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A disciplina em crise- a disputa metodológica na ciência política norte americana

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171Perspectivas, São Paulo, v. 38, p. 171-194, jul./dez. 2010
ESBOÇO DE UMA DISCIPLINA EM CRISE: A DISPUTA 
METODOLÓGICA NA CIÊNCIA POLÍTICA NORTE-
AMERICANA
Christina W. ANDREWS1
 RESUMO: Este artigo toma a mais recente disputa metodológica 
na Ciência Política norte-americana como ponto de reflexão de 
questões permeando a disciplina e seu papel nas Ciências Sociais. 
Essa disputa tornou-se pública em 2003, quando um grupo de 
mais de 200 cientistas políticos norte-americanos manifestou-
se contra a linha editorial adotada pela revista American 
Political Science Review, que dava preferência à publicação 
de artigos baseados em modelos matemáticos e na teoria dos 
jogos. O artigo apresenta as origens históricas da fragmentação 
disciplinar das Ciências Sociais e discute suas consequências 
para a construção do conhecimento na área da Ciência Política na 
atualidade. Argumenta que a expansão de trabalhos acadêmicos 
que se identificam com subáreas das disciplinas tradicionais 
– i.e. Sociologia Política, Antropologia Política, Sociologia 
Econômica e Economia Política, etc. –, ao contrário de indicarem o 
aprofundamento da fragmentação das Ciências Sociais, mostram 
uma tendência para a recomposição de seu corpus metodológico.
  PALAVRAS-CHAVE: Disputa metodológica. Movimento 
Perestroika. Fragmentação disciplinar. Ciência política. Ciências 
sociais.
Introdução
Em 14 de outubro de 2000, um remetente usando o pseudônimo 
de “Mr. Perestroika” enviou a vários cientistas políticos norte-
1 UNIFESP – Universidade Federal de São Paulo. Departamento de Ciências Sociais. Guarulhos – SP – 
Brasil. 07252-312 – christina.andrews@unifesp.br.
172 Perspectivas, São Paulo, v. 38, p. 171-194, jul./dez. 2010
americanos uma mensagem eletrônica com aproximadamente 
duas páginas, na qual fazia uma série de queixas contra o status 
quo na associação norte-americana de Ciência Política – APSA – e 
na revista editada pela associação, a American Political Science 
Review – APSR (MR. PERESTROIKA, 2005). “Mr. Perestroika” se 
queixava de que o controle da APSA e da APSR estava restrito 
aos acadêmicos que adotavam uma abordagem metodológica 
quantitativa e um referencial teórico herdado da Economia. 
A disputa metodológica no contexto norte-americano havia 
extrapolado o debate intelectual, se configurando também em 
um embate por espaço acadêmico, como o protesto de “Mr. 
Perestroika” deixou claro:
Por que todos os artigos da APSR usam a mesma metodologia — 
estatística ou teoria dos jogos — com um artigo “simbólico” de teoria 
política que costuma ser um trabalho que foi rejeitado pela revista 
Political Theory [?] Onde estão [os estudos com as abordagens 
da] história política, história internacional, sociologia política, 
metodologia interpretativa, construtivistas, estudos de áreas, teoria 
crítica e last but not least — pós-modernismo? Por que não se pode 
ter 5% de artigos na APSR alocados na categoria incompreensíveis 
[?] Então sigam em frente e publiquem teoria dos jogos, estatística e 
pós-modernismo nessa categoria. (MR. PERESTROIKA, 2005, p.10).
O estilo agressivo, os erros de pontuação e a argumentação 
por vezes confusa da mensagem revelavam que a mesma havia 
sido escrita no “calor” de um momento de frustração. No entanto, 
isso não impediu que ela tivesse ampla repercussão nos meios 
acadêmicos dos EUA. O chamado “Manifesto Perestroika” 
expressava o que muitos já comentavam nos corredores das 
universidades e nos coffee breaks das conferências acadêmicas. A 
mensagem reverberava a insatisfação de um considerável número 
de cientistas políticos norte-americanos com os rumos da APSA e, 
principalmente, com o foco metodológico altamente especializado 
e restrito adotado pela APSR (HOCHSCHILD, 2005). 
Motivados pela iniciativa de “Mr. Perestroika”, algumas 
semanas depois do envio da mensagem anônima, 225 cientistas 
políticos norte-americanos (e alguns europeus e canadenses) 
– entre eles Seyla Benhabib, Thomas Berger, Peter Hall, 
Ben Schneider, Ian Shapiro, Charles Tilly e Theda Skocpol – 
apresentaram uma carta aberta aos membros e à diretoria da 
APSA, na qual corroboraram as queixas de “Mr. Perestroika”:
173Perspectivas, São Paulo, v. 38, p. 171-194, jul./dez. 2010
Por que a APSR e por que outros proeminentes fóruns profissionais 
parecem tão intensamente focados em métodos técnicos, em 
detrimento de grandes e substantivas questões políticas que 
intrigam atualmente um grande número de membros da APSA, 
assim como audiências intelectuais mais amplas? (ALLEN et al., 
2000, p.735).
Os signatários incitaram as lideranças da APSA a 
considerarem os problemas apontados com seriedade e a agirem 
de forma a abrir espaço na APSR para outras perspectivas teóricas 
e metodológicas da Ciência Política. 
Os sinais da glasnost não tardaram a aparecer. Em 2001, 
Theda Skocpol foi eleita presidente da APSA, sendo sucedida 
em 2003 por Susanne Hoeber Rudolph, outra signatária da 
carta-aberta (JACOBSEN, 2005). Outros membros do movimento 
Perestroika também passaram a ser indicados para postos na 
APSA. Em 2002, a APSA lançou uma nova revista – Perspectives 
on Politics – cujo propósito editorial é “[...] conectar resultados de 
pesquisa, inovações conceituais, ou desenvolvimentos teóricos 
a problemas reais da política.” (PERSPECTIVES ON POLITICS, 
2009). Quanto à APSR, ainda que sua linha editorial continuasse 
a privilegiar estudos empíricos e os modelos matemáticos, houve 
uma flexibilização no que refere às abordagens metodológicas: 
uma revisão das edições de setembro de 2002 a fevereiro de 
2004 mostrou que o número de artigos que adotaram métodos 
qualitativos correspondeu a 14% do total de artigos publicados, 
contra apenas 5% do que foi verificado nas edições de 1991 a 2000 
(PION-BERLIN; CLEARY, 2005). Quanto à ampliação do processo 
democrático na APSA – outra reivindicação dos perestroikans –, o 
que se observa é que não aconteceram mudanças substantivas. 
Em 2005, um comitê formado pelos professores Robert Axelrod 
e John Garcia examinou o sistema de preenchimento das vagas 
nos diversos comitês da APSA – baseado em indicações e não em 
eleições diretas –, concluindo que este era eficaz para garantir a 
diversidade na associação e por isso deveria ser mantido: “If it 
ain’t broke, don’t fix it” (AXELROD; GARCIA, 2005, p.2). 
Em que pese o progresso obtido pelos perestroikans, a 
disputa metodológica na Ciência Política não se extinguiu, uma 
vez que continua a ser impulsionada por seus dilemas internos e 
por sua relação com as demais disciplinas das Ciências Sociais. 
Com o objetivo de desvendar os contornos da crise na Ciência 
Política e seus possíveis desdobramentos, este artigo faz uma 
174 Perspectivas, São Paulo, v. 38, p. 171-194, jul./dez. 2010
análise crítica das questões epistemológicas e teóricas da mais 
recente disputa metodológica no contexto norte-americano. 
Iniciamos com uma breve discussão sobre a fragmentação das 
Ciências Sociais, para em seguida discutirmos os principais temas 
da disputa metodológica na Ciência Política norte-americana 
a partir dos anos 1950. Os desenvolvimentos mais recentes 
são abordados por meio da análise dos principais argumentos 
de dois livros paradigmáticos nesse debate. Concluímos com 
algumas considerações sobre as disputas metodológicas nos 
contextos norte-americano e brasileiro e sobre os possíveis 
desenvolvimentos dessa disputa no início do século XXI.
A ascensão da Economia e a fragmentação das Ciências 
Sociais 
A ascensão da Economia como a disciplina dominante 
nas Ciências Sociais tem sua origem na própria expansão do 
capitalismo e na sua ideologia liberal, como aponta Wallerstein 
(2006). A fragmentação das Ciências Sociais e a emergência 
de diferentes disciplinas da sociedade, portanto, seria um dos 
efeitos da ideologia liberal do século XIX:
A ideologia liberal envolvia o argumento de que o pilar do processo 
social era a delimitação cuidadosa de três esferas de atividade: as 
vinculadas ao mercado,as relacionadas ao Estado e as de cunho 
“pessoal”. Esta última categoria era primordialmente residual, 
enfeixando todas as atividades não associadas ao Estado nem 
ao mercado. […] O estudo dessas esferas distintas veio a receber 
o nome de Economia, Ciência Política e Sociologia. [...] As três 
“disciplinas” evoluíram como ciências universalizantes baseadas 
em pesquisas empíricas, tendo associado a si um forte componente 
de “ciência aplicada. (WALLERSTEIN, 2006, p.28).
A base empírica e nacional das disciplinas baseava-se na idéia 
de que elas deveriam ser úteis ao Estado e, de quebra, “menos 
subversivas no tocante às novas verdades” (WALLERSTEIN, 2006, 
p.29). As mudanças sociais eram consideradas normais apenas 
para as nações civilizadas, que tinham o dever de induzir essas 
mudanças em outros povos para fazê-los chegar à “civilização”. 
Em síntese, da perspectiva dos países capitalistas centrais, 
as mudanças sociais deveriam ser estudadas não só como 
175Perspectivas, São Paulo, v. 38, p. 171-194, jul./dez. 2010
instrumento para o aperfeiçoamento das sociedades civilizadas, 
mas também para remover os povos “primitivos” e “petrificados” 
(China, Índia e o mundo árabe) da sua imutabilidade.
No entanto, podemos notar que a transformação da própria ideia 
de política já havia ocorrido mesmo antes da institucionalização 
das disciplinas sociais. Segundo Habermas (1973), o ponto de 
inflexão entre a política clássica e a política moderna deu-se 
com Thomas Hobbes (1588-1679) e envolveu três aspectos. Em 
primeiro lugar, a política clássica, tal qual aparece na Ética de 
Aristóteles, correspondia à doutrina da vida “boa e justa”; nessa 
concepção, a própria natureza humana só poderia realizar-se por 
meio da política. A política moderna, porém, não retém mais uma 
relação com a ética. Em segundo lugar, a política clássica estava 
fundamentada na práxis, procedendo de maneira pedagógica e não 
técnica. Hobbes, porém, estabeleceu a política como uma ciência, 
acreditando que progresso da humanidade era obtido por meio da 
aplicação da tecnologia, acima de tudo da tecnologia política, capaz 
de determinar a correta formação do Estado. Finalmente, a política 
clássica não tem relação com as ciências que se fundamentam 
em uma episteme apodíctica, uma vez que o estudo do Justo e 
do Excelente depende de uma práxis variável e contingente que 
não pode ser restrita ao pressuposto da constância ontológica. No 
entendimento clássico, a política é conduzida por meio da phronesis, 
a compreensão prudente da situação. A partir de Hobbes a política 
passa a pressupor a constância do comportamento humano, o 
que possibilita transformar a aplicação do conhecimento em 
um problema técnico. “Os engenheiros da ordem correta podem 
desconsiderar as categorias dos relacionamentos éticos e limitar-
se à construção das condições sob as quais seres humanos, tal 
qual objetos na natureza, necessariamente se comportarão de uma 
maneira calculável” (HABERMAS, 1973, p.43). Dessa maneira, a 
política moderna foi expurgada de seus componentes normativos, 
impedindo-a de retornar aos parâmetros da política clássica, uma 
vez que as inter-relações sociais tornaram-se o objeto da política 
moderna e essas condições não poderiam mais ser revertidas. 
Ou seja, o distanciamento científico introduzido pela concepção 
moderna da política construiu seu próprio objeto. Nesse sentido, 
a política de fato se tornou “científica” e seria inútil tentar reverter 
essa situação. Diante dessa situação, o problema reside em como 
reintroduzir o aspecto normativo na política moderna, ou seja, em 
como reconciliar a teoria com a prática.
176 Perspectivas, São Paulo, v. 38, p. 171-194, jul./dez. 2010
A ascensão da Economia como a principal ciência social já podia 
ser identificada na filosofia política de Locke. Em sua concepção, as 
leis da economia deveriam a ser consideradas leis naturais da própria 
sociedade, uma vez que a propriedade burguesa foi considerada a 
base natural do Estado regido pelo contrato (HABERMAS, 1973). A 
ética do Utilitarismo veio consolidar esse processo, pois o princípio 
da “maior felicidade do maior número” (BENTHAM, 1984) promoveu 
a mensurabilidade como a única ideia compatível com o capitalismo. 
Dessa maneira, a modernidade significou a “quantificação” da 
sociedade, como notou Weber (1964):
[...] essas formas de empresa moderna, com seu capital fixo 
e seu cálculo exato, são demasiadamente sensíveis frente às 
irracionalidades do direito e da administração. Assim, pois, só 
podiam surgir [...] ali onde o juiz, como no Estado burocrático com 
suas leis racionais, é mais ou menos uma máquina de parágrafos, na 
qual se inserem os processos por cima, com os custos e taxas, para 
que se emita por baixo a sentença com seus fundamentos mais ou 
menos conclusivos; quer dizer, em termos gerais, um funcionamento 
que no seu conjunto pode ser calculado. (WEBER, 1964, p.1062).
Lukács (1974) se apóia nessa observação de Weber para 
argumentar que o capitalismo não promove apenas a abstração 
do trabalho, mas tem o mesmo efeito sobre todas as demais 
relações sociais. Cabe observar que, se para Hobbes a política foi 
analisada por meio de um processo racional-dedutivo, no século 
XX a mensurabilidade torna-se central para um conjunto cada 
vez maior de cientistas sociais.
Numa primeira análise, a princípio, a mensurabilidade é 
apenas mais um elemento que comprova a inexorável conversão 
da política em um objeto da ciência. No entanto, a construção de 
variáveis, que antecede a aplicação de técnicas de mensuração, 
é uma etapa fundamental para as investigações empíricas. 
Como não poderia deixar de ser, a construção de variáveis 
se faz a partir das interpretações de pesquisadores e atores 
sociais relevantes para a compreensão do problema social em 
questão (LAZARSFELD; BARTON, 1951). Assim sendo, ainda 
que a delimitação de variáveis seja uma abstração necessária, 
a investigação científica deve manter sua pertinência vis-à-vis à 
realidade social por meio do processo interpretativo (HABERMAS, 
1988). Nesse sentido, os chamados “métodos quantitativos” não 
se opõem aos “métodos qualitativos”, mas ambos compõem 
177Perspectivas, São Paulo, v. 38, p. 171-194, jul./dez. 2010
o mesmo processo que faz do fenômeno social um “objeto”, ou 
seja, uma abstração necessária para a investigação científica. 
No entanto, como veremos adiante, os métodos quantitativos 
são muito mais vulneráveis ao risco de extrapolação dos limites 
intrínsecos a essas abstrações. 
Podemos notar, portanto, que dois processos atuaram 
conjuntamente para a ascensão da Ciência Política quantitativa e 
economicista. Em primeiro lugar, a transformação da política de 
um ramo da Ética para uma “ciência” e em seguida a emergência 
de uma economia mercantil/capitalista, que veio a ser considerada 
como o ordenamento fundamental da sociedade.
Método, teoria e os estudos de problemas políticos
Kenneth Arrow (1951), um dos grandes expoentes da teoria 
dos jogos, defendeu o uso da matemática no estudo da política, 
argumentando que se tratava de uma linguagem útil ao cientista 
social dada a sua clareza e consistência. A formidável ascensão 
dos métodos quantitativos nas Ciências Sociais podia ser 
notada não apenas nos argumentos de Arrow, mas também no 
triunfalismo de Lasswell (1951, p.7), que observou: “À luz dos 
sucessos alcançados, não há razão para se duvidar de que a ênfase 
atribuída ao método quantitativo está amplamente vindicada. [...] 
A batalha pelo método foi ganha”. No entanto, depois de décadas 
de sucessivos triunfos, o abuso no uso de modelos matemáticos 
era criticado por ninguém mais do que John Elster, um dos “pais” 
da teoria da escolha racional: 
Como John von Newmann disse uma vez, a matemática que não 
tem contato com as ciências físicas tende a se tornar barroca, um 
termo usado em contraste com o estilo clássico de pensamento 
que é constantemente revitalizado pelo contato com as ciências 
empíricas. [...] Hoje,a teoria da social choice pode estar alcançando 
o estágio barroco. Inovações estão desaparecendo, enquanto 
pequenos adornos estão aumentando. O formalismo alcançou a 
prioridade, como naquilo que Ragnar Frisch costumava se referir 
como “playomerics.” De um meio, o modelamento formal está se 
tornando um fim em si mesmo. (ELSTER; HYLLAND, 1986, p. 2). 
Ian Shapiro, notório crítico da abordagem da rational 
choice (SHAPIRO; GREEN, 1994) e um dos signatários da carta 
178 Perspectivas, São Paulo, v. 38, p. 171-194, jul./dez. 2010
à APSA, argumentou que o problema com a Ciência Política 
norte-americana era que muitos estudos – e não apenas aqueles 
baseados no modelo da escolha racional – haviam deixado de ser 
problem-driven, passando a ser method-driven ou theory-driven 
(SHAPIRO, 2005). Ele nota que esses dois problemas tendem 
a distorcer os estudos sobre a política de maneiras diferentes. 
No caso da rational choice, a questão não se resume ao uso 
inadequado de um método – invariavelmente quantitativo ou 
lógico-formal –, mas implica principalmente a questão teórica. 
Ainda que os adeptos da escolha racional considerem essa 
vertente uma “abordagem” e não uma teoria, não há dúvidas 
de que os pressupostos teóricos desempenharam um papel 
fundamental no estudo da política. O problema é que os estudos 
baseados nos pressupostos da escolha racional tendem a 
selecionar problemas em que sua tese fundamental – a de que 
atores sociais agem de forma a maximizar suas funções-utilidade 
– aparece magicamente comprovada.
Shapiro (2005) admite não ser possível abordar problemas 
sem recorrer à teoria, mas observou que sua crítica se dirigia 
à forma como as teorias estavam sendo usadas para selecionar 
problemas. Uma vez que os fenômenos sociais são passíveis 
de serem explicados de diversas formas, a questão é como 
decidir qual teoria deve ser usada para delimitar o problema em 
pauta. Na Ciência Política contemporânea, prevaleceu o critério 
de selecionar aquelas teorias capazes de levar a uma previsão 
ou, alternativamente, teorias que explicam um fenômeno, 
mas que não são capazes de excluir outras teorias igualmente 
explicativas. No primeiro caso, não seria possível determinar se a 
teoria resultou em uma previsão ou simplesmente se o resultado é 
uma interpretação post hoc que “comprova” retrospectivamente 
a teoria em questão, uma vez que qualquer resultado pode ser 
reinterpretado de forma a confirmar a pertinência da teoria na 
medida em que a previsibilidade falha. É notório o caso dos 
defensores da teoria da escolha pública que procuraram explicar 
comportamentos altruístas, que não se encaixavam no pressuposto 
de auto-interesse, adotando a idéia das “metapreferências”. Se 
qualquer ação pode ser interpretada como uma metapreferência, 
então não há como refutar a proposição de que agimos de forma 
a maximizar nossa função-utilidade.
De fato, o critério da previsibilidade não parece ser um 
critério seguro para testar a validade de teorias, mesmo porque 
179Perspectivas, São Paulo, v. 38, p. 171-194, jul./dez. 2010
não é possível traçar uma clara separação entre explicação e 
previsão. Isso nos leva de volta a como avaliar explicações que 
competem entre si na interpretação de um mesmo fenômeno. 
Esse é o caso da proposição apresentada por Hardin (apud 
SHAPIRO, 2005), na qual ele afirma que constituições serviriam 
para resolver problemas de coordenação. Essa explicação não 
pode excluir outros objetivos igualmente plausíveis, como 
proteger direitos de minorias, legitimar metas coletivas e evitar 
guerras civis. Na verdade, esses objetivos também podem ser 
considerados “um problema de coordenação”, o que impede a 
refutação da teoria em questão. No entanto, ainda que Shapiro 
relute em admitir isso, nas Ciências Sociais dificilmente 
poderemos chegar a uma única teoria explicativa para um mesmo 
fenômeno. Isso não é necessariamente um problema de selection 
bias, mas condição do objeto das Ciências Sociais – a sociedade 
– que impossibilita a neutralização das teorias explicativas no 
que se refere aos aspectos normativos. Para cada fenômeno 
social ou político estudado podem ser aplicadas diferentes 
teorias, pois seus pressupostos refletem diferentes concepções 
de sociedade que remetem a questões práticas. Concepções 
teóricas não consistem apenas em diferenças de previsão ou 
explicação, mas principalmente em diferenças que implicam a 
ação prática. Um exemplo pode ser notado no contraste entre 
as teorias tradicionais do desenvolvimento internacional e a 
teoria cepalina: as primeiras afirmam que a divisão internacional 
da produção garante a prosperidade dos países periféricos, 
enquanto a segunda afirma o contrário; a ação consistente com 
as teorias tradicionais é o laissez-faire, e com a teoria cepalina, a 
forte intervenção estatal (PREBISCH, 2000); as primeiras veem o 
desenvolvimento internacional como manutenção do status quo, 
enquanto a segunda busca justamente a mudança desse status 
quo.
Portanto, devido às questões práticas e normativas, os 
fenômenos políticos comportam múltiplas explicações, que não 
podem ser eliminadas por meio de procedimentos metodológicos. 
Mas mesmo se assumirmos o pressuposto de neutralidade 
normativa, ainda assim a objetividade pretendida pelos métodos 
quantitativos não pode ser alcançada quando se trata de técnicas 
de correlação estatística e dados observacionais. Nesse caso, há 
o risco de que a correlação entre variáveis seja espúria, uma vez 
que é impossível isolar e controlar todas as variáveis no contexto 
180 Perspectivas, São Paulo, v. 38, p. 171-194, jul./dez. 2010
social. Não há nada que garanta que as correlações observadas 
sejam verdadeiras; os fatores determinantes das relações de 
causa e efeito podem estar fora do alcance da observação do 
pesquisador. Professores de estatística gostam de ilustrar a 
explicação da correlação espúria com o famoso exemplo difundido 
por Jerzy Neyman (apud DIDELEZ, 2007): uma vez que há uma 
forte correlação positiva entre o número de ninhos de cegonhas 
nas chaminés e o número de recém-nascidos nos vilarejos onde 
estão os ninhos, devemos concluir que as cegonhas trazem os 
bebês?
Um caso ilustrativo do problema no uso de correlações 
estatísticas na Ciência Política é a polêmica sobre os 
determinantes culturais dos regimes democráticos. Em um 
conhecido artigo, Inglehart (1988), usando técnicas de regressão 
multivariada, afirmou que as variáveis “confiança interpessoal”, 
“rejeição a mudanças revolucionárias” e “posições positivas 
sobre a política e a vida em geral” seriam fortes determinantes 
da emergência de regimes democráticos. Seligson (2002) 
contestou essas conclusões, argumentando que Inglehart 
(1988) usou dados agregados por países e que só poderíamos 
falar de “cultura” se os valores apontados tivessem sido 
internalizados pelos indivíduos. Ou seja, para comprovar que 
certas características culturais determinavam o regime político, 
seria preciso que existisse uma correlação entre as variáveis 
indicadas por Inglehart e o tipo de regime, mas também entre 
as próprias variáveis independentes nas respostas individuais 
de cada indivíduo. Para verificar essa hipótese, Seligson (2002) 
usou as mesmas variáveis do estudo de Inglehart, aplicando 
a técnica da análise bivariada; ele notou que as correlações 
eram fracas: indivíduos que tinham altos níveis de confiança 
interpessoal não apresentavam necessariamente altos níveis 
de rejeição a mudanças revolucionárias e vice-versa, o mesmo 
ocorrendo com as demais variáveis consideradas. Em outras 
palavras, a proposição de Inglehart (1988), de que existiria 
uma “síndrome de cultura cívica” capaz de explicar regimes 
democráticos, não podia ser comprovada, pois a análise 
bivariada não indicou a internalização dos valores cívicos. 
Seligson (2002) concluiu que a análise de Inglehart (1988) era 
um caso de “falácia ecológica”, pois pressupunha a existência 
de uma correlação em nível micro a partir da existênciade uma 
correlação em nível macro.
181Perspectivas, São Paulo, v. 38, p. 171-194, jul./dez. 2010
Além disso, Seligson (2002) notou que a correlação entre 
confiança interpessoal e democracia era alta apenas para 
um pequeno grupo de países desenvolvidos; outros países 
apresentavam altos níveis para o indicador de democracia, embora 
apresentassem valores baixos para o indicador de confiança 
interpessoal1. Esses dois grupos de países tinham em comum 
um alto nível de PIB per capita, sugerindo que a correlação entre 
confiança interpessoal e democracia seria uma correlação espúria 
e que a correlação real seria entre PIB per capita e democracia. 
Como sabemos, Lipset (1959) argumentou a favor dessa provável 
relação de causa e efeito na interpretação que ficou conhecida 
como “teoria da modernização”. Posteriormente, Przeworski e 
Limongi (1997), também com base em modelos de correlação 
estatística, concluíram que o nível de desenvolvimento de um país 
não era capaz de prever a emergência de um regime democrático, 
mas sim se esse regime, uma vez estabelecido, seria duradouro 
ou não.
O que faz a hipótese da teoria da modernização – e sua nova 
interpretação – mais plausível do que a teoria da cultura cívica? 
É claro que a força do argumento da relação entre estabilidade 
democrática e desenvolvimento não se fundamenta única e 
exclusivamente na presença de uma correlação estatística 
positiva entre essas duas variáveis. O argumento de que a renda 
per capita da população seja fundamental para a estabilidade 
política parece ser persuasivo em si mesmo, pois é razoável 
esperar que em uma democracia a competição política se dê 
por meio de processos pacíficos e isso só seria possível se a 
reprodução material de boa parte da população não estiver 
ameaçada. O fato de que crises econômicas na América Latina 
deram origem a regimes autoritários corrobora essa interpretação, 
pois o autoritarismo pode ser entendido como uma solução top-
down para problemas de instabilidade econômica resultantes de 
conflitos de classe (O’DONNELL, 1990).
Esses exemplos demonstram que a Ciência Política e as 
Ciências Sociais em geral podem legitimamente almejar ao 
objetivo de acumular conhecimento, muito embora não seja 
possível eliminar teses concorrentes. Como já notamos acima, 
diferentes teorias expressam aspectos normativos e práticos 
que não podem ser eliminados metodologicamente. Além isso, 
1 Seligson (2002) incluiu na regressão um número maior de países e como variável dependente o “nível 
de democracia” da Freedom House, enquanto Inglehart (1988) usou a variável “anos de democracia”.
182 Perspectivas, São Paulo, v. 38, p. 171-194, jul./dez. 2010
quando são aplicadas análises de correlação usando dados 
observacionais, a variável dependente pode ser sido influenciada 
por inúmeros fatores, o que pode gerar diversas teorias a partir 
da seleção de diferentes variáveis independentes. Isso não 
impede, porém, que algumas teorias sejam mais plausíveis do 
que outras. A construção da plausibilidade, porém, vai muito 
além da presença ou ausência de uma correlação estatística. Em 
suma, a análise estatística por si mesma não é suficiente para 
“provar” a veracidade de uma hipótese nas Ciências Sociais, 
mas pode servir para fortalecer uma linha de argumentação 
teórica, necessariamente sustentada por um amplo conjunto 
de evidências de natureza qualitativa. Dados sociais só são 
inteligíveis a partir de um referencial interpretativo e estão 
sujeitos a uma “dupla hermenêutica”: são dependentes: a) da 
teoria que orienta a análise e b) da interpretação que “retira” 
os dados de seu contexto social, formando variáveis (GIDDENS, 
1978). A relutância de alguns cientistas políticos em admitir a 
inevitabilidade do processo interpretativo nas investigações 
empíricas não deveria impedi-los de reconhecer a limitação dos 
métodos quantitativos nas Ciências Sociais, uma vez que isso é 
inerente aos próprios métodos quantitativos.
Métodos qualitativos, abordagens quantitativas
O livro Designing Social Inquire: Scientific Inference in 
Qualitative Research (KING; KEOHANE; VERBA, 1994) firmou-se 
como uma referência graças a uma nova abordagem no contexto 
da disputa metodológica na Ciência Política norte-americana. Os 
autores de Designing não se limitaram a reafirmar os argumentos 
em prol dos métodos quantitativos, mas se propuseram a 
aperfeiçoar os métodos qualitativos usando os princípios 
pertinentes aos métodos quantitativos. Dessa forma, longe de 
fazerem uma tentativa de reconciliação, os autores de Designing 
se muniram de um arsenal de argumentos destinados a submeter 
os métodos qualitativos aos princípios dos métodos quantitativos. 
A idéia central que orienta as recomendações propostas por 
King, Keohane e Verba (1994) é a de que os métodos qualitativos 
usados na Ciência Política deveriam emular os procedimentos 
de inferência descritiva e causal que caracterizam os métodos 
quantitativos. Designing teve grande repercussão nos meios 
183Perspectivas, São Paulo, v. 38, p. 171-194, jul./dez. 2010
acadêmicos norte-americanos; os editores da American Political 
Science Review chegaram mesmo a organizar um simpósio para 
avaliar o impacto do livro na pesquisa e ensino da Ciência Política, 
algo inédito em se tratando de uma obra didática sobre métodos 
de pesquisa (LAITIN et al., 1995).
King, Keohane e Verba (1994) declaram já na introdução 
do livro que pretendem demonstrar ser possível reaproximar 
as abordagens quantitativas e qualitativas por meio de um 
procedimento unificado de inferência científica. Afirmam 
ainda que esse procedimento poderia ser aplicado tanto à 
Ciência Política como a outras disciplinas das Ciências Sociais, 
como a Sociologia, a Antropologia, a História, a Economia 
e a Psicologia. Os autores, no entanto, não se propõem 
a discutir os fundamentos epistemológicos destinados a 
sustentar a proposta central de Designing. Eles se limitam 
afirmar que a “pesquisa científica” seria definida por quatro 
critérios. Em primeiro lugar, toda pesquisa científica teria 
como objetivo fazer inferências descritivas ou explicativas 
com base em informações empíricas, sendo que as primeiras 
usam observações para chegar indiretamente a “fatos não 
observados” e a as segundas estabelecem as relações de 
causa e efeito dos dados observáveis. O segundo requisito da 
pesquisa científica seria o uso de procedimentos públicos, ou 
seja, os procedimentos metodológicos devem ser explícitos. Os 
outros dois critérios que os autores apresentam são os mais 
controvertidos. O terceiro critério diz respeito ao tratamento 
da incerteza. Embora reconheçam que toda pesquisa científica 
leva a conclusões incertas, os autores afirmam que “[...] sem 
uma estimativa razoável da incerteza, uma descrição do 
mundo real ou uma inferência sobre um efeito causal no mundo 
real não podem ser interpretados.” (KING; KEOHANE; VERBA, 
1994, p.9). O quarto critério afirma que o método científico 
é universal, ou seja, ele independente do objeto estudado. 
Desse modo, a pesquisa científica teria um único “método” – 
entendido como um conjunto de procedimentos necessários 
para a obtenção de conhecimento sobre objetos – que pode 
ser aplicado tanto às ciências naturais como às sociais. Com 
essa afirmação, King, Keohane e Verba (1994) se posicionam 
claramente dentro da perspectiva positivista, um dos polos da 
clássica disputa metodológica nas Ciências Sociais (GORDON, 
1991; ADORNO et al., 1973). 
184 Perspectivas, São Paulo, v. 38, p. 171-194, jul./dez. 2010
Um dos aspectos mais controvertidos de Designing é a 
recomendação para a construção de teorias “falsificáveis” 
(POPPER, 2000). Essa recomendação não seria controvertida 
em si mesma, considerando que King, Keohane e Verba (1994) 
adotam pressupostos positivistas, mas o que surpreende é 
a maneira como eles interpretam o argumento de Popper. 
Como eles mesmos admitem, a proposição de Popper é de que 
a confirmação de uma teoria não é relevante paraa ciência, 
mas sim a sua “desconfirmação”; o processo por meio do qual 
teorias estabelecidas são “falsificadas” é o que garante o 
avanço científico. A posição de King, Keohane e Verba (1994) é 
no mínimo ambígua em relação ao falsificacionismo popperiano. 
Primeiramente, eles apresentam uma recomendação que parece 
atender a exigência do falsificacionismo: “Devemos sempre 
construir teorias que são vulneráveis à falsificação” (KING; 
KEOHANE; VERBA, 1994, p.101). Em outras palavras, teorias 
não devem ser construídas de forma a estarem sempre certas, 
independentemente do que acontece com as variáveis envolvidas. 
No entanto, mais adiante, os autores de Designing admitem que 
as teorias não devem ser descartadas quando encontram fatos 
que as falsificam. Para ilustrar o argumento, eles comentam a 
teoria de que as campanhas eleitorais não têm efeito sobre o 
resultado de eleições norte-americanas. Por um lado, é possível 
admitir que a emergência de um escândalo possa ser usada 
para mudar os rumos de uma disputa que já parecia decidida. O 
evento, aparentemente “falsificaria” a teoria, mas nesse acaso 
os autores consideram que um único evento não seria suficiente 
para descartá-la.
Para nós, essa não é a maneira como as Ciências Sociais são ou 
deveriam ser conduzidas. Depois de mil testes a favor, mesmo se 
um teste negativo parece válido com um alto grau de certeza, não 
descartaríamos a teoria de que as campanhas não têm efeito [sobre 
os resultados de eleições]. Em vez disso, nós podemos modificá-la e 
dizer talvez que campanhas normais não têm efeito exceto quando 
há considerável evidência de comportamento imoral de um dos 
candidatos. (KING; KEOHANE; VERBA, 1994, p.103).
Isso deixaria a teoria com aplicação mais restrita, mas ainda 
assim poderia ser considerada uma teoria robusta. Os eventos que 
contradizem uma teoria poderiam, portanto, ser reinterpretados 
de modo que os limites de aplicabilidade da teoria possam ser 
185Perspectivas, São Paulo, v. 38, p. 171-194, jul./dez. 2010
redesenhados. King, Keohane e Verba, no entanto, não informam 
como e de que maneira esse procedimento poderia ser realizado 
sem que o cientista social caísse no erro de construir teorias “não-
falsificáveis”. Popper (2000) propõe a re-elaboração de uma teoria 
quando apenas um fato for capaz de falsificá-la; isso implica a 
ampliação de seu conteúdo para incluir as novas condições 
impostas pelas observações empíricas (Ex: “A água ferve a 100º 
em condições normais de temperatura e pressão”). No entanto, 
King, Keohane e Verba (1994) não informam qual seria o limite 
da reinterpretação retrospectiva nas Ciências Sociais. Tudo o 
que eles têm a dizer é que os ajustes podem ser perigosos e que 
não devem se levados longe demais. “Devemos evitar esticar a 
teoria além de toda plausibilidade somando numerosas exceções 
e casos especiais.” (KING; KEOHANE; VERBA, 1994, p.104). A 
escolha da palavra “plausibilidade” nessa passagem chama 
a atenção: o termo faz sentido no contexto de um referencial 
metodológico que vê na intersubjetividade a fonte da objetividade 
(HABERMAS, 1988), mas certamente é estranho ao repertório 
positivista que os autores pretendem promover. Quem determina 
a plausibilidade de uma teoria? Quem avalia o quanto a mesma 
pode ser modificada sem que seja “falsificada”?2 Essas questões 
não podem ser respondidas sem considerar o empreendimento 
científico como um processo social e comunicativo. Habermas 
(1988) mostra que nem mesmo as ciências naturais podem abrir 
mão da validação por meio da intersubjetividade: 
O contexto comunicativo e a comunidade experimental dos 
pesquisadores operam no nível da intersubjetividade do 
conhecimento de background articulado pela linguagem comum. 
As ciências estritamente empíricas permanecem no interior desse 
horizonte sem questioná-lo; a tarefa da Sociologia é compreendê-lo 
problematizando-o. (HABERMAS, 1988, p.109).
A resposta mais elaborada aos argumentos de King , Keohane 
e Verba (1994) foi apresentada em Rethinking Social Inquire: 
Diverse Tools, Shared Standards, organizado por Henry Brady 
e David Collier (2004). O lapso de dez anos entre a publicação 
desse livro e a publicação de Designing provavelmente reflete a 
nova fase da Methodenstreit na Ciência Política norte-americana: 
2 Como vimos acima, Shapiro (2005) critica a teoria da escolha racional justamente por não ser 
“falsifi cável”, mas também não consegue se desvencilhar do problema de responder como, efetivamente, 
seria possível construir teorias “falsifi cáveis”.
186 Perspectivas, São Paulo, v. 38, p. 171-194, jul./dez. 2010
Rethinking entra em cena quando o movimento Perestroika 
já havia obtido as suas primeiras vitórias. Em contraste com a 
década de 1990, o início dos anos 2000 era um contexto mais 
favorável às críticas ao livro de King, Keohane e Verba (1994).
Rethinking dá pouca atenção ao problema do falsificacionismo, 
dirigindo o foco de sua crítica para outros aspectos da 
argumentação de King, Keohane e Verba, especialmente a 
recomendação de Designing para que os estudos qualitativos, 
assim como os quantitativos, apresentem uma estimativa da 
incerteza de seus resultados. Em um dos capítulos de Rethinking, 
Bartels (2004) aponta para o fato de que King, Keohane e Verba 
(1994) não terem apresentado quase nenhuma explicação sobre 
como a estimativa de incerteza poderia ser feita. Designing 
sugere apenas que a incerteza nos estudos qualitativos pode 
ser estimada por meio do método sugerido por Neustadt e May 
(apud KING; KEOHANE; VERBA, 1994). Este método propõe que 
o pesquisador pergunte a si mesmo: “Quanto do meu próprio 
dinheiro eu apostaria nessas conclusões?” King, Keohane, Verba 
(1994, p.32) acrescentam mais uma pergunta: “Qual é a chance de 
acerto [da minha aposta]?”. A primeira pergunta parece emergir 
da teoria do rational choice e seu pressuposto de maximização 
da função utilidade; a segunda demanda uma estimativa de 
probabilidade. King, Keohane e Verba não explicam como seria 
possível fazer uma estimativa probabilística a partir de uma 
pergunta subjetiva. A estimativa estatística da incerteza aplica-
se aos resultados da análise quantitativa, mas não diz nada sobre 
sua interpretação. Em suma, a regressão multivariada não é capaz 
de discernir se uma correlação é espúria ou não. Nesse sentido, 
uma correlação bivariada com valor R2 = 0,8 e em que p = 0,05 
diz apenas que existe uma forte correlação entre as variáveis 
consideradas e que há 95% de chance de que este resultado não 
seja devido ao acaso. No entanto, o método estatístico não pode 
avaliar a plausibilidade da correlação em si mesma. O exemplo 
da correlação positiva entre o número de cegonhas fazendo 
ninhos e a taxa de natalidade, citado acima, ilustra essa questão: 
a correlação é forte, pois existe 95% de probabilidade que não 
seja resultado do acaso, mas a conclusão é errada.
Na batalha pelos “corações e mentes” dos cientistas 
sociais, Rethinking adota uma estratégia curiosa, pois recorre a 
argumentos que emergem da estatística Bayesiana. A estatística 
Bayesiana é um modelo algébrico no qual as probabilidades sobre 
187Perspectivas, São Paulo, v. 38, p. 171-194, jul./dez. 2010
eventos futuros são estimadas com base em um conjunto de 
variáveis contextuais, uma técnica probabilística que aumenta a 
precisão das estimativas (BERNARDO; SMITH, 2000). Em diversas 
passagens de Rethinking há menção às “idéias bayesianas”, 
mas o termo não se refere à técnica estatística e sim aos fatores 
intervenientes em problemas sociais complexos. Como observou 
McKeown (2004, p.159) em um dos capítulos de Rethinking, “[...] 
neste contexto, é melhor considerar a teoria estatística Bayesiana 
mais como uma metáfora do que como um algoritmo”. Quanto 
ao método bayesiano propriamente dito, o autor reconhece que 
existem dificuldades operacionais e filosóficas na sua aplicação. 
De todo o modo, ao considerar a lógica Bayesiana uma “metáfora” 
para a pesquisa qualitativa, Rethinkingacaba cedendo terreno 
aos argumentos de Designing e sua estratégia de legitimar os 
métodos qualitativos por meio dos princípios quantitativos. Cabe 
lembrar também que Brady e Collier (2004) não fazem menção às 
teorias da linguagem e do discurso, em que pese sua importância 
para a metodologia das Ciências Sociais (HABERMAS, 1984, 
1987, 1988). Gerring (2001), ao discutir a disputa entre métodos 
quantitativos e qualitativos nas Ciências Sociais, expõe esse 
equívoco: 
Se tivermos que dar prioridade ou à matemática ou à prosa – uma 
escolha duvidosa, mas que ocupa muitas cabeças – devemos 
escolher a última. Expressões matemáticas não têm sentido se 
não puderem ser traduzidas em palavras. A prosa, no entanto, é 
eminentemente compreensível sem a companhia de fórmulas. [...] A 
matemática, mais especificamente o ramo da matemática conhecido 
como estatística, é mais bem entendida como um instrumento das 
Ciências Sociais. Não é ciência social propriamente dita (GERRING, 
2001, p.13).
Cabe lembrar que a estatística Bayesiana – assim como 
os métodos estatísticos convencionais – só é capaz de estimar 
a incerteza em relação à ocorrência de um evento a partir das 
ocorrências deste mesmo evento no passado. Uma vez que os 
problemas investigados pelas Ciências Sociais ocorrem em 
contextos bastante específicos, muitas vezes sem correspondentes 
no passado, a aplicação da estatística bayesiana propriamente 
dita não pode ser aplicada. 
Os autores de Rethinking apontam, corretamente, que um 
dos problemas de Designing é que o livro não aborda o problema 
188 Perspectivas, São Paulo, v. 38, p. 171-194, jul./dez. 2010
da inferência estatística a partir de dados observacionais, ou 
seja, não discute o risco das correlações espúrias. No entanto, a 
crítica que Brady e Collier (2004) e seus colaboradores dirigem 
a King, Keohane e Verba (1994) trata apenas tangencialmente 
a fundamentação interpretativa das Ciências Sociais e não 
discute o aspecto normativo e prático das teorias sociais e 
políticas.
Considerações finais
A crise da Ciência Política teve amplas consequências 
no contexto acadêmico norte-americano. Além do intenso 
debate intelectual desencadeado pela mensagem eletrônica 
do “Mr. Perestroika”, a controvérsia se referia também 
às consequências da tecnificação da disciplina para a 
carreira acadêmica dos implicados. Cabe observar que os 
departamentos de Ciência Política mais prestigiosos do 
sistema universitário norte-americano costumam exigir ao 
menos uma publicação na American Political Science Review 
– APSR para conceder a estabilidade na carreira docente 
(tenure). Considerando a preferência editorial da APSR pelas 
abordagens positivistas e pela modelagem matemática, 
pode-se compreender porque a disputa metodológica no 
contexto norte-americano envolvia também uma batalha pela 
sobrevivência acadêmica – o que explica as acusações de 
carreirismo lançadas por ambos os lados da disputa (LUKE, 
2005). 
No contexto brasileiro, a disputa metodológica na Ciência 
Política tem sido menos estridente, mas de resto semelhante 
à Methodenstreit norte-americana. Cabe notar que no 
caso brasileiro o debate foi além da disputa entre métodos 
quantitativos e qualitativos, chegado à fundamentação 
epistemológica das Ciências Sociais. Um dos raros registros da 
disputa brasileira pode ser encontrado na mesa-redonda “Por 
que rir da Filosofia Política?”, que teve lugar no XXI Encontro 
Nacional da Associação Nacional de Pós-Graduação em 
Ciências Sociais – ANPOCS (LESSA, 1998a). Nas suas críticas ao 
mainstream da Ciência Política, os debatedores abordaram um 
amplo escopo de questões tais como: a fragmentação positivista 
da política (BRANDÃO, 1998), as pesquisas dirigidas pelo 
189Perspectivas, São Paulo, v. 38, p. 171-194, jul./dez. 2010
método e não pelo objeto, a desistência pela busca por teorias 
abrangentes em favor de teorias de médio alcance, a dissociação 
entre a filosofia política e pesquisa empírica (LESSA, 1998b), 
“a lógica simples do interesse [corporativo]”, a “reificação das 
diferenças disciplinares”, a “compartimentalização burocrática 
dos saberes” (SOARES, 1998), a aplicação indistinta da teoria 
a qualquer objeto (RIBEIRO, 1998), a negligência da praxis em 
favor da techné (LESSA, 1998; RIBEIRO, 1998), entre outros 
tópicos.
No que se refere aos futuros desenvolvimentos da disputa 
metodológica, podemos apontar elementos que indicam um 
declínio da Ciência Política quantitativa e especializada. As 
abordagens interdisciplinares ganham terreno, como se pode notar 
pela disseminação de estudos nas subáreas da Sociologia Política, 
Antropologia Política, Sociologia Econômica e Economia Política. 
Longe de representar um aprofundamento da fragmentação, a 
multiplicação de estudos nessas subáreas indica que uma nova 
dinâmica está em ação, fomentando a reconstrução do corpus das 
Ciências Sociais. A força que levou à fragmentação disciplinar 
no século XX – a economia capitalista em acelerada expansão – 
agora perde força; a nova dinâmica, impulsionada pelas crises 
do início do século XXI, demanda abordagens abrangentes, que 
extrapolam as fronteiras disciplinares e exigem consideração às 
questões práticas.
Acima de tudo, porém, é preciso recorrer a uma reflexão 
crítica sobre a recorrência das Methodenstreiten, seja na 
Ciência Política, seja nas demais disciplinas das Ciências 
Sociais. Nesse contexto, cabe lembrar o alerta de C. Wright 
Mills (1997): é preciso evitar tanto as armadilhas da “grande 
teoria” como as arapucas do “empirismo abstrato”. Cabe 
evocar também o velho adágio de que a crise representa 
também uma oportunidade. Ao analisar as crises recorrentes 
da Sociologia, Ianni (1990) viu nisso uma consequência das 
profundas divergências epistemológicas entre as abordagens 
em disputa, mas observou também que as crises refletiam a 
capacidade da disciplina se pensar a si própria. Esperemos 
que a Ciência Política possa se nutrir desse exemplo.
ANDREWS, C. W. Sketch of a discipline in crisis: the 
methodological dispute in the North-American Political Science. 
Perspectivas, São Paulo, v.38, p.171-194, Jul/Dec. 2010.
190 Perspectivas, São Paulo, v. 38, p. 171-194, jul./dez. 2010
 ABSTRACT: This article takes the most recent methodological 
dispute in Political Sciences in the USA as a starting point to 
reflect on the issues impacting the discipline and its role within 
the Social Sciences. This dispute became public in 2003, when a 
group of more than 200 North-American political scientists spoke 
against the editorial line adopted by the American Political Science 
Review journal, which favored the publication of articles based on 
mathematical models and in game theory. The article presents the 
historical origins for the disciplinary fragmentation of the Social 
Sciences and discusses its consequences for the construction of 
knowledge in the field of Political Science in present days. It argues 
that the expansion of academic works that identify themselves 
with subareas of the traditional disciplines – i.e. Political Sociology, 
Political Anthropology, Economic Sociology, Political Economy, etc. 
–, contrary of signifying the deepening of the fragmentation of the 
Social Sciences, shows a trend in the direction of the reconstruction 
of its methodological corpus.
 KEYWORDS: Methodological dispute. Perestroika movement. 
Disciplinary fragmentation. Political Science. Social Sciences.
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