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APOSTILA-HISTÓRIA-DA-FILOSOFIA-ANTIGA-COMPLETA-2

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CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
HISTÓRIA DA FILOSOFIA ANTIGA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GUARULHOS - SP 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO FILOSOFIA ANTIGA .................................................................... 3 
2 CONTEXTO HISTÓRICO ................................................................................... 13 
2.1 Polis Grega ..................................................................................................... 13 
2.2 Nascimento e Desenvolvimento da Polis ........................................................ 13 
2.3 Períodos da Grécia Antiga .............................................................................. 15 
2.4 Características do Período Arcaico ................................................................ 15 
2.5 Características da Polis Grega ....................................................................... 16 
2.6 Origem da Democracia ................................................................................... 18 
2.7 Características da Democracia Ateniense ...................................................... 19 
3 A ORIGEM E O NASCIMENTO DA FILOSOFIA E SUA HERANÇA PARA O 
MUNDO OCIDENTAL ......................................................................................... 20 
3.1 A História da Filosofia ..................................................................................... 21 
4 FILÓSOFOS PRÉ-SOCRÁTICOS ...................................................................... 30 
4.1 Filosofia Grega ............................................................................................... 32 
5 PLATONISMO, A FILOSOFIA DE PLATÃO ....................................................... 34 
5.1 Dialética de Platão .......................................................................................... 37 
6 LÓGICA ARISTOTÉLICA .................................................................................... 38 
7 CONDIÇÕES HISTÓRICAS DO NASCIMENTO DA ANTIGA FILOSOFIA NA 
GRÉCIA E ROMA ANTIGAS E A CARACTERÍSTICA GERAL DESSA 
FILOSOFIA...................... ................................................................................... 43 
8 OS PRIMEIROS MATERIALISTAS DA GRÉCIA ANTIGA E A GERMINAÇÃO DO 
IDEALISMO ........................................................................................................ 47 
8.1 A Filosofia Naturalista de Mileto ..................................................................... 47 
8.2 A Escola Pitagórica ......................................................................................... 53 
8.3 Os Eleáticos .................................................................................................... 55 
 
9 A LUTA ENTRE O MATERIALISMO E O IDEALISMO DURANTE O PERÍODO DO 
FLORESCIMENTO DA GRÉCIA ESCRAVISTA ................................................. 58 
9.1 Anaxágoras..................................................................................................... 59 
9.2 Empédocles .................................................................................................... 61 
9.3 Demócrito ....................................................................................................... 62 
10 OS SOFISTAS .................................................................................................... 66 
11 SÓCRATES ........................................................................................................ 68 
12 PLATÃO .............................................................................................................. 69 
13 ARISTÓTELES ................................................................................................... 72 
14 A FILOSOFIA DURANTE O PERÍODO DA DECADÊNCIA DO MUNDO 
ANTIGO............. ................................................................................................. 80 
15 BIBLIOGRAFIA BÁSICA ..................................................................................... 88 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
1 INTRODUÇÃO FILOSOFIA ANTIGA 
ALGUNS ASPECTOS DE NATUREZA CIENTÍFICA E PEDAGÓGICA 
A disciplina de Filosofia Antiga tem-se mantido desde sempre no primeiro ano 
dos curricula dos Cursos de Filosofia, constituindo-se como uma das áreas âncora de 
qualquer plano de estudos filosóficos. O primeiro ano representa assim o lugar 
adequado e o tempo propício a uma iniciação ao estudo das origens do pensamento 
filosófico ocidental. 
Todavia, isso não significa que a tarefa não se apresente como de grande 
complexidade, a qual só irá sendo ultrapassada através da experiência adquirida ao 
longo de anos de docência, concretamente de docência da cadeira de Filosofia Antiga. 
De facto, o ensino da filosofia grega no ensino secundário revela-se 
extremamente deficiente, uma vez que os programas não o contemplam ou, se o 
fazem, realizam-no de uma forma insuficiente porque demasiado ligeira. Assim, ao 
docente da cadeira de Filosofia Antiga, hoje mais do que há décadas atrás, coloca-se 
a obrigatoriedade da consideração de uma série de factores sem os quais os 
conteúdos e objectivos fundamentais da disciplina se perdem e se frustram. 
Nesse sentido, será necessário sublinhar, por exemplo, que a emergência do 
filosofar não se dá num deserto vazio de acontecimentos, ou seja, é necessário 
identificar os alunos não só com o que é contemporâneo à filosofia, mas também com 
o que está antes da própria filosofia. Concretamente, impõe-se a apresentação dos 
fatores de ordem histórica, política, social, económica e cultural que influenciaram e 
configuraram o perfil do novo filosofar. Esta digressão que a Filosofia Antiga até certo 
ponto se impõe, por razões de ordem científica e pedagógica, uma vez que 
anteriormente este campo se encontrava curricularmente coberto pela cadeira, 
entretanto extinta, de Cultura Clássica, “atrasa” necessariamente a entrada na 
Filosofia Antiga propriamente dita. 
Todavia, este atraso não se revelará tempo perdido. Pelo contrário, os alunos 
demonstrarão, posteriormente, uma maior destreza na compreensão e interpretação 
dos textos, testemunhos ou fragmentos, revelando, inclusive, uma inesperada 
agilidade na descoberta de uma segunda linha informativa, avançando 
frequentemente com propostas interpretativas que só podem acontecer mediante uma 
reserva de conhecimentos anteriormente adquiridos. 
 
4 
 
Aliás, “atraso” é uma maneira de dizer, uma forma de ver, muito mais uma força 
de expressão, do que uma firme convicção. De facto, para que a disciplina de Filosofia 
Antiga não surja aos alunos como uma pura abstração à solta num universo de 
disciplinas que lhes falam de um tempo que lhes é muito mais próximo e familiar, é 
necessário que as aulas se constituam, também, como um certo regresso ao passado, 
um passado que rapidamente se revelará como algo de inesperadamente presente. 
Esta regressão progressivamente compreensiva na ordem dos acontecimentos, 
conduz os alunos até ao ponto, até ao lugar vivido da filosofia. 
Esta introdução de uma componente, chame-se-lhe sensitiva ou afetiva, no 
interior daquilo que se pretende que sejam as origens da razão, não afeta nem 
subverte o rigor, a ordem e a coerência lógica na análise do pensamento dos filósofos. 
Ao contrário, concomitantemente com o conhecimento dos grandes acontecimentos 
que determinarão as origens da filosofia, o acesso à peripécia, ao episódio, ao conto, 
ao dito, ao lugar, ao traço biográfico daquilo que, numa primeira análise, seria 
considerado como marginal à questão, conduz os alunos, mediante uma certa razão 
sentida, à análise metódica e rigorosa do fragmento, do testemunho, do texto, do 
conceito ou da theoria, tal como a uma compreensão mais rápida das mesmas. 
Na Filosofia Antiga, as questões, os diferendos que constantemente ocorrem 
entre os diferentes intervenientes no processo filosóficoem curso, não podem ser 
exclusiva e competentemente resolvidos e compreendidos através de uma única linha 
explicativa. É necessário entender que se está perante uma trama que como tal 
representa o cruzamento e o conflito de interesses, de pontos de vista e de 
interpretações que compete à análise rigorosa e interessada esclarecer. 
A título exemplificativo Tales, Anaximandro e Anaxímenes não constituíram 
escola filosófica nenhuma; Tales, Anaximandro e Anaxímenes não sabiam 
propriamente a importância do que andavam a fazer; Tales, Anaximandro e 
Anaxímenes nunca virão a saber onde virão a ser mais tarde colocados. 
A ruptura profunda empreendida por Aristóteles relativamente a Platão leva-
nos a querer ler mais Platão e a procurar saber mais das razões de Aristóteles. A 
completa descredibilização da sofística levada a cabo pela crítica tenaz e implacável 
de Platão, logo seguida pela não menos demolidora censura do circunspecto 
Aristóteles, não deve ser passada como se de mais um ponto do programa se tratasse. 
É altura de dar a palavra aos sofistas, de voltar a ler o testemunho de Platão, e de 
fazer as pazes com os sofistas, e de continuar a admirar Platão, uma vez que o seu 
 
5 
 
pensamento vai surgindo cada vez mais pujante e claro à medida que a reabilitação 
dos sofistas vai avançando. À primeira vista, poderá parecer contraditório esta súbita 
e igual admiração pelo pensamento dos Sofistas e pelo pensamento de Platão. Mas 
não é. Os alunos descobrem-no através de um conhecimento de causa. 
Enfim, a disciplina de Filosofia Antiga é, igualmente, um instrumento precioso 
na abordagem e compreensão da História da Filosofia passada e futura, ensinando-
nos o grau de envolvimento e a distância adequada relativamente a batalhas que são 
e já não são nossas. Do encontro e da posse dessa desejável equidistância dependerá 
a compreensão mais ou menos precisa da própria Filosofia Antiga. Ou seja, a Filosofia 
Antiga é, também, uma introdução à História da Filosofia, uma vez que nos dá a 
percepção aproximada das circunstâncias em que devemos abandonar o presente 
para, colocando-nos do lado do passado, melhor o compreendermos ou, ao contrário, 
quando nos devemos aproximar do presente para melhor entendermos o passado. 
Anteriormente, referia-se o atraso, a demora da entrada em cena da Filosofia 
Antiga, decorrente da necessidade de uma contextualização prévia à emergência do 
filosofar. Essa questão ocorre novamente quando se trata de saber qual o ponto de 
partida de um programa de Filosofia Antiga, que peso deverá ser atribuído a cada um 
desses pontos e em que medida devem ser mais ou menos aprofundados os 
conteúdos desse programa. A resposta à questão não é linear. Ainda que a disciplina 
de Filosofia Antiga se enquadre num período bem determinado e claramente datado 
da História da Filosofia, o entendimento e a apreciação que se podem fazer dos 
diferentes momentos desse período é tão variável que consente diferentes pontos de 
vista sobre a questão. 
Assim, poder-se-á “adiantar” ou “atrasar” a entrada no programa de Filosofia 
Antiga conforme o ponto de vista que se adopte sobre o assunto. Se se considerar 
que o essencial desse período da História da Filosofia é Platão e Aristóteles, tudo o 
que sejam considerações mais detalhadas sobre os chamados Pré- Socráticos, 
Sofistas ou Sócrates, será considerado como uma demora, um dispersar de tempo 
que deveria ser inteiramente consagrado ao estudo das duas grandes referências do 
pensamento filosófico antigo e ocidental. 
Ao contrário, se se considerar que um programa de Filosofia Antiga nunca 
poderá ignorar algumas das mais originais e inesperadas aventuras do espírito 
representadas por toda a linha pré-socrática, sofística e socrática, sem a qual, aliás, 
a compreensão segura e consistente do pensamento de Platão e Aristóteles nunca 
 
6 
 
seria inteiramente conseguida, tenderá a considerar que uma linha programática como 
a inicialmente referida, representa um falso avanço, um salto incorrectamente 
dimensionado, porque ignora e não preenche uma retaguarda já profundamente 
tocada pelo espírito da Filosofia. 
O programa de uma cadeira é algo que é pensado e redigido em função dos 
seus destinatários. No caso vertente, os alunos. Todavia, se é verdade que um 
programa não pode ser totalmente condicionado pelos alunos a quem se dirige, não 
é menos verdade que não deve ser pensado nem criado na pura ignorância ou não 
querer saber do público a que se destina, sob pena de ver a sua efetiva exequibilidade 
perigosamente ameaçada. Desta maneira, o programa de Filosofia Antiga tem de 
contemplar conteúdos, no caso em análise, as origens da filosofia e todo o 
pensamento filosófico pré-platónico, que, de antemão, sabe que os alunos 
desconhecem e cuja compreensão é absolutamente necessária para o entendimento 
dos períodos subsequentes. Não é pedagógica nem cientificamente correto partir do 
princípio de que os alunos sabem aquilo que não sabem ou vão por sua livre iniciativa 
tratar de saber aquilo que qualquer docente com alguns anos de docência da cadeira 
sabe que dificilmente e só em casos muito excepcionais será levado a cabo. 
A disciplina de Filosofia Antiga favorece, inclusivamente, a adopção e a prática 
de um modelo que contempla e associa de uma forma equilibrada a componente 
teórica e a componente prática da aula. Existem, concretamente, extensas partes do 
programa onde se consegue uma constante alternância e circulação pelos dois 
modelos. Todo o extenso período referente ao pensamento pré-platónico representa 
um bom exemplo dessa possibilidade. 
Assim, o estudo de qualquer filósofo pré-socrático deverá partir sempre da 
distribuição pelos alunos, dos seguintes elementos de consulta: um mapa 
representativo da geografia da filosofia, uma vez que a filosofia pré-socrática se 
distribui ao longo de uma extensa área geográfica com três centros de capital 
importância: a Grécia do oriente, a Grécia do continente e a Grécia do ocidente ou 
Grande Grécia; uma grelha cronológica, uma vez que os filósofos ditos pré-socráticos 
distribuem-se ao longo de um período que vai do século VII a. C. ao século V a. C.; 
uma compilação dos testemunhos, fragmentos e textos existentes. A partir daí, é 
possível passar-se em revista datas, vida, obra e pensamento do filósofo em causa. 
Depois de uma primeira leitura dos diferentes elementos de consulta, passa-se à fase 
da marcação do texto. Ou seja, trata-se de uma segunda aproximação ao fundo do 
 
7 
 
texto, procurando-se agora proceder a uma triagem, separação, escolha ou escrutínio, 
de modo a conseguir uma progressiva ordenação temática em ordem ao 
estabelecimento de um logos do filósofo. Por logos do filósofo entenda-se o fio 
condutor, o discurso, a razão (de ser), a estrutura do seu pensamento. 
A partir de agora, é possível olhar o texto como algo coerentemente articulado 
e proceder a uma terceira investida na base de uma análise diferenciada de cada um 
dos seus elementos. Assim, o pensamento do filósofo que, numa primeira leitura 
corrida, tinha surgido como algo que, de tão fragmentado, parecia não dispor dos 
meios necessários a uma recomposição verosímil, surge agora dotado de uma clara 
unidade e coerência. 
Esta metodologia é igualmente aplicável ao estudo do pensamento dos 
sofistas, através de uma compilação dos testemunhos, fragmentos, passagens mais 
ou menos extensas dos diálogos de Platão e referências directas ou indirectas na obra 
de Aristóteles. É claro que cada sofista é um caso e, nessa medida, não há uma 
estratégia de aproximação, mas estratégias. 
Tomando como exemplo os casos de Protágoras e de Górgias, diremos que, 
relativamente ao primeiro, não temos praticamente nada no que respeita a fragmentos 
ou passagens fidedignas e o que existe levanta sérias dificuldades de interpretação. 
Assim, como é óbvio, temos de nos socorrer de testemunhos deterceiros e, neste 
caso, de uma forma muito extensa, do testemunho de Platão. Mas então agora, já não 
se trata unicamente de proceder à reconstituição e compreensão do pensamento do 
sofista; trata-se de, prioritariamente, descortinar o que se oculta por detrás do 
testemunho de Platão, encontrar através do dito o que não é dito e tentar uma 
aproximação a Protágoras exactamente por esse lado não mostrado, oculto. 
Igualmente, com Aristóteles, ainda que de uma forma não tão intensa, uma vez 
que ele não exerce uma pressão tão forte sobre o sofista, é necessário um redobrar 
de cuidados interpretativos. Não se trata já de ler por detrás do dito o não dito ou de 
mostrar o deliberadamente encoberto. Mas, mesmo assim, há que ler bem a palavra 
séria e convicta de Aristóteles, para, através e além da mesma, chegar à palavra 
igualmente séria, convicta e original de Protágoras. 
Ao contrário, a existência de um conjunto de passagens de considerável 
extensão de algumas obras de Górgias, irá permitir uma abordagem do pensamento 
do sofista em moldes bastante diferentes e, cremos, mais seguros. Assim, a 
aproximação ao sofista será feita não só pelo lado dos testemunhos, mas, 
 
8 
 
essencialmente, pelo centro do seu pensamento. A título de exemplo, o Tratado Da 
Natureza ou Acerca do Não Ser, tal como o Elogio de Helena, constituem uma fonte 
preciosa de informação que permite uma reconstituição do pensamento do sofista em 
bases bem mais seguras do que aquelas que serviram de apoio à recomposição do 
pensamento de Protágoras. 
Por último, refira-se que, já anteriormente, no capítulo sobre Introdução à 
terminologia filosófica, na abordagem do conceito de Ser, e na sequência da oposição 
entre razão trágica e razão filosófica, a sofística já havia sido convocada tal como a 
sua relação difícil com Platão. Na altura, e em termos genéricos, a questão colocada 
era seguinte: não haverá uma relação estreita entre o desprezo e a rapidez com que 
Platão procede à expurgação da tragédia e a violência de que se reveste o seu 
combate sem tréguas contra a sofística? Ou seja, Platão ter-se-á dado conta de que, 
tanto o pensamento trágico como o pensamento dos sofistas, partilhavam de um 
terreno, de um fundo problemático comum, e mais, de que ambos seguiam no sentido 
de que a solução desse fundo problemático comum era insolucionável. Mas, enquanto 
a tragédia se tinha posicionado de maneira a poder ser arrumada no dossier das artes, 
ficando imediatamente de lado, isto é, do lado das manifestações artísticas proibidas, 
a questão da sofística parecia de solução mais difícil. Não sendo possível ignorar a 
sofística, era necessário arranjar-lhe um lugar, para, posteriormente, eliminá-lo e, com 
ele, a própria sofística. Ora, a sofística parecia aspirar ou mesmo estar segura do seu 
lugar na filosofia. Platão ter-se-á apercebido, então, de uma forma clara, da força e do 
perigo desta candidatura, uma vez que havia ali filosofar, mau, é certo, segundo o 
projecto platónico, mas, ainda assim, filosofar… 
Entretanto, já relativamente a Sócrates a situação é diferente, uma vez que aí 
temos de nos socorrer exclusivamente de fontes indirectas, de testemunhos, 
concretamente, das fontes tradicionalmente consideradas (Aristófanes, Platão, 
Xenofonte e Aristóteles), não sem antes ter de proceder a uma análise e discussão 
rigorosa da validade das mesmas. 
Assim, relativamente à fonte Aristófanes, a leitura e interpretação de algumas 
passagens da Comédia As Nuvens revela-se duplamente producente. Mostra como, 
na época, um sector extremamente influente da opinião pública ateniense via a 
filosofia, mas ajuda a compreender, também, como a série de acusações que 
impendem sobre Sócrates em 399 a. C., já se encontravam formuladas, no essencial, 
anos antes, na peça de Aristófanes. Por outro lado, Sócrates funciona como uma 
 
9 
 
primeira introdução a Platão, uma vez que, para ensaiarmos uma aproximação ao seu 
pensamento, temos de ler Platão, e, a partir daí tentar estabelecer a fronteira 
exequível entre o Sócrates histórico, autêntico, propriamente socrático e o Sócrates 
visto, sonhado, marcadamente platónico. 
Em síntese, a tentativa de reconstrução de um pensamento propriamente 
socrático implica, por um lado, a derivação e incursão por áreas não diretamente 
contempladas no programa (Aristófanes e Xenofonte), ao mesmo tempo que antecipa 
outras que hão-de vir (Platão e Aristóteles). Assim, quando chegamos a Platão, é 
como se, de uma certa forma, já lá tivéssemos estado; e, no momento em que 
iniciamos o estudo do seu pensamento, é como se, de alguma maneira, o dossier 
Sócrates não se encontrasse ainda definitivamente encerrado. 
Entretanto, relativamente a Platão e a Aristóteles, adopta-se uma estratégia 
que, numa primeira análise, poderá parecer menos aconselhável, senão mesmo 
pedagogicamente incorreta. Tentaremos demonstrar, ao contrário, com base numa 
continuada prática docente, que se trata de uma metodologia não só inteiramente 
defensável como pedagogicamente indicada. 
Concretamente, numa primeira fase, elege-se um conjunto de temas que, não 
só do nosso ponto de vista como tradicionalmente, são considerados pilares 
fundamentais do pensamento desses filósofos, senão mesmo de todo o pensamento 
que atravessa a História da Filosofia. Nomeadamente, a teoria do conhecimento, a 
teoria do Ser, a teoria das origens, a teoria política e a ética são temas sempre 
presentes ao longo de toda a História da Filosofia. 
Obviamente que, nesta fase, na sequência da abordagem dessas temáticas, 
surgem referências a aspectos muito específicos das doutrinas de cada um dos 
filósofos: teoria das ideias, reminiscência, teologia, intelecto ativo, intelecto passivo, 
motor imóvel, etc. Trata-se de um primeiro contato com o pensamento, mas não ainda 
com a obra; pretende-se uma aproximação e uma progressiva identificação com uma 
determinada linguagem e terminologia específica que favoreça uma crescente 
compreensão do pensamento dos filósofos e que funcione como um primeiro estímulo 
para a posterior abordagem das obras. 
Ora, geralmente, esta estratégia, neste momento, já apresenta resultados, uma 
vez que os alunos começam a manifestar uma certa agitação ou curiosidade, um certo 
querer saber mais, ou seja, começam a interrogar-se e a interrogar: que estatuto 
atribuir ao mundo das ideias? E ao mundo sensível? 
 
10 
 
 Que tipo de relação/participação se estabelece entre ambos? Como articular a 
teoria do conhecimento com a teoria da reminiscência? Até que ponto há pitagorismo 
a correr nas veias do platonismo? Em que bases e a partir de que pressupostos 
introduz Platão uma teoria da reminiscência? Que tipo de relação se estabelece entre 
o demiurgo e o mundo sensível e inteligível? Como compatibilizar a crítica de 
Aristóteles à teoria das ideias de Platão e à consequente duplicação dos mundos, com 
a sua concepção de Motor Imóvel e da relação deste com o Mundo? Ou seja, como 
entender e conciliar o carácter transcendente e ignorante do Motor Imóvel, com a 
crítica de Aristóteles à deriva transcendente de Platão patente no mundo das ideias? 
Qual o estatuto do intelecto activo ou agente? Trata-se da parte imortal da alma 
racional? Que tipo de relação se pode estabelecer entre intelecto agente e intelecto 
paciente? Existe alguma relação entre a ideia platónica e a forma aristotélica? Por que 
razão Platão é tão severo com a cultura clássica e com as artes em geral? E que 
posição adopta Aristóteles relativamente à mesma questão? Como é que a utopia 
política de A República, ainda que posteriormente temperada pelas Leis, deve ser 
considerada como uma obra de um cidadão que vive a Cidade não de fora, mas do 
mais fundo dentro, não concebendo, inclusive, outro espaço possível de civilidade? E 
como é que a extrema razoabilidade de A Política de Aristóteles é redigida por alguém 
que, não sendo cidadão, sentindofundo o seu estatuto de estrangeiro, sabe tão bem 
da Cidade, e que, tal como Platão, não admite outro espaço de civilidade? 
Enfim, estão criadas as condições para pôr em marcha a fase seguinte que 
consiste numa abordagem directa das obras dos filósofos. Ou seja, conseguiu-se, de 
uma forma relativamente próxima, um conhecimento dos aspectos e tendências 
fundamentais do pensamento do filósofo. Essa possibilidade ficou a dever-se à 
abertura ou conquista de um espaço de saber que consente uma determinada 
mobilidade ou liberdade de escolha das obras e das respectivas passagens que 
poderão responder às questões inicialmente suscitadas. 
Assim, rapidamente, verifica-se a existência de um conjunto de diálogos de 
Platão que se constituem não só obras de consulta obrigatória como de consulta 
recorrente. Ou seja, podemos ter de abordar determinada parte de um diálogo a 
propósito de determinada problemática e, logo a seguir, sair para entrar num outro 
diálogo que toca a mesma temática; posteriormente, outras questões poderão impor 
um regresso aos diálogos já consultados, através de outras passagens. 
 
11 
 
Um só exemplo, A República funciona sempre como um ponto de partida e um 
lugar de regresso. A problemática gnosiológica, os níveis do conhecimento, a 
importância das diferentes ciências, o próprio processo do conhecimento, levam-nos 
a entrar pelo lado das alegorias do Sol, da Linha Dividida ou da Caverna. Mas remete- 
nos, igualmente, para incursões no Ménon, Parménides, Teeteto, ou Sofista. E, uma 
vez que esta abordagem vai suscitar necessariamente a teoria da reminiscência, abre-
se uma nova frente que irá incidir no estudo do papel da alma no processo do 
conhecimento. Na decorrência deste processo, verificar-se-á que é necessário ir mais 
longe e averiguar qual a concepção de alma defendida por Platão. O estudo desta 
questão, entretanto, irá fazer surgir uma outra, que se prende com a compreensão do 
estatuto do mito no contexto da sua produção filosófica. Ou seja, nesta altura, uma 
série de diálogos já terão sido pela primeira vez consultados, enquanto outros terão 
sido objeto de uma segunda ou terceira leitura. Em concreto, verifica-se que foram 
convocados, novamente, o Ménon e a República, enquanto se estabeleceu um 
primeiro contato com, entre outros, o Fédon, o Fedro ou mesmo o Timeu. Por outro 
lado, a questão das origens conduz-nos novamente ao Timeu, mas sugere, 
igualmente, uma passagem pelo Crítias e, mais uma vez, um regresso ao Timeu. 
A teoria política traz-nos de volta à República, mas convida, ao mesmo tempo, 
a um rápido regresso e consulta do Protágoras ou do Górgias, entre outros, tal como 
aconselha a ir mais à frente, consultar O Político, e, inclusive, a ir mais além, até às 
Leis, para confirmar que, da parte de Platão, se procedeu a uma certa revisão tardia 
de alguns aspectos mais polémicos e dificilmente aceitáveis, defendidos, 
anteriormente, em A República. 
Entretanto, relativamente a Aristóteles, ainda que o seu pensamento e a sua 
obra signifiquem uma maior estabilidade e clareza de procedimentos, ou não 
estivéssemos perante «o criador da prosa científica e da forma expositiva»1, não 
decorre daí que, muito frequentemente, não surja a necessidade de, a propósito de 
determinada questão, percorrermos e confrontarmos mais do que uma obra do 
filósofo. 
Assim, e a título meramente indicativo, se se trata do estudo do pensamento 
político, obviamente que o mesmo remete diretamente para a Política, mas, não 
dispensa, igualmente, uma incursão pela Constituição dos Atenienses ou pelas éticas 
Nicomachea ou Eudemia. Se a questão se prende com o esclarecimento do estatuto 
do Motor Imóvel, no contexto da filosofia aristotélica, então é necessário recorrer à 
 
12 
 
leitura da Física e da Metafísica e, posteriormente, proceder a um confronto, análise 
e interpretação das respectivas passagens, nas duas obras. 
Por outro lado, a teoria do conhecimento, que remete diretamente para a 
relação entre intelecto ativo e intelecto passivo, levanta, obrigatoriamente, a questão 
da concepção aristotélica de alma. Esta, por sua vez, suscita outras questões que se 
prendem com a eventual separabilidade dos intelectos, a possibilidade da 
sobrevivência da alma ou intelecto individual ou, ainda, a eventual existência/presença 
de um intelecto divino. Ora, todas estas questões impõem, necessariamente, uma 
consulta e confrontação de diversas passagens de diferentes obras, tais como, o De 
Anima, a Metafísica, Parva Naturalia, os Analíticos Posteriores ou, inclusive, a Ética 
Eudemia. 
Enfim, é evidente que, pese embora a importância e a extensão dos conteúdos 
abordados, o estudo do pensamento de Aristóteles, através da sua obra, não ficou 
ainda concluído, como, aliás, já antes havia sucedido com Platão. Mas, como vem 
sendo salientado ao longo desta rápida digressão, a qual visava, essencialmente, a 
apresentação da aplicação prática de alguns dos pontos do programa proposto para 
Filosofia Antiga, trata-se, simultaneamente, de uma inevitabilidade e de um risco ou 
opção ponderada. 
De fato, a partir de um núcleo fixo ou central de questões de abordagem 
obrigatória, questões que são já em si o resultado de uma opção de carácter científico-
pedagógico, decorre o progressivo aparecimento de uma periferia temática, a qual 
remete necessariamente para a análise e interpretação de um conjunto de obras que 
se vêm a revelar de consulta não só recorrente como igualmente obrigatória. 
A Filosofia Antiga Corresponde ao período do surgimento da filosofia grega no 
século VII a.C. Ela surge da necessidade de explicar o mundo e encontrar respostas 
para a origem das coisas, dos fenômenos da natureza, da existência e da 
racionalidade humana. O termo filosofia é de origem grega e significa “amor ao saber”, 
ou seja, a busca pela sabedoria. De tal modo, no momento de sua origem os filósofos 
possuíam esse dom de interpretação, uma vez que eles acreditavam conseguir 
transmitir a mensagem dos deuses. Por esse motivo, no início, a filosofia estava 
intimamente relacionada com a religião: mitos, crenças, etc. Assim, o pensamento 
mítico foi dando lugar ao pensamento racional, ou ainda, do mito ao logos. 
 
 
13 
 
2 CONTEXTO HISTÓRICO 
A filosofia antiga surge com a substituição do saber mítico ao da razão e isso ocor-
reu com o surgimento da polis grega (cidade-estado). Com essa nova organização 
social e política pelo qual a Grécia passava, foi fundamental para dar lugar a raciona-
lidade humana e, com isso, as reflexões dos filósofos. Mais tarde, as discussões que 
ocorriam em praça pública juntamente com o poder da palavra e da razão (logos) 
levaram a criação da democracia. 
2.1 Polis Grega 
A polis grega eram as cidades estados da Grécia Antiga, as quais foram funda-
mentais para o desenvolvimento da cultura grega no final do período homérico, perí-
odo arcaico e período clássico. Sem dúvida Atenas e Esparta merecem destaque 
como as cidades gregas (polis) mais importantes do mundo grego. O termo “polis” em 
grego significa “cidade”. Note que as polis gregas representam a base do desenvolvi-
mento do conceito de cidade tal qual conhecemos hoje. 
2.2 Nascimento e Desenvolvimento da Polis 
As polis surgem no século VIII a.C. e atingem seu apogeu nos séculos VI e V 
a.C. Anteriormente, as pessoas se reuniam em pequenas aldeias (comunidade 
gentílicas agrícolas denominadas “genos”) com terras de uso coletivo, as quais 
floresceram durante o período homérico. A expansão demográfica e do comércio 
foram as principais causas para o surgimento da Polis, que incluía o campo e a cidade 
(centro). Foram, portanto, essenciais para fortalecer a organização dos membros da 
sociedade grega. 
A polis era controlada por uma oligarquia aristocrática e possuía uma 
organização própria e, portanto, independência social, política e econômica. A 
organização social da polis era constituídabasicamente por homens livres (os 
cidadãos gregos) nascidos na polis, mulheres, estrangeiros (metecos) e escravos. 
Sendo assim, em Atenas os denominados Eupátridas ou “Bem-nascidos” pertenciam 
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https://www.todamateria.com.br/democracia/
 
14 
 
a pequena classe dominante que detinham as maiores terras sendo responsáveis por 
administrar a política da polis. 
Depois deles, estavam os Georgoi, agricultores proprietários de terra. E, por 
fim, os Thetas (ou marginais), os trabalhadores que não detinham nenhum poder 
sobre as terras e que representavam a maior parte da população grega. Já a 
sociedade em Esparta era dividida em Esparciatas (os aristocratas soldados), 
responsáveis pelo desenvolvimento da política da polis. Os denominados Periecos 
representavam os homens livres, (comerciantes, agricultores e artesãos). E por fim, 
os escravos, chamados de Hilotas, que constituíam a maior parte da polução 
espartana. As polis gregas eram divididas em duas partes: a Ástey (zona urbana) e 
a Khora (zona rural), sendo formadas por casas, ruas, muralhas e espaços públicos. 
Como espaços públicos, podemos destacar a a Acrópole, ponto mais alto da 
cidade, formada por palácios e templos dedicados aos deuses; e a Ágora, a praça 
principal donde ocorriam as feiras e diversos atos públicos como as manifestações 
cívicas e religiosas. 
A economia na polis era baseada na agricultura e no comércio sendo um núcleo 
urbano autossuficiente. Já a política na polis girava em torno da Assembleia do Povo, 
o Conselho Aristocrático e os Magistrados, embora em cada local ela apresentasse 
características peculiares. Por exemplo, em Atenas o poder político provinha da 
Eclésia, as Assembleias populares, que em Esparta eram chamadas da Apela 
(formado por espartanos acima de 30 anos) e Gerúsia (composto por 28 anciãos com 
mais de 60 anos). 
 
PERÍODO ARCAICO 
O Período Arcaico, entre os anos de 800 a.C. e 500 a.C., corresponde ao 
terceiro período histórico da Grécia Antiga, logo após o período homérico. Esta época 
guarda profundas mudanças políticas e econômicas devido à consolidação das 
cidades-estados, das quais se destacam Esparta e Atenas. 
 
 
15 
 
2.3 Períodos da Grécia Antiga 
Para fins de estudo, a história da sociedade grega, na Antiguidade, está dividida 
em quatro períodos: 
 
 Período Pré-Homérico (séculos XX - XII a.C.) 
 Período Homérico (séculos XII - VIII a.C.) 
 Período Arcaico (séculos VIII - VI a.C.) 
 Período Clássico (séculos V - IV a.C.) 
2.4 Características do Período Arcaico 
 
 
 
 
As primeiras moedas gregas, como a dracma, foram cunhadas no Período 
Arcaico. Com o fim do período homérico e do declínio das comunidades patriarcas 
dos genos, a expansão das cidades-estado dominou esse período da história grega. 
Estudos apontam que nesse período existiam mais de cem cidades-estados na Grécia 
Antiga. Começa a despontar a democracia, principalmente na cidade de Atenas, e 
também a surgir uma sistematização das legislações. Surge o conceito de sociedade 
privada na sociedade grega, a qual era comandada pelos proprietários de terra. 
 
 
 
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https://www.todamateria.com.br/periodo-homerico/
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16 
 
ECONOMIA 
Foi a partir desse período que os antigos genos foram transformados em uni-
dades políticas maiores chamadas de polis ou cidade-estado. Controladas por uma 
aristocracia proprietária de terras, esses núcleos urbanos, aos poucos se tornaram 
importantes centros comerciais do mundo grego. Cada uma delas possuía autonomia 
e independência das quais as maiores e mais prósperas foram Esparta e Atenas. 
Além disso, de uma economia agropastoril que predominou o período anterior, o co-
mércio passa a ser uma das mais importantes fontes econômicas. Como a população 
aumentava e as terras cultiváveis disponíveis eram limitadas, as cidades-gregas fun-
dam colônias ao longo do Mar Mediterrâneo. 
 
CULTURA E FILOSOFIA 
Nessa fase, a arte grega atinge o apogeu com a construção de templos, a ex-
pansão da pintura, da escultura e do artesanato (sobretudo dos objetos de cerâmica). 
Trata-se de um período crucial para a filosofia, pois os autores deixam de buscar as 
explicações em mitos e usar a razão para entender o mundo. 
 
RELIGIÃO 
O período arcaico é o apogeu das consultas aos deuses, especialmente através 
dos oráculos. O mais conhecido era o Oráculo de Delfos, onde pessoas de todas as 
condições sociais, acudiam para receber mensagens, ditas pelas pitonisas, do próprio 
deus Apolo. 
2.5 Características da Polis Grega 
As principais características das polis gregas eram: 
 Possuía autonomia e detinha o poder; 
 Eram autossuficientes (política, social e economicamente); 
 Tinham leis e organização sociais próprias; 
 Propulsionou o surgimento da propriedade privada; 
 Possuía Complexidade social. 
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17 
 
DEMOCRACIA ATENIENSE 
A democracia ateniense representou um dos momentos mais emblemáticos da 
história de Atenas. Ela foi desenvolvida por meio dos legisladores e políticos Dracon 
e Sólon e consolidada por volta de 510 a.C., quando o político aristocrata Clístenes 
derrota o tirano Hípias. Sua implementação foi essencial no desenvolvimento das polis 
gregas, a qual foi espalhada pelas outras cidades-estados. 
 
POLIS GREGA: FILOSOFIA 
Uma vez que a polis representava um dos modelos de organização social, po-
lítica e econômica do mundo grego, ela foi essencial para o desenvolvimento da soci-
edade bem como do pensamento humano, mediados pelos processos de socialização 
que ocorriam entre os cidadãos nos locais públicos. 
Foi a partir dessas teias de relações que a filosofia grega representou uma das 
importantes vertentes que foram desenvolvidas por filósofos que habitavam a polis. 
Com o advento da democracia, essas relações sociais foram consolidadas pelas re-
flexões realizadas pelos cidadãos gregos. Essa evolução racional da mente foi a 
chave para o desenvolvimento da filosofia grega em detrimento da visão mitológica 
que dominava a mentalidade grega anteriormente. 
 
DEMOCRACIA 
Democracia é uma organização social em que o controle político é exercido 
pelo povo. É um sistema de governo que resulta da livre escolha de governantes, a 
qual é expressa pela união e a vontade da maioria dos governados, confirmada por 
meio de votos. Um sistema de governo democrático abrange todos os elementos da 
organização política de um país. Nesse sentido, democracia não é apenas uma forma 
de Estado ou de Constituição, mas a ordem constitucional, eleitoral e administrativa, 
o equilíbrio dos poderes e órgãos do Estado, a prioridade política do Parlamento, o 
sistema alternativo de grupos governamentais e de oposição. 
A democracia é uma forma de governo que tem como fundamentos uma 
conjugação de princípios de organização política, dentro de um sistema social, em 
que prevalece a liberdade do indivíduo diante de todos os representantes do poder 
político, especialmente face ao Estado a liberdade de opinião e de expressão da 
 
18 
 
vontade política igualdade dos direitos políticos e oportunidades favoráveis para que 
o povo e os partidos se pronunciem sobre todas as decisões de interesse geral. 
2.6 Origem da Democracia 
O conceito de democracia surgiu na Grécia Antiga, em 510 a.C., quando 
Clístenes, aristocrata progressista, liderou uma rebelião contra o último tirano, 
derrubando-o e iniciando reformas que implantaram a democracia em Atenas. Atenas 
foi dividida em dez unidades denominadas chamadas “demos”, que era o elemento 
principal dessa reforma. Por isso, o novo regime passou a se chamar “demokratia”, 
que é formada do radical grego “demo” (povo), e de “kratia” (poder). 
 
DEMOCRACIA ATENIENSE 
A Democracia Ateniensefoi um regime político criado e adotado em Atenas, no 
período da Grécia Antiga. Ela foi essencial para a organização política das cidades-
estados grega, sendo o primeiro governo democrático da história. O termo 
“Democracia” é formado pelo radical grego “demo” (povo) e de “kratia” (poder), que 
significa “poder do povo”. 
Anterior a implementação da Democracia em Atenas, a cidade-estado era 
controlada por uma elite aristocrática oligárquica denominada de “eupátridas” ou “bem 
nascidos”, os quais detinham o poder político e econômico na polis grega. Entretanto, 
com o surgimento de outras classes sociais (comerciantes, pequenos proprietários de 
terra, artesãos, camponeses, etc.), as quais pretendiam participar da vida política, a 
aristocracia resolve rever a organização política das cidades-estados, o que mais 
tarde resultou na implementação da “Democracia”. De tal maneira, por volta de 510 
a.C. a democracia surge em Atenas através da vitória do político aristocrata grego 
Clístenes. Considerado o "Pai da Democracia", ele liderou uma revolta popular contra 
o último tirano grego, Hípias, que governou entre 527 a.C. e 510 a.C.. 
Após esse evento, Atenas foi dividida em dez unidades denominadas 
chamadas “demos”, que era o elemento principal dessa reforma e, por esse motivo, o 
novo regime passou a se chamar “demokratia”. Atenas possuía uma democracia 
direta, onde todos os cidadãos atenienses participavam diretamente das questões 
políticas da polis. 
https://www.todamateria.com.br/polis-grega/
 
19 
 
De tal modo, Clístenes, baseada nas legislações anteriormente apresentadas 
por Dracon e Solon, iniciou reformas de ordem política e social que resultariam na 
consolidação da democracia em Atenas. Como forma de garantir o processo 
democrático na cidade, Clístenes adotou o “ostracismo”, onde os cidadãos que 
demostrassem ameaças ao regime democrático sofreriam um exílio de 10 anos. Isso 
impediu a proliferação de tiranos no governo grego. 
Sendo assim, o poder não estava somente concentrado na mão dos eupátridas. 
Com isso, os demais cidadãos livres maiores de 18 anos e nascidos em Atenas 
poderiam participar das Assembleias (Eclésia ou Assembleia do Povo), embora as 
mulheres, estrangeiros (metecos) e escravos estavam excluídos. Diante disso, 
podemos intuir que a democracia ateniense não era para todos os cidadãos sendo, 
portanto, limitada, excludente e elitista. Estima-se que somente 10% da população 
desfrutavam dos direitos democráticos. 
Além de Clístenes, Péricles deu continuidade à política democrática. Ele foi um 
importante democrata ateniense que permitiu ampliar o leque de possibilidades para 
os cidadãos menos favorecidos. Por volta de 404 a.C., a democracia ateniense sofreu 
grande declínio, quando Atenas foi derrotada por Esparta na Guerra do Peloponeso, 
evento que durou cerca de 30 anos. 
2.7 Características da Democracia Ateniense 
 Democracia direta 
 Reformas políticas e sociais 
 Reformulação da antiga Constituição 
 Igualdade perante a lei (isonomia) 
 Igualdade de acesso aos cargos públicos (isocracia) 
 Igualdade para falar nas Assembleias (isegoria) 
 Direito de voto aos cidadãos atenienses 
 
DIFERENÇAS ENTRE A DEMOCRACIA GREGA E DEMOCRACIA ATUAL 
A democracia ateniense foi um modelo político que fora copiado por várias 
sociedades antigas, e que influencia até hoje o conceito de democracia no mundo. No 
entanto, a democracia atual é um modelo mais avançado e moderno da democracia 
https://www.todamateria.com.br/guerra-do-peloponeso/
https://www.todamateria.com.br/democracia/
 
20 
 
ateniense, em que todos os cidadãos (maiores de 16 ou 18 anos), inclusive mulheres, 
podem votar e aceder a cargos públicos, sem que seja excludente e limitada. 
Além disso, na democracia ateniense, os cidadãos tinham uma participação 
direta na aprovação das leis e nos órgãos políticos da polis, enquanto na democracia 
atual (democracia representativa) os cidadãos elegem um representante. 
 
DEMOCRACIA LIBERAL E DEMOCRACIA SOCIAL 
As concepções sobre a extensão atribuída às garantias de liberdade oscilam 
entre dois polos: o da democracia liberal e o da democracia social (socialista). Tam-
bém é o que acontece com a participação dos cidadãos dos grupos sociais e do con-
junto do povo na formação das vontades políticas. 
A democracia liberal é aquela em que o desenvolvimento das organizações 
econômicas e financeiras não está sujeito a restrições. Nela os indivíduos desfrutam 
de completa liberdade de contrato entre si. A democracia liberal se caracteriza pela 
não interferência do Estado nos assuntos econômicos e financeiros dos cidadãos. Os 
negócios estão entregues à iniciativa privada e a produção está sujeita a lei da oferta 
e da procura. 
 
3 A ORIGEM E O NASCIMENTO DA FILOSOFIA E SUA HERANÇA PARA O 
MUNDO OCIDENTAL 
A origem da palavra Filosofia é grega e composta por: 
 
Philo: amizade, amor fraterno 
Sophia: sabedoria 
 
Atribui-se a Pitágoras a invenção da palavra, no sec. V a. C.. Significa amor e 
respeito pela sabedoria, desejo pelo saber, vontade de saber e compreender a 
realidade. Com o tempo filosofia passou a designar não apenas amor à sabedoria, 
mas um tipo especial de sabedoria: aquela que nasce do uso metódico da razão. 
 
21 
 
3.1 A História da Filosofia 
Começaremos a estudar Filosofia pela sua história, caracterizando os 
diferentes períodos dentro do contexto histórico. A Filosofia é uma instituição cultural 
tipicamente grega, que surgiu em um dado momento histórico, a partir de 
determinadas condições históricas e tornou-se o modo de pensar do mundo ocidental, 
inicialmente na Europa e, com a colonização, expandiu-se para a América e o mundo. 
A Filosofia é apresentada em grandes períodos que correspondem às vezes de 
modo aproximado, aos períodos da história ocidental. 
 
Principais períodos da história da Filosofia 
1º. Filosofia Grega: História do pensamento filosófico grego, 
 
 Sec. VI ao V a.C. - Período pré-socrático 
 Sec. V ao sec. IV a. C. – Período Socrático: Sócrates e Platão 
 Sec. IV ao sec. III a.C. – Período Sistemático – Aristóteles 
 Sec. III a.C. ao sec. VI d. C. – Período Helenístico 
 
2º. Filosofia Medieval – sec. I ao sec. XIV 
3º. Filosofia Moderna - do século XVII ao século XVIII 
4º. Filosofia Contemporânea – do século XX aos dias atuais. 
 
NASCIMENTO 
A Filosofia nasce na Antiguidade, no final do sec. VI a.C, com Tales de Mileto, 
nas colônias gregas da Ásia menor, em uma cidade chamada Mileto. Os pensadores 
perguntavam sobre o mundo questões como: 
 
Por que tudo muda?Por que se nasce e morre? Por que tudo se multiplica? Por que o 
dia vira noite? O que é a água, o fogo? Como surgiu? De que é feito? Por que 
semelhantes dão origem a semelhantes? De onde vêm os seres? Para onde vão os 
seres? 
 
22 
 
O PENSAMENTO MÍTICO 
Em um período anterior ao surgimento dos primeiros filósofos, todas as 
explicações eram dadas pela mitologia, lendas, tradições. Era em um momento em 
que o homem estava fortemente ligados à terra, às arvores, aos rios, às montanhas, 
à natureza. O homem vivia em tribos. Não se fazia distinção entre o real e o irreal. A 
explicação de toda realidade universal era baseada na imaginação e no sobrenatural. 
O pensamento mítico consiste em uma forma pela qual um povo explica 
aspectos essenciais da realidade em que vive: a origem, o funcionamento e os 
processos do mundo e da natureza, suas origens e seus valores. O mito é um 
discurso, uma narrativa imaginaria e ficcional. Pertence às tradições culturais e não 
são elaborados por uma pessoa. Faz parte da tradição cultural e representa a própria 
visão de mundo das pessoas. O mito não tem um fundamento, não se submete à 
críticas e aos questionamentos. São simplesmente aceitos como parte da experiência 
real. 
O mito explica a realidade por meio do sobrenatural, do mistério, do símbolo, 
do divino. O mitoé algo aceito e interiorizado pelo povo. É preciso lembrar que o 
pensamento e as instituições humanas refletem as condições sociais, econômicas e 
históricas de uma sociedade em uma determinada época. Na Grécia daquele 
momento as explicações sobre as origens do mundo e da natureza baseadas na 
mitologia já não correspondiam a realidade. A Filosofia surge então como a busca de 
uma explicação racional e ordenada do mundo ou da natureza: cosmologia. 
 
Cosmo: ordem e organização do mundo 
Logia: pensamento racional, conhecimento 
 
O que tornou possível o surgimento da Filosofia na Grécia no final do sec. VI 
antes de Cristo? Quais as condições sociais, políticas, econômicas e históricas que 
permitiram o surgimento da Filosofia? 
As condições históricas que possibilitaram o surgimento da Filosofia na Grécia 
A mudança de papel do pensamento mítico resulta de um longo período de transição 
e de transformação da própria sociedade grega, tornando possível o surgimento do 
pensamento filosófico em VI a.C. As condições históricas que favorecem ao 
surgimento do pensamento filosófico-científico: 
 
23 
 
 O comércio e as viagens marítimas levaram à desmitificação do mundo. 
Revelaram que não existiam deuses, monstros, titãs. O homem começou a 
conhecer concretamente o mundo e outras culturas. 
 Invenção do calendário: o tempo deixou de ser incompreensível e divino, 
passou a ter dias, anos, estações. 
 Invenção da moeda 
 Surgimento da vida urbana: predomínio do comércio e artesanato. Surge uma 
classe comerciante que, para se contrapor a aristocracia da época, vai apoiar 
as artes, as técnicas, o conhecimento e assim a filosofia. Surge um novo tipo 
de organização social. 
 Invenção da escrita alfabética: a capacidade de abstração se desenvolve. É 
independente, racional e pode ser usada por todos. 
 Invenção da política: surge a lei como expressão da vontade coletiva humana, 
o direito de cada um se expressar racionalmente. Surge o espaço público, 
onde se realizam discussões e tomam-se decisões racionais. A política 
valoriza o ser o humano e o pensamento. 
Diante dessa realidade histórica, o mito como explicação real através do 
elemento sobrenatural e misterioso é insatisfatório. É preciso compreender essa nova 
realidade. Os filósofos foram reformulando e racionalizando as narrativas míticas e 
transformando as explicações do mundo em algo novo. Não houve uma ruptura 
brusca nessa passagem do saber mítico ao pensamento racional. 
Em relação aos conhecimentos, os gregos transformaram em ciência o que era 
prática para uso na vida: as curas viraram a medicina. Criaram a organização social e 
política que conhecemos hoje, ou seja, as sociedades até então desconheciam a 
separação entre poder publico, privado e religioso. Foram os gregos que fizeram essa 
separação através da organização de leis e instituições como forma de poder e 
governo. Criaram a idéia de justiça e lei, características da organização política atual. 
Criaram a idéia de que o pensamento segue regras, normas e leis universais, ou seja, 
que o pensamento pode ser racional. 
 
 
24 
 
A FILOSOFIA GREGA 
O marco foi o filósofo Sócrates. A Filosofia Antiga, do sec. VI a. C. ao século VI 
d.C, corresponde à História do pensamento filosófico grego e se divide em quatro 
grandes momentos: 
 Período pré-socrático - sec. VI ao V a.C. 
 Período Socrático: Sócrates e Platão - sec. V ao sec. IV a. C. 
 Período Sistemático: Aristóteles - sec. IV ao sec. III a.C. 
 Período Helenístico - sec. III a.C. ao sec. VI d. C. 
 
Período pré-socrático ou cosmológico, do sec. VI ao final do século V a. C. 
É o nascimento da Filosofia, momento em que se investiga o mundo e as 
transformações da natureza. Os principais filósofos foram Tales de Mileto, 
Anaximandro de Mileto, Anaxímenes de Mileto, Pitágoras de Samos, Heráclito de 
Éfeso, Parmênides de Eléia, e Zenão de Eléia, que fizeram parte de várias escolas. 
É denominado período Cosmológico, pois buscava uma visão ordenada do mundo, a 
explicação racional e sistemática sobre origem, ordem e transformação da natureza e 
seres humanos. Investigava o princípio universal, imutável e eterno que gerou todas 
as coisas e seres: de onde tudo vem e para onde tudo retorna. 
 
Cosmo=ordem e organização do mundo, lógico=conhecimento racional. 
 
O novo pensamento filosófico possui características centrais que rompem com 
a narrativa mítica. Esses pensadores desenvolveram um conjunto de noções que 
constituem o ponto de partida de uma visão de mundo que, apesar de terem sofrido 
profundas transformações, foram as raízes do nosso pensamento filosófico-científico 
de hoje. 
 A physis – o mundo natural. A compreensão da realidade natural está nela 
mesma e não no mundo sobrenatural 
 A causalidade – tudo tem uma causa natural e não mais mítica misteriosa. 
 
25 
 
 A arqué – existe um elemento primordial que serviria de ponto de partida para 
todo o processo, o que dá uma unidade à natureza. Ex- água para Tales de 
Mileto, o ar para Anaxímenes. Empédocles afirma a existência de 4 
elementos: ar, água, terra e fogo... Isso dá a idéia de caráter geral que 
inaugura a ciência. 
 O cosmo - surge a idéia de ordem, harmonia e beleza. O mundo natural é 
uma realidade ordenada de acordo com os princípios racionais. 
 O logos – não é mais uma narrativa de caráter poético e mítico logos é a 
explicação fundamentada na razão. É um discurso racional. 
 O caráter crítico – as verdades não eram apresentadas como verdades 
absolutas, de forma dogmática, mas passiveis de serem discutidas, 
discordadas, criticadas. Não se trata de verdades absolutas, mas da 
construção do pensamento de um filosofo e pode e deve ser questionado. 
Surge a atitude crítica em lugar da transmissão dogmática da verdade. 
Os chamados “filósofos pré-socráticos” são os primeiros filósofos que viveram 
antes de Sócrates, e alguns foram contemporâneos deste. Sócrates é considerado 
um marco por sua influencia e por introduzir as questões humanas e sociais na 
discussão filosófica. 
 
Período socrático – final do século V e todo século IV a. C., em Atenas. 
A Filosofia passa a investigar as questões humanas, deixando de se preocupar 
apenas com as questões da natureza e suas transformações. Esse período é marcado 
pela presença de Sócrates (470-399 a.C), cujo pensamento rompe com a temática 
central da realidade natural dos filósofos anteriores e passa a investigar as questões 
éticas e políticas. 
É a época da democracia em Atenas, em que o cidadão começa a exercer a 
cidadania, precisa opinar, discutir, falar, persuadir nas assembléias. Surgem os 
chamados sofistas, que foram contemporâneos de Sócrates e compartilharam assim 
da mesma realidade histórica e, apesar das visões diferentes, tiveram o mesmo 
interesse pela problemática ético-politica. 
 
26 
 
O pensamento de Sócrates e os Sofistas deve ser entendido dentro do contexto 
histórico e sociopolítico de sua época, pois tem um compromisso bastante direto e 
explicito com essa realidade. A sociedade grega está estabilizada, com a 
consolidação de várias cidades-estados. Há o enriquecimento através do comércio, 
surge uma classe mercantil politicamente influente. Começam a se introduzir as 
primeiras regras democráticas, há quebra do poder das oligarquias, quebra da 
autoridade divina, é o fim das imposições autoritárias. Coexistem diferentes interesses 
e as decisões são tomadas em assembléias. É preciso saber falar bem, persuadir, 
convencer, argumentar e justificar as diferentes propostas. É o momento de 
passagem da tirania para a democracia. 
 
Os Sofistas 
Os Sofistas ensinavam a arte da oratória, a arte da persuasão. Ensinavam um 
modo de defender uma opinião por meio de argumentos. Eram mestres na arte da 
argumentação. Sofista significa sábio, entretanto ganhou o sentido de impostor. Eles 
eram professores que vendiam ensinamentospráticos da filosofia. Os mais 
conhecidos sofistas foram Protágoras e Górgias. 
Protágoras afirma que “O homem é a medida de todas as coisas”, as coisas 
são como nos parecem ser, como se mostram a nossa percepção sensorial e não 
temos nenhum outro critério para decidir essa questão. Os sofistas foram criticados 
principalmente por Platão, que considerava os sofistas artistas manipuladores de 
raciocínios. Os Sofistas contribuíram para desenvolvimento da linguagem na tradição 
cultural grega. 
Nesse contexto, surge então Sócrates, considerado o patrono da filosofia. Ele 
discordava dos antigos poetas (mitologia), dos antigos filósofos (cosmologia) e dos 
sofistas (oradores). 
 
Sócrates (470-399 a.C), 
Sócrates nasceu em Atenas e é considerado um marco divisório da história da 
filosofia grega. Seu pensamento marca o nascimento da filosofia clássica, que foi 
posteriormente desenvolvida por Platão e Aristóteles. É considerado o “patrono da 
filosofia”. As divergências inerentes à democracia da época levaram Sócrates a refletir 
 
27 
 
em seu interior. Refletindo sobre si mesmo, Sócrates descobriu que apesar da 
variedade de coisas, somos capazes de criar conceitos universais. 
Ele pensou que poderíamos criar um conceito universal de justiça que, por ser 
igual para todos, seria capaz de dissolver as divergências e discórdias nas 
assembléias de cidadãos. As praças públicas eram suas salas de aula. 
Buscava conhecer a si próprio e ajudava as pessoas a encontrar a verdade das 
coisas e conceitos, por meio do diálogo. Em um primeiro momento ele interrogava 
(processo chamado ironia, em grego significa interrogar). Depois ele conduzia o 
“aluno” à buscar em seu interior os conceitos verdadeiros (processo chamado de 
maiêutica, arte de dar a luz). 
Sócrates valorizava o debate e o ensinamento oral, sem nunca haver escrito 
nada. É Platão quem registra seus ensinamentos. Não existe o registro do 
pensamento original de Sócrates e sim a visão de Platão. Ele buscava a definição 
essencial de coragem, virtude, etc. é ir alem da opinião que se tem a respeito de algo. 
Ele não respondia às perguntas e sim procurava ensinar um caminho, que é 
origem de método. Por isso ele sempre usava o diálogo, pois acreditava que pelo 
diálogo a pessoa começa a revisar as crenças, opiniões, transformando a sua maneira 
de ver as coisas. 
Sócrates desenvolveu o saber filosófico em praças conversando e mostrando 
que era preciso unir a vida concreta ao pensamento. Para ele, o homem é sua alma, 
a alma é o desejo da razão, e isso distingue o ser humano de todos os outros seres 
da natureza. Ele dialogava com ricos e pobres, cidadãos ou escravos e dava 
importância às características internas de cada pessoa. Assim, foi considerado uma 
ameaça a sociedade, pois não fazia distinção de classe ou posição social. Ele estava 
interessado na prática da virtude e na busca da verdade, e contrariava os valores 
dogmáticos da sociedade ateniense. 
Era considerado um grande sábio e contrariou os interesses de muitos 
poderosos. Sócrates, em 399 a.C., é acusado de graves crimes por desrespeito às 
tradições religiosas e por corrupção da juventude, mas na verdade queriam puni-lo 
por suas críticas à democracia grega. Ele foi julgado por 501 cidadãos ema Atenas e 
não se declarou inocente, ao contrário, permanece coerente com suas idéias. É 
condenado à morte, por meio de envenenamento – cicuta. 
 
 
 
28 
 
Platão ( 428 – 348 a. C.) 
A filosofia de Platão desenvolve-se a partir dos ensinamentos de seu mestre 
Sócrates, por meio dos diálogos socráticos. Ainda nesse período, Platão, principal 
discípulo de Sócrates por 10 anos, escreveu sobre os ensinamentos dele mesmo e 
de Sócrates. 
Platão nasceu em Atenas e era de família nobre. Foi um dos maiores 
pensadores da história da filosofia. Após longas viagens, fundou sua própria escola - 
a Academia, nos jardins construídos por Acadamus. Era uma espécie de universidade 
de ensino do mundo ocidental. Desenvolve sua concepção filosófica que tem como 
núcleo a teoria das idéias ou formas. Para Platão, existia um mundo sensível – da 
aparência, das opiniões, da ilusão, imperfeito, incompleto e o mundo das idéias – 
eterno, essencial, belo, pleno, perfeito. Para se alcançar o mundo das idéias, é preciso 
o conhecimento racional e filosófico. Ele explica este pensamento por meio da alegoria 
O Mito da Caverna. 
Para Platão a filosofia é uma forma de saber que possui um caráter prático 
ético- político e, por outro lado, filosofia é essencialmente teoria capaz de levar a 
natureza essencial das coisas. 
Principais obras: Apologia de Sócrates, Eutífron, Críton, Laques, Mênon,O 
Banquete, A República e Parmênides. 
 
Características do período socrático: 
A filosofia se volta para as questões humanas: ações, comportamento, crença, 
valor, o lugar do homem no mundo. 
O homem como ser racional capaz de conhecer-se a si mesmo, capaz de refletir 
e estabelecer procedimentos que o levem a verdade. Definição das virtudes morais e 
virtudes políticas. As idéias e práticas que norteiam o comportamento dos seres 
humanos. Encontrar a essência dessas virtudes e valores: justiça, coragem, amizade, 
piedade, amor. A opinião, as percepções e imagens sensoriais são consideradas 
falsas, mentirosas, contraditórias para se conseguir a verdade. 
 
 
 
 
29 
 
Período sistemático do final do século IV ao final do século II antes de Cristo 
Dizemos que sistemático é o que se caracteriza pela organização e 
articulação, formando um todo coerente. A obra de Aristóteles (384 - 322 a..C.) é 
sistemática. No chamado período sistemático, seu principal pensador foi Aristóteles, 
um dos mais importantes filósofos gregos da Antiguidade. Ele falou sobre o homem, 
a alma, classificou animais e plantas, criou o método, falou de política, leis, 
comportamentos. 
Aristóteles nasceu em 384 a.C., em Estagira, na Macedônia. Era filho de 
Nicômaco, médico do rei da Macedônia. Ainda muito jovem foi para Atenas, onde foi 
para a Academia de Platão, tornado-se seu discípulo. Estudou quase 20 anos na 
Academia, tornou-se professor, e, mais tarde, foi professor de Alexandre da 
Macedônia. Com a morte de Platão deixou a Academia e sai de Atenas. 
Mais tarde ele volta para Atenas e funda sua própria escola, o Liceu. O 
pensamento aristotélico desenvolveu-se a partir de uma crítica tanto aos pré-
socráticos quanto a Platão. Sua principal obra filosófica Metafísica busca elaborar uma 
concepção filosófica original. Aristóteles redefine a filosofia e apresenta a construção 
de um grande sistema de saber, muito influente no desenvolvimento da ciência antiga. 
Aristóteles critica o dualismo representado na teoria das idéias de Platão e vai 
apresentar sua concepção de real, evitando o dualismo dos dois mundos – sensível e 
inteligível, e desenvolve uma concepção de realidade substancial. 
Aristóteles rompe com os ensinamentos de seu mestre Platão e desenvolve 
uma concepção sistemática de saber. Desenvolve seu próprio sistema e propõe uma 
concepção de real que parte da substancia individual, composta de matéria e forma. 
Ele valoriza o saber empírico e a ciência geral (do ser) e a ciência natural (da realidade 
natural). Valorizou as questões metodológicas e desenvolveu a lógica. Aristóteles 
desenvolveu a lógica para servir de ferramenta do raciocínio. 
A filosofia de Aristóteles é sistemática – coerente e precisa integrada, é uma 
visão integrada de saber, com diversas áreas especificas. Ele dedicou anos de seus 
estudos para classificar seres da natureza, ao mesmo tempo que se dedicava ao 
estudo do espírito humano, do universo interior e exterior do ser humano, incluindo 
política, sociedade, etc. 
Ele desenvolveu o conceito essencial que diferencia o homem de todos os 
seres no mundo: a capacidade de buscar sempre fazer melhor, ser feliz – a ética. Sua 
 
30 
 
obra foi fundamental paraa difusão e desenvolvimento da Filosofia e Ciência, por 
meio da questão metodológica do saber científico, abrangendo a valorização da 
ciência empírica, a ética, a política e a estética. 
 
A HERANÇA DA FILOSOFIA GREGA PARA O OCIDENTE 
A Filosofia grega possui características, apresenta formas de pensar e 
estabelece concepções diferentes das de outros povos e culturas. Os gregos 
instituíram bases e princípios fundamentais do que chamamos razão, racionalidade, 
ciência, ética, política, técnica, arte. Essas bases e princípios passaram a influenciar 
decisivamente o pensamento e as instituições de todo ocidente até os dias atuais. 
A Filosofia surge quando a explicação da realidade universal dada pelos mitos 
já não satisfaz a alguns pensadores gregos. A verdade do mundo e dos homens passa 
a não ser algo secreto e misterioso, torna-se algo que podia ser conhecido por todos 
através do pensamento, da sabedoria, do uso metódico da razão. O momento 
histórico da Grécia Antiga em que surge a Filosofia está vinculado à organização da 
polis – cidade-estado. A cidade foi criação dos homens e não dos deuses e podia se 
organizada, dirigida e pelos homens, pela razão. Os filósofos queriam uma explicação 
para o mundo, uma ordem para o caos. 
 
4 FILÓSOFOS PRÉ-SOCRÁTICOS 
Os filósofos pré-socráticos fazem parte do primeiro período da filosofia 
grega. Eles desenvolveram suas teorias do século VII ao V a.C. Recebem esse nome, 
posto que são os filósofos que antecederam Sócrates. Os filósofos pré-socráticos 
buscavam nos elementos natureza as respostas sobre a origem do ser e do mundo. 
Focando principalmente nos aspectos da natureza, eram chamados de “filósofos 
da physis”. 
 
SÓCRATES 
Sócrates (470 a.C-399 a.C.) foi um importante filósofo grego do segundo 
período da filosofia. Nasceu em Atenas sendo considerado um dos fundadores da 
https://www.todamateria.com.br/socrates/
 
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filosofia ocidental. A filosofia de Sócrates, baseada no diálogo, era chamada de 
filosofia socrática. Era marcada pela expressão “conhece-te a ti mesmo”, em virtude 
da busca da verdade através do autoconhecimento. Ademais, da filosofia do “diálogo” 
de Sócrates, destaca-se a “maiêutica”, que significa literalmente “trazer a luz”. Esta 
faz relação com a iluminação da verdade que, para ele, está contida no próprio ser.
 Sócrates nasceu em Atenas, que em meados do século V a.C tornou-se a 
metrópole da cultura grega. Da sua infância nada se sabe. Homem feito, chamava 
atenção não só pela sua inteligência mas também pela estranheza de sua figura e 
seus hábitos. Corpulento, olhos saltados, vestes rotas, pés descalços, costumava ficar 
horas mergulhado em seus pensamentos. Quando não estava meditando solitário, 
conversava com seus discípulos, procurando ajudá-los na busca da verdade. 
Nessa época teve início a segunda fase da filosofia grega, conhecida 
como socrática ou antropológica, onde Sócrates foi o principal filósofo desse período. 
Nessa fase os filósofos passaram a se preocupar com os problemas relacionados ao 
indivíduo e a organização da humanidade. Passaram a perguntar: O que é verdade? 
O que é o bem? O que é a Justiça?, uma vez que na primeira fase da filosofia grega 
a preocupação era com a origem do mundo, fase que ficou conhecida como pré-
socrática. 
 
A VERDADE PARA SÓCRATES 
Para Sócrates existiam verdades universais, válidas para toda a humanidade 
em qualquer espaço e tempo. Para encontrá-las era necessário refletir sobre elas, 
descobrir suas razões. O princípio da filosofia de Sócrates estava na frase "Conhece-
te a ti mesmo". Antes de lançar-se em busca de qualquer verdade, o homem precisa 
auto analisar-se e reconhecer sua própria ignorância. Sócrates inicia uma discussão 
e conduz seu interlocutor a tal reconhecimento, através do diálogo: é a primeira fase 
de seu método, chamada de ironia ou refutação. 
Na segunda fase, a "maiêutica" (técnica de trazer à luz), Sócrates solicita vários 
exemplos particulares do que está sendo discutido. Por exemplo, se está procurando 
definir a coragem, pede descrições de atos considerados corajosos. Em seguida, 
analisa esses casos com a finalidade de descobrir o que é comum a todos eles. Esse 
algo comum é a coragem, a essência dos atos heroicos, e existirá em qualquer ato 
corajoso, independente das circunstâncias que o cercarem. 
 
32 
 
A "técnica de trazer à luz" pressupõe uma crença de Sócrates, segundo a qual 
a verdade está no próprio homem, mas ele não pode atingi-la porque não só está 
envolto em falsas ideias, em preconceitos, como está desprovido de métodos 
adequados. Derrubado esses obstáculos, chega-se ao conhecimento verdadeiro, que 
Sócrates identifica como virtude, contraposta ao vício, o qual se deve unicamente à 
ignorância. Daí sua frase famosa: "Ninguém faz o mal voluntariamente". 
Por causa do incentivo ao raciocínio, Sócrates foi perseguido pelas autoridades 
de Atenas. Acusado de renegar os Deuses e corromper os jovens, foi julgado e 
condenado a suicidar-se ingerindo cicuta. 
 
FONTES PARA O ESTUDO DE SÓCRATES 
Sócrates não deixou obra escrita, achava mais eficiente o intercâmbio de 
ideias, mediante perguntas e respostas entre duas pessoas. São quatro as fontes 
básicas para o conhecimento de Sócrates: o filósofo Platão, seu discípulo, em cujos 
Diálogos o mestre figura sempre como personagem central. A segunda fonte é o 
historiador Xenofonte, amigo e frequentador assíduo das reuniões que Sócrates 
participava. O dramaturgo Aristófanes cita Sócrates como personagem em algumas 
de suas comédias, mas sempre o ridiculariza. A última fonte é Aristóteles, discípulo 
de Platão, e que nasceu 15 anos após a morte de Sócrates. Essas fontes nem sempre 
são coerentes entre si. 
4.1 Filosofia Grega 
Para melhor entender a filosofia grega, vale lembrar como ela está dividida: 
 Período Pré-Socrático: fase naturalista 
 Período Socrático: fase antropológica-metafísica 
 Período Helenístico: fase ética e cética 
 
CORRENTES OU ESCOLAS PRÉ-SOCRÁTICAS 
Segundo o foco e o local de desenvolvimento da filosofia, o período pré-
socrático está dividido em Escolas ou Correntes de pensamento, a saber: 
https://www.todamateria.com.br/platao/
https://www.todamateria.com.br/aristoteles/
 
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 Escola Jônica: desenvolvida na colônia grega Jônia, na Ásia Menor (atual 
Turquia), seus principais representantes são: Tales de Mileto, Anaxímenes de 
Mileto, Anaximandro de Mileto e Heráclito de Éfeso. 
 Escola Pitagórica: também chamada de "Escola Itálica", foi desenvolvida no 
sul da Itália, e recebe esse nome posto que seu principal representante foi 
Pitágoras de Samos. 
 Escola Eleática: desenvolvida no sul da Itália, sendo seus principais 
representantes: Xenófanes de Colofão, Parmênides de Eléia e Zenão de Eléia. 
 Escola Atomista: também chamada de “Atomismo”, foi desenvolvida na região 
da Trácia, sendo seus principais representantes: Demócrito de Abdera e 
Leucipo de Abdera. 
 
PRINCIPAIS FILÓSOFOS PRÉ-SOCRÁTICOS 
Segue abaixo os principais filósofos do período pré-socrático: 
 
Tales de Mileto (624 a.C.-548 a.C.): nascido na cidade de Mileto, região da Jônia, 
Tales acreditava que a água era o principal elemento, ou seja, era a essência de todas 
as coisas. 
Anaximandro de Mileto (610 a.C.-547 a.C.): discípulo de Tales nascido em Mileto, 
para Anaximandro o princípio de tudo estava no elemento denominado “ápeiron”, uma 
espécie de matéria infinita. 
Anaxímenes de Mileto (588 a.C.-524 a.C.): discípulo de Anaximandro nascido em 
Mileto, para Anaxímenes o princípio de todas as coisas estava no elemento ar. 
Heráclito de Éfeso (540 a.C.-476 a.C.): considerado o “Pai da Dialética”, Heráclito 
nasceu em Éfeso e explorou a ideia do devir (fluidez das coisas). Para ele, o princípio 
de todas as coisas estava contido no elemento fogo. 
Pitágoras de Samos (570 a.C.-497 a.C.): filósofo e matemático nascido na cidade de 
Samos, paraele os números foram seus principais elementos de estudo e reflexão, 
do qual se destaca o “Teorema de Pitágoras”. 
https://www.todamateria.com.br/tales-de-mileto/
https://www.todamateria.com.br/anaximandro/
https://www.todamateria.com.br/anaximenes/
https://www.todamateria.com.br/heraclito/
https://www.todamateria.com.br/pitagoras/
https://www.todamateria.com.br/teorema-de-pitagoras/
 
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Xenófanes de Cólofon: (570 a.C.-475 a.C.): nascido em Cólofon, Xenófanes foi um 
dos fundadores da Escola Eleática, se opondo contra o misticismo na filosofia e o 
antropomorfismo. 
Parmênides de Eléia (530 a.C.-460 a.C.): discípulo de Xenófanes, Parmênides 
nasceu em Eléia. Focou nos conceitos de “aletheia” e “doxa”, donde o primeiro 
significa a luz da verdade e o segundo, é relativo à opinião. 
Zenão de Eléia (490 a.C.-430 a.C.): discípulo de Parmênides, Zenão nasceu em 
Eléia. Foi grande defensor das ideias de seu mestre filosofando, sobretudo, acerca 
dos conceitos de “Dialética” e “Paradoxo”. 
Demócrito de Abdera (460 a.C.- 370 a.C.): nascido na cidade de Abdera, Demócrito 
foi discípulo de Leucipo. Para ele, o átomo era o princípio de todas as coisas, 
desenvolvendo assim, a “Teoria Atômica”. 
 
5 PLATONISMO, A FILOSOFIA DE PLATÃO 
ACADEMIA DE PLATÃO 
A “Academia de Platão” foi fundada em Atenas pelo filósofo por volta de 385 
a.C., primeiramente designada para cultuar as Musas Gregas e o Deus Apolo. Embora 
ele tenha fundado com características de culto aos deuses, o local foi considerado a 
primeira universidade da história do ocidente. De tal modo, na Academia Platônica, os 
filósofos se reuniam para discutir o desenvolvimento da filosofia e do pensamento de 
Platão, um dos pilares mais importantes da filosofia ocidental. Ocorriam, assim, 
debates sobre os mais diversos temas da filosofia. A Academia de Platão durou cerca 
de 9 séculos e foi encerrado em 529 d.C., pelo imperador bizantino Justiniano I. 
 
PERÍODOS DO PLATONISMO 
O Platonismo reúne as diversas abordagens da teoria de Platão: metafísica, 
retórica, ética, estética, lógica, política, dialética e da dualidade (corpo e alma), sendo 
classifica em três períodos, a saber: 
https://www.todamateria.com.br/xenofanes/
https://www.todamateria.com.br/parmenides/
https://www.todamateria.com.br/zenao/
https://www.todamateria.com.br/democrito/
 
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 Platonismo Antigo (século IV a.C. até a primeira metade do século I a.C.) 
 Médio Platonismo (séculos I e II d.C.) 
 Neoplatonismo (séculos III d.C. e VI d.c) 
 
TEORIA DAS IDEIAS 
Sem dúvida, a Teoria das Ideias ou Teoria das Formas é a proposição 
desenvolvida por Platão que mais se destaca, posto que dela surgem vários outros 
pensamentos relacionados com sua filosofia. Para Platão, existem dois mundos, ou 
seja, a realidade estava dividida em duas partes: O mundo sensível (mundo material), 
mediados pelas formas autônomas que encontramos na natureza, percebido pelos 
cinco sentidos; e o mundo das ideias (realidade inteligível) denominado de “mundo 
ideal”, ou seja, aproxima-se da ideia de perfeição de algo. Assim, segundo ele a 
verdade suprema e absoluta além da felicidade, somente é possível encontrar a partir 
do mundo das ideias, donde localiza-se a essência das coisas. 
De tal maneira, o que percebemos no mundo sensível ou material é enganoso, 
ilusório e instável, enquanto no mundo das ideais atinge-se a felicidade pelo encontro 
do conhecimento supremo da realidade, o que correspondente a ideia de bem. 
Em resumo, através do conhecimento é possível transcender do mundo material ao 
mundo das ideais e contemplar as ideias perfeitas, alcançando assim, a felicidade. 
Leia Mito da Caverna. 
 
TEORIA DAS ALMAS 
Na filosofia de Platão encontramos a dualidade entre a alma e o corpo. 
Segundo ele, o ser humano era imortal e essencialmente alma, donde ela pertencia 
ao mundo inteligível (apreendido pelo intelecto) e não o mundo sensível (apreendido 
sobre os sentidos). De acordo com o filósofo, a alma estava dividida em três partes e, 
ao harmonizar essas três partes era possível encontrar a felicidade, o bem: 
 Alma Concupiscente: localizada no ventre, a alma concupiscente estava 
relacionada com os desejos carnais. 
 Alma Irascível: localizada no peito, a alma irascível estava relacionada às 
paixões. 
https://www.todamateria.com.br/neoplatonismo/
https://www.todamateria.com.br/mito-da-caverna/
 
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 Alma Racional: localizada na cabeça, a alma racional estava relacionada ao 
conhecimento. 
 
Assim, com a elevação da alma ao mundo das ideias, através da contemplação 
das ideias perfeitas, seria possível alcançar a ideia suprema do bem. 
 
PLATÃO E A POLÍTICA 
Na política Platão contribuiu com sua maneira humanista de refletir sobre o 
homem e uma sociedade justa. Para ele, a Política era considerada uma das mais 
nobres atividades, posto que estava relacionada com a pólis, ou seja, as cidades 
gregas e a organização da vida dos cidadãos. Em sua obra “A República”, reflete 
sobre a construção do bem para todos os cidadãos, a função social de cada um, tal 
qual como as atividades básicas realizadas na pólis. 
Sendo assim, Platão caracterizou as atividades essenciais da pólis em três 
instâncias, as quais levavam em conta a aptidão de cada um: 
 Administração da pólis 
 Defesa da cidade 
 Produção de materiais e alimentos 
 
Observe abaixo um trecho da Obra “A República”: 
“Ao fundarmos a cidade, não tínhamos em vista tornar uma única classe emi-
nentemente feliz, mas, tanto quanto possível, toda a cidade. De fato, pensá-
vamos que só numa cidade assim encontraríamos a justiça e na cidade pior 
constituída, a injustiça. (...). Agora julgamos modelar a cidade feliz, não pondo 
à parte um pequeno número dos seus habitantes para torna-los felizes, mas 
considerando-o como um todo. ” 
 
OS DIÁLOGOS DE PLATÃO 
A maior parte da obra de Platão foi desenvolvida através dos Diálogos, textos 
em que ele desenvolve suas ideias, filosofando sobre a natureza e existência humana, 
bem como da sociedade que o envolve. Dos diálogos destacam-se: Apologia a 
Sócrates, O Banquete, Górgias, Filebo, Fédon, República, Protágoras, dentre outros. 
 
 
37 
 
5.1 Dialética de Platão 
 Platão define a dialética como a arte de pensar, questionar e hierarquizar 
ideias. O termo dialética é utilizado por Platão na referência a qualquer método que 
possa ser recomendado como veículo da filosofia. 
Para Platão, a dialética é um instrumento que permite o alcance a verdade. É 
preciso ressaltar que sua obra está ligada à preocupação com a ciência (considerada 
o conhecimento verdadeiro), a moral e a política. 
O trabalho de Platão envolve a função pedagógica e política quando o assunto 
é o conhecimento, considerado a materialização do real. A materialização da 
pedagogia ocorre pelo método usado para superar o senso comum. 
 
MÉTODO DIALÉTICO DE PLATÃO 
 Opinião x verdade 
 Desejo x razão 
 Interesse particular x interesse universal 
 Senso comum x filosofia 
 
É o senso comum o ponto de partida da dialética platônica, não para ser 
reafirmado, mas refutado e que deve ser superado. Platão propõe que o senso 
comum e a opinião sejam questionados para a descoberta da verdade a partir do 
indivíduo sem a interferência externa. 
A hierarquia do método da dialética platônica tem como objetivo demonstrar a 
fragilidade, a falta de fundamentação e os preconceitos que formam o senso comum. 
É, ainda, objetivo, que o indivíduo tenha a consciência do funcionamento do método. 
A dialética admite as contradições somente como meio para superá-las, exige atitude 
crítica, necessidade de reflexão, questionamento da opinião, da origem e de suas 
fundamentações. 
 
CONCEITO DE DIALÉTICA 
O termo dialética, do grego dialektké, é o método de discussão de ideias 
opostas com o objetivo de encontrar a verdade. É uma forma de argumentação lógica, 
https://www.todamateria.com.br/platao/
 
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exigindo

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