Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Fisiologia respiratória: Vias eferentes (autonômica/voluntária). A) Divisão parassimpática: Tônus autonômico preferencial; Ativação M3 (musculatura lisa, vascular e glândulas) – receptores muscarínicos; Broncoconstrição – musculatura lisa (aumento da resistência aérea); Vasodilatação (edema, infiltrado celular, inflamação); Aumento da produção de muco protetor (glândulas da camada submucosa). B) Divisão simpática: Inervação exclusiva de vasos e glândulas; B2 em musculatura lisa, mastócitos, epitélio, alvéolos; Broncodilatação (beta-2); Vasoconstrição (alfa-1); Broncodilatação e vasconstrição tem o objetivo de ajustar a demanda respiratória ao estresse; Diminuição de mediadores inflamatórios (B2); Diminuição de muco protetor (beta-2 e alfa-1). Asma brônquica: Componentes básicos (3 fases): 1. Hiper-reatividade brônquica ( sensibilidade); 2. Obstrução reversível das vias aéreas; 3. Inflamação das vias aéreas. Curva em verde (pessoa exposta ao pólen): inicialmente com a inalação do pólen a redução brusca do volume expiratório forçado diretamente relacionado a broncoespasmo. Posteriormente o volume volta a cair devido a uma inflamação. Patogênese da asma: 1. Fase aguda: Resposta direta ao alérgeno ou estímulo (hipersensibilidade I); Degranulação maciça (mastócitos); Mediadores: histamina, LT (leucotrienos) e PG; Citocinas: IL-4, IL-5, IL-13, TNF-; Principal resposta da fase aguda: broncoespasmo ou broncoconstrição (contração da musculatura lisa). 2. Fase tardia (“noturna”): Resposta inflamatória reativa e progressiva (+6h); Proliferação CD4+ Th2 (exacerbação da resposta imune); Mediadores: LT, substância P, NO e adenosina; Citocinas: IL-4, IL-5, IL-8 (quimiotaxia/cronificação do quadro). Problemas da fase tardia: Edema (aumento de muco e migração celular); Produção de proteínas tóxicas (catiônica, básica maior e neurotoxina); Perda epitelial (aumento da sensibilidade a estímulos); Hiperplasia da musculatura lisa (oclusão brônquica); Hiperplasia da camada mucosa (redução da luz das vias aéreas com possibilidade mais intensa de obstrução por constrição e por aumento da produção de muco). Racional terapêutico dos antiasmáticos: O objetivo terapêutico da fase aguda é controlar o broncoespasmo causado por mediadores inflamatórios. Por isso, são usados broncodilatores – agonistas beta-2 são os mais usados; O objetivo terapêutico da fase tardia é a inflamação. Por isso são usados anti-inflamatórios (corticoides). Broncodilatadores: Contrapor a broncoconstrição, induzindo broncodilatação; Diminuem a resistência respiratória; Os agonistas beta adrenérgicos que atuam ativando adenilato ciclase, aumentando AMPc e, consequentemente, causando broncodilatação; As metilxantinas são inibidores da fosfodiesterase que consequentemente reduzem a degradação de AMPc (efeito indireto em aumentar o AMPc e causar broncodilatação); As metilxantinas tem efeito duplo: tanto inibindo a degradação de AMPc quanto bloqueando receptores de adenosina que são receptores que causam broncoconstrição. 1. Agonistas de receptores 2-adrenérgicos: Broncodilatação (antagonismo fisiológico de espasmogênicos); Redução do muco e mediadores inflamatórios; Os receptores beta-2 são acoplados a proteína G estimulatória que quando ativada levam a um aumento da atividade da adenilato ciclase com aumento da produção de AMPc. Isso causa uma ativação da PKa com uma série de efeitos como: aumento da ativação de canais de potássio, diminuição da atividade da via da fosfolipase C e da IP3; São receptores de caráter excitatório, mas que desencadeiam vias inibitórias, como redução da entrada de cálcio e aumento da saída de potássio que tem efeito de hiperpolarização; Análogos de catecolaminas naturais; Agonistas beta-2 tem estruturas análogas a catecolaminas naturais (noradrenalina e adrenalina); O isoproterenol é uma catecolamina sintético (análogo) é um agonista seletivo para beta, embora não seja seletivo para os subtipos de beta (ativa beta-1, 2 e 3); Se for usado o isoproterenol tem-se ativação de beta-1 com efeito indesejado de alterações cardíacas (taquicardia); Um fármaco que é absorvido por via pulmonar vai chegar diretamente pela circulação pulmonar até o coração (até mesmo concentrações pequenas); Fármacos agonistas beta-2 seletivos: salbutamol, salmeterol e formoterol – possuem diferenças no perfil cinético; Salbutamol, terbutalina e fenoterol: ação curta (uso conforme necessidade). São usados principalmente em pacientes não tão sérios, que precisam usar um broncodilatador somente por demanda (não se mantem broncodilatação constante) – duração de 3 a 5h; Salmeterol e formoterol: ação longa (uso regular). Usados em casos mais severos – duração de 10 a 12h. Principais problemas e efeitos indesejados associados: Tremores e ansiedade (beta-2); Vasodilatação e hipotensão (beta-2); Relaxamento uterino (beta-2); Taquicardia e arritmias (beta-1) - doses ou não-seletivos; Tratamento base para fase aguda; Agonistas beta-2 são os principais usados. 2. Metilxantinas: Modulação da transmissão purinérgica (purinas); O ATP tem a função de mediar. O ATP produzido pela célula pode ser empacotado em vesículas e liberado por exocitose; Esse ATP pode ativar receptores P2X (canais iônicos) que quando ativados sinalizam dor e inflamação; O ATP em vesículas pode ser metabolizados por enzimas a ADP, que atua em receptores P2Y que são acoplados a proteína G, que fazem mediação de agregação plaquetária; O ADP pode ser metabolizado em adenosina, que atuam em receptores de adenosina que sinalizam fadiga celular (controle de homeostase). Além disso, causam broncoconstrição, vasodilatação e inflamação; As metilxantinas são antagonista de adenosina (A1-3) – efeitos controlados pela adenosina (contrapõe broncoconstrição, inflamação e vasodilatação); Inibição de PDE (Aumento de AMPc/GMPc); Cafeína e teofilina (produzidas no café) e teobromina (presente no cacau); A teofilina é a principal usada para causar broncodilatação; Aminofilina (teofilina em outra preparação química); Doses Efeito duplo: Antagonista dos receptores de adenosina e inibidoras da fosfodiesterase (imagem acima: efeitos metilxantina em mediadores e em componentes estruturais); O segundo mensageira que causa a broncodilatação é o AMPc (efeito sinérgico com agonista beta-2); Broncodilatação, diminuição de muco; Efeitos antiasmáticos com baixas doses; Podem ser associados a corticoides para impedir a fase tardia; Diminuição da migração leucocitária pulmonar; Estimulação do SNC (atenção, alerta, memória, diminuição de fadiga, convulsão); Aumento da absorção do TGI (aumento da vasodilatação no TGI); Aumento da diurese (aumento da vasodilatação renal). Principais problemas e efeitos indesejados associados: Diarreia, vômito, náusea; Aumento da contração cardíaca (IAM) por diminuição do aporte de oxigênio – hiperestimulação por bloqueio de receptores de adenosina; Aumento da vasoconstrição – o bloqueio de adenosina tem respostas diferentes em vários tecidos (coração/meninges/tecido respiratório); Teratogênico (aumento da dose?); Efeitos relacionados com maiores doses. 3. Antagonistas de receptores muscarínicos: Adjuvante no tratamento da tosse asmática; Uso para controle do muco; Uso em DPOC, causando redução do tônus constritivo da via respiratória; Ipatrópio (atrovent) – fármaco com carga positiva (aumenta as chances de interação com a via respiratória que é negativa); Diotrópio – adição de um grupo enxofre; Bloqueio não-seletivo – bloqueiamqualquer tipo de receptor muscarínicos (bloqueio de M3 e M2 simultaneamente, onde ambos se contrapoem, menor eficácia) – pouca relevância para broncoconstrição; Se existisse seletivo para M3 seria um bloqueio efetivo; Menor absorção (menor efeito sistêmico); Broncodilatação; Diminuição do muco (produção/depuração); São muito utilizados pois a produção de muco cai muito (limpar a via respiratória, com redução de secreções); Sem efeito na fase tardia/inflamatória (uso restrito na fase inicial em especial no controle do muco). 4. Antagonistas de receptores histamínicos (H1): Broncodilatação; Diminuição de prurido (irritação) e diminuição de edema; Rinites alérgicas e qualquer tipo de condição alérgico; Só eficaz em asma alérgica (atópica) – tipos de asma com reatividade sem alérgeno específico não é eficaz; Segunda geração: loratadina e fexofenadina. Processos alérgicos em geral: Hipersensibilidade do tipo I é mediada por IgE – causam ativação de eosinófilos; Primeiro ocorre a exposição a alérgenos, que causa uma resposta de sensibilização que leva ativação de células e produção de IgE; Principais alérgenos: proteínas do leite, proteínas do ovo, camarão, kiwi, toxinas de animais, etc; O IgE produzido em grande quantidade leva a degranulação de mastócitos (alto potencial de liberação massisa); Mediadores liberados: histamina (vasoconstrição) e aumento de produção de citocinas que facilitam o processo inflamatório. Efeitos diretos da histamina produzida em uma resposta alérgica: Indução de coceira e dor; Edema, rubor e calor; Broncoconstrição e aumento de muco; Edema de glote; Diminuição da PA e choque. Diante de um quadro de reação anafilática deve-se pensar em usar, além de anti-histamínicos, a adrenalina, de modo a se fazer um antagonismo fisiológico (aumentar PA, reduzir edema de glote, etc); 2 tipos de receptores histamínicos: H1 e H2; H1: funções mais fisiológicas – excreção exócrina (produção de muco); controle da m. lisa brônquica; m. lisa intestinal e terminações sensória (prurido e dor); Antialérgicos são todos antagonistas H1. “Antialérgicos”: antagonistas H1 Primeira e segunda gerações; Efeito sedativo e anti-emético (SNC); Diferença entre primeira e segunda geração: capacidade de atravessar barreira hematoencefálica; Reação anafilática Os de primeira geração atravessam a barreira hematoencefálica e os de segunda geração não atravessam ou atravessam pouco; Primeira geração: antagonismo de H1 sistêmico e central (efeitos sedativo e anti-emético muito intensos) – podem ser usados para doença do movimento, quando a pessoa tem muita tontura e vômito quando anda de ônibus, barco, etc; Efeitos indesejados: menor em segunda geração (efeito somente periférico); O efeito principal é mediado pelo bloqueio de receptores de histamina H1. Efeitos como sedação e aumento de apetite são indesejados. 5. Antagonistas de receptores de cisteinil-leucotrienos: Ácido araquidônico precursor tanto das prostaglandinas quando dos leucotrienos. Por ação da COX forma-se prostaglandinas e por ação da LOX forma leucotrienos; Os inibidores da COX, em especial os não-seletivos tinham risco de causar broncoconstrição e causar uma crise asmática. Isso se deve ao fato de que quando se bloqueia a COX se deixa todo o ácido araquidônico passível de ser metabolizado pela LOX, produzindo leucotrienos que tem ação severa na via respiratória (causam ações mucosas, causando vasodilatação com edema e aumento da secreção de muco, brococonstrição e aumento do recrutamento de eosinófilos); Uso de AINES é complicado em asmáticos; São fármacos adjuvantes (+ corticoide); Broncodilatação leve (redução de beta-2); Diminuição de fase aguda/tardia (alérgenos); Diminuição de ativação de eosinófilos; Diminuição da reação causada pelos AINES (reduzir as chances de ocorrência de broncoespasmo); Problemas: cefaleia e distúrbios TGI. Anti-inflamatórios esteroidais: Inibem/previnem o componente inflamatório (ambas as fases); Frente a estímulo inflamatório, tem-se as fosfolipases (asterisco verde) atuando degradando os fosfolipídios de membrana. Entre as fosfolipases chama-se a atenção da fosfolipase A2. Ocorre produção de ácido araquidônico que é o precursor tanto de leucotrienos quanto para prostaglandinas, tromboxanos e prostaciclinas. Leucotrienos produzidos pelas LOX e todo resto pela COX; A COX é inibida pelos AINES enquanto que a fosfolipase A2 é inibida pelos corticoides; Os corticoides são utilizados para evitar o deslocamento de ácido araquidônico para a LOX; Os corticoides bloqueiam a produção de ácido araquidônico, precursor tanto de leucotrienos quanto de prostaglandinas. Isso cessa a produção de todos os mediadores inflamatórios que são importantes para a fisiopatologia da asma; Inibem/previnem o componente inflamatório (ambas as fases) – a fase aguda, embora não tenha grandes componentes inflamatórios, é onde se desencadeia a fase inflamatória. O uso de corticoide acaba com o componente inflamatório das duas fases e por isso eles são altamente efetivos para o controle dos sintomas da asma; Corticoides possuem efeito em modular a expressão gênica e por isso podem ter efeito anti-inflamatório sendo construído ao longo do tempo (2 a 3 semanas para ter um corticoide em seu efeito anti-inflamatório máximo); Os corticoides tornam o tecido muscular mais sensível a ação de receptores beta-2 (aumento da expressão de receptores beta-2); Uso profilático/manutenção (diminuição da progressão); Maior eliminação pré-sistêmica preferida – metabolismo de primeira passagem grande, onde mesmo que seja deglutido, tenha menor impacto no organismo; Prefere-se administração em via local no sistema respiratório – fluticasona, blecometasona, budesonida; Latência para efeito pleno (semanas/meses). Efeitos indesejados mais comuns em uso sistêmico: Uso em asma muito severa; Evita-se o uso crônico e sistêmico (asma severa apenas); Uso local ou sistêmico agudo preferidos; Supressão e insuficiência suprarrenais; Supressão do crescimento; Hematomas; Osteoporose; Catarata; Glaucoma; Anormalidades metabólicas (glicose, insulina, triglicerídeos); Distúrbios psiquiátricos (euforia, depressão); Pneumonia. Efeitos indesejados mais comuns em uso local: Candidíase orofaríngea (imunossupressão local por uso incorreto – microrganismos oportunistas); Irritação da garganta e disfonia ( espaçadores); Supressão da suprarrenal (absorção TGI, fluticasona). Outros tratamentos: A) Dessensibilização imunológica (indução de tolerância): Indução de tolerância por exposição constante do alérgeno; Diminuição da concentração plasmática do alérgeno íntegro; Pode garantir respostas mais brandas à exposição ao alérgeno (diminuir chances de choque anafilático); Oral/cutânea, sequencial e progressivo; Não o mesmo impacto em todo alérgico (problema); Efeito de longo prazo (anos?) – não se sabe . B) Anticorpos anti-IgE: “Inativação” de IgEs; Uso restrito (alto custo); Omalizumab (mab de anticorpo em inglês). C. Cromoglicato e nedocromila: Fármacos que o mecanismo de ação não é tão bem compreendido; Causam certa redução no componente imune; Cromoglicato e nedocromila – impedem a magnitude de degranulação de mastócitos, promovendo menor resposta inflamatória. Escolha do arsenal terapêutico: Escada de acordo com a gravidade da asma; Asma leve (pessoa que não tem sintomas graves): pode ser necessário só o uso de um broncodilatador inalatório preferencial em especial agonista beta-2 adrenérgico de curta duração (uso do fármacosomente quando se tem um evento de broncoespasmo); Asma moderada (até 4 crises por dia): além do agonista beta-2 inalatório de curta duração (usado quando se tem crise aguda) pode associar um anti-inflamatório inalatório cronicamente. Quando as crises se tornam mais refratárias, além dessas duas medidas, pode se fazer uma broncodilatação crônica – uso de agonista beta-2 inalatório de longa duração (terceiro degrau); Asma severa (paciente precisa usar fármacos o tempo todo em que a balança do uso/benefício seja melhor o paciente ficar em uso profilático dos medicamentos do que esperar uma crise acontecer): uso de beta-2 adrenérgicos inalatórios de curta duração (para quando necessário em crises agudas); corticoides inalatórios em altas doses cronicamente; uso crônico de beta-2 adrenérgico de longa duração e pode, ainda, ter adicionado adjuvantes, como glicocorticoide oral (se necessário, hidrocortisona ou prednisolona) e antagonistas de leucotrienos, muscarínicos, histamínicos a até metilxantina. O uso de adjuvantes reduz a necessidade de corticoides (pode se reduzir a dose do corticoide oral). Nesse caso pode suspender o agonista beta-2 adrenérgico de curta duração e trocar por um desses adjuvantes; A ideia do escalonamento é sempre utilizar o mínimo necessário para controlar os sintomas do paciente. Importante lembrar que pessoas asmáticas NÃO devem utilizar bloqueadores beta-adrenérgicos que não sejam seletivos.
Compartilhar