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P1 - Infância e Juventude - Larissa Alves

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Curso: Direito
Disciplina: Direito da Infância e Juventude
Aluna: Larissa Oliveira Alves
Período: 9º “A”, Manhã
QUESTÃO: Caio, um adolescente de 13 anos, ficou com média baixa em uma disciplina da
escola. A professora exigiu que Caio levasse o boletim contendo a nota – uma média 2,5 em
matemática -, para o seus pais, e retornasse com um documento assinado que comprova a
ciência dos genitores.
Caio atendeu à exigência da professora e, no dia seguinte, retornou à aula usando óculos
escuros. A professora pediu a Caio que retirasse os óculos no interior da sala de aula e,
quando Caio tirou os óculos, viu que o menor tinha um hematoma no olho esquerdo. A
professora chamou Caio para conversar fora da sala de aula, e recebeu do jovem a informação
de que seu pai o teria agredido com um soco ao ver o boletim. Caio disse que seu pai teria
ficado muito nervoso com a nota, e teria perdido o controle.
A professora informou à Diretora da Escola, que respondeu que nada podia fazer, pois suas
responsabilidades se limitavam ao espaço escolar, não podendo interferir em questões
familiares.
Suponha que a professora o procure, em busca de orientação. Aponte todos os elementos,
irregularidades, medidas aplicáveis e as autoridades capazes de tomar as providências
cabíveis.
RESPOSTA:
De início, nota-se que Caio teve a sua integridade física violada pelo seu pai, o que vai
em discordância com o art. 5º XLIX da Constituição Federal, com os artigos 18-A e 17 do
Estatuto da Criança, que garante o direito ao respeito de ter a inviolabilidade da integridade
física, psíquica e moral da criança e do adolescente e o não uso de castigo físico para
educar-lo. Além disso, o Estatuto da Criança e do Adolescente dispõe que é dever de todos
zelar pela dignidade do menor salvando-o de tratamento violento, constrangedor ou
aterrorizador (art. 18).
Em relação à diretora da Escola, o artigo 56 I dispõe que os dirigentes de
estabelecimentos de ensino fundamental devem comunicar ao Conselho Tutelar os casos de
maus-tratos envolvendo seus alunos, mesmo em ambiente fora do domínio escolar. No caso
em estudo, ela se omitiu ao não agir de forma direta na situação que foi apresentada, além de
não seguir as regras dispostas no ECA. A diretora poderia ter realizado um diálogo com Caio
e seus pais, para saber o que está acontecendo com seu rendimento escolar e se não havia um
motivo para suas notas em matemática estarem baixas, ainda mais que essa nota baixa foi o
motivo da agressão.
Ainda por cima, cabe à diretora da escola uma infração administrativa com base no
artigo 245 do ECA, por não ter comunicado à autoridade competente o caso da violência
ocorrida contra o aluno. “Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável por estabelecimento de
atenção à saúde e de ensino fundamental, pré-escola ou creche, de comunicar à autoridade competente os casos
de que tenha conhecimento, envolvendo suspeita ou confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente:
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência”.
O artigo 131 do mesmo dispositivo estabelece que o Conselho Tutelar “é um órgão
permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo
cumprimento dos direitos da criança e do adolescente”. Ademais, o artigo 70 afirma que é
dever de toda a sociedade prevenir a ocorrência de violação dos direitos da criança e do
adolescente. O artigo 227 da CF e o artigo 4º do ECA dispõem que é dever da família, da
sociedade e do Estado assegurar aos menores o direito à vida, à saúde, à educação, ao respeito
entre outros, além de protegê-los das negligências, crueldade, violência e opressão. Cabe ao
Estado promover programas de assistência à saúde do menor, sendo admitida a participação
de entidades não governamentais.
Dessa forma, é competente as autoridades da União, Estados e Municípios a atuação
“de forma articulada na elaboração de políticas públicas e na execução de ações destinadas a
coibir o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante e difundir formas não
violentas de educação de crianças e de adolescentes, como por exemplo, o incentivo às
práticas de resolução pacífica de conflitos que envolvam violência contra o menor e a
capacitação de profissionais de educação ou assistência social para identificarem as
evidências de violências.” (art 70-A).
Vale ressaltar que a conduta do pai de Caio é contrária ao que o artigo 18-A dispõe.
Pois o mesmo assegura que o menor de idade tenha o direito à educação sem a utilização de
tratamento cruel ou castigo físico, pelos pais, como uma forma de correção, disciplina ou
educação. “Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de ser educados e cuidados sem o uso de castigo
físico ou de tratamento cruel ou degradante, como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro
pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família ampliada, pelos responsáveis, pelos agentes públicos executores
de medidas socioeducativas ou por qualquer pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou
protegê-los”.
Além disso, o artigo 18-B dispõe que de acordo com a gravidade da situação, é
possível o: “I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção à família; II - encaminhamento
a tratamento psicológico ou psiquiátrico; III - encaminhamento a cursos ou programas de orientação; IV -
obrigação de encaminhar a criança a tratamento especializado;V - advertência”.

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