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Nicolas Martins 2025.1 - Fisiologia II FISIOLOGIA RENAL I: FORMAÇÃO DA URINA ● Funções do dos rins: → Excreção de produtos indesejáveis do metabolismo e de substâncias químicas estranhas, drogas e metabólitos hormonais → Regulação da osmolaridade → Regulação da concentração plasmática de eletrólitos → Regulação da volemia (e da pressão arterial) → Regulação do pH do plasma (HCO3-) → Síntese de Glicose (Gliconeogênese, que é a produção de glicose por substâncias não glicídicas) ● Funções endócrinas: → Renina-angiotensina-aldosterona → Forma ativa da vitamina D (calcitriol): importante para a absorção de cálcio pelo TGI e pela deposição de cálcio nos ossos → Eritropoietina: importantíssima para a diferenciação das hemácias e para a produção de eritrócitos. Pacientes com insuficiência renal ele não irá produzir eritropoietina sendo necessária uma suplementação, já que sua deficiência pode causar anemia aguda OBS.: A vitamina D terá que passar pelo fígado, sendo transformada em vitamina D3, e depois será enviada para o rim onde será transformada em 1,25 - dihidrodroxicalciferol, que é sua forma ativa. A vitamina D será importantíssima na absorção de cálcio OBS.2: Pessoas com insuficiência renal aguda ou crônica devem fazer hemodiálise ou diálise peritoneal, onde o sangue é filtrado e retornado ao paciente. Quando a função renal está comprometida ocorrerá uma grande deficiência de vitamina D, eritropoietina, regulação da pressão, glicose e etc (causada principalmente por pacientes hipertensos e diabéticos) ● Homeostase renal do cálcio e fósforo O sistema renal vai ser responsável pela regulação de Ca + + e P+. Podendo estar eliminando esses íons em grande ou pequena quantidade ● Anatomia fisiológica dos Rins O rim é composto pelos (nessa ordem): - Hilo Renal: é onde entra as artérias e sai as veias e o ureter - Córtex e medula - Nefron: essencial para a formação da urina, só se forma urina com os néfrons - Pirâmides Renais - Papilas: nela encontramos os cálices principais e os pequenos cálices - Pelve renal - Ureter Os néfrons podem ser divididos em dois grupos: Nefron cortical: possui o glomérulo localizado na zona cortical externa, e possui uma alça de Henle curta, com pequena porção medular. Envolvido por extensa malha de capilares peritubulares Nefron justamedular: Possui o glomérulo localizado no córtex interno, bem próximo a medula renal, e longa alça de Henle, que mergulha profundamente na medula. As longas arteríolas eferentes ramificam-se nos vasa recta (que são equivalentes aos capilares peritubulares que nutrem o néfron), que acompanham paralelamente a alça de Henle, retornam ao córtex, e esvaziam-se nas veias corticais (Começa no córtex e vai até a medula renal) Cada rim contém cerca de 800,00 a 1 milhão de néfrons, pois os néfron são células perenes, ou seja, caso sejam perdidos são impossíveis de recuperar (Unidade funcional do aparelho renal). OBS.: A artéria renal emite uma arteríola aferente que vai para o glomérulo renal e vira uma arteríola eferente. O que sai dos rins é pela veia renal ➥ Artéria Renal → Arteríolas aferentes (Capilarização) → Capilares glomerulares (Filtração) → Arteríolas eferentes (Capilarização) → Capilares peritubulares (Reabsorção e Secreção) → Veia Renal Chegando no néfron temos a arteríola aferente e logo depois temos o glomérulo renal, nesse glomérulo renal é filtrado o sangue, e vai para as arteríolas eferentes. Toda vez que o sangue é filtrado pelo glomérulo não é o sangue sai do glomérulo, mas sim, um líquido chamado de filtrado glomerular é enviado para uma cápsula chamada de cápsula de Bowman, na cápsula de bowman ele passa pelo túbulo contorcido proximal, depois para a Alça de Henle e depois vai passar pelo túbulo contorcido distal, e finalmente para o ducto coletor da onde sai a urina. Nesse filtrado glomerular não possuímos células sanguíneas OBS.:Em cada túbulo deste se encontra um tipo de célula, ou seja, essas células precisam receber nutrição. Essa nutrição se dá pelo sangue da arteríola eferente, mais especificamente pelos capilares peritubulares ● Processo de formação da Urina Para a formação da urina precisamos de reabsorção tubular e secreção tubular, porém, para termos ambos precisamos primeiro ter a filtração glomerular Excreção = Filtração – Reabsorção + Secreção ➤ Filtração: Processo pelo qual grande quantidade de líquido, praticamente sem proteínas, é filtrado dos capilares glomerulares para o interior da Cápsula de Bowman. ➤ Reabsorção: Processo pelo qual a maior parte do filtrado é reabsorvido seletivamente para os capilares peritubulares. Essa reabsorção pode ser feita por duas vias distintas: Via Transcelular, que envolve a reabsorção pela célula tubular e posterior difusão para o interstício; Via Paracelular, que envolve uma passagem direta do lúmen tubular para o interstício, através das junções oclusivas localizadas entre as células tubulares. ➤ Secreção: Processo pelo qual moléculas não filtradas são eliminadas na urina, a partir dos capilares peritubulares. Quando o filtrado glomerular passa pelas redes de túbulos ocorre a reabsorção e secreção tubular. Depois que tivermos essas duas etapas temos a excreção, a urina, no ducto coletor. Essa Urina vai para as Pirâmides → Papila → Pequenos cálices → Cálices principais → Ureter → Bexiga → Micção. Toda vez que o néfron filtra, como por exemplo a glicose, a glicose vai para a cápsula de Bowman que irá ficar no filtrado glomerular sendo encaminhada junto com o filtrado para o túbulo contornado proximal, onde será reabsorvida. Um exemplo de secreção é o H+ que é secretado nos túbulos tornando a urina ácida Assim, a excreção de determinada substância depende dos três mecanismos apresentados, de maneira que diferentes substâncias possuem diferentes mecanismos de excreção .Podemos definir quatro tipos de substâncias quanto a suas propriedades de excreção renal: (1) Substância A: A substância filtrada é totalmente eliminada, não havendo reabsorção ou secreção. Ex.: Creatinina (2) Substância B: A substância filtrada é reabsorvida parcialmente. Ex.: Eletrólitos (Na+ , Cl- , K+ ) (3) Substância C: A substância filtrada é reabsorvida totalmente pelos túbulos renais para o interstício, e, daí, para os capilares peritubulares. Ex.: Glicose e Aminoácidos (4) Substância D: A substância filtrada é totalmente eliminada, e quantidades adicionais são secretadas dos capilares peritubulares para os túbulos renais. Ex.: Ácidos e Bases Orgânicas ● Filtração glomerular 100% de sangue entra na arteríola aferente. 20% no glomérulo será filtrado e será enviado para a cápsula de Bowman. Enquanto 80% sai pela arteríola aferente. Desses 20%, 19% volta para o sangue, portanto, o líquido que é excretado é igual a 1%. Portanto a maioria é reabsorvida As propriedades de carga e tamanho das fenestrações determinam graus diferentes de filtrabilidade dos solutos. Dois fatores são particularmente importantes: seu tamanho (peso molecular) e sua carga. Pela observação da tabela acima, que relaciona o peso molecular de determinadasubstância com sua filtrabilidade, concluímos que a filtrabilidade dos solutos é inversamente proporcional ao seu peso molecular. Na tabela, as substâncias sódio, glicose e insulina apresentam filtrabilidade de 1,0, o que significa dizer que são tão filtráveis quanto a água, e, portanto, sua concentração no filtrado glomerular é igual à concentração plasmática. Moléculas progressivamente maiores, como a mioglobina e a albumina, apresentam menor filtrabilidade, sendo a filtrabilidade da albumina insignificante O tamanho molecular não é o único fator que determina a filtrabilidade de uma substância. Um bom exemplo disso é a albumina, que apresenta um diâmetro molecular de apenas 6 nm. Como os poros da membrana capilar apresentam cerca de 8 nm de diâmetro, era de se esperar que a albumina tivesse uma considerável filtrabilidade, mas isso não ocorreu. A retenção de albumina deve-se a sua carga negativa, que sofre repulsão eletrostática pelas cargas negativas da membrana capilar. O inverso ocorre com moléculas carregadas positivamente, que são atraídas eletrostaticamente, e apresentam, portanto, maior filtrabilidade. ● Regulação do fluxo sanguíneo renal e da taxa de filtração glomerular A taxa de filtração glomerular pode ser regulada por diversos fatores, como por exemplo, o SNS, hormônios e autacóides como adrenalina, noradrenalina, angiotensina II, dopamina, NO, prostaglandina e bradicinina - Prostaglandina: Ela é essencial para o processo inflamatório, sendo responsável pela diminuição do limiar da dor . Existe uma enzima chamada de fosfolipase A2 que quebra fosfolipídeos na membrana formando o ác. araquidônico no qual a COX 1, que forma uma prostaglandina diferentes daquelas das reações inflamatórias que irá ocasionar vasodilatação na artéria renal aumentando o fluxo sanguíneo e aumentando a taxa de filtração glomerular. O NO é um potente vasodilatador, seu aumento é causado por Ach, histamina, atp e estiramento causando também uma vasodilatação da artéria renal e da arteríola aferente OBS.: Anti-inflamatórios podem bloquear a COX 1 e a prostaglandina, causando vasoconstrição na artéria renal diminuindo a taxa de filtração glomerular que ocasiona uma diminuição do fluxo sanguíneo na arteríola eferente e como consequência uma diminuição da nutrição dos néfrons, causando perda dos mesmos - Endotelina e Adenosina: São potentes vasoconstritores - Bradicinina, PNA e dopamina: São vasodilatadores. O peptídeo natriurético atrial é um exemplo, ele é liberado quando a pressão atrial direita sobe drasticamente causando uma vasodilatação para que a taxa de filtração glomerular aumenta e urine muito, assim diminuindo a volemia e pressão - Angiotensina II: Ela realiza vasoconstrição da arteríola eferente, aumentando a pressão hidrostática do capilar e aumentando a taxa de filtração - Mecanismo Miogênico: O mecanismo miogênico renal é semelhante ao encontrado em outros vasos do corpo. Este mecanismo previne que aumentos na pressão arterial causem grandes aumentos na TFG. O aumento na pressão causa estiramento de canais de Ca+2 mecanossensíveis, o que permite um maior influxo de Ca+2 na célula muscular lisa, que se contrai com maior vigor, causando vasoconstrição arteriolar, o que diminui o fluxo sangüíneo e, conseqüentemente, a TFG. - Balanço Tubuloglomerular: Mecanismo de feedback que relaciona as mudanças na concentração de NaCl na mácula densa com o controle da resistência arteriolar renal. Esse feedback busca assegurar um fornecimento relativamente constante de NaCl no túbulo distal, prevenindo grandes mudanças na excreção renal. O mecanismo de feedback atua sobre a arteríola aferente e sobre a arteríola eferente, apresentando efeitos contrários. É gerado em uma estrutura especializada chamada aparelho justaglomerular, formado por células da mácula densa, localizada no início do túbulo contornado distal, e células justaglomerulares nas paredes arteriolares aferentes e eferentes. Vide fig. 10. A baixa TFG diminui o fluxo do filtrado na alça de Henle, o que aumenta a reabsorção de NaCl no ramo ascendente da alça de Henle. Assim, a concentração de NaCl na mácula densa diminui, o que desencadeia a vasodilatação da arteríola aferente, aumentando a TFG, e a liberação de renina, que, através da alça renina-angiotensina, causa vasoconstrição da arteríola eferente, também causando aumento na TFG, por aumentar a pressão hidrostática glomerular. ● Glomérulo e Cápsula de Bowman Quando o túbulo contornado proximal passa pelas arteríolas eferentes e aferentes temos o complexo justaglomerular, nesse complexo a célula do TCD se chama mácula densa e a célula endotelial da arteríola temos a célula justaglomerular onde temos a renina O glomérulo é responsável pela filtração do sangue, e para que ocorra essa filtração o sangue deve passar pelo capilar glomerular, que possui 3 camadas: (1) Células endoteliais fenestradas; Apresenta grandes fenestrações, o que explica a alta taxa de filtração. Embora apresente fenestrações, as células endoteliais são ricamente envolvidas por cargas fixas negativas que evitam a filtração de proteínas plasmáticas (2) Membrana basal: Membrana rica em proteoglicanos que possuem carga negativa (-), isso é essencial para manter a albumina dentro do capilar ja que esse proteína plasmática possui carga negativa (-), passando pelo capilar fenestrado mas quando chega na membrana ,que possui proteoglicanos, ela é repelida e volta para o capilar. Pequenas proteínas passarão pela membrana basal, porém, são reabsorvidas no TCD (3) Células epiteliais que possuem um poro: Camada de células epiteliais que revestem descontínuamente a superfície externa do glomérulo. São separados por lacunas, as fendas de filtração, que permitem a passagem do filtrado glomerular. OBS.: Urina espumosa pode ser sinal de grande quantidade de proteína na urina, isso ocorre devido a um síndrome nefrítica, onde o glomérulo sofre inflamação e deixa proteína ser excretada ● Determinantes da intensidade da filtração glomerular A taxa de filtração glomerular é determinada pelo equilíbrio das forças hidrostáticas e coloidosmóticas, agindo através da membrana capilar, e pelo coeficiente de filtração capilar (Kf), uma constante determinada pela permeabilidade da membrana capilar e sua área de superfície. Pressão hidrostática na Cápsula de Bowman (18 mmHg): A pressão hidrostática na cápsula de Bowman atua contra a filtração glomerular, sendo assim, um aumento dessa pressão diminui a taxa de filtração glomerular. Alterações na PB não são um mecanismo de regulação da TFG, mas são particularmente importantes em certas condições patológicas, como a obstrução do trato urinário, que tende ao acúmulo de urina, e ao aumento da PB, o que diminui a TFG. Pressão Coloidosmótica Capilar (32mmHG ): é determinada pela concentração plasmática de proteínas. Como durante a filtração a concentração de proteínas no capilar aumenta, pois 20% do plasma é normalmente filtrado, a pressão coloidosmótica capilar tende a aumentar da extremidade aferente ( 28 mmHg) para a extremidade eferente (36mmHg), assumindo um valor numérico médio de 32 mmHg. Assim, dois fatores tendem a influenciar a pressão coloidosmótica capilar: a pressão coloidosmótica no plasma arterial, e a fração de filtração. Pressão Hidrostática Glomerular (60 mmHg ): é a forma de controle primário da TFG. Como é a única força efetiva a favor da filtração glomerular, um aumento na causa um aumento na TFG, e uma queda na causa uma queda na TFG. Três são as variáveis fisiológicas que regulam a pressão hidrostática glomerular: pressão arterial, resistência arteriolar aferente, e resistência arteriolar eferente. Ou seja, dentro do espaço da cápsula de Bowman temos pressão hidrostática, porém, não temos pressão oncótica já que na cápsula não existem proteínas. Essa pressão hidrostática ela se opõe e a pressão oncótica do capilar também se opõem, ou seja, a única que está favorecendo é a pressão hidrostática que “empurra” para filtrar enquanto as outras duas “empurram” para não filtrar. A pressão efetiva de fluxo favorece a filtração pois seu Valor é maior Se a pessoa tem uma cirrose hepática ela tem um déficit de proteínas plasmáticas causando uma diminuição da pressão oncótica causando um aumento na filtração e um aumento na diurese. Ou seja, qualquer fator que contrai a arteríola aferente aumenta a pressão hidrostática aumentando a filtração e diurese OBS.: Hidronefrose - Causado por um cálculo renal que obstrui o ureter, causando um acúmulo de urina e como consequência uma dilatação da pelve renal que afeta os néfrons os destruindo, levando a uma insuficiência renal. Aumentando a pressão hidrostática da cápsula de Bowman ● Reabsorção Tubular e Secreção tubular → É feita por meio de transporte passivo e ativo Taxa de filtração glomerular normal - No homem: 140 - 197 l/dia - Na mulher: 127 - 184 l/dia Volume filtrado/dia - 100 ml/min x 1440 min = 144 litros/dia Volume de diurese/dia - 1 a 2 litros/dia O plasma pode ser filtrado e processado por cerca de 60 vezes por dia
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