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Pediatria Trato Geniturinário e ITU Exame físico do trato geniturinário Inspeção - Avaliar presença de malformações grosseiras e o grau de desenvolvimento puberal. - Sexo masculino: posição da uretra, tamanho e formato do pênis, prepúcio, simetria dos testículos, posição e perviedade do ânus. - Sexo feminino: posição da uretra, tamanho e formato dos lábios, hímen, introito vaginal, posição e perviedade do ânus. - Genitália ambígua. Hipospadia: implantação anormal do óstio da uretra Palpação - Meninos: exposição da glande, localização e tamanho dos testículos, bexigoma, hérnias… - Meninas: perviedade do introito vaginal, bexigoma, hérnias… Principais alterações Distopia testicular/ Criptorquidia: - "Anomalias de posição do testículo". - Ectopia testicular: fora do trajeto normal (base do pênis, aponeurose do oblíquo externo). - Testículo retrátil: hipercontratibilidade do músculo cremaster (facilmente levado a bolsa escrotal). - Descida testicular é um processo complexo e se completa por volta das 35 semanas de idade gestacional: interação entre fatores hormonais e mecânicos. - No exame físico, deve-se procurar pelos testículos na bolsa escrotal e no canal inguinal. - Caso não seja possível a localização da glândula, um exame de imagem é necessário: Ressonância Magnética, Tomografia Computadorizada, Ultrassom, Laparoscopia. - Complicações: subfertilidade, malignização e torção. - Tratamento: cirurgia aberta ou laparoscópica. Melhora a função endócrina mas não reduz risco de malignidade. Pode haver associação com terapia hormonal. Escroto Agudo - Dor súbita com aumento de volume e hiperemia testicular. - Situação de emergência: se a torção testicular não puder ser afastada rapidamente, deve-se indicar a exploração cirúrgica, sob risco de perda da gônada. - Ultrassom pode ajudar, mas não deve retardar o tratamento. - Causas: Torção de cordão espermático. - Torção de apêndices testiculares. - Epididimite/Orquite. - Trauma - Vasculite. - Hérnia Inguinal encarcerada. ❖Tratamento: cirúrgico (torção de cordão) ou clínico (torção de apêndices / epididimite). Fimose - “Estreitamento do orifício prepucial que impede ou dificulta exposição total da glande”. - Período neonatal: todos os meninos têm o prepúcio aderido à glande. Durante o primeiro ano de vida, há o descolamento progressivo, com aumento do orifício prepucial. - Diagnóstico clínico. - Classificação: graus I a III, de acordo com o grau de exposição da glande. - A fimose impede a higiene adequada do pênis, provocando o acúmulo de secreção sebácea chamada esmegma. - O acúmulo de urina e esmegma leva a uma infecção local chamada postite. - Está relacionada a quadros de ITU. ❖Parafimose: anel de constrição ao redor da glande, impedindo o retorno do prepúcio a posição original. Leva a sofrimento vascular da glande e deve ser prontamente reduzido. - Tratamento: postectomia. Período ideal: entre 12 e 18 meses (indicação controversa). - Tratamento clínico com pomada (corticóide + hialuronidase) é possível em casos leves. Sinéquia Vulvar / Coalescência de Pequenos Lábios - "A aderência das bordas internas dos pequenos lábios sobre o intróito vaginal”. - Membrana translúcida obstrui o intróito vaginal. - Causa não estabelecida: falta de higiene, hipoestrogenismo, irritação mecânica. - Diagnóstico clínico. - Pode favorecer o aparecimento de ITU. - Tratamento: Clínico: uso tópico de cremes a base de estriol. Cirúrgico: casos refratários. - Há possibilidade de recorrência em até 40% dos casos. Vulvovaginite - Inflamação / Infecção da vulva. - Apresentação clínica: corrimento, ardência, disúria, vermelhidão, prurido, sangramentos. - Fatores de risco: proximidade entre vagina e ânus, dificuldade de higiene, uso de produtos locais inadequados, roupas apertadas ou de material sintético, alterações imunológicas, alterações de pH vaginal, traumatismos, verminoses. Associação com violência sexual - Exame físico: leucorréia com ou sem odor fétido e hiperemia local. - Em adolescentes: atenção para IST. - Tratamento: melhora da higiene. - banhos de assento (permanganato de potássio, benzidamina, chá de camomila). - antibióticos e antifúngicos tópicos. - orientações de cuidados locais: roupas íntimas arejadas e de algodão, manter vulva limpa e seca, higiene fecal para trás. Infecção do Trato Urinário na infância (ITU) - Definição: multiplicação do germe patogenico em qualquer ponto do trato urinario (cistite, uretrite, pielonefrite) - identificação do agente através da urocultura - infecção bacteriana mais prevalente no lactente - Epidemiologia: até os 6 meses de idade: predomínio no sexo masculino. - Após os 6 meses: predomínio no sexo feminino (20:1). - Pico de incidência: 3 a 5 anos de idade e adolescência (alterações hormonais e início da atividade sexual - Importância e consequências: infecções recorrentes levam a lesão renal (cicatrizes renais) - importância causa de hipertensão arterial e insuficiência renal na vida adulta Fisiopatologia O trato urinário e urina são estéreis, no entanto a região perineal é colonizada por bactérias. No caso de infecção urinária tem principalmente a E.coli e outras como Enterobacter, Proteus. O Proteus é importante nos meninos com fimose - é um colonizante do prepúcio. Tais agentes ascendem pra região perineal > tem fatores de virulência que são importantes, a E.coli que tem esses fatores é chamada de UPEC. Tem a presença de fímbrias que a E.coli usa para grudar em alguns receptores da célula > sobe e chega até o rim > quando chega na parte alta tem a febre no trato urinário = apresentação clínica da pielonefrite - fator protetor: hábito urinário normal > evitar a estase urinária é o principal fator protetor Apresentação clínica - Variável, de acordo com a idade. - Quanto menor a criança, mais inespecífica é a apresentação clínica. - FEBRE, principalmente no primeiro ano de vida. - Baixo ganho ponderal, recusa alimentar, icterícia, irritabilidade, distensão abdominal. - A partir dos 2 anos de idade, os sintomas se tornam mais específicos: urge-incontinência, disúria, polaciúria, tenesmo, enurese. - Cistite - Atenção para evolução para pielonefrite. Exame de urina - Urina tipo I / Análise de urina / Elementos anormais e sedimentoscopia (EAS): avaliação da composição da urina, que podem evidenciar sinais infecciosos: leucoesterase, nitritos, leucocitúria, Gram. - Resultado rápido: pode justificar o início do tratamento. - Coleta: punção suprapúbica, sondagem vesical, saco coletor, jato médio. - Urocultura / Urinocultura: padrão ouro no diagnóstico da ITU. Resultado pode demorar de até 72 horas. - Importância do método da coleta: PSP: qualquer crescimento bacteriano = ITU Sondagem vesical: >1000 UFC/ml = ITU Saco coletor: 80% dos resultados são “falso positivo”. Jato médio: 50 a 100.000 UFC/ml. Tratamento: 1.Erradicação do agente infeccioso. 2.Estudo morfofuncional do trato urinário. 3.Quimioprofilaxia 1.Antibioticoterapia. - A demora no início do tratamento é fator de risco para lesão renal. - O início da antibioticoterapia está autorizada em caso de suspeita clínica com EAS sugestivo de infecção. - Menores de 3 meses, comprometimento de estado geral ou sinais de toxemia / sepse = internação hospitalar para antibioticoterapia endovenosa. Escolha do antibiótico depende do agente - O antibiótico deve ter espectro adequado, boa eliminação renal e possibilidade de administração por via oral. - Cefalosporinas de primeira geração (cefalexina), sulfametoxazol/trimetoprim, nitrofurantoína, amoxacilina-clavulanato. - Em casos graves (tratamento endovenoso): cefalosporinas de terceira geração (ceftriaxona) ou aminoglicosídeos (amicacina ou gentamicina). Após estabilização clínica há possibilidade de transição para tratamento por via oral. - Duração: 7 a 14 dias. Investigação. - O fluxo adequado da urina é o principal mecanismo de defesa do trato urinário. - A investigação através de exames de imagem está indicada após o primeiro episódio confirmado de ITU, em qualquer idade e para ambos os sexos. - Frequenteassociação da ITU com anomalias e deformidades do trato urinário (Refluxo vesicoureteral). Os exames devem ser associados para melhor identificação de fatores predisponentes e/ou lesão renal já estabelecida - Ultrassonografia de rins e vias urinárias. - Uretrocistografia miccional (UCM). - Urografia excretora (UE). - Cintilografia renal estática (DMSA). - Cintilografia renal dinâmica (DTPA). • Refluxo vesicoureteral (RVU): - Expressão genética. - Anormalidade estrutural da junção ureterovesical (segmento submucoso curto), que permite ascensão da urina da bexiga até o ureter ou rim. - Graus de I a V. - Presente em até 40% das crianças com ITU. Profilaxia. - Uso de antibioticoterapia em doses baixas para evitar a recorrência das infecções urinárias - Importante nos casos de RVU grave (graus IV e V). - Indicação controversa: preocupação com resistência bacteriana. - Nitrofurantoína, sulfametoxazol/trimetoprim ou cefalexina Prognóstico - Caso não sejam conduzidas adequadamente, as infecções do trato urinário na infância levam a cicatrizes, que podem comprometer a função renal na vida adulta. - Importante causa de doença renal crônica. - Fatores de mau prognóstico: crianças menores de 1 ano, demora no início do tratamento, RVU grave e outras malformações urinárias.
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