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1 GANHO DE CAPITAL NA ALIENAÇA�O DE BENS E DIREITOS NO BRASIL - Principais Possibilidades de Isenção Introdução E� bastante comum que as pessoas tenham problemas perante a Receita Federal do Brasil (RFB), no que refere-se ao recolhimento do imposto sobre ganhos de capitais auferidos na venda de bens e direitos. Ou ainda por omissão de tais operações quando o ganho preenche os pré-requisitos de isenção, pois mesmo sendo isentos estes devem ser declarados como “Rendimentos Isentos e Não Tributáveis” para conhecimento do órgão �iscalizador. Este breve artigo, traz as principais possibilidades de isenção do imposto de renda sobre ganhos de capital na alienação de bens e direitos. Sem a intenção de esgotar o tema proposto e tendo em vista a sua extensão, pretende-se chamar a atenção do leitor para a obrigatoriedade de informar operações de alienação ao �isco, bem como da importância de um bom planejamento tributário para evitar problemas �iscais na gestão do seu patrimônio pessoal. 2 SUMÁRIO Introdução 1 Conceitos Importantes 3 Possibilidades de Isenção 3 Bens e Direitos de Pequeno Valor 3 Ações 3 Demais Casos 4 Nota Extra 4 Bens Imóveis 4 Pontos que Requerem Atenção 5 Conclusão 7 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 7 Sobre autor: 7 3 Conceitos Importantes Mas a�inal, o que é um “ganho de capital” e quando ele ocorre? Ganho de capital, como o próprio nome sugere, trata-se de um resultado positivo em uma operação de venda de bens ou direitos, ou seja, uma espécie de lucro. Assim como o conceito de lucro em uma mercearia por exemplo, ele será fruto da seguinte comparação: Valor da Venda menos o Custo de Aquisição 1 . Fica claro assim que, o que irá compor a base de cálculo do imposto a ser eventualmente recolhido não será a receita bruta - valor de venda, e sim a diferença da operação, se positiva. Deste modo só haverá ganho de capital quando o valor de venda for maior que o valor de aquisição. Possibilidades de Isenção Em algumas operações de vendas, mesmo havendo ganho de capital este não sofrerá tributação pelo imposto de renda pessoa fı́sica. Elenca-se a seguir as principais isenções possıv́eis separadas por categoria de bens e/ou direitos. Bens e Direitos de Pequeno Valor Ações Importante frisar que apenas o ganho com as alienações de ações em operações normais ( Swing Trading 2 ) sofrem algum tipo de isenção. Ou seja, os originados das operações em Day Trader 3 não fazem jus à isenção, de modo que sempre serão tributados. A seguir é possıv́el ver as diferenças entre estas duas modalidades de alienação. 1. Operações Normais ( Swing Trading ): ganhos auferidos na alienação de ações no mercado de balcão de até R$ 20.000,00 no mês são isentos. A alı́quota para os casos de ganhos acima desse teto inicia-se em 15%. 1 Neste exemplo hipotético para melhor compreensão, estão desconsiderados os demais custos e despesas do estabelecimento. 2 Operações no mercado financeiro nas quais mantém-se a posse do ativo adquirido por período superior a um dia, com o objetivo de ganho por meio da especulação - com a subida de preço dos ativos. 3 Operações de compra e venda de ativos no mercado financeiro dentro de um mesmo dia, com objetivo de obter ganhos com a oscilação de preços dentro deste período. 4 2. Operações em Day Trader : os ganhos obtidos com a venda de ações nesta modalidade não se bene�iciam de nem uma isenção quanto a tributação do imposto de renda sobre ganhos de capitais. Além disso, todo o ganho obtido será tributado em 20%. Demais Casos Os ganhos com a alienação dos demais bens, salvo algumas exceções, são isentos de imposto de renda sobre ganho de capital se o valor (unitário) da venda for de até R$ 35.000,00 no mês. Nota Extra Existe muita apreensão por parte de uma parcela dos contribuintes também em relação ao ganho de capital na alienação de veı́culos. Cabe destacar que não é comum deparar-se com ganhos nestas operações, já que trata-se de bens com rápida perda de valor vendável. Via de regra o valor de venda de um veı́culo di�icilmente será maior que o seu custo de aquisição. As exceções normalmente �icam por conta de colecionadores, por exemplo de carros antigos. No entanto, como será visto mais à frente neste artigo, o fato de não gerar ganho de capital não retira a necessidade de inclusão da informação na declaração de ajuste anual do imposto de renda. Bens Imóveis A alienação de imóveis traz dúvidas de naturezas diversas aos contribuintes no que se refere ao tratamento tributário. Com frequência, encontra-se casos em que a Receita Federal do Brasil aponta inconsistências na declaração de ajuste anual em relação a este tópico. Seja por erro de preenchimento ou mesmo por omissão da venda de um bem imóvel. No que se refere à omissão da venda do imóvel, a causa muitas vezes é justamente a falta de discernimento por parte dos contribuintes entre dois pontos básicos: a isenção do ganho de capital ou sua inexistência e a obrigatoriedade de declarar a alienação. Ou seja, por vezes ao veri�icar que não houve ganho de capital na venda ou que o ganho gerado cumpre os pré-requisitos de isenção do imposto de renda, o 5 contribuinte simplesmente deixa de informar a operação de venda na suadeclaração de ajuste anual. Na outra ponta, o comprador informa sua aquisição e a RFB detecta a inconsistência ao fazer o cruzamento das informações. Lembrando que este é apenas um dos diversos meios de cruzamentos de dados que o órgão tem ao seu dispor. Deste modo é importante ter em mente que a isenção sobre o ganho de capital ou a não ocorrência deste não anula a obrigatoriedade de inclusão da operação de venda na declaração de ajuste anual. A seguir estão dispostas as principais situações nas quais o ganho na alienação de um bem imóvel podem �igurar como isentos de imposto de renda. 1. Venda do único imóvel de propriedade do contribuinte por até R$ 440.000,00, desde que não tenha efetuado nem uma venda de imóveis a qualquer tı́tulo nos últimos 5 anos. 2. Venda de um Imóvel residencial e utilização do valor da venda para aquisição de outro imóvel residencial de valor idêntico ou superior dentro do prazo de 180 dias. Também respeitando as condições do prazo de 5 anos listado no item anterior 3. Venda de imóveis que tenham sido adquiridos até o ano de 1969. 4. Ganhos auferidos com permuta de unidades imobiliárias, desde que não haja pagamento de quaisquer diferenças em espécie monetária. Pontos que Requerem Atenção No item (1), deve-se sempre ter em mente que o termo “imóvel” abrange não apenas construções imobiliárias como também terrenos e terra nua. No item (2), é importante observar que caso o novo imóvel adquirido seja mais barato que o alienado, a proporção do ganho de capital não utilizada para aquisição do novo bem deverá ser tributada, exemplo: Suponhamos, que uma pessoa vendeu em 2020 por R$ 1.000.000,00 um imóvel residencial comprado em 2015 por R$ 800.000,00, gerando inicialmente um ganho de capital de R$ 200.000,00. No entanto, o valor da venda foi parcialmente utilizado na aquisição de outro imóvel residencial no valor de R$ 900.000,00. 6 Neste caso, a pergunta inicial é: em termos percentuais qual é o ganho de capital sobre o valor de aquisição do antigo imóvel? A resposta será 25%, logo deve-se aplicar este percentual sobre o valor da venda não utilizado na nova aquisição. O resultado seria um ganho tributável proporcional de R$ 25.000,00. Quadro 1: Exemplo de alienação de imóvel com ganho de capital. No item (4), a atenção deve voltar-se ao fato de que a hipótese de isenção cobre apenas a permuta entre unidades imobiliárias 4 , ou seja, bens de mesma natureza e que para fazer jus a isenção não pode haver pagamento de diferença em espécie. Outro ponto de grande relevância é o ganho de capital quando o imóvel vendido é propriedade de várias pessoas. Neste caso, sendo a posse organizada em forma condominial, cada condômino será �iscalmente responsável pela parte que lhe couber. Assim, o limite de propriedade individual de R$ 440 mil para possibilidade de isenção se mantém. Nos casos em que a posse for compartilhada por situação de união estável, caberá a cada parte 50% do valor do bem, permanecendo inalterado o critério de teto de isenção. Já nos casos de comunhão de bens o percentual de cada membro da relação não é �ixado, podendo variar de acordo com o contrato �irmado entre eles. Além disso, o teto de isenção neste caso é baseado no valor do imóvel como um todo, e não mais na parte pertencente a cada membro. 4 Segundo a Instrução Normativa SRF n° 84/79 , item 2 unidades imobiliárias são: 1)o terreno adquirido para venda, com ou sem construção; 2) cada lote oriundo de desmembramento de terreno; 3) cada terreno decorrente de loteamento; 4)cada unidade distinta resultante de incorporação imobiliária; 5) o prédio construído para venda como unidade isolada ou autônoma. Imóvel Alienado Custo de Aquisição R$ 800.000,00 Valor da Venda R$ 1.000.000,00 Ganho de Capital R$ 200.000,00 Percentual do Ganho de Capital 25% Ganho Tributável R$ 25.000,00 http://www.econeteditora.com.br/bdi/in/ant/in84_srf_1979.asp http://www.econeteditora.com.br/bdi/in/ant/in84_srf_1979.asp#it2 7 Conclusão A complexidade das entrelinhas normativas no que diz respeito ao tema isenção de imposto de renda sobre ganhos de capitais com alienação de bens e direitos é notória. Existem diversas peculiaridades que não foram tratadas neste artigo, que como já mencionado não tinha a intenção de esgotar este tema tão vasto. O que buscou-se aqui foi trazer os pontos principais para que os contribuintes desenvolvam uma maior compreensão a respeito da necessidade de atenção e até mesmo do auxı́lio de pro�issionais conhecedores do tema, tanto no momento de tomar uma decisão de compra e venda dos ativos aqui tratados, quanto no momento de envio da declaração de ajuste anual. Diante da complexidade que reveste as normas tributárias brasileiras, a realização de um bom planejamento tributário tem importância inestimável, podendo evitar grandes prejuı́zos tributários. 8 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA Como Declarar Herança, Compra e Venda de Imóveis? Grupo Brasil de Empresas de Contabilidade . Disponível em: bit.ly/3fyOKZW . Acesso 02 de abr. 2021. Ganho de Capital. Mais Retorno . Disponível em: bit.ly/3sLJndF . Acesso 02 de abr. 2021. Instrução Normativa SRF Nº 84, de 20 de Dezembro de 1979. Disponível em: bit.ly/3fyOKZW . Acesso: 02 de abr. 2021. Lei Nº 11.196, de 21 de Novembro de 2005. Disponível em: bit.ly/3fCK4C8 . Acesso: 02de abr. 2021. Sobre o autor: Virginio Santos, é bacharel em Ciências Contábeis pela Faculdade Visconde de Cairú, possui mais de 2,5 anos de experiência em escritório de contabilidade e ingressou a pouco tempo no departamento de contabilidade internacional de uma multinacional brasileira. Foi aprovado no exame de su�iciência do Conselho Federal de Contabilidade edição 2020.2 e durante o tempo que escreve este artigo está em processo de emissão da carteira de contador. Contatos Para crı́ticas, correções, sugestões ou parcerias comerciais, entre em contato através dos meios que se seguem. E-mail: virginio.contabil@gmail.com Whatsapp: 71 98375-5568 LinkedIn: bit.ly/3mgBpXw http://bit.ly/3fyOKZW http://bit.ly/3sLJndF http://bit.ly/3fyOKZW http://bit.ly/3fCK4C8 mailto:virginio.contabil@gmail.com http://bit.ly/3mgBpXw
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