frente a um bem jurídico ou situação específica. A arma de fogo serve para
praticar outros crimes, mas naquele caso específico não surtiria efeito.
Crime impossível e sistema de vigilância - Súmula 567 STJ - não há crime impossível ante a
existência de sistema de vigilância.
● Se o criminoso estava sendo vigiado e foi pego, não há crime impossível.
● A pessoa furta o supermercado e o segurança espera ele passar do caixa e tentar sair para
pegá-lo em flagrante. Não há o que se falar de crime impossível.
Crime impossível por obra do agente provocador - quando ocorre flagrante preparado ou
provocado - Súmula 145 do STF
● o policial provoca a ação do sujeito, desde que não existam elementos comprobatórios de
conduta preexistente.
● a pessoa não tinha conduta antes e realizou a ação por instigação do agente provocador -
art.17,§2 e art.18 Estatuto do Desarmamento/ Lei de Drogas - art.33,§2, IV

Outros materiais