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A farmácia comunitária no Brasil - Artigo

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O termo “farmácia comunitária” refe-
re-se aos estabelecimentos farmacêuticos 
não hospitalares e não ambulatoriais que 
atendem à comunidade. As farmácias co-
munitárias no Brasil são, em sua maioria, 
privadas, de propriedade particular, mas 
existem também farmácias públicas, sejam 
elas vinculadas à rede nacional de farmácias 
populares ou às esferas públicas municipais 
ou estaduais.2 Há, no Brasil, também, uma 
distinção legal entre farmácia e drogaria, 
sendo estas últimas proibidas de atuar na 
manipulação ou no fornecimento fraciona-
do de medicamentos.3 O termo “farmácia 
comunitária” (ou simplesmente “farmá-
cia”) será utilizado em todo este livro em 
seu sentido mais amplo, incluindo droga-
rias, farmácias de dispensação e manipula-
ção, públicas ou privadas. 
A principal necessidade da sociedade 
com relação às farmácias é obter medica-
mentos sob condições ótimas de conserva-
ção e em acordo com a legislação vigente. 
Ainda que seja a principal, entretanto, for-
necer medicamentos não constitui hoje a 
única responsabilidade da farmácia. Há um 
forte movimento no País buscando ampliar 
a participação da farmácia comunitária no 
sistema de saúde brasileiro. Além da dis-
pensação de medicamentos e produtos para 
a saúde, busca-se atualmente o desenvolvi-
mento de serviços farmacêuticos clínicos, 
providos à população de forma harmônica 
e articulada ao sistema de saúde. A farmácia 
comunitária no Brasil caracteriza-se como 
estabelecimento que agrega dimensões co-
merciais, sanitárias, técnicas e sociais (Fig. 
1.1).
A população apresenta necessidades 
ligadas ao uso de medicamentos que devem 
ser atendidas pelo sistema de saúde como 
um todo (Fig. 1.2). Para que o medicamen-
to possa ser utilizado como recurso tera-
1
A farmácia comunitária no Brasil
CASSYANO J. CORRER 
ROBERTO PONTAROLO 
ALYNE SIMON DE CARVALHO RIBEIRO
Fornecer medicamentos não cons ti tui ho-
je a única responsabilidade da farmácia.
Além da dispensação de medi camen tos e 
produtos para a saúde, busca-se atualmente 
o desenvolvimento de serviços farmacêuti-
cos clínicos, providos à população de forma 
harmô nica e articulada ao sistema de saúde.
A farmácia é um estabeleci-
mento de prestação de serviços 
farmacêuticos de interesse públi-
co e/ou privado, articulado ao Sistema Único 
de Saúde (SUS), destinado a prestar assistência 
farmacêutica e orientação sanitária individual 
ou coletiva, onde são processadas a manipula-
ção e a dispensação de produtos e correlatos 
com finalidade profilática, curativa, paliativa, 
estética ou para fins de diagnóstico.1
4 Cassyano J. Correr & Michel F. Otuki
FIGURA 1.1
Dimensões da farmácia comunitária no Brasil.
Dimensão 
comercial
Dimensão 
sanitária
Dimensão 
técnica
Dimensão 
social
Farmácia 
comunitária
FIGURA 1.2
Necessidades da população relacionadas aos medicamentos, no âmbito individual e coletivo.
Adequadamente 
prescritos/ 
indicados
Medicamentos
de qualidade
Monitoração 
da segurança
Monitoração 
da efetividade
Informações 
disponíveis para 
utilização
Adequadamente 
dispensados
Medicamentos
acessíveis
Antes do uso
Durante o uso
A prática farmacêutica na farmácia comunitária 5
pêutico de forma segura e racional, várias 
ações ligadas à gestão do produto, do pro-
cesso de uso e dos resultados devem aconte-
cer no tempo certo e com a qualidade certa. 
A primeira e mais básica dessas necessida-
des consiste em produzir e disponibilizar 
medicamentos que atendam a padrões de 
qualidade predefinidos. Isso vale tanto para 
aqueles industrializados como para os me-
dicamentos manipulados nas farmácias co-
munitárias. Esses produtos também devem 
ser adequadamente prescritos ou indicados, 
para fins terapêuticos definidos, estar aces-
síveis à população (a preços justos ou aces-
so gratuito) e devem ser adequadamente 
dispensados, respeitando-se as exigências 
legais e as boas práticas de farmácia. 
A dispensação deve garantir o direito 
à informação sobre o medicamento. Essas 
informações devem estar disponíveis tam-
bém na bula de cada medicamento, com 
legi bilidade, e por outros meios, como ma-
teriais educativos impressos ou mídias ele-
trônicas. Por fim, a efetividade e a se gurança 
da farmacoterapia devem ser avaliadas du-
rante o processo de uso, a fim de detectar 
desvios, falhas ou erros que possam ser so-
lucionados, garantindo a obtenção de des-
fechos positivos. A farmácia comunitária 
encontra-se em uma posição estratégica e é 
capaz de atender a praticamente todas essas 
necessidades. A manipulação de medica-
mentos, a dispensação de medicamentos 
prescritos e isentos de prescrição, a infor-
mação ao paciente e os serviços farmacêuti-
cos clínicos são ações próprias desses esta-
belecimentos que os tornam essenciais para 
o suprimento dessas necessidades. 
As regras sobre propriedade, empresa 
e serviços farmacêuticos das farmácias no 
País obedecem a regulamentações federais, 
enquanto fiscalização sanitária e regras de 
tributação de produtos podem variar de 
acordo com o Estado e o município. Qual-
quer cidadão pode ser proprietário de uma 
farmácia, sendo uma das principais exigên-
cias a contratação de um farmacêutico res-
ponsável para atuar durante todo o período 
de funcionamento. A presença e a atividade 
dos farmacêuticos devem ser fiscalizadas 
pelos Conselhos Regionais de Farmácia. As 
normas sanitárias e as boas práticas farma-
cêuticas são fiscalizadas pela Vigilância Sa-
nitária do Município. Não existem regras 
claras no Brasil com relação à avaliação da 
localização, à densidade populacional ou ao 
número de estabelecimentos já existentes 
para abertura de novas farmácias.4
O número de farmácias cresce no Bra-
sil anualmente, porém, em ritmo mais lento 
nos últimos anos. De 2004 a 2009, o núme-
ro de estabelecimentos passou de 62.454 
para 79.010, em um crescimento de quase 
20% em cinco anos. Em todo o País, 25% 
das farmácias são de propriedade de farma-
cêuticos. Segundo dados de 2004, a Região 
Sul apresenta a maior proporção de farma-
cêuticos proprietários (34,7%), com o Esta-
do do Paraná em primeiro lugar no País 
(41,6%). Em contraste, a Região Norte apre-
senta a menor proporção regional (7,4%), e 
o Estado do Piauí (Região Nordeste), apre-
senta a menor do País (3,1%). O Conselho 
Federal de Farmácia (CFF) diferencia os 
 estabelecimentos em farmácias e drogarias 
(79.010), centradas na dispensação de me-
dicamentos industrializados; farmácias de 
manipulação magistral (7.164); e farmácias 
homeopáticas (1.082).5 Considerando a po-
pulação brasileira, há, no País, aproxima-
damente, uma farmácia para cada 2.400 
 ha bitantes. Há mais do que o dobro de farmá-
O número de farmácias cresce no Brasil 
anualmente, porém, em ritmo mais lento 
nos últimos anos. De 2004 a 2009, o nú-
mero de estabelecimentos passou de 
62.454 para 79.010, em um crescimento 
de quase 20% em cinco anos.
6 Cassyano J. Correr & Michel F. Otuki
 cias no País que o recomendado pela Or -
ganização Mundial da Saúde (OMS), com 
maior concentração de estabelecimentos 
nas re giões mais desenvolvidas.
O tempo de funcionamento de uma 
farmácia brasileira típica gira em torno de 68 
horas por semana. Nas capitais e grandes ci-
dades, há farmácias com funcionamento 24 
horas, enquanto em cidades do interior é co-
mum as farmácias realizarem plantões alter-
nados entre si, em feriados e finais de sema-
na. Além da venda de medicamentos, os ser-
viços mais comuns prestados em farmácias 
são a aplicação de injetáveis e pequenos 
curativos, a nebulização e a medida da pres-
são arterial. A planta baixa típica de uma far-
mácia inclui um balcão de atendimento, 
uma sala de injetáveis, armário ou sala de 
psicotrópicos, estoque de medicamentos, 
área de perfumariae autoatendimento, co pa, 
banheiros para clientes e escritório adminis-
trativo. Mais recentemente, farmácias têm 
construído áreas privadas ou semiprivadas 
para atendimento de pacientes (Fig. 1.3)6.
O número atual de farmacêuticos no 
Brasil é de aproximadamente 133 mil, o que 
representa um farmacêutico para cada 1.400 
habitantes.5 Os três Estados com maior nú-
mero de profissionais são São Paulo, Minas 
Gerais e Paraná. Nas Regiões Sul, Sudeste e 
em vários Estados do Nordeste, há número 
de profissionais suficiente para atender a 
todas as farmácias existentes. Em contraste, 
alguns Estados do Centro-Oeste e do Norte 
do País sofrem falta de profissionais far-
macêuticos, o que impede a assistência far-
macêutica em todos os estabelecimentos. 
Em dezembro de 2009, havia, no Brasil, 
17% de farmácias irregulares, sem a presen-
ça integral do farmacêutico. Os Estados 
com maior ausência de farmacêuticos nas 
farmácias são Piauí (50%), Maranhão 
(36%), Ceará (31%) e Pará (25,6%). No Es-
tado de São Paulo, que tem o maior núme-
Área de dispensação
Materiais 
de limpeza
Banheiro
Área de recepção 
de materiais
Área administrativa
Copa
Vestiário
Contro-
lados
Armazenamento
Serv. farm. 
injetáveis
FIGURA 1.3
Planta baixa típica de uma farmácia comunitária (escala 1:50).
Fonte: Reproduzida de Santos e Dupin.6
A prática farmacêutica na farmácia comunitária 7
ro de estabelecimentos do País, a irregulari-
dade chega a 10%. Os três Estados com 
maior cobertura farmacêutica nas farmá-
cias são Paraná (1,6% de ausência), Minas 
Gerais (3,6%) e Rio Grande do Sul (3,7%).7
Estudos desenvolvidos na Região Sul 
encontraram, em média, 1,4 farmacêutico e 
3,5 auxiliares por farmácia.8 Há relatos de 
farmácias e drogarias em que essa propor-
ção chega a 1:14. Com relação à equipe de 
auxiliares, a profissão de técnico em farmá-
cia não se encontra regulamentada no 
 Brasil, e não existe legislação específica refe-
rente à necessidade de formação para atuar 
como atendente. Em geral, estes têm baixa 
escolaridade e pouco, ou nenhum, treina-
mento específico para a função.
O mercado farmacêutico no Brasil é 
um dos cinco maiores do mundo. Segundo 
dados de 2007, as farmácias privadas movi-
mentam cerca de US$ 10 bilhões por ano. 
Apenas 4,4% das farmácias pertencem a re-
des, mas estas respondem por 22% do fatu-
ramento total do segmento. As vendas de 
produtos não medicamentosos são da or-
dem de 2 bilhões por ano, e todo o setor 
emprega cerca de 40 mil pessoas.9 A Região 
Sudeste é responsável pelo maior fatura-
mento das farmácias brasileiras, com desta-
que para o interior de São Paulo, que res-
ponde por 19% de todo o comércio farma-
cêutico nacional. A margem de lucro bruta 
de uma farmácia gira em torno de 27%, en-
tretanto, políticas de descontos ao consu-
midor e condições de compra junto a distri-
buidoras e indústria farmacêutica fazem es-
sa margem ser muito variável. A distribuição 
desse faturamento em relação à população e 
ao número de farmácias e de farmacêuticos 
encontra-se na Tabela 1.1.
QUALIDADE DOS SERVIÇOS 
DA FARMÁCIA NO BRASIL: O 
QUE AS PESQUISAS MOSTRAM?
É pequeno o número de pesquisas no Brasil 
sobre a prática farmacêutica em farmácias 
comunitárias. Considerando-se a impor-
tância desse estabelecimento como recurso 
utilizado pela população para cuidados 
com a saúde, conhecer suas características, 
dificuldades e como a prática farmacêutica 
se desenvolve é necessário para seu aprimo-
ramento. A dispensação alcança seu objeti-
vo quando o medicamento correto e em 
TABELA 1.1
Porcentagem da população, distribuição de farmácias 
comunitárias e faturamento de acordo com a região brasileira
 Região % População* % Farmácias % Farmacêuticos % Faturamento***
 Norte 7,6 4,8 3,6 < 1
 Nordeste 28,1 18,5 14,9 11
 Sudeste 42,6 50,7 49,6 62
 Sul 14,8 18,5 23,5 20
 Centro-Oeste** 6,8 7,5 8,3 7
*Correspondente à população do Brasil em 2010 = 192.304.735 habitantes
**Incluindo o Distrito Federal
***Proporção aproximada do faturamento total do País
Fonte: De Castro, Correr.4
O mercado farmacêutico no Brasil é um dos 
cinco maiores do mundo. Segundo dados 
de 2007, as farmácias privadas movimen-
tam cerca de US$ 10 bilhões por ano.
8 Cassyano J. Correr & Michel F. Otuki
boas condições de conservação é entregue 
ao paciente e este é adequadamente orien-
tado sobre como utilizá-lo. Essa orientação 
deve permitir que o paciente conheça os 
objetivos do tratamento, como realizá-lo e 
os cuidados envolvendo o uso do medica-
mento. A falha desse serviço básico da far-
mácia se reflete em pacientes pouco prepa-
rados e mais expostos aos riscos dos medi-
camentos.
Nos últimos anos, houve expressivo 
avanço na qualidade dos serviços farma-
cêuticos prestados em farmácias e droga-
rias. Apesar disso, de modo geral, estes se 
encontram ainda abaixo da necessidade, e 
há graves problemas estruturais e de orga-
nização do mercado que contribuem para a 
baixa qualidade dos serviços prestados. En-
tre as piores características desses estabele-
cimentos no País destacam-se:
n ausência ou incipiente presença do far-
macêutico em muitos estabelecimentos 
em vários Estados;
n dispensação feita por auxiliares sem pre-
paro técnico; 
n venda sem receita médica de medica-
mentos tarjados; 
n indicação de medicamentos tarjados a 
pessoas que relatam sintomas no balcão; 
n substituição de medicamentos prescri-
tos por similares, sem anuência do pa-
ciente e do prescritor, com base em cri-
térios de lucratividade do produto; 
n desorientação dos usuários sobre medi-
camentos genéricos, muitas vezes indu-
zindo a venda de similares como se fos-
sem genéricos; 
n aplicação de injetáveis sem receita médi-
ca (inclusive de associações entre vários 
medicamentos); 
n a chamada “empurroterapia”, que con-
siste em induzir o consumo de medica-
mentos, principalmente polivitamíni-
cos, xaropes e “fortificantes”; 
n venda de medicamentos controlados sem 
receita médica, utilizando-se de “créditos” 
de receitas especiais e notificações de re-
ceita atendidas parcialmente; 
n oferta de produtos alheios como pães, lei-
te, carvão, carne, brinquedos, livros, entre 
muitos outros, descaracterizando a far-
mácia como estabelecimento de saúde. 
A ausência de informações sobre o tra-
tamento constitui uma das principais razões 
pelas quais 30 a 50% dos pacientes não usam 
seus medicamentos conforme a prescrição. 
Em pacientes ambulatoriais em Porto Alegre 
(RS), o nível de informação foi verificado, e 
as respostas foram comparadas com a receita 
médica e com o prontuário do paciente. Do 
total de 264 pacientes entrevistados, apenas 
34% obtiveram bom nível de conhecimento. 
Em 31% dos casos, o nome do medicamento 
foi declarado incorretamente, e, em 19%, a 
indicação de uso declarada pelo paciente dis-
cordou da indicação médica. Houve também 
discordância da prescrição médica no que se 
refere à dose (19%) e à frequência de admi-
nistração (31%).10 Em unidades de saúde de 
Brasília (DF), apenas 18,7% dos pacientes 
compreendiam integralmente a prescrição, 
sendo que 56,3% conseguiam ler a receita. 
Dos medicamentos prescritos, 61,2% foram 
efetivamente dispensados, sendo o tempo 
médio do atendimento de dispensação de 
53,2 segundos, e o da consulta médica, de 9,4 
minutos. Do total de medicamentos prescri-
tos, 85,3% pertenciam à Relação nacional de 
medicamentos essenciais (Rename), e, da lis-
ta de 40 medicamentos-chave, 83,2% esta-
vam dis poníveis.11
Mesmo o não cumprimento de aspec-
tos básicos, como armazenamento correto 
de medicamentos, pode levar a perda da 
qualidade e danos para o paciente. Medica-
mentos líquidos contendo dipirona comer-
cializados no Brasil e armazenados em resi-
dências em Araraquara (SP) foram avalia-A prática farmacêutica na farmácia comunitária 9
dos no que se refere às análises quantitativa 
e microbiológica. Somente em 57% das 128 
amostras analisadas a quantidade de fárma-
co estava de acordo com a quantidade de-
clarada pelo fabricante. Além disso, 26,2% 
das 128 amostras analisadas apresentaram 
S. aureus, E. coli e Salmonella sp.12 Esses re-
sultados demonstraram clara queda na 
qualidade dos medicamentos, assim como a 
presença de fungos e/ou bactérias em parte 
daqueles analisados, que ainda estavam 
dentro de seus prazos de validade.
O padrão da automedicação no Brasil 
também apresenta particularidades. Come-
çando pela qualidade dos medicamentos, 
estudo pioneiro realizado por Vilarino e co-
laboradores13 em 1998 mostrou que, na-
quela época, 91% dos medicamentos de 
venda livre apresentavam baixo valor in-
trínseco terapêutico e 70% correspondiam 
a combinações em doses fixas. Somente 10 
especialidades (de 77 pesquisadas) perten-
ciam à Rename. Entre os medicamentos 
mais utilizados sem prescrição médica es-
tão os analgésicos, descongestionantes na-
sais, anti-inflamatórios e anti-infecciosos 
de uso sistêmico. Entre aqueles utilizados 
por automedicação, 44% requerem prescri-
ção médica, e 40% das iniciativas de auto-
medicação basea ram-se em prescrições mé-
dicas anteriores. Todavia, estudos mais re-
centes de base popu lacional argumentam 
que os números encontrados para a auto-
medicação no Brasil são semelhantes aos 
observados em países desenvolvidos. Os au-
tores concluem que a automedicação pode-
ria atuar como um complemento da aten-
ção formal à saúde. Há consenso entre vários 
autores de que uma melhor regula mentação 
da venda de medicamentos tarjados e me-
lhor provisão de informação aos usuários 
(p. ex., nas bulas dos medicamentos e nas 
farmácias) são necessárias para uma auto-
medicação responsável no Brasil.
Não há pesquisas realizadas no Brasil 
que demonstrem que a orientação realizada 
durante a dispensação (ou a falta dela) pro-
duza efeitos positivos (ou negativos) sobre 
resultados de saúde dos pacientes; no en-
tanto, estudos apontam para a existência de 
graves deficiências estruturais. Em Santa 
Catarina, por exemplo, apenas 11,4% das 
farmácias dispõem de área de atendimento 
privativa ou semiprivativa para atividades 
ligadas ao aconselhamento de pacientes ou 
atenção farmacêutica; menos de 20% dis-
põem de fontes terciárias de informação so-
bre medicamentos de boa qualidade; e 68% 
dos farmacêuticos atuantes apresentam so-
mente formação de graduação.8 Segundo 
levantamento de Hennigen e colaborado-
res,14 em drogarias e farmácias no sul do 
Brasil, o profissional tem, em média, 2,3 li-
vros nas drogarias e 6,1 nas farmácias. A 
chance de se encontrar mais de cinco livros 
em uma farmácia é 27 vezes maior do que 
em uma drogaria. Os bulários são os livros 
mais frequentemente disponíveis. Há aces-
so à internet em 87,5% das farmácias e em 
59% das drogarias, sendo a chance de uma 
farmácia ter esse recurso cinco vezes maior 
do que uma drogaria. A página da Agência 
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é 
a mais acessada, e o Serviço de Atendimento 
ao Consumidor das Indústrias Farmacêuti-
cas, o serviço de informação mais consulta-
do. A falta de tempo é a principal limitação 
da busca de informação, e o far macêutico, 
Mesmo aspectos básicos, como armaze-
namento correto de medicamentos, po-
dem levar a perda da qualidade e danos 
para o paciente.
Entre os medicamentos mais utilizados sem 
prescrição médica estão os analgésicos, des-
congestionantes nasais, anti-inflamatórios 
e anti-infecciosos de uso sistêmico.
10 Cassyano J. Correr & Michel F. Otuki
nos estabelecimentos pesquisados, é carente 
de boas fontes de informação.
Em estudo semelhante realizado em 
Jundiaí (SP), foram entrevistados 91 farma-
cêuticos. A maioria era jovem (62,6% entre 
20 e 29 anos), do sexo feminino (63,7%), 
graduada em instituições privadas (90,1%) 
e não proprietária do estabelecimento farma-
cêutico em que trabalhava (87,9%). Quanto à 
estrutura e aos recursos dos estabelecimen-
tos, apenas 15% das farmácias tinham um 
local reservado para atendimento de usuá-
rios, e 61% possuíam um computador para 
o farmacêutico utilizar em atividades não 
relacionadas ao gerenciamento. Em relação 
às fontes de informação sobre medicamen-
tos existentes nas farmácias, as mais citadas 
foram o Dicionário de Especialidades Far-
macêuticas (DEF)(98,7%), revistas especia-
lizadas (51,3%) e a internet 48,7%. Quanto 
à remuneração, 67,1% recebiam entre 4,8 e 
6,3 salários mínimos. O recebimento de co-
missões ou porcentagem de remuneração 
sobre vendas foi referido por 33% dos far-
macêuticos, sendo que, destes, 25% rece-
biam comissões apenas pela venda de medi-
camentos. As principais atividades dos far-
macêuticos nessas farmácias eram dispen-
sação de medicamentos, controle de esto-
que e de receitas, aplicação de injetáveis e 
verificação da pressão arterial. A maioria 
deles não sabia o que era atenção farmacêu-
tica e alegava falta de tempo, de interesse 
dos usuários e de remuneração como bar-
reiras para o desenvolvimento de serviços 
clínicos ao paciente.15
Outros achados apontam que o co-
nhecimento dos farmacêuticos sobre aspec-
tos regulatórios do funcionamento das far-
mácias, dispensação e medicamentos gené-
ricos é insatisfatório, indicando falhas na 
formação da graduação na área de atenção 
farmacêutica e medicamentos.16 Com rela-
ção à dispensação de medicamentos a ges-
tantes, em um estudo realizado em 150 far-
mácias escolhidas aleatoriamente em Curi-
tiba (PR), a maior parte dos farmacêuticos 
não se sentia apta a interpretar informações 
sobre o uso de medicamentos em gestantes 
e não dispunha de fontes confiáveis de in-
formação a respeito. Ainda assim, a maioria 
desses profissionais curitibanos relatou que 
é comum a detecção de problemas em re-
ceitas médicas para gestantes e que a indica-
ção de medicamentos para essa população 
no balcão da farmácia faz parte da rotina.17
Nos setores público e privado em For-
taleza (CE), segundo relato de pacientes, a 
presença do farmacêutico no ato da dispen-
sação varia de 22,3 a 33%, sendo as demais 
realizadas por balconistas. Isso significa 
que, de cada 10 pessoas que entram na far-
mácia, apenas 2 ou 3 são atendidas por far-
macêuticos, sendo oferecido às demais ape-
nas o atendimento por vendedores sem ne-
nhuma formação técnica. Ainda na capital 
cearense, a frequência de orientação do pa-
ciente é de 25,8% sobre como tomar os me-
dicamentos, 7,8% sobre reações adversas, 
16,5% sobre adesão ao tratamento e 13,7% 
sobre cuidados no armazenamento.18
No serviço público, as unidades básicas 
de saúde constituem (ou devem constituir) a 
principal porta de entrada do sistema de 
atenção à saúde. Ainda assim, o vínculo do 
serviço farmacêutico está relacionado com 
o modelo curativo, centrado na consulta 
médica e pronto atendimento, com a far-
mácia apenas atendendo a demanda por 
medicamentos. A atividade de orientação 
aos usuários na farmácia das unidades tor-
na-se praticamente impossível, e a grande 
maioria delas nem sequer dispõe de farma-
cêutico atendendo à população, sendo a 
dispensação transformada apenas na entre-
ga de medicamentos.19
A abordagem inadequada das queixas 
de saúde dos pacientes e a venda de medica-
mentos sem prescrição médica continuam 
também sendo frequentes nas farmácias 
A prática farmacêutica na farmácia comunitária 11
brasileiras, tanto por farmacêuticos como 
por balconistas. A presença de tarja verme-
lha nas embalagens secundárias dos medi-
camentos com a inscrição “venda sob pres-
crição médica” costuma ser simplesmente 
ignorada. Um estudo recente a esse respeito 
relata que pacientes simulando sintomas de 
rinossinusiteacompanhada ou não de febre 
receberam indicação de antibiótico em 58% 
das farmácias, chegando esse índice a 78% 
quando o paciente insistia na compra do 
medicamento. Em 65,4% das farmácias, o 
atendimento foi realizado por um farma-
cêutico, e, em 84,2% dos casos, este reco-
mendou o uso de um antibiótico.20 Em Tu-
barão (SC), observou-se que 85% das far-
mácias vendem antibióticos sem prescrição 
médica, principalmente para o tratamento 
de problemas dos tratos respiratório (62,8%) 
e urinário (12%).21 Essa é uma realidade que 
tende a mudar a partir da obrigatoriedade de 
retenção das receitas dos antibióticos recen-
temente implantada pela Anvisa. 
Em Porto Alegre (RS), nas 160 farmá-
cias visitadas por atores simulando pacien-
tes, diante do relato de dor de garganta, 
63% das condutas foram consideradas in-
corretas. O número total de medicamentos 
prescritos foi de 181, representados por 57 
especialidades farmacêuticas. Concluiu-se 
que há prescrição indevida de medicamen-
tos, independentemente do nível atingido 
de informação diagnóstica e do quadro 
apresentado, o que demonstrava falta de re-
lação entre o diagnóstico e a conduta reali-
zada pelo atendente.22
Outros achados de igual significado 
têm sido encontrados por todo o País para 
problemas de saúde como tosse, dor de den-
te, infecções respiratórias e doenças sexual-
mente transmissíveis.23-26 As falhas de co-
nhecimento e conduta dos auxiliares de far-
mácia também são notórias, e experiências 
educativas sobre esses profissionais mostra-
ram-se insuficientes.27 O aspecto essencial-
mente comercial das farmácias, incluindo o 
pagamento de comissões por vendas, e o 
baixo poder de influência do farmacêutico 
sobre as condutas da equipe de auxiliares 
são apontados como causas dessas distor-
ções.
Em resposta a essa realidade, diversas 
iniciativas governamentais e institucionais 
têm buscado ampliar a qualidade da cadeia 
do medicamento no Brasil, entre elas os 
avanços no setor de bulas e propaganda de 
medicamentos, a implantação de um siste-
ma nacional de farmacovigilância, o aumen-
to nas exigências de qualidade para medica-
mentos similares e as ações de fomento à 
pesquisa e à formação de profissionais mé-
dicos e farmacêuticos voltados ao uso ra-
cional de medicamentos e medicina basea-
da em evidências. Especificamente no que 
diz respeito à prática farmacêutica, as ini-
ciativas têm-se concentrado em ampliar a 
competência do farmacêutico no cuidado 
dos pacientes e manejo da farmacoterapia, 
a partir de formação e pesquisa, a fim de in-
tegrá-lo de forma mais efetiva à equipe de 
saúde.
LEGISLAÇÃO E BOAS 
PRÁTICAS FARMACÊUTICAS
As farmácias comunitárias, particularmen-
te farmácias e drogarias privadas, estão su-
A presença de tarja vermelha nas embala-
gens secundárias dos medicamentos com a 
inscrição “venda sob prescrição médica” 
costuma ser simplesmente ignorada. Um 
estudo recente a esse respeito relata que 
pacientes simulando sintomas de rinossi-
nusite acompanhada ou não de febre rece-
beram indicação de antibiótico em 58% 
das farmácias, chegando esse índice a 78% 
quando o paciente insistia na compra do 
medicamento.
12 Cassyano J. Correr & Michel F. Otuki
TABELA 1.2
Principal legislação sanitária que dispõe sobre medicamentos e a farmácia comunitária no Brasil
Norma Ementa
Lei no 5.991, de 17 de 
dezembro de 1973
Decreto no 74.170, 
de 10 de junho de 1974
Lei no 6.360, de 
23 de setembro de 1976
Lei no 6.368, de 
21 de outubro de 1976
Lei no 6.437, de 20 
de agosto de 1977
Decreto no 79.094, de 
5 de janeiro de 1997
Decreto no 83.239, 
de 6 de março de 1979
Lei no 6.480, de 
1º de dezembro de 1977
Lei no 9.787, de 10 
de fevereiro de 1999
Dispõe sobre o controle sanitário do comércio de drogas, medicamentos, 
insumos farmacêuticos e correlatos, e dá outras providências.
Regulamenta a Lei no 5.991, de 17 de dezembro de 1973, que dispõe so bre con-
trole sanitário do comércio de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos 
e correlatos.
Dispõe sobre a vigilância sanitária a que ficam sujeitos os medicamentos, as 
drogas, os insumos farmacêuticos e correlatos, cosméticos, saneantes e outros 
produtos, e dá outras providências.
Dispõe sobre medidas de prevenção e repressão ao tráfico ilícito e uso inde-
vido de substâncias entorpecentes ou que determinem dependência física ou 
psíquica, e dá outras providências.
Configura infrações à legislação sanitária federal, estabelece as sanções res-
pectivas, e dá outras providências.
Regulamenta a Lei no 6.390, de 23 de setembro de 1976, que submete ao sis-
tema de vigilância sanitária medicamentos, insumos farmacêuticos, drogas, 
correlatos, cosméticos, produtos de higiene, saneantes e outros.
Altera o Decreto no 79.094, de 5 de janeiro de 1997, que regulamenta a Lei no 
6.360, de 23 de setembro de 1976.
Altera a Lei no 6.360, de 23 de setembro de 1976, que dispõe sobre a vigi lância 
sanitária a que ficam sujeitos os medicamentos, as drogas, os insu mos farma-
cêuticos e correlatos, cosméticos, saneantes e outros produtos, e dá outra provi-
dência.
Altera a Lei no 6.360, de 23 de setembro de 1976, que dispõe sobre a vigilância 
sanitária, estabelece o medicamento genérico, dispõe sobre a utilização de 
nomes genéricos em produtos farmacêuticos e dá outras providências.
(continua ) 
jeitas a um conjunto de normas estabeleci-
das por leis, decretos, portarias e resoluções. 
O principal órgão responsável pela regula-
mentação e fiscalização das farmácias, sob o 
ponto de vista sanitário, é a Anvisa. A Anvi-
sa é uma agência reguladora criada em 
1999, vinculada ao Ministério da Saúde do 
Brasil, responsável pelo controle sanitário 
de todos os produtos e serviços submetidos 
à vigilância sanitária, tais como medica-
mentos – nacionais ou importados – e ali-
mentos, além de ser responsável pela apro-
vação, para posterior comercialização da 
produção no País, desses produtos. Além 
disso, em conjunto com o Ministério das 
Relações Exteriores, controla os portos, ae-
roportos e fronteiras nos assuntos relacio-
nados à vigilância sanitária. A principal le-
gislação a que as farmácias e drogarias estão 
sujeitas está na Tabela 1.2.
A prática farmacêutica na farmácia comunitária 13
TABELA 1.2 (continuação)
Principal legislação sanitária que dispõe sobre medicamentos e a farmácia comunitária no Brasil
Norma Ementa
Decreto no 3.181, de 
23 de setembro de 1999
Lei no 8.078 de 
11 de setembro de 1990
Portaria Anvisa no 344, 
de 12 de maio de 1998
Portaria Anvisa no 6, 
de 29 de janeiro de 1999
Portaria Anvisa no 802, 
de 8 de outubro de 1998
RDC no 138, de 29 
de maio de 2003
Resolução Anvisa no 306, 
de 7 de dezembro de 2004
RDC Anvisa no 354, de 
18 de dezembro de 2003
RDC Anvisa no 67, 
de 8 de outubro de 2007
RDC no 27, de 30 
de março de 2007
RDC no 44, 
de 17 de agosto de 2009
RDC no 20, 
de 5 de maio de 2011
Regulamenta a Lei no 9.787, de 10 de fevereiro de 1999, que dispõe sobre a 
vigilância sanitária, estabelece o medicamento genérico, dispõe sobre a utiliza-
ção de nomes genéricos em produtos farmacêuticos e dá outras providências.
Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providências (código de 
defesa do consumidor).
Aprova o Regulamento Técnico sobre Substâncias e Medicamentos Su jeitos a Con-
trole Especial
Aprova a Instituição Normativa da Portaria SVS/MS no 344, de 12 de maio de 
1998, que institui o Regulamento Técnico sobre Substâncias e Medicamentos 
Sujeitos a Controle Especial.
Institui o Sistema de Controle e Fiscalização em toda a cadeia dos produtos 
farmacêuticos.
Dispõe sobre o enquadramento na categoria de venda de medicamentos 
(medicamentos isentos de prescrição).
Dispõe sobre o Regulamento Técnico para o Gerenciamentode Resíduos de 
Serviços de Saúde.
Permite a manipulação de produtos farmacêuticos, em todas as formas farma-
cêuticas de uso interno, que contenham substâncias de baixo índice terapêu-
tico, aos estabelecimentos farmacêuticos que cumprirem as condições espe-
cificadas.
Dispõe sobre Boas Práticas de Manipulação de Preparações Magistrais e Ofici-
nais para Uso Humano em farmácias (revoga a RDC no 33/2.000) e já foi alte-
rada por outra mais recente: 
•	 RDC	no 33, de 19 de abril de 2000 (revogada).
•	 RDC	no 214, de 12 de dezembro de 2006 (revogada).
•	 RDC	no 67, de 8 de outubro de 2007 (em vigor).
•	 RDC	 no 87, de 21 de novembro de 2008 (altera a RDC no 67, de 8 de 
 outubro de 2007) (em vigor).
Dispõe sobre o Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados 
– SNGPC, estabelece a implantação do módulo para drogarias e farmácias e dá 
outras providências.
Dispõe sobre Boas Práticas Farmacêuticas para o controle sanitário do funcio-
namento, da dispensação e da comercialização de produtos e da prestação de 
serviços farmacêuticos em farmácias e drogarias e dá outras providências.
Revoga a RDC no 328, de 22 de julho de 1999, a RDC no 149, de 11 de junho de 
2003, a RDC no 159, de 20 de junho de 2003, a RDC no 173, de 8 de julho de 
2003 e a RDC no 123, de 12 de maio de 2005.
Dispõe sobre o controle de medicamentos à base de substâncias classificadas 
como antimicrobianos, de uso sob prescrição, isoladas ou em associação. 
Revoga a RDC nº 44 de 17 de agosto de 2010.
14 Cassyano J. Correr & Michel F. Otuki
Além das normas sanitárias a que estão 
sujeitos os estabelecimentos farmacêuticos, há 
normas profissionais que estabelecem como 
deve ser a prática do profissional farmacêuti-
co. Essas normas são normalmente elabora-
das por instituições profissionais ou suprana-
cionais, como a OMS, a Federação Internacio-
nal Farmacêutica (FIP) e, no Brasil, pelo 
Con selho Federal de Farmácia (CFF). 
As normas de qualidade dos serviços 
farmacêuticos são importantes como parâ-
metros de medida da qualidade. Para que se 
possa afirmar o que é bom ou ruim, o que 
está ou não correto, o que vale ou não a pe-
na, o que é mais custo-efetivo, o que mais 
satisfaz profissionais, consumidores e fi-
nanciadores, é necessário que critérios se-
jam estabelecidos pelos interessados e que o 
processo de avaliação se dê com base nesses 
critérios. Além dos consumidores, há, tam-
bém, outros interessados nos serviços de 
saúde, para quem existem outros critérios 
de avaliação: familiares, profissionais da 
saúde, administradores, financiadores e ór-
gãos de fiscalização. Nesse cenário, o desafio 
da avaliação da qualidade em saúde está em 
compreender o complexo e conflituoso jo-
go de interesses e construir critérios que 
atendam diferentes expectativas. 
Na compreensão desse universo de in-
teresses, um dos modelos de qualidade em 
saúde mais discutido é o proposto por Do-
nabedian.28 Segundo ele, os métodos de 
avaliação da qualidade em saúde poderiam 
ser divididos em três eixos construídos com 
base na teoria de sistemas: estrutura, pro-
cessos e resultados. O eixo estrutura envol-
ve as características estáveis dos serviços de 
saúde, como instalações, equipamentos, re-
cursos humanos, materiais e financeiros. O 
eixo processos diz respeito às interações e 
aos procedimentos envolvendo profissio-
nais de saúde e pacientes, e o eixo resulta-
dos engloba a realização do objetivo de 
curar, conter a progressão, restaurar a capa-
cidade funcional, aliviar a dor, entre outros. 
Os resultados receberam, ainda, de Kozma e 
colaboradores29 uma classificação conheci-
da, em inglês, como ECHO Model, subdivi-
dindo-os em resultados econômicos, clíni-
cos e humanísticos (ver Cap. 13).
Em 1993, a FIP declarou a importân-
cia do desenvolvimento e da utilização de 
padrões de qualidade para os serviços far-
macêuticos.30 Nas palavras expressas no do-
cumento: “O estabelecimento de padrões é 
um componente importante na medição da 
qualidade dos serviços para o consumidor”. 
A FIP, ao adotar referências internacionais 
de boas práticas em farmácia, acredita que 
padrões baseados nessas referências devem 
ser utilizados pelas agremiações nacionais 
de farmacêuticos, governos e outras organi-
zações internacionais de farmacêuticos pa-
ra a adaptação de seus próprios padrões de 
referência de boas práticas em farmácia. As 
referências de boas práticas de farmácia ba-
seiam-se na atenção farmacêutica desenvol-
vida pelos profissionais farmacêuticos. Elas 
recomendam que os padrões nacionais se-
jam orientados para a promoção da saúde, 
o suprimento de medicamentos e de equi-
pamentos médicos, o autocuidado em saú-
Além das normas sanitárias a que estão su-
jeitos os estabelecimentos farmacêuticos, 
há normas profissionais que estabelecem 
como deve ser a prática do profissional far-
macêutico. Essas normas são normalmen-
te elaboradas por instituições profissio-
nais ou supranacionais, como a OMS, a Fe-
deração Internacional Farmacêutica (FIP) 
e, no Brasil, pelo Con selho Federal de Far-
mácia (CFF).
Os métodos de avaliação da qualidade em 
saúde poderiam ser divididos em três eixos 
construídos com base na teoria de siste-
mas: estrutura, processos e resultados.
A prática farmacêutica na farmácia comunitária 15
de e a melhoria da prescrição e do uso de 
medicamentos por meio de atividades de-
sempenhadas pelos farmacêuticos. Esta po-
de ser identificada como a primeira decla-
ração internacional que fala em estabelecer 
padrões para medir a qualidade dos servi-
ços farmacêuticos.
Em 1998, a National Association of 
Phar macy Regulatory Authorities (NAPRA 
– Associação Nacional de Autoridades Far-
macêuticas Regulatórias do Canadá) publi-
cou um conjunto de padrões orientadores 
para a prática profissional no país.31 O con-
junto de seis padrões representou um passo 
importante na construção de um sistema 
farmacêutico de qualidade para o Canadá:
n Padrão 1: O farmacêutico, utilizando co-
nhecimentos e habilidades únicas para 
identificar as necessidades farmacotera-
pêuticas dos pacientes, pratica uma aten-
ção voltada ao paciente em parceria com 
o próprio paciente e outros profissionais 
da saúde, a fim de alcançar resultados po-
sitivos e/ou manter ou melhorar a quali-
dade de vida do paciente.
n Padrão 2: O farmacêutico atua dentro de 
limites legais e de princípios éticos, de-
monstra integridade profissional e age 
para preservar os padrões da prática pro-
fissional.
n Padrão 3: O farmacêutico identifica, iso-
la, avalia, interpreta e provê informações 
apropriadas sobre medicamentos e so-
bre a prática farmacêutica para garantir 
atenção segura e efetiva ao paciente.
n Padrão 4: Respeitando o direito do pa-
ciente à confidencialidade, o farmacêu-
tico comunica-se e educa para propor-
cionar adequada atenção ao paciente e 
promover a saúde.
n Padrão 5: O farmacêutico gerencia a dis-
tribuição de medicamentos por meio da 
realização, supervisão e revisão das fun-
ções de seleção, preparo, distribuição e 
estoque de medicamentos a fim de asse-
gurar a segurança, a precisão e qualida-
de dos produtos.
n Padrão 6: O farmacêutico utiliza conhe-
cimentos, princípios e habilidades da 
prática farmacêutica com o objetivo de 
otimizar a atenção ao paciente e as rela-
ções interprofissionais.
A Pharmaceutical Society of Australia 
(PSA – Sociedade Farmacêutica da Austrá-
lia elaborou, em 1999, um conjunto de qua-
tro padrões para garantir a provisão da as-
sistência farmacêutica em farmácias comu-
nitárias:32
n Padrão 1: A farmácia precisa adequar os 
recursos humanos, físicos e financeiros 
para promover a qualidade do uso de 
medicamentos sem prescrição como par-
te do serviço de atenção primária à saúde.
n Padrão 2: A farmácia deve promover 
aconselhamento e atenção aocliente, di-
reta e indiretamente, e organizar um sis-
tema de documentação da prática pro-
fissional.
n Padrão 3: A farmácia deve conter ambien-
tes de acesso restrito aos medicamentos e 
de atendimento personalizado ao cliente. 
n Padrão 4: Todos os funcionários da far-
mácia devem respeitar as necessidades e 
os direitos dos clientes, conforme os 
princípios legais e éticos.
As referências de boas práticas de farmá-
cia baseiam-se na atenção farmacêutica 
desenvolvida pelos profissionais farma-
cêuticos. Elas recomendam que os pa-
drões nacionais sejam orientados para a 
promoção da saúde, o suprimento de me-
dicamentos e de equipamentos médicos, 
o autocuidado em saúde e a melhoria da 
prescrição e do uso de medicamentos por 
meio de atividades desempenhadas pelos 
farmacêuticos.
16 Cassyano J. Correr & Michel F. Otuki
O documento elaborado pela PSA foi 
formatado de modo que os profissionais far-
macêuticos pudessem realizar uma autoava-
liação dos serviços oferecidos pela farmácia. 
Conta, ainda, com protocolos-padrão de 
atendimento farmacêutico a fim de assegu-
rar o uso racional dos medicamentos.
Também em 1999, um documento pu-
blicado pela American Society of Health-
-System Pharmacists (ASHP – Associação 
Americana de Farmacêuticos do Sistema de 
Saúde, denominado “Padrões mínimos para 
os serviços farmacêuticos ambulatoriais”, 
apresentava quatro categorias de ações a se-
rem desenvolvidas pelos farmacêuticos:33
 1. Liderança e gerenciamento do serviço, 
envolvendo o preparo do farmacêutico, 
os critérios para a utilização de medica-
mentos, o desempenho em indicadores 
de reações adversas e erros de medica-
ção, a distribuição dos serviços entre os 
membros da equipe e as questões finan-
ceiras da organização.
 2. Farmacoterapia e atenção farmacêutica, 
envolvendo os planos de atenção farma-
cêutica, a relação com os pacientes e as 
ações de educação em saúde.
 3. Controle e distribuição de medicamentos, 
envolvendo a aquisição, o armazenamen-
to e a dispensação dos medicamentos.
 4. Instalações, equipamentos e outros recur-
sos, envolvendo as áreas e equipamentos 
para as operações técnicas e administra-
tivas.
Rovers e colaboradores34 identificaram 
quatro categorias de iniciativas que podem 
ser implantadas pelos farmacêuticos para a 
me lhoria do estado de saúde da comunidade: 
 1. acompanhamento e educação do paciente
 2. avaliação dos seus fatores de risco
 3. prevenção da saúde
 4. promoção da saúde e vigilância das doen-
ças
Ainda segundo os autores, a promo-
ção da saúde pode ser feita por meio de três 
domínios que dão suporte aos serviços ofe-
recidos à população:
 1. disposição de serviços de prevenção clí-
nica
 2. vigilância e publicações em saúde públi ca
 3. promoção do uso racional de medica-
mentos pela sociedade
A abordagem de Rovers e colaborado-
res está alinhada aos tópicos relacionados 
pela OMS em relação a medidas que podem 
ser adotadas para a promoção da saúde. 
Transpondo para a nossa realidade as estra-
tégias defendidas mundialmente, é possível 
dizer que o farmacêutico pode trabalhar 
sob três pontos básicos: reorientando os 
serviços de farmácia dos medicamentos pa-
ra os pacientes, desenvolvendo habilidades 
da comunidade e incentivando os indivíduos 
à ação comunitária.
No cenário brasileiro, as ações gerado-
ras de padrões de referência ou normas que 
trataram dos serviços farmacêuticos, in-
cluindo sua qualidade, estiveram exclusiva-
mente no âmbito da vigilância sanitária até 
1997. A partir daquele ano, algumas resolu-
ções do CFF passaram a tratar do assunto 
de maneira um pouco mais ampla. 
Até 1997, a legislação sanitária era o 
único elemento que tratava das condições 
de funcionamento dos estabelecimentos 
farmacêuticos e que podia ser utilizado pa-
ra fins de avaliação de qualidade. Contudo, 
nem as condições de funcionamento dos 
É possível dizer que o farmacêutico pode 
trabalhar sob três pontos básicos: reorien-
tando os serviços de farmácia dos medica-
mentos para os pacientes, desenvolvendo 
habilidades da comunidade e incentivan-
do os indivíduos à ação comunitária.
A prática farmacêutica na farmácia comunitária 17
estabelecimentos têm sido fiscalizadas de 
maneira satisfatória. As leis federais no 
5.991, de 17 de dezembro de 1973 e 6.360, 
de 16 de abril de 1976 e seus Decretos-lei 
correspondentes, 74.170, de 10 de junho de 
1974 e 79.094, de 5 de janeiro de 1977, os 
mais importantes na regulação do setor, 
contribuíram para que a prática farmacêu-
tica se configurasse como a prática do co-
mércio de drogas, descaracterizando o pa-
pel de unidade sanitária que a farmácia po-
deria ocupar no Brasil.
A Resolução do CFF n° 308, de 2 de 
maio de 1997 estabeleceu o primeiro mar-
co sobre a assistência farmacêutica, reco-
nhecendo um novo papel para as farmá-
cias e as drogarias no Brasil, e inaugurou 
um debate em torno de novas práticas far-
macêuticas que têm ganhado força desde 
então. Entre essas passagens está o reco-
nhecimento da farmácia como unidade de 
saúde pública, o reconhecimento de que 
deve haver espaços reservados para o diálo-
go com os pacientes (consulta farmacêuti-
ca), que é preciso criar e manter fichas far-
macoterapêuticas de pacientes e, sobretudo, 
que é preciso “elaborar manuais de procedi-
mentos, buscando normalizar e operacio-
nalizar o funcionamento do estabelecimen-
to, criando padrões técnicos e sanitários de 
acordo com a legislação”.
Dois anos depois dessa publicação, a 
então recém-criada Anvisa publicou a Reso-
lução n° 328, 22 de julho de 1997, estabele-
cendo, no âmbito do Aparelho de Estado, o 
primeiro instrumento nacional que trata de 
boas práticas em farmácia. Por um lado, o re-
gulamento foi o primeiro a explicitar de for-
ma objetiva a necessidade de que as farmá-
cias e drogarias mantenham “infraestrutura 
física, equipamentos, recursos humanos e 
procedimentos que atendam às boas práti-
cas em farmácia”, conceito importante para 
que a avaliação da qualidade desses estabe-
lecimentos fosse orientada pelos eixos de es-
trutura e processos anteriormente aceitos 
em outras áreas da saúde. 
Por outro lado, a Resolução n° 328/99 
veta a utilização de aparelhos de uso médi-
co ambulatorial e não incorpora a demanda 
por esse tipo de procedimento – sobretudo 
a medida da pressão arterial – nos estabele-
cimentos farmacêuticos. Também não trata 
da avaliação de resultados terapêuticos, cuja 
ausência contribui para que farmácias e 
drogarias se mantenham à margem de um 
sistema de saúde que, além de estrutura e 
processos, precisa ser avaliado por seus re-
sultados. 
Em 2001, o CFF publicou a Resolução 
n° 357, de 20 de abril de 2001, aprovando 
um regulamento técnico de boas práticas 
em farmácia diferente do instrumento nor-
mativo publicado pela Anvisa dois anos an-
tes. Nesse regulamento, estão os maiores 
avanços no que diz respeito à redefinição da 
farmácia e da atividade farmacêutica como 
ações de saúde. A Resolução, que pioneira-
mente dispõe sobre a redefinição da prática 
profissional, apresenta alguns elementos 
que são fundamentais para a compreensão 
da reorganização desses serviços. 
Essa Resolução dispõe também sobre 
os critérios para a avaliação da qualidade 
das prescrições, veta a dispensação de medi-
camentos em sistemas de autoatendimento, 
autoriza a orientação farmacêutica e a dis-
pensação de medicamentos isentos de pres-
crição, a aplicação de injetáveis, a realização 
de pequenos curativos, a realização de ne-
bulização, a verificação de temperatura e 
pressão arterial e a determinação de parâ-
metros bioquímicos e fisiológicos. 
Além das tentativas de redefinição de 
atribuições e de reorganização da atividade 
profissional expressas por essas Resoluções, 
alguns outros elementos caracterizaramo 
movimento pela qualidade no setor farma-
cêutico nos últimos anos. Nas farmácias de 
manipulação, nas farmácias hospitalares e 
18 Cassyano J. Correr & Michel F. Otuki
nos laboratórios de análises clínicas, cam-
pos de atuação dos profissionais farmacêu-
ticos, alguns importantes avanços também 
podem ser identificados. 
As publicações mais recentes envol-
vendo serviços farmacêuticos e boas práti-
cas de farmácia são as resoluções do CFF n° 
499, de 17 de dezembro de 2008, nº 505, de 
23 de junho de 2009, e n° 44, de 17 de agos-
to de 2009. O CFF elenca na Resolução n° 
499, de 17 de dezembro de 2008, uma série 
de atividades, entre elas:
 1. Elaboração do perfil farmacoterapêuti-
co, avaliação e acompanhamento da te-
rapêutica farmacológica de usuários de 
medicamentos.
 2. Determinação quantitativa do teor san-
guíneo de glicose, colesterol total e trigli-
cerídeos, mediante coleta de amostras de 
sangue por punção capilar, utilizando-se 
de medidor portátil.
 3. Verificação de pressão arterial.
 4. Verificação de temperatura corporal.
 5. Aplicação de medicamentos injetáveis.
 6. Execução de procedimentos de inalação 
e nebulização.
 7. Realização de curativos de pequeno porte.
 8. Colocação de brincos.
 9. Participação em campanhas de saúde.
 10. Prestação de assistência farmacêutica do-
miciliar.
Em junho de 2009, o CFF publicou a 
Resolução n° 505, de 23 de junho de 2009, 
alterando parcialmente a Resolução n° 499, 
de 17 de dezembro de 2008, retirando a de-
terminação de colesterol total e trigliceríde-
os da lista de serviços farmacêuticos autori-
zados. Coincidentemente, a Anvisa publi-
cou, em agosto de 2009, a RDC n° 44, de 17 
de agosto de 2009, regulamentando a pres-
tação de serviços farmacêuticos em farmá-
cias e drogarias em seu Capítulo VI:
n Art. 61. Além da dispensação, poderá ser 
permitida às farmácias e drogarias a 
prestação de serviços farmacêuticos 
conforme requisitos e condições estabe-
lecidos nesta Resolução.
n §1º São considerados serviços farma-
cêuticos passíveis de serem prestados em 
farmácias ou drogarias a atenção farma-
cêutica e a perfuração de lóbulo auricu-
lar para colocação de brincos.
n §2º A prestação de serviço de atenção 
farmacêutica compreende a atenção far-
macêutica domiciliar, a aferição de pa-
râmetros fisiológicos e bioquímico e a 
administração de medicamentos.
n §3º Somente serão considerados regula-
res os serviços farmacêuticos devida-
mente indicados no licenciamento de 
cada estabelecimento, sendo vedado uti-
lizar qualquer dependência da farmácia 
ou drogaria como consultório ou outro 
fim diverso do licenciamento, nos ter-
mos da lei.
n §4º A prestação de serviços farmacêuti-
cos em farmácias e drogarias deve ser 
permitida por autoridade sanitária me-
diante prévia inspeção para verificação 
do atendimento aos requisitos mínimos 
dispostos nesta Resolução, sem prejuízo 
das disposições contidas em normas sa-
nitárias complementares estaduais e 
municipais.
n §5º É vedado à farmácia e à drogaria 
prestar serviços não abrangidos por esta 
Resolução.
n Art. 62. O estabelecimento deve manter 
disponível, para informar ao usuário, lis-
ta atualizada com a identificação dos es-
tabelecimentos públicos de saúde mais 
próximos, contendo a indicação de ende-
reço e telefone.
Na Seção I desse capítulo, a Anvisa de-
talha sua interpretação sobre como deve es-
A prática farmacêutica na farmácia comunitária 19
tar estruturado o serviço de atenção farma-
cêutica:
n Art. 63. A atenção farmacêutica deve 
ter como objetivos a prevenção, detec-
ção e resolução de problemas relacio-
nados a medicamentos, promover o 
uso racional dos medicamentos, a fim 
de melhorar a saúde e qualidade de vi-
da dos usuários.
n §1º Para subsidiar informações quanto 
ao estado de saúde do usuário e situa-
ções de risco, assim como permitir o 
acompanhamento ou a avaliação da efi-
cácia do tratamento prescrito por pro-
fissional habilitado, fica permitida a afe-
rição de determinados parâmetros fisio-
lógicos e bioquímico do usuário, nos 
termos e condições desta Resolução.
n §2º Também fica permitida a adminis-
tração de medicamentos, nos termos e 
condições desta Resolução.
n Art. 64. Devem ser elaborados protoco-
los para as atividades relacionadas à 
atenção farmacêutica, incluídas referên-
cias bibliográficas e indicadores para 
avaliação dos resultados.
n §1º As atividades devem ser documen-
tadas de forma sistemática e contínua, 
com o consentimento expresso do 
usuá rio.
n §2º Os registros devem conter, no míni-
mo, informações referentes ao usuário 
(nome, endereço e telefone), às orienta-
ções e intervenções farmacêuticas reali-
zadas e aos resultados delas decorrentes, 
bem como informações do profissional 
responsável pela execução do serviço 
(nome e número de inscrição no Conse-
lho Regional de Farmácia). 
n Art. 65. As ações relacionadas à atenção 
farmacêutica devem ser registradas de 
modo a permitir a avaliação de seus re-
sultados.
n Parágrafo único. Procedimento Opera-
cional Padrão deverá dispor sobre a me-
todologia de avaliação dos resultados.
n Art. 66. O farmacêutico deve orientar o 
usuário a buscar assistência de outros 
profissionais de saúde, quando julgar 
necessário, considerando as informa-
ções ou resultados decorrentes das ações 
de atenção farmacêutica.
n Art. 67. O farmacêutico deve contribuir 
para a farmacovigilância, notificando a 
ocorrência ou suspeita de evento adver-
so ou queixa técnica às autoridades sa-
nitárias.
As Resoluções da Anvisa e do CFF re-
presentam um importante avanço na regu-
lamentação dos serviços farmacêuticos na 
farmácia comunitária, na definição de cri-
térios de qualidade e na identificação da 
farmácia como estabelecimento de saúde. 
Atividades como a elaboração do perfil far-
macoterapêutico, avaliação e acompanha-
mento farmacoterapêutico ou, nas palavras 
da Anvisa, o próprio serviço de atenção far-
macêutica estiveram ausentes das boas prá-
ticas de farmácia brasileiras durante muitos 
anos. 
No entanto, o enfoque demasiado na 
realização de serviços técnicos, como medi-
da da pressão arterial, temperatura corpo-
ral, glicemia, pequenos curativos e adminis-
tração de medicamentos (injetáveis, nebuli-
zação, etc.) ou a colocação de brincos, limita 
a percepção do serviço farmacêutico como 
um serviço clínico, cognitivo, centrado no 
As Resoluções da Anvisa e do CFF repre-
sentam um importante avanço na regula-
mentação dos serviços farmacêuticos na 
farmácia comunitária, na definição de cri-
térios de qualidade e na identificação da 
farmácia como estabelecimento de saúde.
20 Cassyano J. Correr & Michel F. Otuki
paciente e na melhoria do processo de uso 
de medicamentos e dos resultados da far-
macoterapia. De fato, técnicos bem treina-
dos não teriam dificuldade em realizar 
qualquer um dos serviços listados na reso-
lução, porém não poderiam interpretar re-
sultados, obter informações clínicas do pa-
ciente e transformar as informações avalia-
das em condutas clínicas voltadas à proteção 
ou à recuperação da saúde. As atividades 
técnicas, portanto, devem representar um 
meio, e não o fim. Os verdadeiros serviços 
farmacêuticos devem ser clínicos, tendo co-
mo conjunto de procedimentos a maioria 
das atividades descritas nas Resoluções da 
Anvisa (estabelecimentos farmacêuticos) e 
do CFF (profissão farmacêutica).
Muitas experiências nacionais e inter-
nacionais apontam para a relevância do de-
senvolvimento de padrões de qualidade na 
melhoria da atenção aos pacientes. Assim 
como resultados têm sido alcançados pelos 
sistemas de acreditação e pelas várias outras 
abordagens de garantia de qualidade, a 
acreditação de farmácias e drogarias pode 
vir a ser uma alternativa para apoiar a me-
lhoriade qualidade dos serviços farmacêu-
ticos no Brasil. O desenvolvimento de uma 
experiência de autorregulação no setor de 
serviços farmacêuticos, não apenas com ba-
se na lógica do mercado, mas, sobretudo, 
com base na política de defesa da vida, pode 
significar o surgimento de um novo espaço 
de construção da saúde.
INTEGRAÇÃO DA 
FARMÁCIA COMUNITÁRIA 
AO SISTEMA DE SAÚDE
Os serviços prestados pelo farmacêutico à 
população nas farmácias comunitárias, pú-
blicas ou privadas, devem estar articulados 
à rede de atenção à saúde. Segundo Men-
des,35 os serviços de saúde devem constituir 
uma rede integrada que permita prestar 
uma assistência contínua a determinada 
população – no tempo certo, no lugar certo, 
com o custo certo e com a qualidade certa – 
e que se responsabiliza pelos resultados sa-
nitários e econômicos relativos a essa popu-
lação.35 O processo de construção desse 
modelo inclui a concepção de múltiplos 
pontos de atenção à saúde, como hospitais, 
unidades de saúde, ambulatórios especiali-
zados, atenção domiciliar, hospitais-dia, en-
tre outros. Estes devem estar integrados 
verticalmente, tendo a unidade básica de 
saúde, responsável pela atenção primária à 
saúde, como ponto central da rede. A far-
mácia comunitária deve firmar-se como es-
tabelecimento de saúde a fim de fazer parte 
dessa rede (Fig. 1.4).36
A farmácia comunitária, pública ou 
privada, tem a responsabilidade e a oportu-
nidade de transformar-se em um ponto de 
atenção à saúde, indo além de seu papel tra-
dicional de distribuição de medicamentos. 
Como estabelecimento de saúde, pode pres-
tar serviços farmacêuticos ao paciente de 
forma articulada à rede, tendo como refe-
rência a unidade de atenção primária e co-
O desenvolvimento de uma experiência de 
autorregulação no setor de serviços farma-
cêuticos, não apenas com base na lógica do 
mercado, mas, sobretudo, com base na polí-
tica de defesa da vida, pode significar o sur-
gimento de um novo espaço de construção 
da saúde.
A farmácia comunitária, pública ou priva-
da, tem a responsabilidade e a oportuni-
dade de transformar-se em um ponto de 
atenção à saúde, indo além de seu papel 
tradicional de distribuição de medica-
mentos.
A prática farmacêutica na farmácia comunitária 21
municando-se também com outros pontos 
de atenção à saúde como hospitais, serviços 
domiciliares, consultórios particulares, etc. 
Os estabelecimentos privados, ainda que 
não responsáveis pelo atendimento “gratui-
to” à população, deveriam estar cientes de 
seu papel no SUS e articular-se à rede de 
serviços de saúde.
Há vários estudos no Brasil demons-
trando que a implantação de serviços de 
atenção farmacêutica em farmácias comu-
nitárias tem a capacidade de produzir bene-
fícios para os pacientes e o sistema de saúde 
(para uma discussão mais aprofundada, ver 
o Cap. 10 deste livro). Além de melhorar re-
sultados clínicos da farmacoterapia e criar 
canais de comunicação inéditos entre pro-
fissionais da saúde, a atenção farmacêutica é 
capaz de melhorar a qualidade de vida dos 
usuários e sua satisfação com os serviços da 
farmácia. Os custos desse trabalho são reco-
nhecidamente baixos em comparação com 
diversas iniciativas do sistema de saúde, co-
mo campanhas de vacinação, educação em 
saúde e rastreamento de doenças crônicas. 
Ainda assim, esse serviço é incipiente na 
maioria dos estados brasileiros. Há consen-
so entre vários autores, que esse atraso no 
avanço da atenção farmacêutica deve-se, 
principalmente, à formação inadequada dos 
farmacêuticos para atividades clínicas e à 
ausência de um sistema de remuneração ba-
seado em serviços, e não apenas na venda 
ou na logística de medicamentos. 
Hospital
Unicade 
básica de 
saúde
Farmácia 
comunitária
Ambulatório 
especializado
Atendimento 
domiciliar
?
Hospital-dia
FIGURA 1.4
Modelo esquemático da rede de atenção à saúde, organizada por diversos pontos, coordenados pela 
atenção primária à saúde. A farmácia comunitária só poderá integrar essa rede quando convertida 
em estabelecimento de saúde.
22 Cassyano J. Correr & Michel F. Otuki
As atividades do farmacêutico na far-
mácia comunitária podem estar voltadas 
ao medicamento ou ao paciente. As ativi-
dades não clínicas ou voltadas ao medica-
mento incluem a gestão logística (progra-
mação, aquisição, armazenamento), a ma-
nipulação magistral, o controle de qua lidade 
dos produtos manipulados e a gestão fi-
nanceira ou de pessoas. No contexto do 
SUS, Gomes e colaboradores37 defendem, 
sob a mesma lógica, que a assistência far-
macêutica na atenção primária à saúde de-
ve se estruturar em dois eixos principais:
 1. ações técnico-assistenciais e
 2. ações técnico-gerenciais.
Os serviços farmacêuticos voltados ao 
paciente, também chamados de serviços 
 clínicos ou serviços cognitivos, são aqueles 
em que há interação direta do farmacêutico 
com o paciente, visando a melhoria do 
 pro cesso de uso de medicamentos ou a 
 obtenção de resultados terapêuticos defi-
nidos, voltados à manutenção ou à melho-
ria da qualidade de vida. O conceito de 
atenção farmacêutica ganhou força nos úl-
timos 20 anos, entendida no Brasil como 
uma filo sofia de prática centrada no pa-
ciente que se operacionaliza pela implanta-
ção de serviços farmacêuticos clínicos (ver 
Cap. 10).
Roberts e colaboradores38 definem os 
serviços farmacêuticos cognitivos como 
“serviços oferecidos pelos farmacêuticos 
nos quais utilizam seu conhecimento e pe-
rícia a fim de melhorar a farmacoterapia e a 
gestão da patologia, mediante a interação 
com o paciente ou com outro profissional 
da saúde, quando necessário”. Outra defini-
ção é dada por Gastelurrutia e colaborado-
res,39 afirmando que os serviços cognitivos 
do farmacêutico “são serviços orientados ao 
paciente e realizados por farmacêuticos 
que, exigindo conhecimentos específicos, 
têm por objetivo melhorar o processo de 
uso dos medicamentos e/ou os resultados 
da farmacoterapia”.
No Brasil, não há uma definição ofi-
cial de serviços clínicos ou serviços cogniti-
vos prestados pelos farmacêuticos. O termo 
“serviços farmacêuticos” é utilizado com 
frequência em documentos tanto da Anvisa 
como do CFF sendo definido como “servi-
ços de atenção à saúde prestados pelo far-
macêutico”.
Tendo em conta todo esse contexto 
dos serviços farmacêuticos e das normas de 
boas práticas de farmácia, é possível organi-
zá-los em uma lógica voltada para o cuida-
do dos pacientes, separadamente das ativi-
dades orientadas à logística do medicamen-
to ou à gestão do “negócio farmácia”. Os 
serviços farmacêuticos voltados ao paciente 
devem apresentar caráter clínico, de aten-
ção à saúde, e organizam-se com base nas 
necessidades dos usuários relacionadas à 
saúde e aos medicamentos, considerando, 
por exemplo, o ciclo de vida e/ou a presen-
ça de fatores de risco. Da mesma forma, é 
As atividades do farmacêutico na farmácia 
comunitária podem estar voltadas ao me-
dicamento ou ao paciente. As atividades 
não clínicas ou voltadas ao medicamento 
incluem a gestão logística (programação, 
aquisição, armazenamento), a manipula-
ção magistral, o controle de qua lidade dos 
produtos manipulados e a gestão financei-
ra ou de pessoas.
Os serviços farmacêuticos voltados ao pa-
ciente, também chamados de serviços 
 clínicos ou serviços cognitivos, são aque-
les em que há interação direta do farma-
cêutico com o paciente, visando a melho-
ria do pro cesso de uso de medicamentos 
ou a obtenção de resultados terapêuticos 
defi nidos, voltados à manutenção ou à 
melhoria da qualidade de vida.
A prática farmacêutica na farmácia comunitária 23
preciso separar aqueles serviços prestados 
pela farmácia à população (serviços da far-
mácia) daqueles diretamente ligados ao far-
macêutico (serviçosfarmacêuticos clíni-
cos).
A organização de serviços de atenção 
farmacêutica na farmácia comunitária vem 
sendo discutida há anos no Brasil. Há inú-
meras experiências da implementação de 
áreas privadas de atendimento, onde se rea-
lizam atendimento e acompanhamento de 
pacientes. De modo geral, há consenso de 
que esses serviços ocorrem de forma inde-
pendente da dispensação e sob outra lógica 
de organização. Trata-se de gerenciar um 
serviço, e não a venda de produtos. Há gru-
pos no País trabalhando estritamente segun-
do os preceitos da escola americana, de Ci-
polle e colaboradores,40 enquanto outros 
têm seguido o Método Dáder para realização 
de acompanhamento farmacoterapêutico.41 
Há, ainda, uma compreensão crescente de 
que um modelo de prática clínica farmacêu-
tica no Brasil deverá desenvolver-se de forma 
integrada com o desenvolvimento do SUS e 
da assistência farmacêutica.
Neste livro, é apresentada uma abor-
dagem que não segue uma escola ou mode-
lo determinado de atenção farmacêutica. 
São detalhadas recomendações de prática 
voltadas à dispensação de medicamentos e à 
prestação de serviços farmacêuticos clínicos 
na farmácia. Conforme propõe a regula-
mentação nacional dos serviços farmacêu-
ticos (RDC n° 44, de 17 de agosto de 2009, e 
Resolução n° 499, de 17 de dezembro de 
2008) trata-se a atenção farmacêutica como 
uma nova prática farmacêutica, com pro-
cesso de trabalho bem definido, que se ope-
racionaliza pela prestação de um ou mais 
serviços farmacêuticos clínicos, centrados 
no paciente, cujo objetivo é promover o uso 
racional dos medicamentos e resultados te-
rapêuticos positivos, na perspectiva de redu-
zir a morbimortalidade relacio nada aos me-
dicamentos e melhorar a qua lidade de vida 
dos pacientes.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As farmácias comunitárias no Brasil são, 
atualmente, pontos comerciais que vendem 
medicamentos e produtos alheios, regidos 
por regras de mercado e regulamentações 
sanitárias. Há consenso de que esses estabe-
lecimentos apresentam alto potencial de in-
tegração ao sistema de saúde, prestação de 
serviços de alta relevância social e que a 
qualidade dos serviços hoje é inadequada.
O trabalho profissional do farmacêu-
tico, atualmente, é centrado na logística de 
distribuição, dispensação de medicamentos 
e na prestação de alguns serviços técnicos. 
Sua prática, entretanto, vem sendo modifi-
cada radicalmente nas últimas décadas, di-
recionando-se cada vez mais à clínica e ao 
paciente.
A inserção do farmacêutico na equipe 
de saúde e a provisão de serviços clínicos à 
comunidade podem agregar um novo valor 
ao uso de medicamentos e contribuir efeti-
vamente para seu uso racional no Brasil. A 
melhoria no processo de uso de medica-
mentos pela população e pelos serviços de 
saúde é essencial para que toda assistência 
farmacêutica no País possa avançar e sus-
tentar-se a longo prazo. A transformação 
das farmácias comunitárias em estabeleci-
mentos de saúde requer obrigatoriamente 
um profundo processo de reengenharia e 
A organização de serviços de atenção far-
macêutica na farmácia comunitária vem 
sendo discutida há anos no Brasil. Há inú-
meras experiências da implementação de 
áreas privadas de atendimento, onde se 
realizam atendimento e acompanhamen-
to de pacientes.
24 Cassyano J. Correr & Michel F. Otuki
reprofissionalização, que se tem mostrado 
apenas em seu início no Brasil.
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lia: CFF; 2008.
Conselho Federal de Farmácia. Resolução CFF 
nº 505, de 23 de junho de 2009. Altera a Resolu-
ção nº 499/08. Revoga os artigos 2º e 34 e dá no-
va redação aos artigos 1º, 10, 11, parágrafo úni-
co, bem como ao Capítulo III e aos Anexos I e II 
da Resolução nº 499/08 do Conselho Federal de 
Farmácia. Brasília: CFF; 2009.
Brasil. Ministério da Saúde. Agência Nacional de 
Vigilância Sanitária. RDC nº 44, de 17 de agosto 
de 2009. Dispõe sobre boas práticas farmacêuti-
cas para o controle sanitário do funcionamento, 
da dispensação e da comercialização de produ-
tos e da prestação de serviços farmacêuticos em 
farmácias e drogarias e dá outras providências. 
Brasília: MS; 2009.

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