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Arboviroses • REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA: MURRAY, Patrick R.; ROSENTHAL, Ken S.; PFALLER, Michael A. Microbiologia médica - 8. ed. - Rio de Janeiro: Elsevier, 2017. Cap. 52: Togavírus e Flavivírus. • Dentro do reino animal, no filo dos artrópodes, temos insetos, aracnídeos e crustáceos - quando falamos em arboviroses, estamos abrangendo um grupo de vírus que vivem nos artrópodes. • ARBOVIROSES: são viroses transmitidas por artrópodes. • NÃO UMA FAMÍLIA VIRAL: existem várias famílias capazes de causar as doenças - ex: Flaviviridae, Togaviridae, Bunyaviridae… ↪ trata-se apenas de uma classificação pelo fato desses vírus serem transmitidos por artrópodes. • DOENÇAS QUE PODEM SER CAUSADAS PELOS ARBOVÍRUS: encefalites, febres hemorrágicas… • CADEIA DE TRANSMISSÃO: vírus → vetor (artrópodes) → hospedeiro vertebrado (podem ser macacos, aves, o próprio ser humano…) → homem (ou outro hospedeiro final). • ECOLOGIA: a ↑ quantidade de florestas nos expõe à um ↑ risco de contrair alguma arbovirose. ➱ Visão Geral das Arboviroses: • Existem +600 espécies de arbovírus reconhecidas, sendo que 210 espécies já foram isoladas no Brasil e 36 delas são capazes de causar doenças nos seres humanos de forma esporádica, endêmica e/ou epidêmica. ↪ ex: epidemia de dengue. • FAMÍLIA Flaviviridae: vírus da dengue, febre amarela, Nilo Ocidental, Zika, Rocio, vírus da encefalite de St. Louis. • FAMÍLIA Bunyaviridae: Vírus Oropuche, La Crosse, vírus da encefalite da Califórnia. ↪ o Oropuche possui sintomatologia similar à do vírus da dengue. • FAMÍLIA Togaviridae: Vírus Mayaro, Chikungunya, vírus de encefalites equinas - venezuelana, do leste e do oeste. ↪ muitas vezes o paciente está com Mayara e obtém o diagnóstico de Chikungunya - isso ocorre pois ambos os vírus são da mesma família viral. • TRÍADE DAS ARBOVIROSES MAIS COMUNS: dengue, zika (ambos da família Flaviviridae) e Chikungunya (família Togaviridae). • Ocorreram alguns casos esporádicos de febre amarela e a extensa campanha de vacinação foi suficiente para controlar os casos da epidemia de 2017. ➱ Doenças Causadas pelos Arbovírus: • Doenças febris (ex: rash); • Encefalites; • Febre hemorrágicas; • Os arbovírus estão associados à epidemias e muitos deles não são identificados. ➱ Vetores dos Arbovírus: são exclusivamente os artrópodes. • Mosquitos - ex: Culex, Aedes; • A ECOLOGIA DO VETOR ESTÁ RELACIONADA COM A ECOLOGIA DA DOENÇA: na febre amarela, p. ex, temos um ciclo silvestre e um ciclo urbano, sendo que o vetor mostra-se como o diferencial para a identificação do ciclo. • As arboviroses precisam realiz ar um ciclo em um hospedeiro invertebrado, no caso do Aedes aegypti, por exemplo, ele permite a infecção por diferentes tipos de arbovírus (diferentes tipos de arbovírus são capazes de reconhecer receptores do Aedes aegypti). • Em laboratório, algumas linhagens de insetos podem ser utilizadas para realizar a replicação viral, ↑ sua população. ➱ Hospedeiros Vertebrados Arbovírus: • É onde o vírus se mantem, realizando viremia, mostra- se como um reservatório de longo prazo. • Esses indivíduos não são afetados gravemente e são migratórios. • Nas arboviroses, podemos ter um ciclo urbano e um ciclo silvestre: ↪ CICLO URBANO: artrópode → homem - é um artrópode urbano, não faz parte do ciclo silvestre, ocorre quando o vírus é capaz de realizar no artrópode sua replicação e infectar o indivíduo na cidade. ↪ CICLO SILVESTRE: artrópode → vertebrado → artrópode → homem - nesse caso, o homem entra em contato com o artrópode da floresta/mata preservada. * o homem pode se expor à esse artrópode durante a realização de trilhas, p. ex. ➱ Controle das Arboviroses: • PROFILAXIA: VACINAS - ex: febre amarela. • CONTROLE DO VETOR: é o ponto mais importante - pode ser realizado através de educação pública (ex: campanhas para controle da reprodução do Aedes aegypti). ➱ Patogênese: • Infecção ocorre logo após a picada, onde teremos uma replicação epitelial e/ou nos macrófagos e monócitos. • O quadro inicial dessas arboviroses é um Flu-like: parece um quadro de resfriado comum - sinais e sintomas são semelhantes (dor no corpo, cefaleia…). • Podem causar viremia, possuindo um tropismo secundário para o seu órgão alvo. ➱ Recuperação: • Segue a mecanística padrão da imunidade inata, presença das células NK e interferon. • Também haverá participação da imunidade celular e humoral. • Anticorpos atuam no controle da viremia. ➱ Diagnóstico das Arboviroses: • São de difícil diagnóstico. • Ex: Chikungunya - paciente apresenta lesões eritematosas nos mmii semelhantes às da erisipela, só é cogitada a Chikungunya quando percebe-se que essa presença é bilateral, porém nem sempre ela é. • Existem características específicas de determinados tipos de arboviroses - ex: dengue - dor atrás do olho; Zika - rash (vermelhidão no corpo com coceira).; Chikungunya - poliartralgia unilateral ou bilateral. • Por esse motivo, o diagnóstico laboratorial é MUITO IMPORTANTE! • EXAMES LABORATORIAIS: ↪ ELISA - métodos imunoenzimáticos. ↪ PCR - reação em cadeia da polimerase: encontra o material genético viral. • GÊNERO: Flavivírus. • É um vírus icosaédrico. • ssRNA+: é um virus de RNA fita simples positiva (já é um RNAm, A PARTÍCULA VIRAL CONSEGUE SER DIRETAMENTE MONTADA NO CITOPLASMA) - possuem uma única sequência aberta de leitura, ou seja, quando esse RNA é traduzido, temos a produção de uma grande poliproteína que será clivada através da ação de proteases em proteínas estruturais e não- estruturais. ↪ PROTEÍNAS ESTRUTURAIS: formam a estrutura viral - ex: proteína do capsídeo viral, proteína pré-membrana está entre o capsídeo viral e ao envelope, proteína E (ligada ao envelope). ↪ PROTEÍNAS NÃO-ESTRUTURAIS: são 7 no total e estão presentes no momento da replicação viral - ex: NS1, NS2A, NS2B, NS3, NS4A, NS4B e NS5 • ENVELOPADO. • PRESENÇA DE CAPSÍDEO: material genético está dentro do capsídeo. • FAMÍLIA QUE ABRANGE OS SEGUINTES VÍRUS: ↪ VÍRUS DA DENGUE: com 4 sorotipos. ↪ VÍRUS DA FEBRE AMARELA: com apenas 1 sorotipo. ↪ ZIKA VÍRUS: acredita-se que seja apenas um sorotipo. • COMO OCORRE A AREPLICAÇÃO VIRAL DA FAMÍLIA FLAVIVIRIDAE: ↪ o vírus realiza adsorção à célula hospedeira e será endocitado - a proteína G do envelope viral é capaz de absorver múltiplos receptores de diferentes tipos celulares em diferentes hospedeiros. ↪ após ser endocitado, teremos o DESNUDAMENTO - liberação do material genético viral no citoplasma, onde ele será dividido para duas finalidades: - PRODUÇÃO DE POLIPROTEÍNAS: uma vez que esse material é um RNA fita simples positiva, nos ribossomos esse RNA sintetizará uma poliproteína, composta por proteínas estruturais e não estruturais. - PRODUÇÃO DO SEU PRÓPR IO MATER IAL GENÉTICO: nesse ssRNA (+) teremos a síntese de um molde de ssRNA (-) que posteriormente sintetizará vários progênies de ssRNA (+) que serão colocados dentro do envelope virão e posteriormente sairão da célula por exocitose. ➱ Dengue: • Possui quatro sorotipos (DENV 1-4): dengues 1, 2, 3 e 4. ↪ sorotipos 1 e 4: associados à casos mais leves. ↪ sorotipos 2 e 3: são mais graves. * a gravidade da doença também está relacionada com o polimorfismo de HLA, ou seja, depende da genética do paciente - dependendo disso, teremos uma diferente resposta imune sendo desenvolvida contra o vírus. ↪ dentro dos sorotipos também temos os GENOTIPOS, que são pequenas variações dentro dos vírus: dengue 1 e 2 (5 genótipos), dengue 3 (4 genótipos) e dengue 4 com (2 genótipos). • É uma doença febril viral aguda. • A maior parte dos pacientes apresenta uma clínica leve e autolimitada, apenas uma pequena parte evolui para forma grave da doença. • PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA MUNDIAL: é a arbovirose mais importante que afeta o ser humano. • Juntamente com o vírus da febre amarela,foi um dos primeiros vírus à ser isolado. • VETORES: Aedes aegypti e Aedes albapictus. • DENV 5 - 2007: nos EUA tivemos uma pesquisa em amostras coletadas de pacientes com dengue e para classificação dos sorotipos e genótipos, é levado em consideração uma proteína não-estrutural chamada NS-1 - nesse estudo, foi coletado um material na Malásia e observou-se que o um paciente apresentou um vírus diferente dos 4 sorotipos existentes, classificando-o como DENV 5, TODAVIA ainda são necessários mais estudos pois não verificou-se novamente a presença desse sorotipo, há uma hipótese de que ele esteja circulando entre a população de insetos e macacos na Malásia. • Devido ao pequeno número de sorotipos (1-4), temos o surgimento de uma pressão ambiental por hospedeiros (isso ocorre pois uma vez que o indivíduo se infecta com determinado sorotipo, ele desenvolve memória imunológica e, uma vez que existem poucos sorotipos, o indivíduo pode se tornar imune à todos mais facilmente) → A PRESSÃO AMBIENTAL POR HOSPEDEIROS FAZ COM QUE TENHAMOS MUTAÇÕES. • O vírus é capaz de replicar no intestino médio dos mosquitos e, posteriormente, migra/faz tropismo para outros tecidos chegando na glândula salivar → o mosquito é hematófago e ingere sangue com uma quantidade de vírus e para ↑ a carga viral no inseto, esse vírus se replicará em seu intestino médio. • Quando o inseto pica o homem, o vírus poderá infectar fibroblastos, macrófagos, migram para linfonodos locais e podem alcançar a circulação sanguínea causando viremia. • A viremia está relacionada com o início da febre, que começa um dia antes da manifestação da febre e vai até o 5º dia → A FEBRE AJUDA NO CONTROLE DA VIREMIA. • Alguns indivíduos podem ser assintomáticos. • DENGUE NAS AMÉRICAS: ↪ 81-82: 1ª epidemia de dengue 1 e dengue 4 documentada no Brasil, aconteceu em Boa Vista - Roraima. ↪ 86-87 - dengue 1 em vários estados (RJ / SP / CE / MG / BA / PE / AL) - ocorreu pois os indivíduos de Boa Vista infectados começaram a viajar pelo Brasil e, nessas outras cidades também tínhamos o Aedes aegypti, que se infectou com o vírus da dengue e passou a transmiti- lo. ↪ 1ª VEZ EM QUE SE CONFIRMOU A TRANSMISSÃO DA DENGUE AUTÓCTONE (transmissão comprovada e sustentada dentro de uma população): 1987 em SP (Guararapes e Araçatuba). ↪ 1º caso de dengue hemorrágica (DEN-2): surge em indivíduos que já tinham anticorpos próprios para o sorotipo DENV-1. • VETOR DO DENV: ↪ Aedes aegypti (mais comum nas Américas) e Aedes albapictus (mais comum na Ásia e no Pacífico) - são mosquitos de hábitos diurno, doméstico, possuem uma ↑ capacidade adaptativa (seus ovos conseguem resistir à dessecação, são resistentes à ação de inseticidas e permanecem no ambiente por até 1 ano e 2 meses). ↪ a dengue possui uma sazonalidade bem delimitada (períodos de chuva) → ↑ da população de vetores e ∴ ↑ dos casos de transmissão do DENV. ↪ IMPORTÂNCIA DA CONSCIENTIZAÇÃO DA POPULAÇÃO PARA CONTER A REPRODUÇÃO DO VETOR: reprodução ocorre em recipientes naturais/ artificias em água limpa ou não. • A INFECÇÃO PELO DENV PODE SER: ↪ ASSINTOMÁTICA: muitas pessoas já tiveram dengue e nem fazem ideia disso. ↪ FEBRE DO DENGUE: quadro clínico clássico - febre, cefaleia, dor atrás dos olhos, perda de paladar e apetite, manchas e erupções na pele semelhantes às do sarampo, principalmente no tórax e mmss., náuseas, vômitos, tontura, fadiga. ↪ DENGUE HEMORRÁGICA/CHOQUE DO DENGUE: caso grave de dengue. * também pode haver febre na dengue clássica dependendo do sorotipo do vírus. • TRANSMISSÃO DO VÍRUS DA DENGUE NO AEDES AEGYPTI: ↪ o mosquito é hematófago e irá ingerir o sangue contaminado, o vírus irá se replicar no intestino médio do Aedes aegypti migrando para a glândula salivar. ↪ temos uma viremia ocorrendo no mosquito no período extrínseco de incubação, corresponde ao momento em que teremos um ↑ das partículas virais no mosquito. ↪ posteriormente, o mosquito se al imentará novamente de sangue e, uma vez que o vírus está em sua glândula salivar, ele infecta outro indivíduo (homem). ↪ NO HOMEM: o vírus consegue adsorver em várias células - ex: macrófagos, monócitos, fibroblastos até causar viremia no homem (CORRESPONDE AO PERÍODO INTRÍNSECO DE INCUBAÇÃO). * se um mosquito pica um indivíduo infectado com ao vírus da dengue e logo após isso pica um outro indivíduo, o segundo ser humano NÃO será infectado - isso ocorre pois o vírus precisa replicar no intestino do mosquito causando viremia (esse período dura em média 10 dias). * a fêmea do Aedes aegypti infectada pode pôr ovos já com o vírus e, nesse caso, os mosquitos já nascem infectados com o DENV que estará replicando em seus intestinos. • DIAGNÓSTICO CLÍNICO E LABORATORIAL DA DENGUE: lembrando que o diagnóstico clínico das arboviroses é muito difícil de ser feito!!! - DIAGNÓSTICO LABORATORIAL: o exame a ser realizado deve ser bem conhecido, bem como o melhor período para a realização deste: ↪ o período de incubação do vírus é de, em média, 7 dias - a partir desse período teremos a viremia. ↪ após a viremia o vírus continua se replicando, atingindo os linfonodos locais. ↪ o pico da viremia geralmente ocorre um dia antes do aparecimento da febre. ↪ a febre geralmente se estende por 5 dias e, por ser uma resposta imune, teremos que a quantidade de vírus começa a ↓. ↪ entre o 2º-3º dia de febre, começamos a ter o início da produção de anticorpos. ↪ JANELA: se o PCR (detecta o antígeno viral) for realizado um dia antes da febre, no 1º dia até o 5º de febre, ele dará (+), PORÉM, se o mesmo PCR for feito entre o 5º-7º dia, temos uma janela em que o PCR pode dar (-) - isso ocorre porque teremos a presença de anticorpos neutralizando as partículas virais. ↪ NA PRESENÇA DE ANTICORPOS CONTRA ÀS PARTÍCULAS VIRAIS OS TESTES PARA IDENTIFICAR NS-1 OU A PARTÍCULA VIRAL EM SI PODEM NEGATIVAR. ↪ após o 5º dia de febre (12º dia após a infecção), o exame mais adequado à ser feito é a SOROLOGIA → identificação de anticorpos contra NS-1. ↪ após o início da febre, entre o 5º e o 7º dia temos uma janela - nesse período ambos os testes podem negativar. • PATOGÊNESE DO DENV: ↪ teremos a picada do mosquito fêmea (Aedes aegypti OU Aedes albapictus) que inoculará o vírus da dengue no hospedeiro humano. ↪ o vírus da dengue causará infecção em células musculares estriadas, lisas e fibroblastos - pode haver dor muscular e dor retro-orbitaria devido a presença de vírus no tecido muscular. ↪ teremos uma viremia primária - vírus se dissemina atingindo os linfonodos regionais até cair na circulação (infecta monócitos/macrógafos - possui tropismo por células fagocitárias). ↪ TROPISMO POR CÉLULAS FAGOCITÁRIAS: por esse motivo, teremos uma ↑ liberação de citocinas (interferon e TNF) - sinais e sintomas que decorrem dessa liberação: febre e mal estar. ↪ alguns pacientes evoluem para cura sem apresentar nenhum tipo de sintoma. ↪ CURA: após o 5º dia de febre teremos uma intensa resposta imune humoral,. com a produção de anticorpos. • RE-INFECÇÃO PELO DENV (OUTRO SOROTIPO): * EX: um indivíduo se infectou com o DENV-2 e curou- se com a produção de anticorpos contra o DENV-2 - esse indivíduo pode se infectar novamente porém com outro sorotipo do vírus, p. ex. o DENV-1. ↪ nesse caso, os anticorpos contra o DENV-2 se ligarão com o antígeno do DENV-1 formando diversos imunocomplexos que serão posteriormente fagocitados pelos macrófagos MAS esses anticorpos são INCAPAZES DE NEUTRALIZAR O DENV-1. ↪ sendo assim, os macrófagos/monócitos fagocitam o imunocomplexo, colocam o vírus ativo em seu interior fazendo com que o DENV-1 replique no interior desses fagócitos. * TEORIA DE HALSTED: disserta sobre as complicações dessas formações exacerbadas de imunocomplexos. ↪ A REPLICAÇÃO VIRAL NO INTERIOR DOS FAGÓCITOS IMPLICA EM UMA INTENSA RESPOSTA IMUNE: produção de anafilotoxinasque alteram a permeabilidade vascular acarretando em coagulação intravascular, que ↓ o volume sanguíneo podendo levar o paciente à um choque hipovolêmico - pode também haver edema local. ↪ a hidratação do paciente com dengue é indispensável para evitar o choque hipovolêmico! ↪ PADRÃO DE HEMOGRAMA DO PACIENTE COM DENGUE: hematócrito alterado, linfócitos atípicos, leucopenia, plaquetopenia… * PLAQUETOPENIA: o vírus tem tropismo pelas células de Kupffer no fígado e, por esse motivo, temos uma desregulação dos fatores de coagulação que QUAL EXAME LABORATORIAL SOLICITAR? ANTES DO 1º DIA DE FEBRE ATÉ O 5º DIA DE FEBRE: ELISA, PCR (verificação de antígenos virais) APÓS O 5º DIA DE FEBRE: solicitar SOROLOGIA (verificação de anticorpos contra NS-1). transformam o megacariócito em plaquetas → isso justifica a plaquetopenia. • DENGUE HEMORRÁGICA: acontece geralmente nessas re-infecções por outros sorotipos - nesses casos temos uma alteração da permeabilidade vascular que implica no extravasamento de plasma, ativação do sistema complemento, liberação de anafilotoxinas… ↪ O RISCO PARA DENGUE HEMORRÁGICA É ↑ EM PACIENTES QUE JÁ TIVERAM UMA INFECÇÃO PRÉVIA PELO DENV. ↪ existem alguns sorotipos do DENV que conseguem causar quadros mais graves, inclusive quadros hemorrágicos - principalmente os sorotipos 2 e 3. • DENGUE E IMUNIDADE HUMORAL: ↪ a imunidade gerada para um sorotipo de DENV é protetora APENAS CONTRA AQUELE SOROTIPO ESPECÍFICO (sorotipo homólogo) - não é protetora contra infecção por sotoipos heterólogos. • VACINA PARA O DENV: precisa ser tetravalente (se ela não for, estaremos ↑ o risco da dengue hemorrágica para ser completamente segura contra a dengue hemorrágica. ↪ vacina da Sanofi-Pasteur: percebeu-se que as pessoas que tomaram a vacina tiveram casos mais graves de dengue (quadros hemorrágicos) - isso ocorreu porque a vacina deveria abranger os quatro sorotipos da dengue mas temos a questão do polimorfismo de HLA. * o polimorfismo de HLA pode fazer com que produzamos anticorpos contra os sorotipos 1, 2 e 3 mas não contra o 4. * a problemática da vacina é que com os anticorpos prévios não neutralizantes teremos um ↑ risco da dengue hemorrágica. * POR ESSE MOTIVO, A VACINA SÓ PODE SER APLICADA EM INDIVÍDUOS QUE JÁ TIVERAM DENGUE PELO MENOS UMA VEZ - ESSAS P E S S O A S J Á T E M A N T I C O R P O S N Ã O NEUTRALIZANTES DE QUE QUALQUER JEITO. * podem existir casos de dengue assintomática, então é importante realizar a sorologia antes da administração da vacina. • PROVA DO LAÇO PARA DENGUE: fazemos um garrote no paciente e verificamos o nº de petéquias que surgem - detecta se há fragilidade capilar (> 10 petéquias significa (+) para adulto e, nas crianças, o nº é > 20 petéquias para positivar). ➱ Febre Amarela - Vírus Amarílico: • Trata-se de uma doença febril aguda. • Possui curta duração (no máximo 12 dias). • Sua gravidade é variável - apresenta-se como infecções subclínicas e/ou leves, até formas graves, fatais; • Nas formas graves teremos complicações hepáticas e renais. • O VÍRUS AMARÍLICO: • Família: Falviviridae. - vírus envelopado RNAss+. • Gênero: Flavivirus. • Teremos dois ciclos: ↪ CICLO SILVESTRE: os macacos que serão os hospedeiros vertebrados (mosquitos envolvidos: Aedes, Haemagogus e Sabethes). ↪ CICLO URBANO: homem e Aedes aegypti serão os hospedeiros vertebrados. • VETORES: Haemagogus janthinomis e Aedes aegypti • Na última epidemia não identificou-se ciclo urbano, nenhum mosquito após a maceração apresentou o vírus amarílico - tivemos apenas o ciclo silvestre.. • Os macacos devem ser observados SEMPRE durante a vigilância epidemiológica - macacos mortos na floresta devem ser necropsiados para verificação da existência do vírus da febre amarela. • Existe apenas um sorotipo de vírus amarílico - ele não replica muito bem no Aedes aegypti e, por esse mosquito ser o único que participa do ciclo urbano, nunca tivemos uma epidemia significativa nesse ciclo. • Haemagogous e Sabethes são os mosquitos mais importantes do ciclo silvestre e temos boa replicação nesses vetores - eles estão localizados principalmente na copa das árvores, no “topo” da floresta. • PATOGÊNESE DO VÍRUS DA FEBRE AMARELA: ↪ teremos a picada do mosquito fêmea inoculando o vírus amarílico no sangue do hospedeiro (nesse caso, o ser humano). * MOSQUITOS DO CICLO SILVESTRE: Haemagogus janthinomis, Sabetes e Aedes aegypti. * MOSQUITO DO CICLO URBANO: apenas o Aedes aegypti. ↪ o vírus atingirá os linfonodos locais, macrófagos e realizará multiplicação local. ↪ com isso, teremos uma viremia primária responsável por disseminar o vírus pelo organismo. ↪ TROPISMO SECUNDÁRIO: localização e replicação viral ocorre no baço, rim (pode levar à insuficiência renal), medula óssea e principalmente no fígado. * FEBRE AMARELA: as pessoas ficam ictériacas devido ao tropismo secundário do vírus causando lesões hepáticas (células necróticas) - o acúmulo de bilirrubina que não consegue ser metabolizada pelo fígado leva à icterícia. ↪ após esse estágio, poderemos ter 2 desfechos: cura (imunidade) ou lesões necróticas nos rins e fígado que podem levar ao óbito. ↪ A RESPOSTA IMUNE IMPORTANTE QUE LEVA ÀS LESÕES NECRÓTICAS. ↪ a maior parte dos indivíduos infectados pela febre amarela evoluem para cura e desenvolvem imunidade contra o vírus. • QUADRO CLÍNICO: ↪ quadro inicial é um “flu like”: sintomas de resfriado - febre alta, mal estar, cefaleia, mialgia, fadiga e calafrios (facilmente pode ser confundido com outras doenças). ↪ após 3-4 dias: a maioria dos doentes apresentam apenas esses sintomas e recuperam-se completamente ficando permanentemente imunizados contra o vírus (existência de apenas 1 sorotipo). * COMPLICAÇÕES: corresponde ao período toxêmico (fenômenos hemorrágicos) - nesses casos, os pacientes desenvolvem sintomas graves decorrentes de uma resposta imune exacerbada que lesiona o órgão-alvo (fígado). ↪ 50% dos pacientes que evoluem para o quadro grave morrem. ↪ QUADRO CLÍNICO DO PERÍODO TOXÊMICO: febre, dores abdominas, diarréia, vômitos, manifestações hemorrágicas (equimoses, sangramentos no nariz e gengivas), complicações hepáticas (icterícia) e renais (anúria). * quadros hemorrágico decorre das lesões hepáticas - com isso, teremos uma plaquetopenia importante que implica na disfunção dos fatores de coagulação. * PLAQUETOPENIA SEMPRE INDICA PROBLEMAS NO FÍGADO OU NA MEDULA ÓSSEA. ↪ apenas 15% dos infectados com o vírus irão desenvolver esse quadro grave. ↪ os indivíduos que sobrevivem ao quadro grave, recuperam-se totalmente. → O ÓBITO ESTÁ MUITO MAIS RELACIONADO COM AS LESÕES DECORRENTES DO TROPISMO SECUNDÁRIO DO VÍRUS E PELA RESPOSTA IMUNE EXACERBADA DO QUE PELA PRÓPRIA REPLICAÇÃO VIRAL. ↪ geralmente temos um quadro clínico de sintomas de resfriado que dura por 5 dias e os indivíduos evoluem bem. ↪ alguns pacientes possuem uma viremia por volta do 3º/4º dia de infecção, existe uma produção de anticorpos PORÉM teremos uma resposta imune exacerbada lesionando o fígado e fazendo com que o paciente possa evoluir ao óbito. ↪ nos casos graves, os pacientes costumam a evoluir para o óbito em 9 dias (é muito rápido). • VACINA: FEBRE AMARELA 17DD: ↪ é uma vacina utilizada desde a década de 50. ↪ o vírus foi replicado em células de aves (especificamente em ovos embrionados) até ser atenuado (↓ a virulência) e ela é utilizada até hoje. ↪ vírus é inoculado em ovos embrionados de aves → se replica no interior desses ovos → maceramos e purificamos esses ovos → partículas virais atenuadas. ↪ produção da vacina é demorada devido à esses estágios - dificuldade em vacinar todos os indivíduos rapidamente. ↪ ensaio clínico verificou que a vacina fracionada (diluída) também havia eficácia - imunologistas recomendam que os indivíduos que tomaram essa versão fracionada devemtomar a vacina integral após um ano para conferir imunidade para vida toda. ↪ VIAJANTES: devem administrar a vacina 10 dias antes da viagem. ↪ doação de sangue pode ser realizada 30 dias após a vacinação. ➱ Zika: • Família: Falviviridae. - vírus envelopado RNAss+. • Doença febril aguda, autolimitada - geralmente causa um “flu like” que perdura por 3-7 dias e as complicações não são comumente associadas. • A maior parte dos indivíduos infectados são ASSINTOMÁTICOS! • Existem algumas registros de morte e manifestações neurológicas, principalmente em indivíduos com comorbidades - há risco de morte e microcefalia. • No Brasil o vírus se comportou de maneira diferente - apesar do Zika vírus ter sido isolado em 1947 na Floresta de Zika, os casos de microcefalia só foram identificados em 2018 no Brasil. ↪ 1942: Zika é isolado em macacos rhesus na em Uganda, na Floresta Zika. ↪ estudos indicam que o Zika sofreu uma mutação em 2013 que tornou esse vírus mais infeccioso. ↪ acredita-se que o vírus chegou ao Brasil com a visita do papa/grandes eventos esportivos que ocorreram nessa época. ↪ Zika só causou microcefalia NO BRASIL! ↪ o Zika só manifesta tropismo por células nervosas no embrião - verificou-se que as células cancerígenas possuem características muito semelhantes às células embrionárias ∴ existem estudos para o uso do Zika no combate às células cancerígenas (atua como uma espécie de terapia alvo, destruindo apenas as células cancerígenas). • MODO DE TRANSMISSÃO DO ZIKV: ↪ VETOR: Aedes. ↪ TRANSMISSÃO SEXUAL: verificou-se a presença do vírus no sêmen de indivíduos infectados mesmo meses após a infecção. ↪ TRANSMISSÃO VERTICAL (MÃE-FILHO): presença de vírus no líquido amniótico. ↪ existem hipóteses que cogitam a transmissão por transfusão sanguínea devido a presença de viremia. • TROPISMO DO ZIKV: ↪ CÉLULAS HOFBAUER: são macrófagos da placenta - vírus consegue acessar vasos sanguíneos afetando o sistema nervoso do embrião → lesões na bainha de mielina. * infecção pelo Zika prejudica a interação entre os neurônios e as células da glia, considerada essencial para o desenvolvimento do córtex cerebral. * mulheres infectadas com o Zika vírus no 1º trimestre de gestação possui ↑ probabilidade de aborto. * quanto mais tardia for a infecção na mulher grávida, ↓ a chance de lesões neurológicas no bebê. * Zika vírus congenito nao está relacionado apenas com a microcefalia - temos casos de aborto espontâneo, ↓ peso, surdez, retardo no desenvolvimento, anencefalia, mal-formação articular… • PATOGÊNESE DO ZIKV: ↪ teremos a replicação viral ocorrendo nas células dendríticas e citoplasma dos fibroblastos, atingindo queratinócitos da epiderme e da derme. ↪ o vírus consegue se dispersar por linfonodos regionais atingindo a corrente sanguíneo. ↪ vírus tem tropismo pelo SNC implicando em várias complicações. • QUADRO CLÍNICO DO ZIKV - INFECÇÃO NÃO FETAL: ↪ presença de exantema maculopapular de início precoce - “vermelhão" com muito prurido. ↪ febre geralmente é baixa ou ausente. ↪ hiperemia ocular não purulenta, artralgia ou arbitre, edema de extremidades, astenia e cefaléia. ↪ 80% dos infectados são assintomáticos. ➱ Chikungunya - CHIKV: • Trata-se de uma doença febril. • Família Togaviridae - porém possui as mesmas características do DENV, vírus amarílico e ZIKV: ssRNA+, envelopado. * RELEMBRANDO: envelope NÃO é fator de virulência - os vírus não envelopados conseguem sobreviver por um tempo maior no meio ambiente → o envelope pode ser facilmente inativado/destruído na presença de algumas substâncias, justamente pelo seu envelope lipoproteíco. Além disso, o envelope também pode ser destruído em pH’s específicos - ex: pH do suco gástrico. • CARACTERÍSTICA CLÍNICA MAIS NOTÓRIA: febre e artralgia (poliartrite). * poliartrite: inflamação em diversas articulações. • MORFOLOGIA: apresenta 4 proteínas não estruturais e 5 proteínas estruturais. • Também produz uma poliproteína que serão clivadas, porém nesse caso teremos 4 proteínas não estruturais e 5 proteínas estruturais. • POLIARTRITE: indivíduos com Chikunguya tendem a andar curvados devido a inflamação em diversas articulações. • Chega ao Brasil em 2013 com os grandes eventos que ocorreram aqui (chegada do papa, jogos olímpicos…) - veio juntamente com o Zika, Oropuche, Mayaro. • 2014: ocorreu a primeira transmissão autóctone no Amapá e na Bahia. • Atualmente, o único estado em que não há casos de transmissão autóctone é o RS. • PERÍODO DE INCUBAÇÃO: 2-10 dias após a picada pela fêmea do Aedes aegypti ou o Aedes albopictus infectadas pelo CHIKV. • Um indivíduo infectado consegue transmitir o CHIKV dois dias antes da manifestação dos sintomas caso o inseto o pique. • PATOGÊNESE DO CHIKV: ↪ o vírus possui tropismo pelos fibroblastos, células endoteliais e macrófagos. ↪ seu maior problema associado é a replicação do vírus que gera um grande recrutamento de células por conta do processo inflamatório - com isso, podemos ter danos em diversas articulações. ↪ 70% dos casos são SINTOMÁTICOS - casos divididos em formas típicas e atípicas: * formas típicas: fase aguda, srubaguda e crônica. * formas atípicas: evoluem para os casos graves. • FASE AGUDA OU FEBRIL - FORMA TÍPICA: duração média de 7 dias. ↪ indivíduo pode apresentar poliatralgia, febre de início súbito. ↪ a poliatralgia em punhos, mãos e pés pode ser simétrica ou assimétrica, além de geralmente ser debilitante e bilateral. ↪ presença de Rash cutâneo (exantema) em mais de 50% dos casos - muitas pessoas são tratadas com antibioticoterapia devido ao diagnóstico errôneo de erisipela. ↪ outros sintomas: cefaléia, conjuntivite, fadiga, mialgia, náuseas e vômitos. * muitos indivíduos produzem anticorpos que degradam a bainha de mielina e apresentam síndrome de Guilain Barre. • FASE SUBAGUDA - FORMA TÍPICA: ↪ desaparecimento da febre; ↪ a poliatralgia pode se estender por anos e em múltiplas articulações. ↪ pode ocorrer edema persistente. ↪ existem casos relacionados à tenossinovite (síndrome do túnel do carpo. • Síndrome do Túnel do Carpo: devido à uma compressão do nervo mediano em decorrência do estreitamento do túnel do carpo o indivíduo pode apresentar formigamento, dor e perda de sensibilidade nas mãos. Tratamento: fisioterapia e em alguns casos cirurgia. ↪ demais manifestações: lesões cutâneas (bolhas e vesículas), púrpuras, prurido e exantema nas mãos e nos pés. • FASE CRÔNICA - FORMA TÍPICA: ↪ artropatias crônico-degenerativas musculoesqueléticas e neuropáticas - ex: síndrome de Guilain Barre. ↪ duração 3-6 anos. ↪ mais da metade dos pacientes evoluem para fase crônica, sendo os fatores de risco para cronificação: idade > 45 anos, sexo feminino, desordem articular preexistente e maior intensidade das lesões articulares na fase aguda. • D IAGNÓST ICO D I FE RENC IAL DENGUE X CHIKUNGUYA:
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