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Desconsideração da Personalidade Jurídica

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RESENHA CRÍTICA 
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA 
 
A sociedade limitada se estabelece quando duas ou mais pessoas se unem com o intuito de 
criar uma sociedade empresária dividida por cotas e amparada por um contrato social, o qual deverá 
ser registrado na Junta Comercial do estado para sua regularização. 
Nessa modalidade de sociedade, a responsabilidade dos sócios limita-se as quotas-parte 
de cada um. Todavia, de acordo com o artigo 1.024 do Código Civil brasileiro, a 
responsabilidade do sócio da empresa pelas dívidas da sociedade é subsidiária, ou seja, os bens 
particulares dos sócios que compõem a sociedade somente poderão ser executados depois da 
execução dos bens sociais. Ou seja, em primeiro lugar serão buscados os bens da empresa e, 
somente depois, serão perseguidos os bens pessoais de cada sócio. 
Segundo Fábio Ulhoa Coelho: 
 “Se o patrimônio social não for suficiente para integral pagamento dos 
credores da sociedade, o saldo passivo poderá ser reclamado dos sócios, em 
algumas sociedades, de forma ilimitada, ou seja, os credores poderão saciar 
seus créditos até a total satisfação, enquanto suportarem os patrimônios 
particulares de cada sócio. Em outras sociedades, os credores somente 
poderão alcançar dos patrimônios particulares um determinado limite, além 
do qual o respectivo saldo será perda que deverão suportar. Em um terceiro 
grupo de sociedades, alguns dos sócios têm responsabilidade ilimitada e 
outros não.”1 
No caso da sociedade limitada, o Código Civil de 2002 normatizou conduta que já vinha 
sendo adotada pela jurisprudência, de desconsiderar a personalidade jurídica, a fim de imputar aos 
sócios ou administradores a responsabilidade pelo ato ilícito praticado pela empresa. Ou seja, os 
bens particulares dos sócios que concorreram para a prática do ato respondem pela reparação dos 
danos provocados pela sociedade. Os sócios da sociedade limitada, portanto, responderão com 
seu patrimônio, se os bens da sociedade não forem suficientes para repararem o dano cometido. 
Pois bem, quando se verifica ocorrência de fraude ou abuso na utilização da pessoa 
jurídica, a responsabilidade subsidiaria se transforma em solidária e os bens particulares de 
 
1 COELHO, Fabio Ulhoa. Manual de Direito Comercial. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 117. 
 
 
cada sócio irão responder pelas obrigações da pessoa jurídica, sendo, assim, desconsiderada a 
personalidade jurídica, nos termos do artigo 50 do Código Civil. 
Nos termos da doutrina de Fábio Ulhoa Coelho: 
 “A desconsideração é instrumento de coibição do mau uso da pessoa jurídica; 
pressupõe, portanto, o mau uso. O credor da Sociedade que pretende a sua 
desconsideração deverá fazer prova da fraude perpetrada, caso contrário 
suportará o dano da insolvência da devedora. Se a autonomia patrimonial não 
foi utilizada indevidamente, não há fundamento para a desconsideração.”2 
O fato do incidente de desconsideração da personalidade jurídica ter sido disciplinado 
pelo Código de Processo Civil entre as intervenções de terceiro cabíveis no procedimento civil 
comum não exclui sua aplicação aos procedimentos especiais à execução forçada. Tampouco 
afasta de seu alcance dos processos da Justiça do Trabalho, tendo em vista a inexistência de 
procedimento para a matéria na legislação especial trabalhista, havendo de ser aplicada 
subsidiariamente o processo civil vigente e, também, tal procedimento mantém a garantia 
fundamental do contraditório e da ampla defesa estipulados na Constituição Federal em seu 
artigo 5º, incisos LIV e LV. 
Vejamos o entendimento dos Tribunais: 
“AgInt no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1580544 - RJ 
(2019/0269127-5) DECISÃO Trata-se de agravo interno interposto por 
MARCOS BARBIEUX LOPES contra a decisão de fls. 216-217 (e-STJ), da 
Presidência desta Corte, que não conheceu do agravo em recurso especial, 
com base no art. 21-E, inciso V, do Regimento Interno do Superior Tribunal 
de Justiça, haja vista a ausência de impugnação a todos os fundamentos da 
decisão agravada. (...) Trata-se de agravo contra decisão que não admitiu 
recurso especial interposto por Marcos Barbieux Lopes, com base no art. 
105, III, a e c, da Constituição Federal, desafiando acórdão do Tribunal de 
Justiça do Estado do Rio de Janeiro assim ementado (e-STJ, fls. 58-59): 
AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO DE TÍTULO 
EXTRAJUDICIAL. DECISÃO QUE DEFERIU O PEDIDO DE 
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA DA 
EMPRESA RÉ. (...)TEORIA DA DESCONSIDERAÇÃO DA 
PERSONALIDADE JURÍDICA POSITIVADA NO ARTIGO 50 DO 
 
2 COELHO, Fabio Ulhoa. Manual de Direito Comercial. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 127. 
 
 
CÓDIGO CIVIL. (...) DECISÃO QUE DEFERIU O PEDIDO DE 
DESCONSIDERAÇÃO DAPERSONALIDADE JURÍDICA DA 
EMPRESA. MEDIDA EXCEPCIONAL. DESVIO DE FINALIDADE 
OU CONFUSÃO PATRIMONIAL, COMO NO CASO EM EXAME. 
FORMAÇÃO DE GRUPO ECONÔMICO. MANUTENÇÃO DA 
DECISÃO AGRAVADA, POIS PRESENTES OS ELEMENTOS 
MÍNIMOS DE CONFUSÃO PATRIMONIAL ENTRE SÓCIO E AS 
EMPRESAS JURÍDICAS EM PREJUÍZO AO EXEQUENTE, ALÉM 
DE GESTÃO COMUM DAS EMPRESAS. DESPROVIMENTO DO 
RECURSO. (...) APLICAÇÃO NO NCPC. PRECEDENTES. 
RECONHECIMENTO DO ABUSO NA UTILIZAÇÃO DA 
PERSONALIDADE JURÍDICADA EMPRESA QUE DEVE SER 
CONCEDIDA PARA AQUELE CASO ESPECÍFICO, QUANDO HÁ 
DESVIO DE FINALIDADE OU PELA CONFUSÃO PATRIMONIAL, 
COMO NO CASO DOS AUTOS. PROVAS DOS AUTOS QUE 
EVIDENCIAM CONFUSÃO PATRIMONIAL. FORMAÇÃO DE 
GRUPO ECONÔMICO. MANUTENÇÃO DA DECISÃO AGRAVADA, 
POIS PRESENTES OS ELEMENTOS MÍNIMOS DE CONFUSÃO 
PATRIMONIAL ENTRE SÓCIO E AS EMPRESAS JURÍDICAS EM 
PREJUÍZO AO EXEQUENTE, ALÉM DE GESTÃO COMUM DAS 
EMPRESAS. DESPROVIMENTO DO RECURSO. EXECUTADA, 
CARACTERIZADO PELA CONFUSÃO PATRIMONIAL, O QUE 
AFASTA A NECESSIDADE DE APRECIAÇÃO DA EXISTÊNCIA OU 
NÃO DE BENS PASSÍVEIS DE PENHORA. BENS INDICADOS QUE 
NÃO ATENDEM A ORDEM DE PREFERÊNCIA DO ARTIGO 835 DO 
CPC. BENS DE DIFÍCIL ALIENAÇÃO. DESCABIMENTO DOS 
EMBARGOS DECLARATÓRIOS COM FUNDAMENTO NO VOTO 
DIVERGENTE. MATÉRIA DECIDIDA DE FORMA CLARA E 
EXAUSTIVA. ACÓRDÃO QUE NÃO CONTÉM QUALQUER VÍCIO 
ENSEJADOR DO PRESENTE RECURSO. INEXISTÊNCIA DE 
QUALQUER DAS HIPÓTESES PREVISTAS NO ARTIGO 1.022 DO 
NCPC. PREQUESTIONAMENTO. JULGADO QUE ABRANGEU 
TODAS AS TESES E NORMAS JURÍDICAS. EMBARGANTES QUE 
OBJETIVAM A MODIFICAÇÃO E O REEXAME DO JULGADO. 
REJEIÇÃO DOS ACLARATÓRIOS. Em suas razões de recurso especial (e-
STJ, fls. 104-110), o agravante alegou violação ao art. 50 do Código Civil 
de 2002 , bem como a existência de dissídio jurisprudencial. Sustentou, em 
 
 
síntese, que a desconsideração da personalidade jurídica necessita da 
comprovação de fraude praticada de forma dolosa pelo sócio. (...) Sobre 
o tema de fundo, esta Corte adotou orientação no sentido de que, nas 
relações jurídicas de natureza civil-empresarial, o legislador pátrio 
adotou a teoria maior da desconsideração da personalidade jurídica, 
segundo a qual é exigida a demonstração da ocorrência de algum dos 
elementos objetivos caracterizadores de abuso da personalidade 
jurídica, tais como o desvio de finalidade (caracterizado pelo ato 
intencional dos sócios em fraudar terceiros com o uso abusivo da 
personalidade jurídica) ou a confusão patrimonial (configurada pela 
inexistência, no campo dos fatos, de separação patrimonial entre o 
patrimônio da pessoa jurídica e os bens particulares dos sócios ou, 
ainda, dos haveres de diversas pessoas jurídicas). A respeito do tema, 
destaca-se o seguinte precedente da Segunda Seção deste Tribunal Superior: 
EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. ARTIGO 50, DO CC. 
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. 
REQUISITOS. ENCERRAMENTO DAS ATIVIDADES OU 
DISSOLUÇÃO IRREGULARES DA SOCIEDADE. INSUFICIÊNCIA. 
DESVIO DE FINALIDADE OU CONFUSÃO PATRIMONIAL. DOLO. 
NECESSIDADE. INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA. ACOLHIMENTO. 
1. A criação teórica da pessoa jurídica foi avanço que permitiu o 
desenvolvimento da atividade econômica, ensejandoa limitação dos riscos 
do empreendedor ao patrimônio destacado para tal fim. Abusos no uso da 
personalidade jurídica justificaram, em lenta evolução jurisprudencial, 
posteriormente incorporada ao direito positivo brasileiro, a tipificação de 
hipóteses em que se autoriza o levantamento do véu da personalidade 
jurídica para atingir o patrimônio de sócios que dela dolosamente se 
prevaleceram para finalidades ilícitas. Tratando-se de regra de exceção, 
de restrição ao princípio da autonomia patrimonial da pessoa jurídica, a 
interpretação que melhor se coaduna com o art. 50 do Código Civil é a que 
relega sua aplicação a casos extremos, em que a pessoa jurídica tenha sido 
instrumento para fins fraudulentos, configurado mediante o desvio da 
finalidade institucional ou a confusão patrimonial. 2. O encerramento das 
atividades ou dissolução, ainda que irregulares, da sociedade não são 
causas, por si só, para a desconsideração da personalidade jurídica, nos 
termos do Código Civil. 3. Embargos de divergência acolhidos. (EREsp n. 
1.306.553/SC, Relatora Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, 
 
 
SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 10/12/2014, DJe 12/12/2014). No caso em 
exame, a Corte de origem concluiu ser devida a desconsideração da 
personalidade jurídica com base nos seguintes fundamentos (e-STJ, fls. 63-
65, sem grifo no original): Com efeito, importante destacar que a teoria da 
desconsideração da personalidade jurídica foi positivada no artigo 50 do 
Código Civil, mantidos os parâmetros anteriormente fixados na legislação 
consumerista e em outros microssistemas (Lei 8.884/94, Lei 9.605/98), in 
verbis: Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, 
caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, 
pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público 
quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e 
determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens 
particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica. Desta 
forma, a partir do momento em que se visualiza o abuso de direito 
caracterizado pela fraude imposta a terceiros através do véu protetivo 
da pessoa jurídica, seja com o desvio de finalidade, seja pela confusão 
patrimonial, mostra-se viável desconsiderar a personalidade jurídica da 
sociedade para atingir bens dos sócios visando a satisfação da obrigação 
que não pode ser atendida pelo patrimônio da empresa. O critério, 
portanto, é objetivo, independentemente do elemento anímico, ou seja, da 
vontade deliberada de prejudicar terceiros ou fraudar a lei. Havendo, pois, 
abuso na utilização da personalidade jurídica da empresa através de 
desvio de finalidade ou de confusão patrimonial, presente se encontram 
as hipóteses para a desconsideração. (...) Verifica-se, ainda, pelas provas 
colacionadas aos autos que a Nord Oil, empresa que atualmente encontra-se 
em plena atividade, possui como acionistas a Tamar Energia e Participações 
Ltda e o agravante Marcos Barbieux Lopes, que figura como presidente de 
ambas as empresas, além de ser sócio da Nord Oil e da Cisco Oil & 
Gás, sendo que a última integra o Grupo Gávea Oil & Gás. À luz do 
narrado, evidencia-se o abuso na utilização da personalidade jurídica da 
empresa executada, caracterizado pela confusão patrimonial, ante a 
formação de grupos econômicos por seus sócios, o que autoriza a 
desconsideração da personalidade jurídica. Ora, assim presentes os 
elementos mínimos de confusão patrimonial entre sócio e as empresas 
jurídicas em prejuízo ao exequente, além de gestão comum das empresas, a 
decisão hostilizada deve ser mantida. (...) Outrossim, para derruir a 
convicção formada, desconstituindo o acórdão estadual, seria necessário o 
 
 
revolvimento fático-probatório, o que é vedado na via eleita, ante a 
incidência do Enunciado sumular n. 7/STJ. A propósito: AGRAVO 
INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. 
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. ART. 50 DO 
CÓDIGO CIVIL. REQUISITOS. AUSÊNCIA. REEXAME. 
FUNDAMENTOS. SÚMULA Nº 7/STJ. 1. Recurso especial interposto 
contra acórdão publicado na vigência do Código de Processo Civil de 2015 
(Enunciados Administrativos nºs 2 e 3/STJ). 2. O entendimento do 
Superior Tribunal de Justiça é no sentido de que a desconsideração da 
personalidade jurídica a partir da Teoria Maior (art. 50 do Código 
Civil) exige a comprovação de abuso, caracterizado pelo desvio de 
finalidade ou pela confusão patrimonial, pelo que a mera inexistência 
de bens penhoráveis ou eventual encerramento irregular das atividades 
da empresa não justifica o deferimento de tal medida excepcional. (...) 
4. Agravo interno não provido. (AgInt no AREsp 1679434/SP, Rel. Ministro 
RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 
21/09/2020, DJe 28/09/2020) PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO 
REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. 
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. DESCONSIDERAÇÃO DA 
PERSONALIDADE JURÍDICA. AUSÊNCIA DE PROVA 
SUFICIENTE. APELO NOBRE. 1) RECURSO MANEJADO SOB A 
ÉGIDE DO CPC/73. 2) VIOLAÇÃO DO ART. 535, II, DO CPC. 
OMISSÃO INEXISTENTE. (...) 4. O Tribunal local dirimiu a controvérsia, 
reconhecendo a falta de preenchimento dos requisitos necessários para a 
desconsideração da personalidade jurídica, com base nas provas dos autos. 
A reforma de tal entendimento atrai o óbice da Súmula nº 7 do STJ. 4.1. O 
entendimento da Corte local está em conformidade com a jurisprudência 
desta Corte, no sentido de que a dissolução irregular da sociedade 
empresarial, por si só, não é causa para a desconsideração da 
personalidade jurídica. Aplicação da Súmula nº 83 do STJ. (...) 6. Agravo 
regimental não provido. (AgRg no AREsp n. 719.286/SC, Relator Ministro 
MOURA RIBEIRO, TERCEIRA TURMA, julgado em 14/6/2016, DJe 
21/6/2016) AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO 
ESPECIAL. DIREITO CIVIL. DESCONSIDERAÇÃO DA 
PERSONALIDADE JURÍDICA. INVIABILIDADE. INTELIGÊNCIA DO 
ART. 50 DO CC/2002. APLICAÇÃO DA TEORIA MAIOR DA 
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. 
 
 
INEXISTÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO DESVIO DE 
FINALIDADE OU DE CONFUSÃO PATRIMONIAL. 
PRECEDENTES. AGRAVO NÃO PROVIDO. (...) 4. A mera 
demonstração de inexistência de patrimônio da pessoa jurídica ou de 
dissolução irregular da empresa sem a devida baixa na junta comercial, 
por si sós, não ensejam a desconsideração da personalidade jurídica. 
Precedentes. (...) 7. Agravo interno não provido. (AgRg no AREsp n. 
347.476/DF, Relator Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, 
julgado em 5/5/2016, DJe 17/5/2016). Ante o exposto, em juízo de 
reconsideração, conheço do agravo para negar provimento ao recurso 
especial. Publique-se. Brasília, 13 de maio de 2021. MINISTRO MARCO 
AURÉLIO BELLIZZE, Relator”. (STJ - AgInt no AREsp: 1580544 RJ 
2019/0269127-5, Relator: Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, Data 
de Publicação: DJ 19/05/2021) 
“DECISÃO: Trata-se de recurso extraordinário com agravo contra decisão 
de inadmissão do recurso extraordinário. O apelo extremo foi interposto com 
fundamento na alínea a do permissivo constitucional. O acórdão recorrido 
ficou assim ementado: MEDIDA CAUTELAR FISCAL PREPARATÓRIA. 
LEI Nº 8.397/92. DÉBITOS SUPERIORES A 30% DO PATRIMÔNIO. 
ESVAZIAMENTO PATRIMONIAL. CARÊNCIA DA AÇÃO 
AFASTADA. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. PARCELAMENTO. 
A medida cautelar fiscal se destina tão somente a preservar a higidez do 
crédito tributário. Assim como as demais cautelares, pretende apenas 
resguardar o direito do credor, não sendo ato expropriatório de bens, não 
violando o direito de propriedade, o princípio do devido processo legal, do 
contraditório e da ampla defesa (art. 5º, XXII, LIV e LV da CF), e quaisquer 
outros preceitos da Constituição Federal. A existência de débito em 
montante superior a 30% do patrimônio do devedor (art. 2º, VI, da Lei 8.397, 
de 1992), aliada à constatação de indícios que apontam a intenção de 
inadimplemento do débito, autoriza a cautelarfiscal. Pelos elementos de 
prova trazidos aos autos, há fortes indícios que indicam a ocorrência de fato 
graves, quais sejam, falsificação de notas fiscais, sonegação de impostos e a 
prática, em tese, de crime fazendário. O § 1º do artigo 4º da Lei nº 8.397/92 
autoriza a extensão da indisponibilidade aos bens dos sócios administradores 
da empresa em débito, já que em última análise são eles que acabam tirando 
proveito econômico à custa do Erário Público. Os fatos narrados 
 
 
comportam a aplicação do disposto no artigo 50 do Código Civil de 2002, 
que prevê desconsideração da personalidade jurídica nas hipóteses de 
abuso por desvio de finalidade, confusão patrimonial ou fraudes entre 
empresas e administradores integrantes de grupo econômico, com 
estrutura meramente formal, ou, ainda, incidência do artigo 135, III, do 
CTN, especificamente, pela confusão patrimonial entre a empresa 
autuada, sócios e administradores, sobretudo em razão da dispersão do 
patrimônio social,-que obstou o regular adimplemento dos débitos 
tributários. (...) Ex positis, nego seguimento ao recurso (alínea c do inciso 
V do art. 13 do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal). Havendo 
prévia fixação de honorários advocatícios pelas instâncias de origem, seu 
valor monetário será majorado em 10% (dez por cento) em desfavor da parte 
recorrente, nos termos do art. 85, § 11, do Código de Processo Civil, 
observado os limites dos §§ 2º e 3º do referido artigo e a eventual concessão 
de justiça gratuita. Publique-se. Brasília, 13 de maio de 2021. Ministro LUIZ 
FUX Presidente - Documento assinado digitalmente”. (STF - ARE: 1320278 
SP 0046538-83.2009.4.03.6182, Relator: LUIZ FUX, Data de Julgamento: 
13/05/2021, Data de Publicação: 17/05/2021) 
Existem também a desconsideração inversa da personalidade jurídica que objetiva o 
afastamento da autonomia patrimonial da sociedade empresária, com o fito desta responder 
pelas obrigações adquiridas pelos seus sócios-administradores, a qual encontra previsão no 
artigo 133, §2º, do CPC. Vejamos: 
“EXECUÇÃO. DESCONSIDERAÇÃO INVERSA.EXECUÇÃO. 
DESCONSIDERAÇÃO INVERSA. É possível a penhora dos bens de 
empresa terceira, em processo em que o sócio é o reclamado”. (TRT-15 
- AGVPET: 62129 SP 062129/2011, Relator: FLAVIO ALLEGRETTI DE 
CAMPOS COOPER, Data de Publicação: 23/09/2011) 
“AGRAVO DE PETIÇÃO DA EXECUTADA. DESCONSIDERAÇÃO 
INVERSA DA PERSONALIDADE JURÍDICA. Cabível a 
desconsideração inversa da personalidade jurídica quando constatado 
que o sócio da empresa executada integra o quadro societário de outra 
empresa, a qual deve ser responsabilizada pela satisfação do débito 
processual apurado. Sentença mantida”. (TRT-4 - AP: 
00200062120175040026, Data de Julgamento: 20/03/2021, Seção 
Especializada em Execução) 
 
 
Cabe lembrar que o incidente pode ser instaurado em todas as fases do processo de 
conhecimento, no cumprimento de sentença e na execução fundada em título executivo 
extrajudicial (art. 13, caput, CPC), devendo, após a solicitação da desconsideração, ser aberto 
prazo de 15 (quinze) dias para que o sócio ou a pessoa jurídica apresente defesa para que seja 
cumprida a garantia fundamental do contraditório e ampla defesa. 
Conclui-se que o principal efeito da desconsideração da personalidade jurídica é 
imputar aos sócios ou administradores da empresa a responsabilidade pelos atos fraudulentos 
praticados em prejuízo de terceiros. Dessa forma, a indenização será assegurada não apenas 
pelos bens da pessoa jurídica, mas, também, pelo patrimônio social dos sócios ou 
administradores envolvidos. De igual sorte, ocorrendo a desconsideração inversa, a pessoa 
jurídica será responsabilidade por obrigações contraídas por seu sócio, de modo que o 
patrimônio daquela será utilizado para a reparação dos danos provocados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
CAVICHIOLI, Ana Paula. A responsabilidade subsidiária dos sócios da empresa e a teoria da 
desconsideração da personalidade jurídica. Disponível em: 
<https://www.conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/41400/a-responsabilidade-subsidiaria-
dos-socios-da-empresa-e-a-teoria-da-desconsideracao-da-personalidade-
juridica#:~:text=Refer%C3%AAncias.&text=O%20artigo%201.024%20do%20C%C3%B3digo,
da%20execu%C3%A7%C3%A3o%20dos%20bens%20sociais.>. Acesso em 16 de maio de 2021. 
 
COELHO, Fabio Ulhoa. Manual de Direito Comercial. São Paulo: Saraiva, 2006. 
 
FREITAS, Grace Kellen Corrêa. Direito Empresarial de Leve na Prática. 1ª ed. São Paulo: 
Editora Rideel, 2021. 
 
Vazquez, Juan; Guimarães, Márcio Souza. Direito Societário: Sociedade Limitada. Apostila 
on-line. Rio de Janeiro, Fundação Getulio Vargas – FGV. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://www.conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/41400/a-responsabilidade-subsidiaria-dos-socios-da-empresa-e-a-teoria-da-desconsideracao-da-personalidade-juridica#:~:text=Refer%C3%AAncias.&text=O%20artigo%201.024%20do%20C%C3%B3digo,da%20execu%C3%A7%C3%A3o%20dos%20bens%20sociais
https://www.conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/41400/a-responsabilidade-subsidiaria-dos-socios-da-empresa-e-a-teoria-da-desconsideracao-da-personalidade-juridica#:~:text=Refer%C3%AAncias.&text=O%20artigo%201.024%20do%20C%C3%B3digo,da%20execu%C3%A7%C3%A3o%20dos%20bens%20sociais
https://www.conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/41400/a-responsabilidade-subsidiaria-dos-socios-da-empresa-e-a-teoria-da-desconsideracao-da-personalidade-juridica#:~:text=Refer%C3%AAncias.&text=O%20artigo%201.024%20do%20C%C3%B3digo,da%20execu%C3%A7%C3%A3o%20dos%20bens%20sociais
https://www.conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/41400/a-responsabilidade-subsidiaria-dos-socios-da-empresa-e-a-teoria-da-desconsideracao-da-personalidade-juridica#:~:text=Refer%C3%AAncias.&text=O%20artigo%201.024%20do%20C%C3%B3digo,da%20execu%C3%A7%C3%A3o%20dos%20bens%20sociais

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