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Introdução ao Direito de Famílias

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Direito de Família 
5º período - 2021 
direito de família 
O direito de família é, de todos os ramos do direito, o mais intimamente ligado à própria 
vida, uma vez que, de modo geral, as pessoas provêm de um organismo familiar e a ele 
conservam-se vinculadas durante a sua existência, mesmo que venham a constituir nova 
família pelo casamento ou pela união estável. 
Lato sensu, o vocábulo família abrange todas as pessoas ligadas por vínculo de sangue 
e que procedem, portanto, de um tronco ancestral comum, bem como as unidas pela 
afinidade e pela adoção. Compreende os cônjuges e companheiros, os parentes e os 
afins. 
Para determinados fins, especialmente sucessórios, o conceito de família limita-se aos 
parentes consanguíneos em linha reta e aos colaterais até o quarto grau. 
Identificam-se na sociedade conjugal estabelecida pelo casamento três ordens de 
vínculos: o conjugal, existente entre os cônjuges; o de parentesco, que reúne os seus 
integrantes em torno de um tronco comum, descendendo uns dos outros ou não; e o de 
afinidade, estabelecido entre um cônjuge e os parentes do outro. O direito de família 
regula exatamente as relações entre os seus diversos membros e as consequências 
que delas resultam para as pessoas e bens. 
O objeto do direito de família é, pois, o complexo de disposições, pessoais e 
patrimoniais, que se origina do entrelaçamento das múltiplas relações estabelecidas 
entre os componentes da entidade familiar. 
conteúdo do direito de família: 
O direito de família constitui o ramo do direito civil que disciplina as relações entre 
pessoas unidas pelo matrimônio, pela união estável ou pelo parentesco, bem como os 
institutos complementares da tutela e curatela, visto que, embora tais institutos de 
caráter protetivo ou assistencial não advenham de relações familiares, têm, em razão 
de sua finalidade, nítida conexão com aquele. 
Conforme a sua finalidade ou o seu objetivo, as normas do direito de família ora regulam 
as relações pessoais entre os cônjuges, ou entre os ascendentes e os descendentes ou 
entre parentes fora da linha reta; ora disciplinam as relações patrimoniais que se 
desenvolvem no seio da família, compreendendo as que se passam entre cônjuges, 
entre pais e filhos, entre tutor e pupilo; ora finalmente assumem a direção das relações 
assistenciais, e novamente têm em vista os cônjuges entre si, os filhos perante os pais, 
o tutelado em face do tutor, o interdito diante do seu curador. Relações pessoais, 
patrimoniais e assistenciais são, portanto, os três setores em que o direito de família 
atua. 
 
 
 
Direito de Família 
5º período - 2021 
princípios do direito de familia: 
O Código Civil de 2002 procurou adaptar-se à evolução social e aos bons costumes, 
incorporando também as mudanças legislativas sobrevindas nas últimas décadas do 
século passado. Adveio, assim, com ampla e atualizada regulamentação dos aspectos 
essenciais do direito de família à luz dos princípios e normas constitucionais. Rege-se o 
novo direito de família pelos seguintes princípios: 
→ Princípio do respeito à dignidade da pessoa humana: como decorrência do disposto 
no art. 1º, III, da Constituição Federal. 
 O direito de família é o mais humano de todos os ramos do direito. Em razão disso o 
princípio do respeito à dignidade da pessoa humana constitui, assim, base da 
comunidade familiar, garantindo o pleno desenvolvimento e a realização de todos os 
seus membros, principalmente da criança e do adolescente (CF, art. 227). 
→ Princípio da igualdade jurídica dos cônjuges e dos companheiros, no que tange aos 
seus direitos e deveres: estabelecido no art. 226, § 5º, da Constituição Federal. 
A regulamentação instituída no aludido dispositivo acaba com o poder marital e com o 
sistema de encapsulamento da mulher, restrita a tarefas domésticas e à procriação. Os 
direitos são agora exercidos pelo casal, em sistema de cogestão, devendo as 
divergências ser solucionadas pelo juiz (CC, art. 1.567, parágrafo único). O dever de 
prover à manutenção da família deixou de ser apenas um encargo do marido, 
incumbindo também à mulher, de acordo com as possibilidades de cada qual (art. 
1.568). 
→ Princípio da igualdade jurídica de todos os filhos: consubstanciado no art. 227, § 
6º, da Constituição Federal. 
O dispositivo em apreço estabelece absoluta igualdade entre todos os filhos, não 
admitindo mais a retrógrada distinção entre filiação legítima ou ilegítima, segundo os 
pais fossem casados ou não, e adotiva, que existia no Código Civil de 1916. Hoje, todos 
são apenas filhos, uns havidos fora do casamento, outros em sua constância, mas com 
iguais direitos e qualificações (CC, arts. 1.596 a 1.629). 
→ Princípio da paternidade responsável e planejamento familiar: dispõe o art. 226, § 
7º, da Constituição Federal que o planejamento familiar é livre decisão do casal, 
fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade 
responsável. Essa responsabilidade é de ambos os genitores, cônjuges ou 
companheiros. 
 
 
 
→ Princípio da comunhão plena de vida baseada na afeição entre os cônjuges ou 
conviventes: como prevê o art. 1.511 do Código Civil. 
O Código Civil de 2002, no art. 1.565, traçou algumas diretrizes, proclamando que “o planejamento 
familiar é de livre decisão do casal” e que é “vedado qualquer tipo de coerção por parte de instituições 
públicas e privadas”. 
 
 
Direito de Família 
5º período - 2021 
Tal dispositivo tem relação com o aspecto espiritual do casamento e com o 
companheirismo que nele deve existir. Demonstra a intenção do legislador de torná-lo 
mais humano. Altera-se o conceito de unidade familiar, antes delineado como 
aglutinação formal de pais e filhos legítimos baseada no casamento, para um conceito 
flexível e instrumental, que tem em mira o liame substancial de pelo menos um dos 
genitores com seus filhos – tendo por origem não apenas o casamento – e inteiramente 
voltado para a realização espiritual e o desenvolvimento da personalidade de seus 
membros. 
→ Princípio da liberdade de constituir uma comunhão de vida familiar, seja pelo 
casamento, seja pela união estável, sem qualquer imposição ou restrição de 
pessoa jurídica de direito público ou privado: como dispõe o supramencionado art. 
1.513 do Código Civil. 
 Tal princípio abrange também a livre decisão do casal no planejamento familiar (CC, art. 
1.565), intervindo o Estado apenas para propiciar recursos educacionais e científicos ao 
exercício desse direito (CF, art. 226, § 7º); a livre aquisição e administração do 
patrimônio familiar (CC, arts. 1.642 e 1.643) e opção pelo regime de bens mais 
conveniente (art. 1.639); a liberdade de escolha pelo modelo de formação educacional, 
cultural e religiosa da prole (art. 1.634); e a livre conduta, respeitando-se a integridade 
físico-psíquica e moral dos componentes da família. 
→ Princípio da função social da família: as relações familiares devem ser analisadas 
dentro do contexto social e diante das diferenças regionais de cada localidade. Isso 
porque a sociedade muda, a família se altera e o Direito deve acompanhar essas 
transformações. 
natureza jurídica do direito de familia: 
Ainda, questiona-se muito se o Direito de Família pertence ao Direito Privado ou ao 
Direito Público. Carlos Roberto Gonçalves explana acerca do tema: 
“Em razão da importância social de sua disciplina, predominam no 
direito de família, portanto, as normas de ordem pública, impondo 
antes deveres do que direitos. (...) Daí por que se observa uma 
intervenção crescente do Estado no campo do direito de família, 
visando conceder-lhe maior proteção e propiciar melhores condições 
de vida às gerações novas. Essa constatação tem conduzido alguns 
doutrinadores a retirar do direito privado o direito de família e incluí-
lo no direito público. Outros preferem classificá-lo como direito sui 
generis ou “direito social”. Malgrado as peculiaridadesdas normas do 
direito de família, o seu correto lugar é mesmo junto ao direito 
privado, no ramo do direito civil, em razão da finalidade tutelar que 
lhe é inerente, ou seja, da natureza das relações jurídicas a que visa 
disciplinar.” 
O Direito de Família contemporâneo pode ser dividido em dois grandes livros, o que 
consta do CC/2002: 
 
 
Direito de Família 
5º período - 2021 
I. Direito Existencial de Família: está baseado na pessoa humana, sendo as normas 
correlatas de ordem pública ou cogentes. Tais normas não podem ser contrariadas 
por convenção entre as partes, sob pena de nulidade absoluta da convenção, por 
fraude à lei imperativa (art. 166, inc. VI, do CC). 
II. Direito Patrimonial de Família: tem o seu cerne principal no patrimônio, 
relacionado a normas de ordem privada ou dispositivas. Tais normas, por óbvio, 
admitem livremente previsão em contrário pelas partes. 
concepção de familia: 
A Constituição Federal de 1988 tem um capítulo próprio que trata da família, da 
criança, do adolescente, do jovem e do idoso (Capítulo VII, do Título VIII – Da Ordem 
Social). Interpretando-se um dos dispositivos constantes desse capítulo, o art. 226 do 
Texto Maior, pode-se dizer que a família é decorrente dos seguintes institutos: 
I. Casamento civil, sendo gratuita a sua celebração e tendo efeito civil o casamento 
religioso, nos termos da lei (art. 226, §§ 1.º e 2.º). 
II. União estável entre homem e mulher, devendo a lei facilitar a sua conversão em 
casamento (art. 226, § 3.º). 
III. Família monoparental, comunidade formada por qualquer dos pais e seus 
descendentes (art. 226, § 4.º). 
Tem prevalecido, na doutrina e na jurisprudência, especialmente na superior (STF e 
STJ), o entendimento pelo qual o rol constitucional familiar é exemplificativo (numerus 
apertus) e não taxativo (numerus clausus). Assim sendo, são admitidas outras 
manifestações familiares, caso das categorias a seguir: 
IV. Família anaparental, expressão criada por Sérgio Resende de Barros, que quer dizer 
família sem pais. 
 
 
 
V. Família homoafetiva, constituída por pessoas do mesmo sexo. 
 
 
VI. Família mosaico ou pluriparental, aquela decorrente de vários casamentos, uniões 
estáveis ou mesmo simples relacionamentos afetivos de seus membros. 
VII. Família eudemonista que é a caracterizada pelo vínculo afetivo. 
O STJ entendeu que o imóvel em que residem duas irmãs solteiras constitui bem de família, pelo fato 
delas formarem uma família (STJ, REsp 57.606/MG, 4.ª Turma, Rel. Min. Fontes de Alencar, j. 
11.04.1995, DJ 15.05.1995, p. 13.410). 
No dia 05 de maio de 2011, o Supremo Tribunal Federal reconheceu por unanimidade a união 
homoafetiva como entidade familiar. A decisão compara a união homoafetiva à união estável, para 
todos os fins jurídicos, tendo efeito vinculante e erga omnes.

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