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resumo crítico os camponeses e a política no Brasil

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA
DISCIPLINA DE GEOGRAFIA AGRÁRIA
PROF. DR. FRANCISCO AMARO GOMES DE ALENCAR
Maria Alice Alves Araújo
Patrick Kelton Sousa Silva
Thais Vitória Sousa Gomes
Victória Maria Dias Lima
Resumo crítico de: MARTINS, J. S. Os Camponeses e a Política no Brasil. Petrópolis: Vozes, p.
21-102, 1981.
O primeiro capítulo do livro escrito por Martins inicia analisando os termos "camponês" e
"campesinato". Para ele, estes são os termos políticos usados pela esquerda para definir os
trabalhadores rurais e sua luta. No passado, esses trabalhadores eram definidos em diversos termos,
tais como: caipira, bóia-fria, caiçara, etc. Esses termos geralmente têm um significado ambíguo e
pejorativo, uma vez que na maioria das vezes se referia a pessoas que vivem longe da cidade, como
também a pessoas atrasadas e ignorantes. Da mesma forma, havia vários termos para os
proprietários das terras em que essas pessoas trabalhavam. Anteriormente, eles eram chamados de
estancieiros, senhores de engenho, fazendeiros, etc. E também mudaram sua designação, passando
então a serem chamados de latifundiários.
Essas duas novas palavras - camponês e latifundiário - são palavras políticas que têm suas
raízes em uma concepção histórica, de lutas políticas e confrontos entre as classes sociais. Dessa
forma, o camponês não é só mais aquele que mora no campo, mas é um sujeito social, que não só se
“contrapõe” a cidade, mas a toda uma estrutura de sociedade.
Todavia, segundo o autor existia uma concepção do destino do camponês que remetia ao camponês
da Revolução russa de 1917:
O destino destes camponeses brasileiros passa a ser concebido através de um
entendimento estrangeiro de destino do camponês (como estranha é a própria
palavra nova que o designa) e que não corresponde à sua realidade, às contradições
que vive, ao destino real que nasce de fato dessas contradições e não da imaginação
política. (MARTINS, 1981, p.23)
Martins fala que estas palavras de sentido pejorativo “definem” o camponês como aquele que
está à margem da sociedade, um excluído. E por conta disso, os militantes, partidos e organizações
políticas vão acabar por enxergar também o trabalhador rural dessa forma, lidando com eles como
se fossem “os atrasados” dentro do debate político. Essa visão distorcida implicará ainda à maneira
como o camponês será tratado, uma vez que por ser tratado como sujeito não essencial ao debate,
estes que se dizem seus aliados - a esquerda - os trata como meros sujeitos incapazes de fazer
história, mas somente úteis à aliança subordinada no que diz respeito às diretrizes da classe
operária. (MARTINS, 1981)
O distanciamento do camponês do debate político se deu de forma tão intensa que, até mesmo
dentro da história contemporânea do Brasil, muitos acontecimentos dentro da história de luta do
campesinato, são desconhecidos pela imensa maioria da população e também da comunidade
acadêmica, sendo assim a história conhecida e lida na academia é uma história urbana. Da mesma
forma também acontece com o indígena, esse que até hoje sofre e luta para ser ouvido e que
também não teve a sua história reconstruída; e acontece também com a população preta. Em linhas
gerais, a história do Brasil se ergue sobre os ombros de homens brancos, colonizadores e burgueses.
O autor então, faz um apanhado três grandes momentos históricos vividos pelos grupos
historicamente apagados, ele cita: A guerra do Contestado, guerra camponesa de 1912 que abrangeu
mais de 20 mil rebeldes; a guerra de Canudos, guerra de camponeses e ex-escravos no sertão
baiano; e a Revolta do Formoso, que implantou um território livre e dominado por camponeses no
estado de Goiás por mais de 10 anos. Também é importante ressaltar que todos os conflitos
camponeses são os únicos, na história política do Brasil, a envolver confronto direto com o
Exército; diferenciar os levantes.
Origens sociais do campesinato tradicional
Segundo o autor, no período colonial, quem não tivesse “sangue limpo” (indígenas, pretos,
mestiços, bastardos) estava automaticamente excluído da herança de terras. Além destes, os
excluídos do morgadio também entram na categoria dos excluídos da herança de terras; o morgadio
diz respeito ao regime de que dava a posse sobre a terra ao primogênito, tendo sido extinto apenas
no Império em 1835 com a finalidade de evitar a construção de uma aristocracia fundiária no
Senado. O fim da prática do morgadio, entretanto, não impedia que novas fazendas se constituíssem
por meio da ocupação e uso da terra; e era dessa forma que funcionava a concessão de sesmarias.
Mesmo antes do fim do morgadio a prática da ocupação da terra pelos que não eram os
beneficiários do morgadio era muito recorrente, e com o fim da prática a ocupação de terras
tornou-se ainda mais forte, sendo assim os considerados “sangue limpo” ganham enormes
vantagens frente a massa de excluídos, uma vez que a coroa portuguesa devido aos seus
mecanismos tradicionais de exclusão jamais permitiria que um impuro de sangue alçasse à chance
de ser sesmeiro.
O autor também aborda a questão dos posseiros, estes que eram pequenos camponeses
inseridos dentro das grandes propriedades dos sesmeiro, tinham direito a uma mera indenização
caso o sesmeiro não o quisesse em sua propriedade, mas o título da terra era do sesmeiro e como
explicado no parágrafo acima a situação para os grupos excluídos era bem mais complexa. Sendo
assim, os direitos dos “agregados” era apenas uma pequena extensão de todos os direitos que o
fazendeiro - dono da terra - tinha, apesar de a relação entre as partes não ser escravista, era uma
relação de “troca”, mas uma troca muito desigual, onde quem sempre saia beneficiado era o
fazendeiro, esse tipo de relação de troca mais tarde ficou conhecida como arrendamento. Apesar de
tudo, o trabalho agrário no Brasil se fundamenta fortemente no escravismo, deixando então de lado
o camponês. Segundo o autor, o uso do escravo preto africano era mais lucrativo pois se tirava lucro
da comercialização dos escravizados. Ao camponês eram delegadas tarefas mais essenciais e de
complementação à uma economia construída sob o trabalho escravo, estes, a exemplo, as fazendas
cafeeiras, eles abriam novas fazendas, derrubavam a mata e faziam o preparo da terra e em troca
podiam fazer pequenas plantações de produtos de subsistência como milho, feijão, arroz e algodão.
Sendo assim, o camponês se vê excluído por todos os lados, já que de um lado a posse de
terra lhe é negada por não fazer parte de “uma elite” e por outro se ver negado ao trabalho por não
ser mão de escrava e por isso incapaz de ser lucrativo.
As grandes lutas que ocorreram no Brasil coincidem com o começo da República no país e o
fim do Império. Foram combatidas por forças militares, sertão de Canudos, na Bahia, sertão de
Contestado, no Paraná, e Santa Catarina, por tentativas de retomada da monarquia. Duas mudanças
atingiram os camponeses naquele período. O fim da escravatura negra e a transferência de terras do
patrimônio da União para o dos Estados. Com essas medidas ocorreu a Lei de Terras que estabelecia
a proibição da aquisição de terras devolutas que não fossem o título de compra. Logo uma lei que
afetava diretamente os camponeses do período que migraram para áreas ainda não concedidas e lá
abriram suas posses. Portanto, os que não tiveram suas posses legitimadas poderiam continuar como
assalariados em uma fazenda, para a economia de pecúlio para que futuramente pudessem comprar
suas próprias terras.
A República encontra a alteração nas bases sociais, o foco se encontra na disputa por terras.
Na mesma época, dentro do plano político da República estava também dar mais direitos de
cidadania para os escravos libertos e, juntamente a isso, a eliminação da renda mínima para a
participação na política. Entretanto, algumas modificações não afetaram a instituição antiga.
Desde que a Colônia arregimentava os grandesproprietários de terras e escravos,
criando-lhes um séquito de subalternos que os tinham como interpostas pessoas
entre o poder do público e o poder privado dos poderosos(...) uma força militar
auxiliar que arregimentava os civis, eventualmente em situações de conflito e
permanentemente para a execução de serviços de mão-comum, como era o caso de
abertura, manutenção e reparo de estradas. (SOUZA MARTINS, 1981).
Logo no início do século XX foi criada a "política dos governadores" durante a presidência de
Campos Sales, ocorria com base em troca de favores dentro da política. Existia um grande sistema
de reciprocidade entre os governadores e os coronéis, ocorria nomeações de funcionários
municipais a autoridades policiais, todos por indicação, além disso a facilidade da aquisição de
terras e favores em construção de obras públicas.
Na época o sistema eleitoral de cada coronel se baseava em sua clientela, geralmente, além de
fazendeiros, os coronéis eram comerciantes com clientes que poderiam até mesmo serem pequenos
comerciantes que se encontravam sob tutela política dos grandes. Naquele período o voto era
mercadoria, portanto muito era oferecido em troca do voto e da fidelidade de cada eleitor, coisas
mais simples como um par de sapatos ou até mesmo pedaços de terras para o morador. Para manter
o controle da política local, os coronéis necessitavam dos votos assegurados.
Foi oferecido um sistema de exclusão dentro da política durante o coronelismo, onde aqueles
que não conseguiam movimentar uma clientela não tinham como negociar possíveis posições
políticas. Junto a isso eram inúmeras as fraudes nas eleições, com assinaturas falsas para voto de
pessoas já falecidas, com quase 20 anos depois foi instalado um novo recadastramento eleitoral com
título de eleitor e isso gerou uma diminuição significativa na quantidade de eleitores.
Ainda assim, os coronéis, para valer o poder dentro da região, tinham muitos agregados. E por
serem membros da guarda nacional era esperado a mobilização de tropas para possíveis conflitos,
até mesmo externos como durante a Guerra do Paraguai. Apesar de motivações conflituosas serem
de cunho político, tinham a ver com a tentativa de tomada de terras e expulsão de concorrentes na
região, portanto, os combates entre os coronéis e os sertanejos ocorriam, os mais graves, com a
mobilização de centenas de jagunços.
Essa é, provavelmente, a razão principal para não se confundir o clientelismo
político com a sujeição feudal (...) Uma liberdade que, no âmbito da troca, era
totalmente dominada pelo poder monopolístico do fazendeiro, comerciante e
coronel. Por isso, a liberdade do camponês é nessa época marcadamente exercida
como liberdade de locomoção, de deixar uma fazenda por outra. (SOUZA
MARTINS, 1981).
Dado a isso, no nordeste entre 1890 a 1910 milhares de camponeses foram em direção à
Amazônia, para participar da extração da borracha, que na época se tornou um produto de tão
grande importância econômica quanto o café. A partir daí, os primeiros anos de luta camponesa
começaram durante a República, tornando-se também intensas e generalizadas lutas de coronéis
contra coronéis. As lutas dessa época foram constituídas pelos movimentos messiânicos, que
também culminaram na Guerra de Canudos e na Guerra do Contestado.
Se tratando do Messianismo e Cangaço, dando início a crise do sistema coronelismo. Mas
zonas sertanejas esse foi um período de grandes disputas por terras e pela hegemonia comercial.
Ainda no século XIX, quando as terras devolutas passaram a pertencer ao Estado, houve espaço
para a especulação imobiliária em várias regiões, necessitando da regularização de limites entre as
fazendas.
Já na região Sul, de grande relação à economia de exportação. Uma região de gado, mas
também de atividade de extração da erva-mate, onde era nativa. Com isso tinham não só agregados
das fazendas, mas também os posseiros dedicados ao trabalho do mate. Foram desenvolvidos por
estrangeiros programas de colonização, a partir de 1911, juntamente com a tensão por ter centenas
de desempregados.
Com as duas regiões sertanejas aconteceram movimentos messiânicos que rapidamente se
tornaram uma guerra civil. Com Antônio Conselheiro, na Bahia, muitos ex escravos, camponeses,
jagunços, vaqueiros estavam a terminar uma peregrinação iniciada nos anos 70. Era um homem
culto que após inúmeras peregrinações pelo Nordeste se instalou em uma fazenda às margens do rio
Vaza-Barris, Canudos. Sendo fundada grande povoação chamada de Belo Monte. Logo em
1896-1897 a comunidade de Antônio Conselheiro foi combatida pelo exército, acusados de serem
monarquistas, um enorme crime político na época. Apesar disso, o movimento religioso de Antônio
teve início antes do fim da monarquia que se caracterizava por marcar a justiça parcial e de classe
dos coronéis. Durante a proclamação da República se estabilizou a "lei do cão" a ordem social do
mal e para Antônio Conselheiro e seus seguidores a monarquia era a "lei de Deus" a ordem social
do bem.
A região de Canudos era o futuro foco de tudo o que estava acontecendo, inclusive a guerra
contra os camponeses. Os problemas da comunidade de Antônio Conselheiro se iniciaram quando
foram rasgados os editais da Câmara Bom Conselho que determinava a cobrança de impostos que
mais tarde o mesmo juiz com que ocorreu essa ocasião, foi o responsável pela acusação de
Conselheiro. Canudos por finalidade foi interpretada como o temor republicano, militar e de
restauração da monarquia.
A Guerra de Canudos se deu a partir dos desdobramentos dos combates entre os sertanejos e
os coronéis e o governo, derrotar a comunidade de Canudos passou a ser indispensável na disputa
pelo poder Federal aos interesses do café. Foram mandadas algumas expedições com soldados para
o ataque aos sertanejos, as três primeiras foram fortemente derrotadas pela comunidade que ao
combatê-los os sertanejos acreditavam estar combatendo os inimigos dos trabalhadores, a partir do
texto de Antônio Conselheiro.
Já na região Sul, de 1912 a 1916 também foi período de guerra entre os coronéis Francisco
Albuquerque e Henriquinho de Almeida. O monge José Maria teve uma relação com o coronel
Henriquinho de Almeida e isso motiva a Francisco Albuquerque que ao temer o crescimento da
oposição denuncia o governador com a acusado de ter criado uma monarquia nos sertões de
Taquaraçu.
Com José Maria e seus seguidores no estado do Paraná foi vista como uma invasão. João
Gualberto era o comandante da Polícia Militar e organizou uma tropa para atacar aqueles que
estavam no estado, entretanto antes mesmo do ataque, José Maria pediu por tempo para uma
mudança rumo ao Mato Grosso. Mas na mesma noite o ataque ocorreu e José Maria foi morto,
juntamente com boa parte de seus seguidores, além disso entre o combate o coronel João Gualberto
também foi morto. Após esta batalha camponeses conseguiram muitas armas e munições dos
inimigos, numa guerra que durou quase quatro anos com o envolvimento de mais de vinte mil
camponeses.
Os sertanejos do Contestado continuaram com vilas santas, com seu território segregado. Daí
partiram para atacar uma cidade da região, após isso marcharam rumo a Porto União dando início a
Guerra Santa em setembro de 1914. Ainda no Contestado, como na Guerra de Canudos, os
camponeses foram fortemente derrotados e sem forças para lutar tomaram conta dos redutos.
Nos movimentos messiânicos a visão criada pela organização era de contra a república
coronelista, já a transferência de poder com o Estado e a ordem privada que era representada pelos
donos de fazenda e comerciários, ou seja, o banditismo não era tão explícito. O banditismo do
Nordeste acontecia desde a Colônia, entretanto ganhou popularidade durante com o coronelismo da
República. Com o exército privado de Jagunços, já chamados de "sertanejos em armas" de
Contestado e Canudos, mas a maioria desses jagunços eram trabalhadores dos fazendeiros,
moradores ou agregados da fazenda e tinhamcomo ordem de trabalho lutar em defesa dos
fazendeiros.
Como o uso de jagunços se tornou normal nas guerras, aliando-se às forças policiais surgiu o
denominado "jagunço rebelde" ou "pistola de aluguel" que eram contratados para tais como guerra
ou até mesmo para a prática de crimes por encomenda, não necessariamente agregados das
fazendas. Basicamente estavam em conflitos familiares com crimes de honra, vingança, ou luta por
terras. Existe uma comparação entre jagunços e cangaceiros da época, em destaque a diferença entre
os dois está logo em que jagunços trabalhavam a mando de patrão, já cangaceiros eram livres.
Há quem suponha que o cangaceiro é o jagunço que se libertou da tutela do
fazendeiro e do coronel. A questão, entretanto, não é assim tão simples. O jagunço
não podia lutar senão pelo seu patrão, não era um rebelde, mas um
dependente.(SOUZA MARTINS, 1981).
Antônio Silvino, considerado o cangaceiro mais importante do banditismo rural brasileiro.
Ainda jovem, vingou o pai, presente em Pernambuco, Paraíba e Ceará, foi preso ainda em 1914 e
em 1937 foi absolvido por Getúlio Vargas. O bando de Silvino não atacava camponeses ou
trabalhadores e sim os grandes fazendeiros e casas de comércio, fazia distribuição dos saques com
os mais pobres era muito admirado.
Outro importante e significativo cangaceiro foi Lampião, em 1917 deu início à sua jornada,
não sempre tão célebre quanto Antônio, chegou a fazer vinganças privadas e sem a distinção dos
ricos e pobres, tendo ligação com grandes fazendeiros. Foi morto em 1938.
O banditismo e o misticismo não se anulavam, Padre Cícero foi um líder messiânico que era
líder de uma região que produziu inúmeros jagunços, em Juazeiro do Norte. O mesmo foi quem
tentou armar Lampião contra a Coluna Prestes. Nesse caso a rebeldia de Padre Cícero o custou a
igreja, assim juntou-se a jagunços e coronéis.
O cangaço e o Messianismo impuseram limites à rebeldia camponesa no meio do
coronelismo. As lutas messiânicas se tornaram grandes combates pelas comunidades terem sido
atacadas por representarem perigo para a atual ordem construída, a República. Euclides da Cunha
foi o maior cronista da época, retratou a Guerra de Canudos com preconceito aos sertanejos, mesmo
considerado socialista, expressou preconceito com os camponeses em luta. O combate contra os
mais pobres não era uma luta contra a monarquia e sim uma subversão dos pobres do campo.
Inúmeros são os movimentos de luta pela terra e na terra na sociedade brasileira, com diferentes
ideologias e estratégias de atuação, princípios políticos e formas de surgimento. Dessa forma, no ponto
quatro, do capítulo 1, retrata a história de luta e resistência dos camponeses. Nesse sentido, Martins
relata que o messianismo, o cangaço e a relação dos camponeses foram movimentos primordiais que se
baseavam em critérios contestadores da ordem social, consequentemente, gerando uma resistência de
classe. As terras, que foram subproduto da escravidão, passam a ter um papel muito importante para
entender a piramide social que os individuos estavam inseridos, ou seja, a apropriação das terras pelos
fazendeiros necessita de um trabalho livre, no qual foi um instrumento para arrancar do campones mais
trabalho. Todo esse processo é relatado com muita violência pessoal e direta, resultando na resistência
de classes.
Segundo Martins com passar dos anos as formas de exploração e explorados foram sendo
modificadas:
Antes, o fundamento da dominação e da exploração era o escravo; agora passa a ser a
terra. É a terra , a disputa pela terra, que trazem para o confronto direto camponeses e
fazendeiros. A mediação do escravismo disfarçara anteriormente esse confronto, fizera
do mestiço livre um aliado da escravidão, um excluido da escravidão, um liberto.
(MARTINS, 1981, p.63)
Dessa forma, com a modificação da forma do trabalho escravo, e a revelação de uma nova
configuração de dominação, evidenciou a contradição que separava os exploradores e os explorados. “
Sendo a terra a mediação desse antagonismo, em torno dela passa a girar o confronto e o conflito de
fazendeiros e camponeses. “ ( Martins,1981, p.63) E assim nasce a resistência dos povos camponeses,
pois mesmo com “ o fim da escravidão “, não foi o bastante para remover as injustiças no campo. No
Nordeste latifundiário do açúcar e do algodão, nasce Canudos, importante representação do movimento
de resistência à ordem republicana, liderado por Antônio Conselheiro. A construção de um território
soberano de uso coletivo da terra, foi visto como ameaça à república, ou seja, os residentes em
Canudos foram ameaçados pelo o exército portugues, mas com o enorme contingente, as forças
militares sofreram severas derrotas pelo povo de Canudos que em nenhum momento se rendeu, sendo
exterminados após um ano de intensos e sucessivos combates.
Outro importante momento de luta camponesa para a garantia da terra ocorreu no território de
Goiás por volta de 1948 às margens da estrada Transbrasiliana, que se transformaria na rodovia
Belém-Brasília em 1961. Camponeses originários do Maranhão e do Piauí chegaram à região,
liderados por José Porfírio e abriram posses numa área de terras devolutas. As mesmas terras,
entretanto, já haviam sido griladas por um grupo de fazendeiros, dentre eles o juiz local.
Nesse sentido, os fazendeiros queriam transformar os camponeses em parceiros de terras, em
contrapartida houve uma recusa e os fazendeiros lançaram os jagunços sobre os camponeses.
Somente com as Ligas Camponesas nas décadas de 1950 e 1960 é que a luta pela terra ganhou
dimensão nacional. As lutas de Canudos, na Bahia; Contestado, entre Santa Catarina e Paraná; a
guerrilha de Porecatu, também no Paraná, representam para a sociedade grande importância para o
movimento do enfrentamento camponês ao Estado e aos latifundiários. Mas foram conflitos sem
articulação nacional. O Brasil nos anos de 1945 enfrentava uma nova configuração espacial, no qual
retornava ao regime de garantias democráticas, ou seja, com um clima de grande mobilização no
campo em diversos estados. Nesse período destacou-se a influência do Partido Comunista como única
organização que se dedicava às massas rurais.
Entretanto, durante esse processo o governo empenhou-se na concessão de cartas de
reconhecimento aos sindicatos de trabalhadores rurais, consequentemente levando a um rápido
desenvolvimento do movimento sindicalista no Nordeste. Segundo Martins;
Começa a haver um refluxo nas ligas camponesas , ligas sendo convertidas em
sindicatos, o que leva Julião a produzir um famoso documento , “ Bença Mãe”,
sugerindo que a participação na liga e vice-versa. O problema, entretanto, estava nas
disputas entre as ligas , de um lado, e o partido Comunista, de outro, este empenhado na
criação de sindicatos de trabalhadores rurais entre os trabalhadores da cana. (
Martins,1981, p.78)
Portanto, todo esse processo de disputa, na verdade, envolvia a diferença de pontos de vista e
propostas políticas. Nesse caso, as ligas camponesas partiam de pressupostos de uma revolução
camponesa, em contrapartida o Partido Comunista brasileiro visava uma direção de coexistência
pacífica, no qual a burguesia, que deveria resultar numa revolução democrática-burguesa. Todos esses
movimentos camponeses demonstram a sua singularidade em determinadas regiões, nesse período
mostram que eram absolutamente distintos entre si.
É notório que as diferentes formas de lutas e os diferentes movimentos presentes nesse período
tinham como objetivo expressar a luta dos povos camponeses contra a renda da terra. Fica evidente que
a diferença com outras situações históricas é que esses camponeses não encontravam pela frente uma
classe de proprietários de terra, de latifundiários. Nesse sentido, Martins relata que;
Eles encontravam pela frente uma classe de proprietários de terra que eram ao mesmo
tempo capitalista, numa situação histórica em que o arrendatário capitalista e o
proprietário não se personificaramem classes sociais diferentes. Por isso, mesmo é que
perdia todo sentido lutar por uma aliança de camponeses e operários com a burguesia
contra os latifundiários, como se estes constituíssem uma classe antiburguesa,
pré-capitalista. ( Martins,1981, p.80)
Em primeiro de agosto de 1950, no Brasil o partido comunista do Brasil (PCB) lançava um
documento que posteriormente seria conhecido como o manifesto de agosto,nele, defendia-se em
linha radical em relação aos problemas do campo. O D.Inocêncio, bispo adjunto a igreja católica em
10 de setembro lançava a sua primeira pastoral sobre situação no campo, com esse dois movimentos
coincidentemente lançados em períodos curtos de distância jamais passaria despercebido, os dois
grandes personagens políticos da história contemporâneo do campesinato brasileiro, tendo em conta
o despertar político dessa população tendo essa força propulsora.
Um tempo depois surgiram as ligas camponesas de influência política inicialmente apoiada e
estimulada pelos comunistas e depois por eles combatida. e por fim já nos anos 60, o trabalhismo de
Goulart procurará no poder, a que chegou pela renúncia de Jânio, disputando também sobre o
controle do movimento camponês. A mediação política a que se referíamos dava um novo sentido á
reinvidicação camponesa, situava o camponês numa perspectiva mais ampla, recuperando e
trazendo á luz as dores mais profundas da expropriação, da exploração, e da violência que ele sofria
na mão do coronel.Com esse processo de mudança revolucionária dos campesinatos a diferença de
situação foi radical que, com golpe de estado acometido, os coronéis restantes de muito tempo
recuados na hiistória foram revitalizados para construir uma precária legitimidade para a ditadura
militar ocorrido, enquanto, muitos da liga, comunistas,e no governo sofriam com esse regime,na
luta dos camponeses, amargaram o exílio, passram por tortura, e até mesmo câmara da morte.
O manifesto de 1950, defendia uma base social de ação política do partido comunista, composta
por operários,camponeses, e camadas médias, estas constituídas pelo funcionalismo pobre civil e
militar,pelos pequenos comerciantes e indústrias e pelos intelectuais. Considerando a estrutura
arcaica da economia brasileira, esse é o maior problema do país, sua economia baseada na terra
marcada por restos feudais, impedia o desenvolvimento da economia da indústria e do
desenvolvimento do mercado interno nacional. A mudança era o caminho da luta e o da mudança,o
da revolução: substituição da ditadura feudal-burguesa serviçal do imperialismo por um governo
revolucionário isso significa um governo democrático e popular, na parte do campo teria que fazer a
confiscação das grandes terras de latifundiários, assim repassando sem custo algum para a mão
daqueles que ali trabalhavam e teria pouca terras em sua posse, também seriam abolidas as formas
feudais de exploração, como a meia, a terça, o vale barracão, o pagamento dos trabalhadores seria
obrigatoriamente pago com dinheiro.O partido ainda preconizava ainda o voto para o analfabetoe a
ajuda e proteção dos povos indígenas, respeito às suas terras e estimula a sua organização e
economia independente.
Prestes observava o documento partidário em uma autocrítica que o Brasil não era mais de
grandes latifundiários e de grandes capitalistas a serviço do imperialismo americano assim afirmava
o partido, mas sim um estado de que participava também a burguesia que era interessada no
desenvolvimento da economia fora da terra, uma economia independente.
Na resolução do V congresso, de 1960, o PCB muda a ordem de referência falando
primeiramente (priorizando assim) em trabalhadores rurais e assim em segundo lugar nos
camponeses sem terra. Neste momento acaba dando ênfase apenas para um mudando assim também
a concepção da expansão do "mercado interno". Essa Mudança óbvia, em que o assalariado passa
para prioridade e o camponês para sem prioridade, causou o afastamento do PCB em relação às
ligas.
A igreja começou a entrar na questão agrária através da pastoral de D.Inocêncio, por uma porta
totalmente reacionária. Essa pastoral nasceu em uma reunião de fazendeiros, padres e professores e
não realmente em uma reunião com pessoas do próprio campo, com a preocupação da agitação que
estava chegando no campo, tendo a possibilidade da igreja perder os camponeses, como tinham
perdido os seus operários. Com o intuito de "salvarem" essas pessoas do comunismo, no entender
dos bispos,a fixação do homem a terra evitaria o êxodo, a proletarização, transformando assim os
trabalhadores em pequenos proprietários, assim, ampliando o número de pequenos proletários para
salvar a propriedade privada. As ligas dos camponeses procuraram atuar no marco da legalidade,
princípio definido desde o começo da sua existência, contradições internas continuaram até seu fim
na ditadura militar que foi o que lhe exterminou, sendo responsável antes disso por definir a
reforma agrária radical em termos opostos ao que o PCB e da igreja. O projeto das ligas de
revolucionar na ditadura militar por meio de guerrilhas foi mal sucedido, seus campos de
treinamentos foram descobertos e desativados pelo exército brasilieiro que os perseguiam esse
tempo todo para colocar um fim em sua linha de pensamento. O resultado do fato que a agricultura
brasileira havia se constituído em um ponto não mais sustentável da economia devido a insuficiente
oferta de alimentos, que decorria pelo fato de grandes latifúndios serem totalmente improdutivos,
enquanto inúmeros camponeses estavam sem suas terras para produzir e aumentar a oferta de
alimentos , a solução para amenizar esse estrangulamento seria exatamente a reforma agrária para
que seja partilhada a terra improdutiva para os pequenos agricultores em visão de aumentar a
produção e ter uma maior oferta de alimentos, ampliando o mercado interno.
Isso nos indica que diferentes grupos que procuraram trazer de volta a voz dos camponeses e
colocar eles em dimensão política, seja em lutas imediatas, em movimentos sociais,seja nas
associações e em sindicatos, para colocar sua queixa à tona e fazer sua queixa, uma queixa política
e permanente, empenharam-se de diferentes modos, diferentes intensidades,em evitar uma
revolução camponesa no Brasil.
Enquanto as lutas camponesas naquela conjuntura de opressão militar não se definia nenhuma a
revolução camponesa como um projeto por causa do intenso anos do regime militar na década de
60. Não surgiu nenhuma organização em âmbito nacional. No máximo oque se chegou foi uma
proposta de reforma agrária radical, que se uma vez concretizada mexeria em uma grande na
transformação da propriedade de terra.
O estatuto da terra foi aprovado bem rápido pelo congresso nacional e, dentro dele, com as
mesmas vertentes políticas que perduram os 18 anos a seguir à promulgação da Constituição de
1946 havendo assim a criação de inúmeros empecilhos para derrubar qualquer medida sobre
reforma agrária , em menos de um período de 15 dias após o envio da mensagem ao congresso, os
senadores e deputados aprovaram, a emenda constitucional que removia o obstáculo do artigo 147,
permitindo a desapropriação de terras por interesse social sem nenhum auxílio, sem indenização em
dinheiro bastando que fosse títulos especiais da dívida pública.
Essa mudança que foi implantada pelo governo militar foi baseada na distinção das propriedades
não apenas pelo tamanho como fazia o governo,que se dirigia seus ataques como latifúndios
improdutivos, também foi diferenciado pela intensidade de utilização e também se diferencia na
forma social do uso da terra.
A burguesia por sua vez busca solução para o problema fundiário, que foi definida no estatuto da
terra, encontrou barreiras nas próprias contradições militares e sobretudo a própria tentativa de
alijamento do campesinato, do debate político e do pacto político. A burguesia com o estatuto e
contracionismo da terra definiu a questão agrária não comouma questão política mas como
acessória do desenvolvimento econômico.
O Campesinato lutou muito nos últimos anos para que conseguissem forçar o governo para fazer
o uso de dispositivo do estatuto da terra que prevê a desapropriação por interesse social em caso de
tensões sociais pois, em caso de conflito as tensões se tornaram diárias. A burguesia em sua vez se
inquieta com o aumento dos conflitos no campo, e com as concessões do governo, acaba de se
manifestar sobre a questão fundiária falando em uma nova ordem na agricultura. Procurando salvar
ainda concepções que lhe são essenciais. A burguesia dá ênfase outra vez a empresa como solução
do problema agrário em contra partida a burguesia condena os investidores patrimoniais que
compram terra como reserva de valor e especulação. A situação do campesinato se torna mais difícil
nesse momento porque as suas lutas progrediram bastante diante dos partidos políticos, clandestinos
ou não clandestinos, premidos pela rapidez e pela voracidade do avanço do capital e dos grandes
grupos econômicos sobre a agricultura e sobre a terra.

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