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Exercício III - DIREITO DO TRABALHO

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EXERCÍCIO III
Pedro Paulo Junior com 17 anos de idade, devidamente acompanhado pelo seu pai, firmou contrato de trabalho com a empresa RC Limpeza Industrial, na qual prestaria serviços de limpeza em equipamentos industriais. Seu horário de labor era de segunda a sábado das 8h00 às 17h00 com 1 (uma) hora de intervalo para refeição, e como contraprestação o empregado receberia salário-mínimo abaixo da remuneração base de sua categoria (CCT). Cumpre observar que a empresa fornecia todos os equipamentos de proteção exigidos por lei, o que de fato reduzia o pagamento do adicional de insalubridade aos patamares mínimos. Pedro Paulo Junior também recebia o adicional de insalubridade como complemento salarial. Após cinco meses a empresa transferiu o empregado para o interior de São Paulo (400km de distância), sob a alegação de que o seu poder de gerenciamento sobre os funcionários permite a transferência de qualquer empregado de seus quadros por vontade unilateral. Outro ponto interessante a ser destacado versa no sentido de que até hoje o empregado, após a entrega, não recebeu sua CTPS e ainda ficou sabendo através de seus colegas que a empresa costuma não registrar seus funcionários. Pedro Paulo deseja romper o contrato de trabalho e lhe procura para receber informações sobre as possibilidades de rescisão e seus direitos.
1. Relativamente a idade para trabalho, a Constituição Federal, no seu art. 7º, XXXIII, bem como a CLT nos seus arts. 403 a 405, proíbem qualquer tipo de trabalho para menores de 16 anos, salvo na condição de aprendiz a partir dos 14 anos, permitindo o trabalho aos menores de 18 anos, desde que não seja em atividade noturna, perigosa ou insalubre, ou em locais prejudiciais à sua moralidade. No caso de Pedro Paulo, embora o contrato tenha sido validamente firmado sob o acompanhamento do seu pai, já que não possui capacidade civil plena, ele é menor de 18 anos e por isso não poderia trabalhar em condições insalubres, uma vez que é vedado pela CF e pela CLT. Ademais, o fato de a empresa fornecer equipamentos de proteção que atenuem o grau de insalubridade, o risco à saúde dos empregados não é eliminado, persistindo a insalubridade. Nesse sentido, tal trabalho é proibido.
2. Com relação à jornada de trabalho de Pedro, é regulada pelas disposições gerais aplicáveis aos contratos de trabalho comuns, conforme o art. 411 da CLT. Nesse sentido, sua jornada deve ser limitada a 8 horas diárias e 44 semanais, nos termos do art. 7º, XIII da CF). Pedro trabalha, no entanto, das 8h00 às 17h00, de segunda a sábado, com uma hora de intervalo, o que totaliza 8 horas diárias e 48 horas semanais, excedendo o limite em duas horas. A compensação só seria permitida por negociação coletiva, conforme estabelece o artigo 413, I, CLT, o que não ocorreu nesse caso. Assim, devem ser indenizadas as horas extras, com valoração de no mínimo 50%.
3. No tocante a remuneração do menor, deve haver equiparação quanto a remuneração do trabalhadores comuns, sendo devido ao menor o pagamento de piso de sua categoria, nos termos do art. 7º, V, CF. No caso de Pedro Paulo Junior, ele recebia slaário inferior ao piso de sua categoria estabelecido em Convenção Coletiva de Trabalho, confrontando o disposto em norma coletiva, que deveria ser atendida, dando ensejo à rescisão indireta, conforme o art. 483, ‘’d’’, da CLT. Desse modo, Pedro Paula tem direito à receber as diferenças salariais no momento da rescisão contratual.
4. O empregador tem direito, como o gestor da relação trabalhista, de realizar certas alterações contratuais, em alguns casos unilateralmente, embora a regra da CLT seja a alteração por mútuo consentimento e desde que não haja prejuízo ao empregado (art. 468, CLT). Relativamente à transferência, a CLT veda, no seu artigo 469, o empregador de transferir o empregado sem sua anuência, ou seja, unilateralmente. Assim sendo, a transferência de Pedro Paulo Junior para o interior de São Paulo, ficando a mais de 400 km de distância, sem a sua anuência, é ilegal.
5. No que se refere a Carteira de Trabalho, o artigo 29 da CLT prevê que o empregador tem o prazo de 05 dias úteis para realizar a anotação, mas no presente caso o empregador não realiza anotações na CTPS de seus empregados, violando a legislação trabalhista. Ademais, como o empregador reteve a CTPS de Pedro Paulo Junior, terá direito à indenização, conforme entendimento adotado pela jurisprudência.
Diante do exposto, Pedro Paulo Junior, poderá pedir a rescisão indireta de seu contrato de trabalho, e para isso deve ser representado por seus pais.
Esses direitos são amparados pelos seguintes julgados:
DANO MORAL. RETENÇÃO DA CTPS. A carteira de trabalho - CTPS é documento de identificação pessoal e de total relevância para o exercício de qualquer emprego ou de atividade por conta própria, pois registra todo o histórico profissional do trabalhador e também garante o acesso a alguns dos principais direitos trabalhistas tais como seguro-desemprego e benefícios previdenciários. Deste modo, a retenção injustificada do documento viola o direito à honra e dignidade humana do trabalhador e da sua família, que sofre limitação na comprovação da sua vida funcional e, principalmente, no acesso a inúmeros direitos trabalhistas, essenciais na manutenção da sua vida e de seus dependentes. Esta conduta acarreta à Autora prejuízos de ordem moral e material. No caso dos autos, houve a retenção da CTPS por cerca de 3 meses, sendo que a efetiva empregadora não apresentou qualquer elemento que justificasse a retenção da CTPS. Dessa forma, a retenção injustificada da carteira de trabalho após a extinção do contrato configura a prática de ato ilícito pela Reclamada, nos termos do artigo 186 do Código Civil e, com base no art. 927 do Código Civil enseja à Autor o direito a indenização por danos morais.
(TRT-2 10005079020185020014 SP, Relator: FRANCISCO FERREIRA JORGE NETO, 14ª Turma - Cadeira 1, Data de Publicação: 08/06/2020)
RESCISÃO INDIRETA. PAGAMENTO DE SALÁRIO INFERIOR AO PISO DA CATEGORIA. O pagamento da remuneração pelo empregador constitui uma das obrigações mínimas e indispensáveis do pacto laboral. Se a empresa paga salário inferior ao piso da categoria, o descumprimento do contrato é evidente, além de provocar prejuízos ao empregado, ante o caráter alimentar do salário, necessário ao sustento e sobrevivência do trabalhador. Rescisão indireta caracterizada.
(TRT-13 - RO: 01301270720155130004 0130127-07.2015.5.13.0004, 1ª Turma, Data de Publicação: 15/06/2015)
DANO MORAL. TRABALHO DE MENOR DE IDADE EM ATIVIDADE INSALUBRE. INDENIZAÇÃO DEVIDA. O labor em atividade insalubre viola o art. 405, I, da CLT e causa dano ao menor de idade submetido a ambiente de trabalho insalubre. Constatada a violação aos direitos personalíssimos do autor, impõe-se a condenação da ré ao pagamento de indenização por dano moral, nos termos do art. 5º, X, da CF.
(TRT-4 - RO: 00207262120165040382, Data de Julgamento: 04/10/2018, 4ª Turma)

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