Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1492 1521 ililtffit il I I I I I I I I I I I I Ilt I lillrrü ffi ffi r r I r [41] Alhambra, Espanha A conquista colonial No final do século XIV, o conhecimento geográfico dos,eu- ropeus limitava-se, aÌém de suas próprias terras, ao norte da Afri- ca e a uma pequena parte da Asia. Algumas rotas mercantis li- gavam as mais distantes rcgiões asiáticas aos extremos ociden- tais da Europa r'r . As cidades italianas de Gênova e Veneza haviam se destacado como os principais centros do comércio me- dieval, mas foram os reinos ibéricos de Espanha e Portugal qr:e primeiramente se dirigiram ao Atlântico, logo após a reconquista oe seus terrltortos aos araDes I á I Depois de quase um século de expedições à costa africana, os portugueses conseguiram ultrapassar o cabo da Boa Esperança (antigo cabo das Tormentas), com Bartolomeu Dias. Essa bem- sucedida empreitada abriu-lhes um novo caminho para as índias. Alguns anos antes, Cristóvão Colombo, a serviço dos reis es- panhóis e também procurando chegar ao Oriente, atingira as ilhas do Caribe, iniciando a conquista da América. A partir de então, muitos navegadores cruzaram o Atlântico, que foi dei- xando de ser um mar desconhecido, sobre o qual tinham sido criadás as mais fantásticas e assustadoras lendas tE , para ser a principal via de integração entre o Velho e o Novo Mundo. Numa dessas via{ens, Pedro Álrru.., Cabral, que se dirigia para o Oriente, afastou-se de sua rota e desembarcou numa área rica em pau-brasiÌ, inicialryente denominada Terra de Santa Cruzt-=-t. Começava então a conquist.a portugue"sa em terras que. por seus habitantes c por suas paisagens. pareciam ser o paraíso terrestre descrito na BíbÌia. Portugal e Espanha, pioneiros na expansão ultramarina, lo- go procuraram Cividir entre si os novos domínios. Por interven- ção do papal em 1493, tentou-se traçar uma linha divisória que, além de favorecer o reino castelhano, não determinava com pre- cisão o local'de onde deveriam ser contadas as cem léguas de- marcatórias r=r . Permitindo interpretações conflitantes, foi ne- cessário proceder a uma nova divisão das terras descobertas, um ano depois, peÌo Tratado de Tordesilhas. Esse acordo, por sua vez, foi contestado imediatamente por outros Estados europeus, que passaram a promover várias expedições militares e comer- ciais ao continente americano. f3ln partilha do Novo Mundo [5 CartograÍia do século XVI n\ o**^,rìl/. / n0 N}RIE -f./,^ -/* OCEANA PA,CIF!CA O 370 léguas a partir das Ilhas de Cabo Verde lB 100 léguas a partir do extremo oeste das llhas dos Açores O 100 léguas a partir do extreno este dâs lhâs de Cabo Verde -+ lngleses + FrancesesPossêssões destinadas aos es0anhóisP0ssessôes deslinadas a0s espanhóis llllllilillrrffiffi fíl 0 mundo conhecido pelos europeus !s ry" ffi \'. 0útAHt t Ci,culo Polat An!ánico ÀIITÁÊÌIDA f2l Principais viagens marítimas dos reinos ibéricos (séculos XV e XVI) N\ Ju* )#s I I n \ ;i\ \\i . L),/) i) /r\J I t'l ì.!<'l t'\ *\r\_br____\\\ 1 500 1 580 ill[[ril #tr [2]Feitoriaseescambo A colonização do hlovo Mundo Os primeiros habitantes das Américas, divididos em diversos grupos e distribuídos pelo extenso território, possuíam organi- zações sociais que variavam de tribos seminômades até verda- deiros impérios ccntralizados rr-r . Nas terras que hoje consti- tuem o Brasil, destacavam-se as tribos Tupi, Gê e Aruaque, que, aÌém da cìaça c da pcsca, se dedicavam à agricultura. CaìcuÌa- se que em 1500 havia 2 miihões de nativos t ó iem nosso tcrri- tório. Dcstes rt:stam nlerìos de 200 miì, que ainda lutam pela demarcação de suas terras. No início do século XVI, araídos pelos lucros do comércio: ,.com as lndias l-s-l , os portugueses limitaram-se ao reconheci- menlo das regiões litorâncas, quase excÌusivamente para inten- sificarem a expioração do pau-brasil através do escambo com os nativos. Em pequeno número, esses lusitanos estabeleciam- se em Íèitorias ro: e acabavam por se integrar ao cotidiano in- dígena, dependendo das alianças com as tribos 1o.uis 1=r A presença de rivais europeus, bem como a tentativa de criar uma alternativa econômica para o comércio oriental - que em tor-no de 1530 já mostrava os primeiros sinais de crise -, Ìevoua Coroa portuguesa a iniciar a colonização da América. A partir de então, a relação com os indígenas se modificou. A civiÌização ïlazrda pelos europeus passou a significar a sub- missão dos nativos, a tomada de suas terras e a subordinação de suas culturas originais. Tornaram-se freqüentes os conflitos entre portugueses e índios. A primeira experiência colonizadora, feita com as capitanias hereditárias, não garaniiu a defesa nem a ocupação desses no- vos domínios. Desde cedo, algumas delas, chamadas Capitanias Reais, passaram ao controle direto de Lisboa, ao contrário das demais, controladas a partir da colônia. Anos depois, com a cria- ção do Governo-Geral, a Coroa reassumia o comando da colo- nizaçáo, por meio de um poder centralizado, ao qual foram subordinadas'.odas as ('apitanias. Posteriormente haveria uma nova divisão do território bra- sileiro, estabeÌecendo-se dois governos, um sediado na Bahia e outro no F-io de Janeiro r = . O Governo-GeraÌ deveria ser a expressão de um poder central forte que dirigisse a colônia. Na prática, porém, os grandes proprietários de terras (chamados homens bons) acabaÌ'am por controlar a vida colonial, exercen- do seu poder político através das Câmaras Municipais r-t fí l Povos pré-colombianos ãtntntãffi ilffi t I truilraffi ffi aHilt :I Ë# llllllllllllffiWffi' f5- 0s reinos das especiarias f2tl Administração colonial xívers ol ADMTNTSTRAçÃo E Metrópole n Governo-geral ffi Capitanias E Municípios ii9 ,!9 :2 .e s .s Ê e È o o ô I ô f 3 l Divisão político-administrativa da América Portuguesa CAPITANIA DA rrHA DE sÃo JoÃo {Fernando de toronha) OCEANO artÂwnco f6l0 Mundo Novo Cruz PoÍto SegoÍo .,.1 Santos1 Sào Vicente sT! YICEITE rllt [---l E.,rdo do None ì = \ ;.;,zts | | Estado do Sur ) V7V capiranias reaìs ltrÍã perteflcentes a Pdtugal ffi ilill I I t tffiïl I llnltrr I I lllnl xr r I r I I r fTl n economia colonial no século XVI A civilização do açúcar A colonização das terras portuguesas na América exigia a or- ganizaçáo de uma economia lucrativa e duradoura. A simples exploração do pau-brasil, apesar de ter se estendido por sécu- los, não garantia a estabilidade necessáriapara isso. Assim, o açú,car acabou por se tornar o principal produto da economia colonial até o século XIX, devido inicialmente a diversas con- dições favoráveis, principalmente no Nordeste, e a uma grande aceitação do produto nos mercados europeus. Em torno da atividade canavieira desenvolveram-se também apecuáriae o fumo I . . O gado era fundamental paraotrans- porte e servia como força motriz das máquinas dos engenhos. O tabaco tornara-se um produto importante, já que , na Africa, era trocado por e scravos (escambo) r -- . A África, o continente negro, fornecia um tipo de mercado- ria especial. Por séculos, inúmeras embarcações cruzaram o ocea- no para abastecer o Novo Mundo com africanos, que, com suas vidas e seu trabalho, garantiram acolonização fs- t - t . Aplan- tation, uma estrutura de produção original, lançava suas bases: grandes propriedades com mão-de-obra escrava dedicadas à cul- tura de um único produto voltado ao mercado externo. A colonização gerou uma verdadeira cívilízação do açúcar. AÍinal, com o plantio da cana e a proliferação de engenhos, não foram só as paisagens das áreas Ìitorâneas, onde se dava o culti- vo, que mudaram. Toda a antiga visão idflica, que apontava semelhanças entre o Novo Mundo e o Paraíso bíblico, foi subs- tituída pelas reflexões e impressões causadas pela escravidão. Os engenhos não eram apenas fábricas incríveis, mas verda- deiros infernos, com caldeiras que pareciam lagos ferventes, tra- balho noturno e gritos desesperados de escravos. Numa melhor posição social, trabalhadores livres desempenhavam funções es- pecializadas E l . O Brasil preparava-se paraser, segundo a vi- são de um cronista do período colonial, o inferno dos negros, o purgatório dos branco e o paraíso dos mulatos. Grande parte da América estava integrada ao intenso comér- cio do Atlântico t € , que envolvia gêneros tropicais, manufa- turas e escravos numa extensa rede mercantil, montada pelas metrópoles européias, denominada antigo sistema coÌonial r - I . f^4-l Entrada de escravos aÍricanos no Brasil colonial [2-] Organograma de um engenho oi Ê !- i s I r" j zl Sebastião do Rio de Janeiro nilhares de escravos : ! , t,i il ,ii1 .r.,,,l.,,1,,:,,r,1,,r: 199 160 140 1m 100 80 ô0 40 20 0 tt1750 17ô0 t" xffi f tlllllllililt* f-5-lComércio atlântico e sistema colonial \-", \ tuffc J ,*,hgÈj,tÊ Produlos tropicab (açúcar, pau-brasil, etc.) +> Produlos mandaturados (armas, tecidos, azeite, etc. *--+ Escravosafticanos ****#âF Produtos para escambo (aguardenle, tabaco) [-3-ì Principais rotas do tráÍico de escravos AHÉBrcA DO NOBTE Jç l":;,^ T ,:h{i i-, tu'ìií /Q Cà'bo^Verde Sl,rn,. \ sãojors;''r "j- "''---ôosta c Escravos llha de São -Ë*TráÍico de escravos para as Américas -DTr't de esoavos para o oriente e Mediterrâneo ,ffiffi 1 580 llllllill I I I tffit il I I ilil1ril wffi r I I I I I A União lbérica O jovem rei de PortugaÌ, D. Sebastião, morreu combatendo os árabes no norte da África. Sua cierrota em AÌcácer-euibir, em 1578, levou ao trono português o velho Cardeal D. F{enri- que, que faleceu dois anos depois, também sem deixar descen- dentes. Abriu-se então uma intensa disputa pela Coroa lusita- na, vencida afinal por Filipe II, rei da Espanha, da família Habsburgo. A nobreza e a burguesia portuguesas, atraídas pelas rique- zas espanholas, aooiaram a nasceilte União Ibérica. A partir de 1580, toda a península estava ligada a uma só Coroa. lJm imenso império, que envolvia todos os cinco continentes, passou a tra- duzir a nova dimensão do poderio ibérico r-r . No entanto, um ano após a união dinástica, já ocorria a pri- meira perda do império filipino. Parte dos Países Baixos, sob a liderança da Flolanda, desligou-se de Madri, capital do impé- rio, proclamando a República das Províncias Unidas, uma perda que os espanhóis tentariam reverter, inutilmente, dur:ante anos Í-2-l . Parceiros comerciais de Portugal, os hoiandeses fi- nanciavam e distribuíam grande parte do açúcar brasileiro. Mas a nova situação política em que ambos se encontravam trouxe mudanças nas relações entre esses dois Estados. A partir de 1G24, ataques a possessões de Portugal, sobretudo em áreas canaviei- ras do Brasil e de obtenção de escravos .ru Áf.i.u, puseram frente a frente holandeses e portugueses. Por trinta anos, Iuso-brasileiros envoÌveram-se em lutas pela retomada de áreas ocupadas no Bra- silenaÁfri.ul-srrsr. Por volta de 1620, a situação dos domínios fiÌipinos começou efetivamente a se alterar: a prata.am erícana já não era mais tão abundante; Estados europeus rivais continuavam a fustigar im- portantes possessões imperiais; e as sucessivas guerras enfraque- ciam as finanças reais, gerando descontentamentos e revoÌtas internas. Para as classes dominantes portuguesas jâ não era tão atraente a integração com a Espanha, pois sua riqueza dimi- nuía e as rer,oltas das camadas populares aumentavam. Os problemas econômicos tornaram-se, assim, a principal causa da Restauração, que iria desvincular novamente Portu- gal dos domínios espanhóis. Em 1640 era afinal aclamado um novo rei português, dando início a lutas que só terminariarn em 1668r-r . @ A guerra da Restauração f2lProvíncias Unidas [5] Brasil Holandês I Revoltasnoimpérioespanhol [-l Possessoes espanholas X PrincipaiscombatesentÍe ponuguesese espanh0F Países Eaixos [] Domínios espanhóis ffi Províncias Unidas (1581-1609) : Provinc as lJnidasem 1648 rs $$ ffiffi f5l n guerra pelo açúcar (1624'54) i 1 11ililIilil1ffiffiffi OCFÁNO ertevrrca oçEANo pncirtco -+Ataques holandeses + C0ntra'ataques lus0-brasileiros f--l Estado do Maranhão (1621) f__l Estado do Brasil (1621 ) f_--.l Domínios espanhóis ACEAN) i1 IND!CO : POSSESSÕES HOLANDESAS f..:.1 Área produtora de açúcar ffil Área de apresamento de escravos ffil Áiea de ref no e distr butçáo do açúcar $ nçu,.r, e3 Esc.auo, fíl0 império de FiliPe ll €3 llhas Acorcs #- iiir llha da Madeirat !oi llhas Canáias Ípp G6"mo oorinoo Bonbôim Goâ AÍíÉircÂ' CEÍITRAI. llhas de Cabo {eile ACEANO llha de Cochim SocotoÍá ATLANTICA Lima ACEANO PACIFICO Salvador OCEANO íNDICO Rio de Jaoeiro Santiago de Chile Cabo da Boa ÉspeÍança ffi Possessõe, do lmpério Habsburgo {1580) /pìffiìuxos A s lA EUROPA AFRICA Cabo veÍde Jorge da Mioa AMERICA Do NoRTE â AMÉRIEA DO SUt ffiffi mltlulillll ; ltillilrffiffif;tillt A economia na época da Restauração A segunda metade do século XVII assiste ao fim da heeemo- nia ibérica. Franceses, ingÌeses e holandeses) com o estabeleci- mento de seus próprios impérios coloniais, tornam-se as princi- pais potências de um jogo internacional do qual os ibéricos pas- sam a ser peças secundárias I ' . O poderio português estava abalado pelas invasões holandesas e pela guerra da Restaura- ção e o comércio com o Oriente declinara drasticamente. Lu- tando em várias frentes, e diplomaticamente isolado, Portugal recorre à Inglaterra, que dá seu apoio militar e político ao aba- tido reino lusitano em troca de alguns domínios e de acordos comerciais vantajosos. Começava assim uma subordinação que avançaria pelos séculos seguintes. Os holandeses, expulsos do Nordeste brasileiro em 1654, ex- pandiram a produção de açúcar nas Antilhas t - , em suas pró- prias possessões ou em consórcios corn ingleses e franceses. A pro- dução holandesa, que contava com diversas refinarias, capitais e uma grande rede de distribuição, acabou por afetar diretamente os negócios Ìuso-brasileiros. No entanto, ainda que o preço do açúcar não tenha acompa- nhado as altas de outros produtos, sobretudo dos escravos, em vários momentos do século XVII r - não houve uma queda generalizada da atividade açucareira. Ocorreu mesmo um au- mento das áreas produtoras. que continuavam a ser essenciais para as finanças imperiais. Assim, e apesar das dificuldades, a economia colonial tornava-se cada vez mais complexa. A pe- cuária estendia-se para o intelior, o tabaco mantinha-se entre as principais exportações e o algodão, usado internamente para a fabricação de tecidos grosseiros, começava a ganhar ulgr- destaque. Para continuar suprindo suas necessidades, o império portu- guês passou, então, a exercer um controle maior sobre a colô- nia f.- l . São então criadas Companhias de Comércio, nas quais grandes comerciantes detinham o monopólio dos negócios das principais regiões exportadoras da América portuguesa r 4 . As tensões internas, alimentadas por oposições às medidas metro- politanas, não tardariam a se manifestar. f3l Preço do açúcar X preço de escravos f5'l Estado do Brasil fril A economia colonial no século XVll I milharcs de óis ..9 N. 3i 120 í00 go 17m 1725 enG ffiffi IIIIIIIIIIIIffiruffiff fíl lmpérios do século XVll fr#u"ïr._ .-*.o.-*--Á*----s.* l._._"^ uB0P4 ^_ S#4'Fï,iü' MPÉR'cHNÊs )Íïìmnv(. .; "SË'^, , ,rr,; _- st' Louis ÁrRtcl !ffiffiffitl Possessões inglesas Possessões holandesas Possessões porluguesas Possessões francesas Possessões espanholas D0 Í'l0B fZl As Antilhas no século XVll I Possessóesinglesas ffiÏ Possessõesholandesas ÍI*;{t |'OSSêSS@S Íran0esas H ffi Possessõesespanholas GOIËO DO MEXICA MAR DA9 ÁNiltí1ÁS OU DOE CANAíBAS P eq u e n as Antith as'"* t'$ n"n@"* s. vrcmrffi ^"ftryi*** *ï:::;ül- Grandes Antilhas Buaieffi ffi@ A economia colonial no século f5l Mineração do ouro O século XVIII é conhecido como a idade do ouro do Brasil. A descoberta de jazidas desse metal, principalmente na região de Minas Gerais, tìrouxe grandes alterações para a economia e sociedade coloniais. Ainda assim, o açúcar manteve sua posi- ção de destaque entre as exportações. Ao lado desses dois pro- dutos,também o algodão recebeu um grande impulso externo, graças à nascente indústria têxtil inglesa, enquanto a pecuária e o fumo permaneciam coÌno importantes gêneros auxiliares das atividades canavieira e mineradora. A produção de ouro t s r , gue atingiu o auge em torno de 1750, permitiu à metrópole portuguesa viver um período de ri- qlJeza e opulência; período, no entanto, bem curto. Com a queda da produção registrada na segunda metade do século XVIII, novas dihculdades surgiram para a economia lusitana l 2l . Fo- ram então adotadas medida-s para dar inaior lucratividade aos negócios imperiais, aumentando ainda mais o controle sobre a economia colonial. Para isso, criaram-se novas companhias co- merciais, à semelhança de suas antecessoras do sécuÌo XVII. Através da Companhia do Grão-Pará e Maranhão e da Conr- panhia de Pernambuco e Paraíba E , procurava-se monopo- lizar determinadas atividades econômicas nas mãos de alguns poucos e grandes negociantes. Nesse tempq, a cidade do Rio deJaneiro, transformada em capital do Brasil pela proximidade com as áreas mineradoras, era o principal porto exportador da América portuguesa. O res- tante das exportações praticamente se restringia ao Norte e ao Nordeste. No Sul, o contrabando, iniciado no final do século XVl, coòtinuava a escapar do controle metropoÌitano l- = Ì . Jâ aCapitania de São Paulo, desde os primeiros tempos da colonização, voltara-se para o interior, visando o apresamento de índios, a procura de metais e a circulação do gado, e tam- bénr devido ao incipiente comércio de alimentos. Seguindo os cursos dos rios, os paulistas abriram uma série de caminhos que permitiram a comunicação e o comércio com as áreas minera- doras,. ampliando os domínios da Coroa portuguesa t-o"l . [ãl Produção de ouro no século XVlll f4l Rotas de abastecimento do Centro-Sul llllll 170 tlrillilil1ilIIillilllill I coias ! Minas Gerais f] Mato crosso 65 65 1794 1799 znos ffiffi lllllllilllnËffiffi f3] Exportação e contrabando na região do Prata fT-l A economia brasileira no século XVlll ât:?'Ítr ,,,t:it;ll:a*fi {ô, "% sN ocËANA arLÀurrco Ìtr'$ü{! dB &oltrm$es I i I I b h t i, K açffi "'ff P, [--T p.u-r,"rit f,f c.n,.d..."ú.", ffiffi| e""uá,i" f-_l Nin.,..ao @ D,ogu, do r.não -_!U rumo A alqodão {** âü4*í1âi{ :ri;i 1;i ijilÌir lË '1808 ffiil1 ll f3l América Portuguesa A expansão da colonização A conquista do território hoje pertencente ao Brasil esteve in- timamente ligada às atividades econômicas coloniais. Assim, a pecuária, a exploração das "drogas do sertão" na floresta Ama- zõrÀca, a procura de indígenas e de metais preciosos levaram os luso-brasileiros para alérn dos limites determinados pelo Tra- tado de Tordesilhas. Entre os séculos XVI e XIX, a partir das províncias litorâneas, formaram-se diversos focos de expansão coÌonizadora f;t , de onde partiram os conquistadores que es- tabeÌeceram os primeiros caminhos, povoados e fortificações do interior rr-r . Devido a isso, ainda no século XVIII Portugal e Espanha firmaram vários tratados, procurando novamente de- limitar seus respectivos domínios coloniais no Novo Mundo. Internamente, a própria América portuguesa chegou a ser di- vidida em três Estados: vice-reino do Brasil, Estado do Mara- nhão e Piauí e Estado do Grão-Pará e Rio Negro r=l . Novas capitanias também foram criadas, sempre na tentativa de ga- rantir o controle e a posse dos territórios portugueses no conti- nente. A partir da metade do século XVIII, a Coroa portuguesa readquiriu as poucas capitanias ainda em mãos de particulares, assumindo sua administração através de funcionários reais. Algu- mas dessas capitanias estavam subordinadas às chamadas Ca- pitanias Gerais, instâncias político-administrativas submetidas aos seus respectivos Governos-Gerais r- ì . Ao lado dessas medidas econômicas, políticas e diplomáticas, a participação da Igreja também foi decisiva para a conquista colonial. Diversas ordens religiosas, entre elas a importante Com- panhia de Jesus, estabeleceram missões tanto nas regiões lito- râneas quanto no interior, onde os indígenas eram sistematica- mente "domesticados" e cristianizados [€-ì , integrando-se à es- trutura de exploração colonial montada pela Coroa portuguesa no Brasil. f2l Crescimento populacional nilhates de habilanles :+{.tii:t!:+iìi:Ï.iiiiij:n:.r:1i11:iiiiiiiiiiiliiiiiiiiiiiiii:'iiiii:i1'i1:i1i:'1'r'j 1550 1583 1600 1660 1700 1776 1798 1800 ffiwi I lnnrnunmnffi- f5] Missões e divisão eclesiástica f ^41 Vice-reino do Brasil (1774.1S15) [íl Expansão da conquista colonial fJ Áreas povoadas e conhecidas Rotas da expanúocolonial t Principaisfortiíicaçoes ffiffi #iltffiiltHil fí-l Classes sociais Sociedade e tensões coloniais O açúcar e a mineração influenciararrr a constituição de toda a sociedade colonial. Por um lado, a atividade canavieira, mes- mo baseada no litoral, desenvolveu-se num ambiente ntraliza- do dirigido pelos senhores de engenho; por outro, a sociedade das minas, estabelecida no interior e dirigida por grandes mi- neradores, possuía uma camada social média urbana e mais com- plexa do que a encontrada no meio açucareiro, embora se nutrisse do mesmo componente básico: o escravismo t-ïl . A escravidão criava uma série de tensões na vida colonial. Entre elas, as que resultaram na expulsão definitiva da Com- panhia deJesus, em 1760. Os jesuítas r-t , contrários à escra- vização dos índios, mas favoráveis à escravidão dos africanos, foram expulsos diversas vezes de muitas regiões da colônia e so- freram a pressão direta dos bandeirantes, que tinham grande experiência no apresamento de indígenas e na destruição de qui- lombos. Vários conflitos revelaram a oposição dos interesses co- lonizadores à atuação da Companhia deJesus, como a Revolta de Beckman E-j, cujo elemento desencadeador foi a questão da escravízação indígena, agravada pelas reações à atuação da Companhia de Comércio do Maranhão r=l . Outros conflitos, envolvendo inteïesses diversos, também sa- cudiram a sociedade colonial. No Nordeste, a lutâ pelo poder político levou comerciantes e senhores de engenho a se enfren- tarem na Guerra dos Mascates. Demonstrando não haver uni- dade nos domínios portugueses, e sim uma série de regiões mais ou menos autônomas, a Guerra dos Emboabas, em Minas Ge- rãis, representou uma tentativa dos paulistas de impedir o acesso de concorrentes aos seus negócios. Mesmo depois de separado de São Paulo, o atual estado de Minas Gerais ainda se manteve extremamente explosivo. Estourou ali a revolta de Filipe dos San- tos, voltada contra o controle da metrópole r=l . Os conflitos assumiram um cunho separatista já no final do sé- culo XVIII. A economia portuguesa, cada vez mais subordina- da aos interesses ingleses, estava enfraquecida. O declínio da mineração fez com que aumentasse ainda mais o controle me- tropolitano, através de medidas que Íizeram crescer as tensões co- loniais. A Inconfidência Mineira, um movimento de elite, foi o primeiro a pretender a independência política, mas, como outras conspirações posteriores, não resultou numa verdadeira revolta. O primeiro grande movimento separatista foi na realidade a Inconfidência Baiana r-r , gug, embora inicialmente dirigi- da pelas elites, foi depois conduzìda pelas camadas populares. As classes dominantes na colônia começaram então a perceber a extensão das reivindicações das camadas médias da socieda- de. Queriam fazer a independência, mas à sua maneira, sem a participação popular, que não se levantava apenas contra o domínio português, mas também contra a miséria, a escravi- dão e a falta de participação política. Homens livres pobres, tnabalhadores ocasiomb, milicianos, muhtos e lbeÍtos f 6;l Beckman Grandes minemdores, auloÍilades cobniais e eclesiástìcas Ftffìcbnários coloniâis, prolissionais lberais, baixo clero, anesâ)s, comêrcìântes, pêquenos mheradores Senhores d€ engenho, auloridades mlonhis ê êclêsiáslims Socbdade Açucareha Mercadores, aÌlesãos, pequenos hvÍadoÍes, assahriados, homens livres póres,muhlos e libeÍlos Sociêdade MineradoÍa ,s 3 t E .9 fsl Missoes ffiffi illllilHllK$ffift fã-l Escravidão e conÍlitos coloniais f2fl Movimentos anti-coloniais [3] ConÍlitos coloniais ,ü a + ï F .0 N .9r 0v '' r' ---::-:^---- - Olinda/ ltnconÌtoenctal ,/ lBaianal798 | \ '.- ^/íõ l lnconÍidência l Y " .,lrvrineirarzág \ Jalvadti-o I.t vihnià-17sg /'. ^/ fï,j Máxima expansão da capihnia paulista 1709 - Guena dos Emboabas 1707 - Revolta de Filipe dos Santos 1720 * 'Guena dos Mascetes 1710 p Ál.r. de apresamento de indígenas -.1 Bandeiras de caça aos indígenas -> Bandeiras contra quilombos e índios rebelados (sertanismo de conÍato) S uisso.s portuguesas fr uissoes espanholas 'iti!oriloroo, Revolta de Beckman }( Expulsáo de jesuítas ffiffi 11) Engenho com capela Gultura colonial A cultura colonial brasileira foi fortemente marcada pela re- ligiosidade católica. Na antiga Terra de Santa Cruz, inteerante do chamado Império de Deus por Portugal, a difusão dos valo- res cristãos foi sempre um referencial fundamental tanto do pen- samento quanto das expressões artísticas. Numa época em que o acesso à leitura era extremamente limitado, e normalmente restrito aos membros do clero, apalavra evangelizadora e as men- sagens visuais constituíam os principais meios de difusão cultu- ral. Assim, ao lado da catequese de indígenas e africanos e da pregação nas cerimônias religiosas, a arquitetura das igrejas r=-r e mosteiros e as pinturas e esculturas sacras I-zt 13t forma- vam o núcleo da cultura européia que tentava se estabelecer no Novo Mundo e que ia sofrendo as influências do novo meio. Ao Ìado disso, e durante muitos séculos, viajantes e cronistas europeus retratariam em pinturas e textos suas impressões so- bre o peculiar mundo colonial, seus povos, seus costumes e seus conflitos. Durante o período da dominação holandesa no Nor- deste, o príncipe Maurício de Nassau estimularia a presença na t^colonra de varros prntores e artrstas t_'l f ól E , numa ou- tra e distinta tentativa de implantar a cultura européia no mun- clo coloniaì. Internamente, os colégios jesuítas monopolizaram o ensino atê 17 60, condicionando também a Íbrmação dos escritores lai- cos. O surgimento de um público leitor significativo só se daria em meados do século XVIII, com a formação de pequenos cír- culos literários urbanos, denominados academias. Dois estilos principais nortearam a cultura colonial na Amé- rica portuguesa: o Barroco e o Arcadismo. O primeiro expres- sava a crise espiritual do período posterior ao Renascimento, sobrepondo duas formas de sensibilidade: a fé e a racionaÌida- de. Entre seus principais representantes estão o pregador Antô- nio Vieira E , o poeta Gregório de Matos, o músico Lôbo de Mesquita e o escultor Antônio Francisco Lisboa (o Alei- .jadinho) r=-r . Já durante o Arcadismo, característièo do século XVIII, sobressaiu-se uma tendência que aliava simplicidade, raciona- lidade e clareza, expressando as críticas iluministas ao clero, à nobreza e ao sistema colonial. Seus representantes mais signifi- cativos na colônia foram os escritores Cláudio Manuel da Cos- ta, Basílio da Gama, Tomás Antônio Gctnzaga e Alvarenga Peixoto. f 6) Mulato do Brasil ffiffi f7) Dança dos tapuias ff*:1rr,ttiryrrr,rq illilllllllllffim Flavio de Campos ,Vestre em História - (Jnittersidade de São Paulo Miriam Dolhnikoff ,Vestre em Hìstória - Unìaersidade de'Sao Paulo {qn^ / ?o+ HISTORIA DO BRASIL Este Atlas de História do Brasil é destinado a estu- dantes, professores e demais interessados em conhecer as transformações e permanências da história brasileira. Nesse sentido, procura contemplar seus principais aspectos polí- ticos, sociais, econômicos, demográficos e culturais. Atra- vés de mapas e gráficos, pretende apresentar os elementos mais signihcativos das formações sociais brasileiras desde os primeiros momentos da conquista colonial. Este Atlas, ao selecionar e apresentar informações e breves análises, confere uma interpretação da história do Brasil, dentre várias possíveis, influenciada pelas circuns- tâncias e problemas de nossa época. Esperamos, assim, for- necer um material útil para a compreensão de nossa histó- ria passada e presente. Os Autores. ffi ffi lllllllll lll I lllll I I I lt lillililillxilillt DIRETORIA Luiz Esteves Sallum Vicenïe Paz Fernandez Jose GallaÍassi Filho AnÌonio Carlos Fiore |$ïïr editora scipione GERÊNCIA EDITORIAL Aurelio Gonçalves Filho RESPONSABILIDADE EDITORIAL Maria Teresa Buco Porto ASSISTÊNCIA EDITORIAL Mauro Tadeu Aristides REVISÃO cheÍia - Sâmia Rios assistència - Miriam'de Carvalho AbÕes preparação - Sandra Cristina Fernandez revisão - Foberto Belli, Luciana Campos de Carvalho e lrene Hikichi ARTE coordenação geral - Sérgio Yutaka Suwaki edição de arte - Didier D. C. Dias de Moraes coordenação - Edson Haruo Toyota assistência - Douglas do Carmo capa - SylvÌo Ulhôa Cintra Filho miolo e rlustraÇÕes - Cassiano Roda cartograÍia - Cassiano Roda e Arsênio dos Santos Andrade pesquisa iconográfica - Alice Reiko Haga COORDENAÇÁO DE PRODUÇÃO José Antonio Ferraz coMPosrÇAo E ARTE-FTNAL Diarte Editora e Comercial de Livros coordenação geral - Nelson S. Urata coordenação de arteJinal - Silvio Vivian composição - Shigrera Hayashi arte:trnal - Rejane Motta IMPRESSÃO E ACABAMENTO Prol - Editora Gráflca Ltda. Ed tora Sciplone Ltda. MATR Z Praca Carlos Gomes,46 01501 040 São Paulo SP eiìail: sc p one@sc p one.com br D VULGACÀO Rua FagLndes, 121 01508 030 Sào Paulo SP Tel. (0XX11) 3272 8411 Caixa Posta 65131 VENDAS ïel. (oXX1l) 3277 1788 2000 tsBN 85-262-1975-8 3" EDrÇÃO (3a impressão) -. t""=-t",i^i âP-D*B ffi* Agradecimentos Agradecemos a Francisco C. Alambert Jr., pela elaboração dos capítulos referentes à cultura republicana. A Luis Dolhnikoff, pelo copidesque dos textos e pelas sugestões literárias. A Joaci P. Furtado, peÌas inúmeras sugestões e informações. A Herom Vargas Silva, pelo empenho com que nos auxiliou nas pesquisas realizadas no banco de dados da Folha de S. Paulo. A Andréa R. D. MonteÌlato e Paulo S. Rota, pelas valiosas sugestões. A Rita de Cássia D'Angelo, pela presteza com que nos permitiu pesquisar na Biblioteca Municipal Mário de Andrade (São PauÌo). Dedicatória Para Sarinha e Cóti, Dirce e Zé Flâvio i I II lllllillilillrffi; Colônia lmpério República ffirore:ffiwr*ry* A conquista coloniaÌ A colonização do Novo A civrlizaçáo do açúcar A União Ibérica A economia na época da Restauração A economia colonial no século do ouro A expansão da colonização Sociedade e tensões coloniais Cultura colonial O processo de independência A economia do século XIX A construção do Estado nacional Tensões sociais no período monárquico Relações internacionais Mundo @*ffi ffi.w ffi*# Ëffi-€ffi ffiffi-ffiffi &@. ffiffi ffiffi-HW ffiffi. ffiffi ffi# - ffi.ë ffiffi. #ffi #€-#ffi ##-ffiw g#"ffiffi ffiffi"ffiH ffiffi-ffi# ffi#-ffiffi ffiffi-ffiffi 4ffi - dHtr 4&ffi. @ffi @4. @ffi ffiffi.&w @ffi"4# ffiffi "ffiH ffiffi. ffiffi ffiffi"ffiffi ffiw"ffitr ffiffi-ffi# ffiffi-ffiffi wffi. ffiffi ffi4-ffiffi #ffi-ffiH ffiffi"ffiffi wffi-trffi wffi-wffi w@. ffffi tr# - Fïff ffffi"ffffi ffiffi Da escravidão para o trabalho A crise do regime monárquico Cultura no Império Iivre [ïepúh']ica Ye]ha Repúbiica Populista Repúï:ïica &{i}itar O Estado republicano ffiffi. ffi# Cafeicultura e industri alização A organização política na República Velha Tensões sociais: reações à modernização A crise da Repúbiica Velha Cultura republicana I A Segunda República Expansão e diversificação da economia O Estado Novo O fim do Estado Novo A democracia popuÌista A industrialização O fim da República Populista A consoÌidação da República Militar Oposição política e luta armada Cultura republicana II O milagre econômico A oposição consentida A abertura política A transição democrática Indice remissivo Bibliografiâ urilizada ffiffi ilffi ffi trffi ilt t ilt [ilt n I tlatil I Imtilffi fT-l lnsurreição de 18170 processo deindependência Em 1807, para se proteger das tropas francesas que invadi- ram Portugal durante as guerras napoÌeônicas, a Corte fugiu para sua colônia na América. Instalada no Rio de.|aneiro f-l , transformou essa cidade no centro do Império português, sub- metendo ao seu controle todas as demais colônias ultramarinas e regiões brasileiras, principalmente o Nordeste. A distância entre a capital e as outras áreas do continente, as profundas diferenças e a precariedade das relações econômi- cas impediram que surgissem laços que as ligassem efetivamen- te para além das imposições da dominação colonial. Assim, as revoltas separatistas e republicanas não demoraram a aconte- cer, obrigando o governo português a impor-se miÌitarmente, como em 1817 em Pernambuco I r l .Paraisso, teve como aliada a oligarquia agrâria do Centro-Sul, com quem o governo com- partilhava interesses econômicos, surgidos da rede de abasteci- mento montada para atender às necessidades da Corte. O Rio de Janeiro tornou-se, então, o principal mercado consumidor dos produtos paulistas e mineiros, transportados por tropas que 'cortavam o vale do Paraíba r =__ . Todo esse arranjo foi, no entanto, ameaçado em 1820, quando ' as Cortes portuguesas aprovaram medidas para criar uma mo- narquia constitucional e fazer as colônias voltarem ao estatuto anterior a 1808. A independência tornou-se então inevitável, co- mo uma forma de manter os privilégios conquistados pela elite luso-brasileira dominante e garantir a continuidade da ordem escravista. Proclamada a independência, era preciso criar um Estado forte, capaz de enfrentar as constantes revoltas de escra- vos, a profunda insatisfação da maior parte da população, com- posta de mestiços e libertos pobres, além das pressões inglesas para acabar com o tráfico negreiro. A construção desse novo Estado nacional dependia da capaci- dade de o governo sediado no Rio deJaneiro submeter as oligar- quias regionais que resistiram desde a independência r =tt t o- . Desse modo, iniciou-se um conflito que acabaria por forçar a abdicação de D. Pedro em 1831. Além disso, o processo de inde- pendência esteve ìigado às transformações das relações internacio- nais, marcadas principalmente pelo surgimento da Inglaterra como nova potência hegemônica, impondo às demais potências européias o fim do pacto colonial em toda a América r- t . f2-lCaminho das tropas pelo Vale do Paraíba (século XIX) f3 I Províncias rebeldes fE l Bua Direita (Rio de Janeiro) Ì{0nÌÉ ,gF @à d: òÍ Èã FÈ È". 3: È Ët GBÀXDI t{08rt Natal Paraíba RecrÍe [{ lndependências na América Latina I uÉxrco t 821 1822 Ano de independència f__l Cobnias e protetorados [6] ConÍederação do Equador .li-;:i+Í,..,. HAITI ' ' -' 1804 Í.i .t '. j .: tu n$9tF VENEZIJELA -oYis 1830 '" " i. ! ,.! ttovl ' ì'\ , oÌ cRANADAcr" 1831 EOUADOR 1830 i ,.ll, -.; : ." , :t.,'t l]',''t;'t't:- ,. ì .r .r :.liEglÍi:irìiríìi:r;jL;,r... "., '.,.',.ltli.t..,...;ff"''".-- .. ';.':.,'lil,.Ìiìlilì1.-ri; BOLÍVIA ': -,,i:1::r:} l82S , .r; i l:: RÈPÚEUE I: CENTFO.AMERICANA i 1821 ' L BRÂSIL 1822 UhUGUÂT '1828 ARGEI{TINA 1 810 ffiffiilillillllll il nil il il l ill l lilill lx1 808 f6-l Ferrovias no século XIXA economia do século XIX No início do século XIX, a economia brasiÌeira mantinha um carâter predominantemente agrícola. Em torno de cada uma de suas principais atividades, foram surgindo, pouco a pouco, as diversas regiões em que o país está hoje dividido r-r . O café assumiu, então, o papel que tivera o açúcar no período ante- rior, tornando-se o principal produto de exportação r=1 . A ex- pansão cafeeira teve início na província do Rio de Janeiro, na década de 1820, ocupando gradualmente o vaÌe do Paraíba e, em seguida, outras áreas de São Paulo, Minas Gerais e Espíri- to Santo Í-ã-l , o que transformou essa região no principal pólo econômico do país. A lavoura do vale do Paraíba não inovou a organização da produção, mas trouxe transformações sociais e políticas funda- mentais, como o surgimento de uma nova aristocracia - os ba- rões do café -, empenhada na construção do Estado nacional.A partir da década de 1840, a agricultura do café se expandiu pelo Oeste paulista, encontrando, entretanto, um sério obstá- culo: devido as más condições das estradas, havia grande diÍi- culdade para levar a produção até o porto de Santos. Além disso, em 1850, a cultura cafeeira teve de enfrentar o fim do trâfi,ca negreiro. Esses fatos obrigaram os fazendeiros pau- listas, em associação com o capitaÌ inglês Í--=1 , a adotarem mu- danças no cultivo e no beneficiamento do café, modernizando a tecnologia empregada e investindo na construção de estradas de ferro. que baratearam e agilizaram o transporte r-ã-Ì r-ã-l . aumentando a lucratividade. f3l Expansão cafeeira (século XIX) E-ì Capital britânico no Brasil nìlhões 300 dè hbtâs 1825 1840 1905 í913 anos 8NÁf,OE totrTf ev--\ ÌP-'-- . PÂBÁ ' !l . ÍrlARAÍ{ÍÃ0- ,' -c . ' ' 'lrluÍXt 5- -"\ I BAHIA MÂTo GRoSSo .f/ GolÂs I -',r\ Ì ' f*,*0, orro,*? j 1- , 4'! i-..., *d .'/, ''-'ryï,ïffi;tffig; \roro*l- órq '-de Jam ,.-' smlutmm 1 ,,0 nro,*ará tua lÍicio do sÉcülo XIX oécada de 30 0écadâ d€ 50 Década de 80 ffiffi fãl Principais produtos de exportação fí-l I economia no século XIX f 4 I Ferrovias em São Paulo 0102030 ffiC.tO f__lAçúcar 40 50 60 70 Percentagen Wllgoaao I rumo Expansão dasÍeÍrovias - Existentes em 1870 - Construção na década de 70 * Construção na década de 80 -*"** Construção na década de 90 ffiffi llllllllllll Il I lll I I I lt lil I rruilrrffi ffi ilffi1824 A construção do Estado nacional A tarefa de estruturar uma nova nação a partir da constru- ção de um Estado forte só era possível se o vasto território com- posto por dezoito províncias fosse unihcado sob a direção da ca- pital do Império, o Rio deJaneiro F-. r. Além disso, era preci- so otrter legitimidade para um Estado que a princípio excluía dos centros de decisão todos os que não fossem burocratas, gran- des proprietários ou comerciantes. Tentou-se inicialmente uma centralizaçáo rigorosa, deixando todos os níveis de governo de- pendentes da burocracia ligada ao imperador. Esse foi o mode- lo adotado na Constituição outorgada em 1824 rE: , que, no entanto, não conseguiu o apoio das oÌigarquias regionais nem qualquer tipo de legitimidade. Com a abdicação de D. Pedro I, em 183 1, e a expulsão da burocracia reinol, setores oligárquicos do Centro-Sul puderam implementar um novo projeto de Estado. Trataram de forjar, em primeiro lugar, um novo setor social, transformando em fun- cionários públicos ampÌos segmentos da população rã"t . Criava- se assim uma imensa burocracia e uma representatividade apa- rente, pois deputados e senadores, eleitos pela prática de elei- ções fraudulentas, eram, na maioria, detentores de um elnpre: go público remunerado. Foram também criadas Assembléias Le- gislativas Provinciais, através do Ato Adicional de 1834 r=r, que permitiram a participação das aristocracias regionais no novo arranjo político, atenuando sua resistência r---r. Porém, as constantes revoltas que abalaram o Império, a partir de 1835, evidenciaram a necessidade de adoção de novas medi- das para submeter os setores insatisfeitos. Já sob o governo de D. Pedro II, foram feitas reformas na Constituição que conferi- ram estabilidade ao sistema até em torno de 1870, mediante maior centraltzação do regime político r:r . Por f,rm, por volta de 1837, os vários setores das oligarquias regionais e a burocracia estatal organizaram-se em partidos r -r , que se aÌternavam no poder através de cada ministério nomea- do pelo imperador. f4l Organograma do Estado segundo o Ato Adicional de 1834 @l Partidos políticos SegundoReinado (1831 -1889) t P"rí"d"8-r"""hl---le I G"*t*d"Df"dr"fl -l 1831-34 1837 RêstauEdorsË& (eramurus) g g & p"rttoo S conseryado #Libêrais # Modêrados I íchimânoosì & ff & S Partidoff Libêral # Ljberais # Exaltados # (taroupilhas)g s ë I & Partido... : rantoo !Dg.Er,@ ReoubtiffiHaot€tf2l Crescimento populacional 0" rywryffi1ffi1+:rrir:ir'1823 1830 1850 í854 I1889 anos í0 Assembléia Geral Câmara dos Deoutados Senado Assembléias Legislativas Provinciais Câmaras Municipais RegenteUno+, ' Conselho de Ministros Presidentes dê Província SuperiorTribunal de Justiça Juízes de Direito Juízes de Paz 't 870 WW ffiIIffiffiffi. f5lOrganograma do Estado a partir de 1841 gEõ*tr'"oe-l $l Estado I@ ::l :l i:-' il-TFuunata-t il--lriro" I $ Relação I '- E Direiro I @ @ Superior Tribunalde Justiça CheÍiade Polícia Poder Moderador (lmperador) AssembléiaGeral Câmara SenadoDeputados /GCffiãã-ì /Crerioãd" ì Bde 2s Grau ou | " " " $de 1e Grau oul âde Província J S de Paróquia J "@ .@ l3] O Estado pela Constituição de 1824 f í lDivisão política e povoamento (século XIX) ! ! .- GRAQ.PÀRA f Z.l Juramento da Regência Trina ì,.1. ni J.----...----...- ã conselhos I Ë PINnCrats Iâta-l ft J----------------l ã câmaas I $ Municipais I daErriìmãõì Êl de2êgrauou I Ê[ de ProvÍncia J :w ;,, ïi ,:i: 3i g.r fi 'fEìõiìqadõì $ de l ngrau ou I ã. de Paóouia JM I Regioes povoadas no lmfÉrio ffiffi ffiffi F"p "ry*: 182 f2- Revoltas urbanas Tensões sociais no periodo monárquico A imposição de um Estado nacional a um conjunto muito he- terogêneo de grupos sociais originou uma série de revoltas na primeira metade do século XIX. Além do problema represen- tado pela unidade artificial de regiões distintas, tais grupos ti- nham seus interesses negligenciados ou diretamente combati- dos pelo governo central. As reivindicações e os resultados ob- tidos variavam conforme os agentes de cada uma dessas revoltas. Algumas foram realizadas exclusivamente por grandes pro- prietários e comerciantes, descontentes com sua reduzida parti- cipação nas decisões políticas de caráter nacional r - I . Em ou- tras, essencialmente urbanas, a população e as tropas do Exér- cito regular, pressionadas pela miséria, rebelaram-se em torno de bandeiras republicanas [ ãf . Mas foi a maioria da popula- ção livre, constituída de camponeses pobres, índios aldeados, trabalhadores mal pagos e mestiços desempregados, a respon- sável por grande parte dos movimentos ocorridos no'perío- do r = I . Alguns deles foram iniciados por setores da aristocra- cia regional, que no decorrer dos acontecimentos muitas vezes perdiam o controle do movimento. IJm exemplo foi a Balaia- da t o r , da qual escravos e trabalhadores livres pobres assumi- ram a liderança. Violentamente reprimidas por tropas do go- verno central, essas revoltas acabavam servindo como um ar- gumento para fortalecê-lo ainda mais. As rebeliões realizadas exclusivamente por grandes proprie- tários, como a Praieira Lsl e a FarroupilhaI--- , obtiveram importantes concessões do governo, enquanto, de um modo ge- ral, os movimentos de caráter popular não conseguiam superar sua fragmentaçáo, permanecendo isolados em suas províncias. fÊ.l Batana dos Farrapos São Luís a Fonaleu a aPARÀ MARATHÃo ,ro*U B'f ,ff#rt' !- - \R;o oe "anei'cJat) faU 0 lr-r cro o reJÍ, ï;0il;iiü, .- sArrTl cATABrt'rA ,,_-"l81 ll *'-1. I Desteno-1 aPorto Alegre BIO,GRAÍ{OE DO SUt P'AUí "., e.sfiffefo .'..ï_Tlll_,.-_ '-:---rfincons , ." aA ,gou, - aSEBGIPE .^"-ì : l qà0 cr q10và0 uarnelÍada i corÁs BAtllA . 1834'35r' o.uSalvador i\ i Crise Íederalista 1 832-33 .Go às . MilìlAS eÍnÂls ;r..-'"'r i tspíRtro sluro . oJro Pretoa*. SVnora' '%Ê a iàoição oe Iil'oi"b ^- nro or lntrrno -'- ""',ïli"'" sÃoPAuro I - RilJSi%,',,,, Jat) faU 0 lr-r crp o reJÍn ? 3 . ls. 3 'L!r-:. r.t:. t: :at::i1:at :: i,t i|:.i .-ffi: ,'Í4.,. u:#'r F ffiffi f3- Bevoltas de outros setores sociais Í-t- l Revoltas de proprietários rurais e comerciantes GUIANAS x; .] ; .i,'l i -'.', 'i'.. ...,{--t.ti':"""1, .- _..1-':- --l i ,.'/'.r.:.:,i1ii.!. t".i !i \r'' PERU ri.g:::{)f '.j ! I !. MATO GROSSO f 4 r Balaiada 3 x! ì; Èo *n è5ps 'È! 3ú f= @ì; Eõ 5". xõoozã f__l Cabanagem 1835-40 f__l Bataiada tB3B l-_--l Cabanos 1832-35 [--l Sabinada 1835 f5] Rua da Praia Ë'{ ','. Ë rd s Ìq & i$ 'd siol ô.q-^. Tuoa m,''"fiillii"u ''1. I$: -,ril",,.... SàoBsúdo *r.,," u,,.t' t'1"':. u,,,, CôJo -a ,/ MARAtflao tc",t,,/. a Praui qr [*,:t4 O. CdadeseviN VENEZUETA j::\-./- corôMsn ,. ii' -r GUIANAS .. I -.-.,. t . ! I sãoLris 8elémr GBA0.PARA ' ioroeia ,!ìARANHÀ' ,rorï l'f ,u'ffi,t't: (le rxç - t' ::; - ."" ï ynglttnoo"." o"plAUt ArRtUAMBt't0aqe!..". : -... .-__ .1,onoo, SERG|PE 4 a00astS.o Ir ,-orào MÂTo c8osso ,. GolÁs ,: BAHTA a- 5" Ì"dor B()TIVIA 'LUrdud a[r rr' 't i ' lr,*oror*o,ri't!. i 'L- 0ur0 pret' ;'rlrinrro snr'rro ' o avlo a PARA(ìUAI sÃ0 pÀuto Bl0 DE JAii tlBo oa,00 ff[i:;:.. ; --SAlllÌA CATARIItIA -/ a_' lJêslprTn r P0at0 A eqre i -.._nro.sÂlror oo suL URUGUAI ).r' a Í\4oftevidÊu f] ConÍrd.,oràu tlo EquadoÍ - 1824 f__l nruoLtu [iberal 1842 f_l Bruolu,ão Fanoupilha 183545 f-l Pralerra r8q8,19 ffiffi IIIIIIITNINN ilNN If; ffi ffi ilHff ffi ffi ffi ffi ffi ffi ffi ffi ffi ffi ffi $t+g f4l Embarque de tropas Relações internacionais A política internacional brasileira no século XIX foi marca- da por dois pontos fundamentais: a estreita relação econômica com a Inglaterra e a afirmação militar e política na América do Sul. Nesse sentido, os esforços do governo brasileiro se dirigi- ram para a garantia de livre navegação pelos rios da bacia do Prata, fundamental para seus interesses comerciais, bem como para os britânicos r ' I . Assim, pâra impedir que Buenos Aires controlasse as duas margens do rio daPrata, Brasil e Inglaterra envolveram-se em vários conflitos com a Argentina. O primeiro foi a luta pela independência da Cisplatina, pro- víncia anexada ao Brasil por D. João VI, em 1817. Os uruguaios haviam proclamado, ern 1825, sua anexação às Províncias Uni- das do Rio da Prata (futura Argentina), seguindo-se então uma guerra entre elas e o BrasiÌ. O resultado foi um acordo, em 1828, orientado pela Inglaterra, pelo qual se criava o lJruguai. Devido a isso, as disputas políticas internas no novo país fre - qüentemente oscilavam entre seus dois vizinhos. Os blancos (compostos por pecuaristas do interior) tradicionalmente aliavam- se à Argentina, enquanto os colorados (compostos por comer- ciantes de Montevidéu) aliavam-se ao governo brasileiro. Foi em torno do apoio a essas duas facções que Brasil e Argentina enfrentaram-se novamente numa guerra, em 1851t = A política interàa uruguaia foi usada ainda, pela Inglaterra, Argentina e Brasil, para atrair, em 1864, o presidente paraguaio, Solano Lopez, a uma guerra com o objetivo de destruir a eco- nomia independente do Paraguai. Para isso, tropas brasileiras invadiram o Uruguai com a intenção de depor o líder blanco Aguirre, aliado de Solano Lopez. A reação do presidente para- guaio foi investir contra o território brasileiro, dando início à guerra. Urnavez deposto Aguirre e instalado em seu lugar o colora- do Venâncio Flores, Brasil, Argentina e Uruguai uniram-se na chamada Tríplice Aliança contra o Paraguai Fg l Lo t. No fi- nal da guerra, em 1870, o Paraguai estava derrotado, com suas terras cultiváveis abandonadas, seu rebanho desaparecido, as poucas manufaturas, estradas de ferro, etc. destruídas e 957o de sua população masculina ìnorta. : ! e @ f:Êe;. .*É**qe&kïLãr" -.r f3l Guerra do Paraguai (1S65.70) *;ir*ü{"i;rd= -r' lrrffiffi fí-l Região do Prata fZ.l Guerra contra Oribe e Rosas I t L [. II r;{ - Aliança Urquiza- Partìdo Colorado - Governo brasileiro - {li3nç6[ribe-Bosas ffiffi l&I ll llllilillllilllilt Illil llllltrrrilil Da escravidão para o trabalho livre Desde o início do século XIX, a Inglaterra, na condição de potência hegemônica da nova ordem econômica internacional, pressionava o Brasil para que acabasse com o tráfico negreiro. Durante quase cinqüenta anos, o Bstado brasileiro resistiu a to- mar essa medida r= , que atingiria diretamente sua principal fonte de receita, a cafeicultura. Embora não fosse a única for- ma de exploração da mão-de-obra nopaís, a escravidão era re- lação de trabalho quase exclusiva nas fazendas de café rt . Havia, porém, interesse em procurar alter4ativas, não só pela incapacidade brasileira de resistir indefinidamente às pressões britânicas, mas também porque a'elite dirigente desejava im- pedir o aumento da população negra, pois para ela era funda- mental "embranquecer" o país. Em 1850, com a pacificação de todas as regiões do país e a consolidação do Estado nacional, foi afinal possível impor o hm do tráfico negreiro, a despeito da insatisfação de traficantes e cafeicultores. Resistindo às mudanças, os fazendeiros de café pau- listas recorreram aos estoques de escravos de fazendas decadentes do Nordeste, onde havia mão-de-obra ociosa, alterando assim a distribuição geográfica da população escrava t -I . Intensificou- se então o que já era o principal fluxo migratório do período, somando-se ainda a migração que se formou em direção ao Nor- te, €raças ao aumento da produção de borracha r o l . Com a escravidão tornando-se cadavez mais um anacronismo na no- va ordem internacional e o fim do tráfico negreiro, cafeiculto- res e governo acabaram por encontrar nas camadas mais po- bres da população européia uma nova fonte de mão-de-obrapara o mercado interno de trabalho. A partir da década de 1870, foi possível ttazer grandes levas de imigrantes pára as fazendas de café (principalmente italianos para São Paulo), graças ao sub- sídio governamental r - Ì . Estavam dadas as eondições neces- sárias para o frm da escravidão; mas o governo defendia a abo- lição gradual, implementada a partir da aprovação da Lei do Ventre Livre t-_ . Ainda maioria entre os trabalhadores nas vésperas da abolição â , e atê.hâ pouco "mãos e pés do se- nhortt, os escravos passaram, entretanto, a ser um entrave pa- ra o aumento da imigração. Dificultanilo a reorganização das fazendas de acordo com o novo tipo de mão-de-obra, o ltm da escravidão tornava-se ahnal desejável para os anteriormente re- lutantes cafeicultores do Oeste paulista. l-5] Fluxo de imigração (século XIX) f7l Escravos e imigrantes em São Paulo f2l TráÍico de esqavos (séc. XVI-XlX) itíl 5íl 6íl mrtG úi È - Í c O I ! o .2 .9 .2 9 ! I p d j oÉ F z ltltos 1472 1873 1E71 1ats lttô I grol Wl Aiúix ospúhoh m Anódr bítÂnio@ . E3tdo.lJnió! r ffffJiffi.'**r llsrr'llilr:i ;l*s, ,ri''$i: ':ï'Râ 18 II frf] Migrações internas [íl Mão-de-obra no século XIX Cuiabá a i!- ".*._. i l I I .9 ! ò a E .t' .s .a ,ì 2 z o = ahvor -d"\ VOTOS contn *,s\ewtaçrn ç|; -$ .*u qi*1 " i,- \{ .€r" [d- l.eo1 21,6v. zovo sol;;l ,s.:?r". *- " uo.1 1l ú7- 6,7%40'l 30'l 201 "t r ' .'tol ' : 18,4,t ior ' T--lc€ÍÌtrc-sul f_--l tloÍdede f__-] Or.rrasprcvíncias AIIAZONAS llÂTo GFOSSO MINAS GERAIS f 3l Contingente de escravos lilATo GÊOSsof6-l Votação da Lei do Ventre Livre I Províncias com maior concentração de escravos em 1 823 @l Províncias com maior concenhação de escravos em 1887 E ff's5ilïifsransêira .*€ntrada de afiicanos - CaÍé no Vale do Paraha (1810 - 1860) --*.' Borracha na Amazônia (1869 - 1908) ---.'. Café em São Pâulo (1850 - 1940) I zonasm do Nordêstê MIT.IAS GÊRAIS illilillruurutH ; t mnmil rtrnilrffi ffi ffi ilililiil f4l Agremiações republicanas (1 889) A crise do regime monárquico Uma série de fatores contribuiu, a partir da 1870, para a crr- se do regime moúárquico. O mais importante foi o desconten- tamento causado pela disparidade entre a riqueza das provín- cias e sua participação política. Na Câmara dos Deputados pre- dominava a região Nordeste, enquanto Búia, Minas Gerais, Rio deJaneiro e Pernambuco lideravam a composição dos mi- nistérios e a escolha do presidente do Conselho. Herança datra- dição política que emergiu da construção do Estado nacional, esse privilégio contrastava, no ftm do século XIX, com a impor- tância econômica de São Paulo, centro mais dinâmico e rico da economia nacional, e do Rio Grande do Sul, com seu papel des- tacado no comércio interprovincial r'l r=r. A disparidade gerou nas duas províncias um forte ressenti- mento coÍrtra o regime monárquico, amplificando o movimen- to republicano surgido na década de 70, com a proliferação de clubes e partidos republicanos t =l . O movimento em favor da instituição da República, basicamente urbano, teve um eco sig- nifrcativo nas províncias com alto grau de urbanização, como Minas Gerais e Rio de Janeiro r-t . A insatisfação crescente da população livre e pobre, que via sua miséria aumentar dia a dia com os altos impostos, também contribuiu para o desgaste do regime. Assim, diante de novas taxações, explodiram revoltas como a do Vintém e a do Quebra- Quilos r ot , além de surgirem movimentos messiânicos como o dos Muckers r=r . Nesse momento, depois da Guerra do Pa- raguai, o Exército surgia como uma nova força no cenário polí- tico. Respaldado por suas vitórias, sentia-se insatisfeito com a negligência por parte da monarquia em relação a seus interes- ses corporativos I - Por fim, a abolição da escravidão, em 1BBB, tirou da mo- narquia o apoio dos barões do caÍé do Rio de Janeiro, sua últi- ma base de sustentação econômica e política. Vítima de suas próprias contradições, o regime monárquico não foi capaz de oferecer resistência ao golpe desfechado em 1889, que instalou a República no paísr-r . fãl Pafiicipação política e importância econômica Centro-Oeste Clubeseparlidos - i, 3,1% Norte Nordesle [5l Revoltas na crise da Monarquia WMtagen 40 r- I Presidentes do Conselho de Eslado oriundos da província entre 1847 e 1889 l---l Minislros provenientes da província entre 1 840 e 1889 Fiffi Participação da província na renda global do ano íinanceiro de 1 888-89 Rio de Janeho Pernambuco São Paulo Rio Grande do Sullllnas Gereis ffiW i.iè, r 1f tx F' Yi 1A 1 889 f'-*ETl Itj *:L:.il,1 18 F6l Revslta do Quebra-Ouilos [3] Clubes e partidos republicanos na década.de 1880 ó .^Òt Qoo', -'O ".,,'o.{) o , tr&* ,òa t"- il Ár"urqu" aderiram à revolta f7l Charge anti-monarquista PartiílÕs Rêpublicanos El clubes Repubticanos fl''H,,*ff*H* iori'."-;.,fiEIF^ El ilÌAsGERÁF.@ trg . gg ssrínnoslrto . : Rto0EJÂtEtRo :' EÌ .,.sloprut-o./lR{,t^.j -.-' ,G s ilTA rlonro*Fí crrmtxr r';: DCSITL fíl Representação política e participação na renda nacional tô l5 ìõ ,9 t: ló !É 1' II L 1, .-,',3,*'^"'; [8 ] Charge de Dom Pedro ll .) t ìl MAZONAS ,tellt pmÁ . MABANHÀos,6õ/" ït celnÁ RIO*GRANDE ., / ! ,ír,.:--jj-...-;:' Jlrrï1 ,ffi,pon:u"\,-,-,,.,.,.- ."-^-.'ê 1., -lr íít 48.s./. SERGIPEr uutAs i . BAHIA, .: {*-r/Í t' / \., i Í ililiAscEFAts i ' "l-, lÍl * l,;io,,,,o,on,oL--.. /- ^ 'lllil ,:-.EsRíntrosat. / SA0PAULo' "annoewetno PÂBANA r- RiodeJa4êrro .hu,#i^,, { -1 cATARTN .l RIoGRÂNpE ,. ,{ DOSUL o : tr õ 6 -!ì... 3,1ok I colÁs I MATO GBOSSO l.-l Prov Íncias de maior renda nadécadade 1880 {{$ Rorcentagem oe depurados na Assembléia Legislativa poÍ regiáo ,+!r il i.; ;., WW l I #rtniltrffi ffi ! lll I It MlHilt trrrnaffi ffiffi f€l Picando fumo Gultura no lmpério A transferência da Corte para o Brasil e a posterior indepen- dência do país inauguraram um novo período na cultura nacio- nal. Com o impulso dado à infra-estrutura de produção e dis- tribuição, a publicação de livros e jornais, proibida no período colonial, tornou-se prâtica comum. Fundou-se a Imprensa Ré- gia, criaram-se as primeiras bibliotecas púbìicas, construíram- se novos teatros. O ensino superior era de competência do governo central, en- quanto o ensino básico era encargo dos governos provinciais. Na década de 1820, surgiram os primeiros estabeÌecimentos de ensino superior: as faculdades de Direito de Olinda e São Pau- lo, seguidas logo pela Faculdade de Medicina no Rio deJanei- ro e a Academia Militar, entre outras. As faculdades de Direito logo se tornaram estágio obrigatório para aqueles que preten- dessem ingressar na vida pública. O século XiX foi marcado também por um novo tipo de preo- cupação intelectual: a necessidade de moÌdar uma naçãoa par- tir dos pressupostos considerados adequados pela elite dominante' Escritores, dramaturgos, pintores e intelectuais transformaram a realidade brasileira em objeto primordial de suas obras e es- tudos. Na literatura, o Romantismo foi o exemplo mais claro desse compromisso. Muitos autores, comoJosé de Alencar, eram também políticos, e em ambas as atividades tinham como obje- tivo, nessa fase de construção do Estado nacional, elabbrar uma identidade nacional. A referência européia continuava sendo obrigatíria, e nesse sentido teve enorme influência a Missão Francesa que veio ao BrasiÌ em 1816 trazendo artistas europeus, como os pintores De- bret l---Ì Fl e Taunay r=1 . O Brasil foi então redescoberto pela Europa, através dos inúmeros viajantes que o percorreram durante todo o século XIX, rçtratando o país em textos e gravuras f - I T5-l f;l f=.l l- B l i ! ! .ç õ .E lZ) O cirurgião negro t a, t Caravana de mercadores x 9 ! j j e í+'ê #F #r: Ë* t:j,,:::, f 1-l Figurinos de brancos e negros WW fGl Negraslivres f l Plantação de café 889 i'li :*,: r.- ::.s.rt.:.! - - . ::. :'1 :: . : ". :. ,i r:ri I : !tlr. 'itl " , .i... I l2l Morro de Santo Antônio l$* == 0 Estado republicano A população da cidade do Rio deJaneiro assistiu em novem- bro de 1BB9 a uma série de movimentações r ì l empreendidas por representantes das oligarquias cafeicultoras (principalmen- te de São Paulo) e do Exército corn o objetivo de instaurar a República no Brasil E:. Estruturado sobre uma coalizáo pouco estável, o primeiro go- verno republicano, encabeçado pelo Marechal Deodoro da Fon- seca f z r, promulgou, em 1891, uma nova Constituição. Nela foi consagrada a fórmula então vigente na maioria dos países ocidentais: três poderes independentes (Legislativo, Executivo e Judiciário) e eleições para o preenchimento dos cargos legisla . tivos e da presidência r = . O jogo político, entretanto, realizou-se na prática de uma ma- neira bastante diferente, transformando a Constituição em le- tra morta. Logo foi estabelecido um acordo entre o governo fe- deral e as oligarquias estaduais (a chamada política dos gover- nadores): o governo dava apoio às frações oligárquicas domi- nantes e em troca tinha garantido um Congresso totalmente sub- misso rg I . Cada estado tinha um número de parlamentares pro- porcional à sua importância econômica e ao seu poder de bar- ganha política. A permanência da fraude como mecanismo de controle das eleições pelos coronéis (líderes das oligarquias) e o direito ao voto exclusivamente para os indivíduos maiores e alfabetízados (tor- nandooCentro-Sul aregiãocom o maioreleitorado r +_ ) com- pletaram o arranjo. Conseguiu-se , assim, vincular diretamente as oligarquias regionais ao governo federal, sem ferir sua au- tonomia t ãl . Quanto à política externa, em 1BB9 iniciou-se um período no qual foram traçadas as fronteiras definitivas do Brasil, depois de resolvidas antigas pendências com os países vizinhos. Em 1903, foi comprado o território do Acre, que se incorporou ao país na qualidade de território federal r s t . j 3.1,?;4iiÍ$;:{,f! f 6l Proclarnação da República L2l 0 Estado Segundo a Constituição de 1Bg1 g;;lflJffilf -*.1 ãcomf*";l ,lvice-presioen".l q Ìï,t,1,#? IH II Ministério ÌI t-ederat I;-ffi;'ffi_:T \:==:::::g==:::_ dl- .-._l { p'..",d""Ë--l d Jú*" -l ãAssembtêiasl ë dosestados Iã I ã t".ïlïin'l $vice-nresioe"""l ã JJgïiï: I € lS Secretariados lff I fã -ffi- -@È+4A-@- f4l Crescimento relativo do eleitorado (1870 a 19A3) permtagens 500 200 'r00 í) m 't0 5 2 1 -2 -5 -10 -zi) -í, -tm Pernambuco -37v. Bìo Grande do Norte Bio Gande do Sul {18./ (Rio de Jareúo) 2#% Minas GeraisSão Paulo wh 831, 1 907 ffi f3l Política dos governadores f5l Disputas f ronteiriças CaÉms I Bogotá o co[0ttBlA apoìo polítìco, obras públicas, patronato, etc. apoìo político patrcnato 0üío O'.. . EOUÂDOR f7) Marechal Deodoro li ìl ,tt-,fl.. tunnnunï\ I rcunìàap i\ 8RASil 18S5 o Rio de Ja&iÍo ÂRGE*'*A uFucuÂI 1 r.r @ RtrcnnsÂiíes- Montevidéu [----l A*'",*t ler rond's dlrdves dp dLordos Dildlerd'' f-----l 0, pur3s rp 'rto,rd s enlrP o Etds', P spts vu nhosI I ce,.rorJo " tava d0 B â{r por a Dr'Ídrenlo rre'1dcional - - - Região dispuÌada enÍ€ BÍasil PeÍu e golivia I t- Movimentação no Rio de Janeiro em 15/11/1889 . GUIAII* I*6LESÀ vÉitEzuFrA / ^ auunaHouÍtotsaGeoroelownu / ^Paramaribo' /1.)/ O Caitra Í - irot I ... ; cuú'm rultrcesn E .9 !J ò t- Em sua casa, pouco antes da meia-noiÌe do dia 14, o Visconde de 0uro Preto é ìnformado pelo teleÍone da sublevação n0 0uartel de Sã0 CÍÌstó- vão.Vai para 0 Ouartel da Cavalaria Policial, onde permanece até as 2 da manhã, e segue para a Secretaria de Polícia. Entre as3h40 e 6 da manhã fica no Arsenal da l\4arinha e decide reunir o mrnistéri0 n0 0uârlel-General do Exército. 2- Chega no início da manhã ao OG, no Campo de SanÌana. 3- Na madrugada, DeodoroÍica sabendo em sua casa, no Campo de Santana. da sublevaçã0.Ïoma um carro em direção a São Cristóvã0. 4- tncontra.se com os revoltosos. que ja mar' chavam para o QG, na frente do Gasômetro. 5- Pára nas imediações da Praça 1 1 de Junho e manda um piquete ver o que acontece no 0G. Segue para o Campo de Santana, cerca o OG e, por volta das I da manhã, denuba 0 ministério. 6- Vìndo de Petrópolis, D. Pedro ll chega detrem à Estação São Francisco Xavìer às 2 da tarde. Para evitar o Campo de Santana. segue pela Rua do Riachuelo rumo ao Palácio lmperial. 7- No palácio, D. Pedro ll é inÍormado da Procla mação da República. Nã0 res ste. Recebe a or dem oe bd.inenlo no sallado diô 16. 8- No doiningo, a famí1ia rmperial embarca no Cais Pharoux para o exillo. ffiffi ullllllllllllllllll llllilt lililltxürililr GaÍeicultura e industrialização f3l Encilhamento O caráter predominantemente agrícoÌa da economia brasi- leira ainda se mantinha no início do século XX ril . Numa pau- ta de exportação diversificada, o café consolidou-se como o prin- cipal produto, responsável por aproximadamente 60To da ren- da nacional r=r . Seus principais produtores, São Paulo e Mi- nas Gerais, tornaram-se os estados com maior influência no go- verno, o que garantia uma política econômica extremamente favoráveÌ para os exportadores. Apesar disso, os interesses próprios do Estado impediram su- cessivos presidentes de realízar uma política voltada cxclusiva- mente para os cafeicultores. No governo Campos Sales, por exemplo, na renrativa de equilibrar as finanças públicas, deu- se fim à desvalorização cambial, utilizada até então para socia- Iizar as eventuais perdas na exportação. Assim, transferiram-se para os governos de São PauÌo, Minas Gerais e Rio deJaneiro os custos de uma política voltada exclusivamente para a valori- zação do caÍé (o que fizeram através do Convênio de Taubaté. assinado em 1906). O governo preocupava-se também em incentivar a industria- lização. A primeira tentativa feita nesse sentido foi a do Minis- tério da Fazenda do governo Deodoro da Fonseca. para garantir capitaÌ para as indústrias, o ministro Rui Barbosa providen- ciou o aumento do meio circulante através da emissão de di- nheiro (1890). Dividindo o país em quatro zoÍras, cada uma com seu próprio banco emissor T=t , essa política, conhecida como Encilhamento, fracassou, acarretando uma grande crise econômica. Mesmo assim, a industrializaçáo deu seus primeiros passos decisivos nos anos seguintes r-ãt rzt . O Brasil conheceu, en- tão, seu primeiro surto industrial significativo, acompanhando as transformações da economia internacional. para isso, con- tou com o excedente de capital acumulado pela cafeicultura e com o financiamento estrangeiro, que assumiu tanto a forma de empresas r s Ì como a de serviços urbanos e ferroviários t-=-Ì . ,í B"h hw ut5 . I^nltili^. cE, : PlnÁ /' . Jl -'\ FotLlãa I^nlrfi^o_ *..i nl(, cf,lro€\ . r*ïi** *.m*'..", nru Ëf,* Ít#.í_Hnatr^'{ - nÀroTêêo ^"&ËlilËÏscuidd '*L l B^HA -' qmFE:. ......? .. ...,:; : .. .'f,5Suê"*aao, ). j- .. .:. i'... Oum Polo ; t-, .;..r,$rorrur"ç.":. i i!-*:i.gR ..gLY ? ernlr^ r. siiiâ..':':'^ ìío ffi Sbde JmDounrM. -, p;x,rufeten srrne*rrnftr$!* gOtRJrrC';/ /' a\ lO,i[rlr.Íirls rÌh nb DÊ JAtËtFo tpw ì/ !: j .!o s,rlrpÌíh a€eÉ \ ?;/ / f5l Companhias estrangeiras no Brasil 1 891/1 903 Total:137 f4l lndustrial ização (1 907-20) 1 91 5/1 920 Total:119 Dados peÍ@nluâis Estabelecimentos Produçáo I rsoz -t907f--l 1ao -teao Rio Grande do Sul Rio do JaneiÌo @w rrrn nilüffiffiffiffiffiwffi$ E IA economia brasileira em 1g2B MATO GBOSSO I ï_ $iffi .."; fà-l Principais produtos de exportação l-6-l Indústrias e Íerrovias 1924t1928 í919/Í923 I 901/1 91 0 corÁs r -i tosrz'ì ì 36\ì ,j "ry.*-'-:'ry::j"1:]:]".Ì,r!lÌ"Ì11,ì,"1rl:'ìi|iitl.,.ryllttttttttt 0 r0 20 30 40 50 60 70 80 90 í00 o/ fl caÍe L_l nçúar floouros e petes I Eonacha flAlqodão f] Ourros f7l Ramos industriais ffi Metaturgia ffi Fumo f-.] Madeira liïilf'o m Bebidas ffi Quimise lamacéutim 27,O ffi Roupase câlçados f] outros I i Ìêxtil & Alimfftação o Prncipâis cidadesna décâda de 1920 tstadâs de feío em 1927 (extensão lotal:31 880 km) ;] rgttttgra '. a'2 s,7 Número de estabelecimentos industriais por região - I 920 .. -'" '---. 8000 . ì4000 i,'.: : .,2000.::...'+ ''..l...': :.1 ;' t 50 Producão indüstrial poÍ regiáo - 1920 {em conlos de réìsì -- -7ìooìïd 500 000 5tì 000 ' 10 000 clrlhnl 221 AlegÍe.,: e& llllllllllll ! ll lnil t G il Hl IH! [ nlrtrrrffi ffi nHffi tÉ A organização polÍtica na República Uel.ha O aumento da população fíl fz- e o novo sistema político permitiram que as oligarquias do Centro-Sul, especialmente de São Paulo e Minas Gerais, que se revezavaÍn na indicação do presidente da Repúblicá através da política do café com leite, dominassem o governo federal. Paralelamente, em cada esta- do, algumas poucas famflias, respaldadas no coronelismo her- dado do período anterior, passaram a exercer domínio absoluto sobre a regiãol< Aos integrantes marginalizados das oligarquias regionais não restou outra saída senão a rebeldia armada. O exemplo mais sig- nificativo foi o da Revolta Federalista 13 I r4'r , derrotada pelas tropas centrais depois de se unir a outio setor insatisfeito, a Ma- rinha, então sublevada t -r . (A derrota de ambas na cidade de Desterro ocasionou a mudança de seu nome para Florianópo- lis, em homenagem ao presidente vitorioso.) Ainda nesse quadro, a desestruturação inevitável da cliente- la dos coronéis subjugados por outros mais poderosos, agï'ava- da pela modernização da economia, refletiu-se em movimen- tos de resistência da população empobrecida t z t, cujo ápice foi o episódio de Canudos t -r . Outro efeito do novo regime foi a estruturação de partidos estaduais' A organização de partidos de âmbito nacional restringiu-se à criação de efêmeros instru- mentos eleitorais (PRF e PRC) ou a tentativas fracassadas de agrupar setores marginalizados do poder, especialmente o ope- rariado (em partidos como o PSB e o PCB) r =r. O sistema, com pequenos abalos, funcionou até 1930. Os pre- sidentes eram eleitos pela quase unanimidade dos votos e as ex- ceções restringiam-se aos momentos de crises sérias no interior das oligarquias dominantes rgl . [4] Revolta Federalista f5l Organograma dos principais partidos 1893 PatllhConeenador PaditoLberal ParridôieprÈlicano + Hffi -trPatlído nepübli'cano FedeÉl(PRR {are189gì fÍ--l Crescimento populacional nlhõe€ de lBbilantes 40 30 20 10 f6l Eleiçoes presidenciais \/ - - t:]4t g::& 97,9 1 98,0 u,3l ,ffi ça:i& a---:. ,.effi w __"& w ffi# ? 6ã w €:33 * ;**-:: '*,sãï- €%-w <';)*"* '::;;* 61-d, ": YiP&*"::*. ?n-* '''-* )"a7Á"f q^of & 3r::;"' üï#ï '?'P:: . sç::t s7,z {"'w:_ el- t*:ï; @8: ''':M r,k *Sry &Qi>.. ..:i:" e:3;: ;@:: ;e: Yr:ï, &:::: *:sr lï '_ L-** :l'ìi* ,-.à ã - ' -..? {}*:.. dê os Sales Rodrigues Afues AÍonso Pena Hermes da Fonseca Venceshu 898) (1902) (1905) (1910) (1914 LcioPessoa AíturBemardes WashingtonLuÍs JúlioPresles (1e1s) (1s22) (1926) (1s00) presidentes Í---l Percentagem dos votos do vencedol ".."** Percentagem de população votante perceilagens í00 r- : I t I (18s4) ,Í::q.:;1 ...,44à ,.ër,*].?ltí. [ 5l Coronelismo e revoltas --{, t--F"'y f Princioais íamílias que compunharì o coroneiismo l --_-] REiáo de canudos (1 893 -97) Movimento Federalisla (18s3-94) -ì> Revoha da Armada (1 893 - e4) i: Unidaoes oa iederação mlocadas em estado de sítio pelo governo Íedera PARÁ I [toir""Er] lLrel UAÌO GROSSO @d ÍMe'úA l-Mu'tlnlpl lTÊ6 de esrul Efgeslfõetdâq ;,i fãl Divisão política e povoamento Imì @@ I v'taaa Í rrdeÌl I Rod;g6 atYeE íBsml Fwq,ÃEl IEãEI lï'úãÉl tsi6l Brasileiro Conseruador(pBC) (PSB) (alé1915) Partido Comunista Parlido Brasileiro Democrático {PCB) Nacional(PDN) [7] Revolta da Vacina :.tr.l Tenìtórios povoados @& Illlllllllll I llllll I Illlilt ruilmtffi ffi ffi ffi ilil[ [Z-]Contestado Tensões sociais: reações à modernização As transformações políticas e econômicas que marcaram as primeiras décadas do século XX foram acompanhadas por uma série de conflitos de vários tipos. De um lado, a urbanização crescente gerou o aumento das camadas pobres nas cidades, as- sim como o confronto de seus interesses com os dos novos habi- tantes, latifundiários, comerciantes e industriais. A preocupação em modernizar os centros urbanos e torná-los mais adequadoso a seu usufruto levou-os a expulsar pouco a pouco, para a peri- feria, a população pobre. A tensão assim gerada propiciou re- voltas, como a do Rio de Janeiro Í'r'l, effi 1904, contra a obrigatoriedade da vacina contra a varíola, aplicada truculen- tamente por agentes do governo. No campo, a modernizaçáo da economia abalou as antigas relações sociais, marginalizando uma parte significativa da po- pulação. O resultado foi o surgimento de grupos como os dos cangaceiros, que agiam no sertão nordestino, e de líderes mes- siânicos como o padre Cícero, no Nordeste rr-i , eJosé Maria, na região do Contestado - onde eclodiu uma revolta que du-rou de 1912 a 1915 r-=r . Ocorreram ainda manifestações de insatisfação em outros se- tores, como o dos marinheiros, que se rebelaram em 1910 -na chamada Revolta da Chibata - contra os castigos físicos co-muns na Marinha daquele tempo r '-r . A substituição dos escravos por imigrantes, principalmente em São Paulo, onde a imigração era subvencionada pelo gover- no estadual, levou à entrada no país de um grande número de trabalhadores europeus I-3r rã] . Embora a maioria dos imi- grantes tenha permanecido na agricultura, muitos mudaram- se para as cidades, onde se empregaram na indústria nascente. Trazendo consigo uma experiência de relações de trabalho di- ferente daquela conhecida até então no Brasil, logo trataram de se organizar em torno dejornais e sindicatos operários. Busca- vam lutar por melÊorias nas suas condições de vida, extrema- mente precárias devido aos baixos salários rãr e à falta de direitos básicos, como a definição de uma jornada diária com- patível e de normas de segurança no trabalho. O resultado foi a crescente eclosão de greves I ór , especialmente nas regiões de maior concentração industrial rot, paralelamente aos confli- tos no campo. fïl Movimentos de contestação O Cidade o Povoado # Estrada de íero - Estrada de rodagem ít local de combate OCEATJC ATLÁAíTtCú Em IE!a Região do Contestado Revoha daVacìna e da Chibata Região do cangaço Região de inÍluôncia do Padre Cícero ffiWIì' t'l InttililnXAttUffiffiffi.. f4l Nacionalidade dos imigrantes fGl Greves \! \ .' \ aclAivi)t; ÀT!,AN r.,.. c,/ Át -- -- . 14t-\_, --lOBelóm - São tuís€r "' -- - torolêzaPÂnÁ  ' hhot' ttosf,axoE. ÍúÀ8Ât|Âo ô crmÁ ..$iifi,ffi' . . : ... ,T.,r.ina, .-.. ,, tr.gltu,rt /f,Ìil$À q ParaihaPAui 'ú-;;[ ã;.;iì"\_/"^JËï1".--_- .. Y oiil.rcoÃs.. .,-Meeiô klï. @srntlpt ";b GorÁs (po*o ) . tt'u'u" h MÀTo cnosso k ^_..>/ ïarvaaohI bìú ,ï,,"u*rnhlr, ?uiau ocoiá, íì , ,F*t: rrrlgs- ctnry' )'.b/ &Ê,. o 20 40 60 80 100 ffiffi ratianos lïfi portusueses f oi:fil:ï." ffiffil Espanhóis ffi Alemãesf_l Japoneses fSlSalários e custo de vida b,, br" tk f3l Colonização estrangeira Bio Bt.n.o@ ouantidade de opeÌários nos estados de úaior conceniração ind$trial ên 1920 r--l SaláÌios b," brt '% ilúmeÍo dc gÍeves !oÍ estado I rasoirsoo I rsorrrsro $ rsrrirszo L r92r/1928 . Cidader de maioÍ corenÍacão ooerãna em cada Íeqlao I cusrooewa m 97 ffi elâFo a 1911 't20- .,--l *-l sol oo-l I 18 20lo L oJ .E :l: t:' I ::; 2a:ì 2? Íase fl870:l93q i' . ; Japoneses I ttatianos lEl llemães ! Espanhóis f, 4orianos Q Eshvos ffiW trtilffiilffi ffi ffi trffi ffi ffi ffi ffi ffi ffi ffi ffi # # ffi ffi et i j'' : 'â +: i;r:, IÌ .i. -1j-j:: -!:' :;'rl{ i5 ë' 'i1. . :t: ,::*, *'{ë :iË fG l Csluna PrestesA crise da República Uelha A República Velha, minada por uma série de fatores, entrou em crise. A antiga rixa entre governo e Exército, nos anos 20, assumiu um novo conteúdo: a baixa oficialidade , especialmen- te os tenentes, revoltou-se contra um regime que os mantinha fora das principais esferas do poder. Depois de uma revolta fra- cassada no Forte de Copacabana, em 1922, o movimento te- nentista eclodiu ern 7924, jâ agora em caráter nacional. Os revoltosos chegaram a manter a cidade de São Paulo ocupada por vinte dias, mas tiveram de abandonâ-la, forrnando a cha- mada Coluna Paulista. Deslocando-se para o Oeste do Paraná, em abril de 1925, encontrou-se com outro movimento vindo do Rio Grande do Sul, liderado pelo capitão Luís Carlos Prestes. Embrenhando-se pelo interior do Brasil, a agora chamada Co- luna Prestes percorreu milhares de quilômetros em dois anos, até retirar-se para a Bolívia ern 1827 rï_t ré'r. Outro fator de desgaste do regime foi a divisão interna das oligarquias estaduais, em que um pequeno grupo submetia os demais. No plano federal, a terceira potência eleitoral e econô- mica do país, o Rio Grande do Sul, estava marginalizado do governo central. Aproveitando-se do desentendimento entre pau- listas e mineiros sobre a sucessão de Washington Luís, em 1930, a oligarquia gaúcha lançou a candidatura à presidência do go- vernador do Rio Grande do Sul, Getúlio Vargas. O apoio da oligarquia mineira e da paraibana - em trocada vice-presidência - permitiu a constituição da Aliança Libe- ral r=t , que se contrapunha aos interesses da oligarquia cafeeira, atraindo as camadas urbanas e os remanescentes do movimento. tenentista. Os integrantes marginalizados das oligarquias esta- duais participaram das eleições apoiando o candidato rivaÌ ao do grupo dominante no estado. O resultado foi o surgimento de conflitos locais, como na Paraíba, que culminou com uma re- volta em Princesa Isabel e o assassinato deJoão Pessoa didato a vice-presidente pela Aliança Liberal r-=r. A derrota eleitoral r= r Ìevou aliancistas e tenentistàs a uma revolta armada, pela qual impuseram uma derrota militar ao regime já enfraquecido 14t . Calcada numa produção cafeeira superior ao consumo mundial r=;''t Tzt, e sustentando artifi- cialmente os preços altos do café, a República Velha enfraque- ceu-se também por suas dificuldades econômicas, e extiguiu-se. Em seu lugar surgiu um novo regime. tslA superprodução de caÍé f7-t café tÉ,#,w f_3_l E leições presidenc iai s (1 930) ffi Movimento tenentista a.' Belóm São Luís MÂÍ0 c80ss0 I .Êüi 1924 r,riquainea.-. lrttrllo 'qo% %*o %o" %oo'%oo'vou f--l Júlio presres ffil cetúrio vargas votos (') Náo {orcm epurcdos os rcsulted8 & tdos os municípios f2l 0ligarquias regionais soLivn ,-'b. s.n N"nin a" "u'ït j [4] Revolução de 1930 l=] Estados que se IebelaÍam I I na década de 20 [ :uuao. em estado de sítio o-- Coluna Paülista (19241 - coluna caúcha {1924.25} Colüna PÍeSes - Do Paranà a Minas GeÍais (dezembÍo de í924 a abril de 1925) --- De Minas GeÌais à 8olívia {ahÍil de 1926 a teveÍeiro de 19271 aPoÍlo AlegÌê BIO GRÂI{OT OO SUI 1924 a o I t I I o È o o I tqNÂsc€BÂls :'i : .'utY*' EspÍúrosaruro. a!,6ia . j ..frIâO!JÂNElRo j n EstadosdaAliançaLiberal fl Ësiadosconouistados pe as Ìropas gaúchas ! EstadosconquisÌados pelas tropas mineÌras fl Estados conou,slados pelas tropas de,Juafez ,,...p'aoorl -iárclôi..- :-.';tfl.+liv; : . c,''bla. :. J SANÍÂCAÍÂFINA . aqouilod6 IOGRNNOE !0SUl .raúr,q" t ì i ilil1Hilllllilt il I ilt I I Ht ln r trtiltr xil ffiffi f 4-l Mulheres Gultura republicana I A preocupação dos intclcctuais brasileiros com a Íbrmulação de uma identidade nacional Í'oi a característica das primeiras dé- cadas do período republicano. Suas visões acompanharam, de certo modo, as próprias mudanças sociais do país. Ao final do século XIX, a perspectiva romantizada dos costumes e da na- Íureza cedeu lugar a uma noção mais realista e naturalista, que buscava maior objetividade . Se a perspectiva anterior estivera diretamente ligada à ação política, nesse período grande parte da produção inteìectual aproximava-se mais das regras do pensamento científico. As bases da cultura republicana fortaÌeceram-se com Os sertões de Eucli- des da Cunha, ambientado no Nordeste , com as crônicas de Lima Barreto eJoão do Rio e coÌn os romances de Aluízio de Azeve- do, que tratavam da vida urbana do Rio de Janeiro e de São Paulo. No início do sécuÌo XX, São Paulo emergia como metrópole, vivenciando uma rápida industrialização, financiada pelo capi- tal acumulado com as atividades cafeeiras. A modernização in- dustrial, e com cla a valorização da técnica e da mecanização das atividades produtivas, convivia com elementos arcaicos ainda presentes cm st:u cotidiano. Os ares de metrópole fundiam-se com os vestígios de província El . Nas artes, as permanências simbolistas, românticas e parna- sianas pareciam representar características estéticas e sociais mais inertcs c rcpetitivas. Nesse contexto, buscando, antes de tudo, a inovação artística e social, ocorreu uma das maiores expres- sões culturais do Brasil, a Semana de Arte Moderna r = r . No início de 1922, reuniram-se em São Paulo intelectuais e artistas que procurariam elaborar obras e atitudes de acordo com os saberes mais "adiantados" desenvolvidos no resto do mun- do, ao mesmo tempo que ansiavam por interÍèrir criticamente no país, modernizando-o trl . Entre os maiores represcntan- tes do Modernismo destacam-se os escritores Mário de Andra- de e Oswald de Andrade, Sérgio Milliet, Guilherme de Almei- da, Ribeiro Couto, Manuel Bandeira e Ronald de Carvalho; os pintores Di Cavalcanti I - I , Lasar Segall r-- t , Cândido Por- tinari, Tarsila do Amaralf3 l e Anita Malfatti t -r ; e o com- positor Heitor Villa-Lobos. Ao Ìongo dos anos 20 o movimento se estendeu para outras regiões do país, sendo divulgado, principalmente, por revistas e periódicos de pouca duração, porém de srande importância. ô : 9 ô f6-lBananal fTlSão Paulo ,i{ .'; f7) Mário de Andrade , M"*",tlsn 1-/- . RIOGRANDE CÊARA . DONoRTE PÂRAIBA PERNAMBUCO ALAGOAS SERGIPE BAHI fS I Bua Florêncio de Abreu corÁs SAOPAULO pmnruÁ SANTA CATARINA RIOGRANDE DOSUL MINAS GERAIS ' ., '. .'( o t\I\- I Arco e Flsha.1928)tl RIO DE JANEIRO o\_ | ìg1rgrï11 -i,,,..,':' ' ' i ' i.:.'r -::: 1: !: ,: -GÏA[(Ià oA'ixPo5llAì':'': " ' :'t9ZZ AméticaLatina- 1919 Árvore Nova-1922 Teftade 5a1.1924 Estélica- 1924-25 Festa- 1927-28 Movinenla BrcsÌlera - 1929 -30 Bolelìm de Ariel - 1931 -39 Revìsta da Brasil - 1916-25 1926-27 Klaxan- 1922"23 Te rr a R o xa e 0 ulr as Te r ns - 1926-27 Revi sta de Anlropol agia - 1 928-29 I 1929 Êeylsta Noya. 1 931 Novissma- 1923 f2l Semana de 22 ;$,tlr,!1., ,' ,' : ;&í';;,Í{;i*i;}Jx4! wx& illlllill lll ill ilt illllillillillllxilliltr fãl Crescimento populacionalA Segunda República A Revolução de 1930 foi levada a cabo por grupos heterogê- neos e com perspectivas diversas. Enquanto as oligarquias re- gionais visavam apenas ampliar seu poder político, o Exército e os setores urbanos desejavam reformas modernizadoras, so- bretudo o fortalecimento do governo central. Getúlio Vargas sig- nificou uma solução de compromisso entre esses vários grupos: as oligarquias antes marginalizadas
Compartilhar