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De acordo com o artigo 238 do CPC: “citação é ato pelo qual são convocados réus executados ou interessados para que integrem a relação processual”, é um convite para que integrem ao processo. A citação do réu ou do executado é pressuposto de validade do processo, salvo quando houver indeferimento da petição inicial ou improcedência liminar do pedido. Caso não haja citação ou houver eventual nulidade desta, o comparecimento espontâneo do réu supre essa necessidade e o prazo para apresentação de contestação/embargos contam a partir desta data. Pode ocorrer da alegação de nulidade da citação ser rejeitada, neste caso: ● o réu será considerado revel se o processo estiver em fase de conhecimento ● feito terá seguimento se o processo estiver em fase de execução 1. Formas de citação a. Correio/Citação postal É aquela realizada por meio de carta, com aviso de recebimento (AR) sendo regra. O prazo de resposta se inicia com a juntada do AR nos autos. Pode ser enviada para qualquer lugar do país, salvo nas ações de estado, citando incapaz, citando pessoa de direito público, citando pessoa que reside em local onde não há recebimento domiciliar de correspondência ou quando o autor, justificadamente, a requerer de outra forma. (artigo 247 CPC) Nos condomínios e loteamentos com controle de acesso, é válida a entrega do mandado a funcionário da portaria responsável pela correspondência. Este ainda pode recusar o recebimento se declarar por escrito que o destinatário está ausente. Se o réu for pessoa jurídica, pode ser recebida pela pessoa responsável com poderes de gerência ou administração, ou ainda funcionário responsável pela correspondência. b. Oficial de justiça: Ocorre por mandado nos casos em que não for cabível citação pelo correio especificadas no artigo 247 acima citado. O prazo de defesa se inicia com a juntada do mandado aos autos (no dia seguinte útil). Só pode ser realizada na mesma comarca do juiz ou em comarca vizinha. Se for para outra comarca será por Carta Precatória. Se for para outro país, será por Carta Rogatória. c. Meio eletrônico: Prevista no artigo 9º, § 1º da Lei 11.419/06, é aquela realizada pela internet para o réu previamente cadastrado. O prazo de defesa se inicia com a consulta no meio eletrônico. Art. 9º No processo eletrônico, todas as citações, intimações e notificações, inclusive da Fazenda Pública, serão feitas por meio eletrônico, na forma desta Lei. § 1º As citações, intimações, notificações e remessas que viabilizem o acesso à íntegra do processo correspondente serão consideradas vista pessoal do interessado para todos os efeitos legais. § 2º Quando, por motivo técnico, for inviável o uso do meio eletrônico para a realização de citação, intimação ou notificação, esses atos processuais poderão ser praticados segundo as regras ordinárias, digitalizando-se o documento físico, que deverá ser posteriormente destruído. d. Edital: É aquela realizada pela publicação no diário oficial e em jornal de grande circulação. Só ocorrerá nas hipóteses abaixo: ● citando desconhecido ou incerto ● local em que se encontra o citando for incerto, ignorado ou de difícil acesso ● lei determinar. Ex.: usucapião O prazo de defesa do réu depende do que está disposto no próprio edital. e. Citação por hora certa: Ocorre todas as vezes em que o oficial de justiça suspeita de ocultação do réu para não ser citado. Nesse caso, “quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de justiça houver procurado o citando em seu domicílio ou residência sem o encontrar, deverá, havendo suspeita de ocultação, intimar qualquer pessoa da família ou, em sua falta, qualquer vizinho de que, no dia útil imediato, voltará a fim de efetuar a citação”, em hora pré-determinada. (artigo 252 CPC) No dia seguinte o réu será considerado citado. O oficial de justiça certifica isso nos autos. “Nos condomínios edilícios ou nos loteamentos com controle de acesso, será válida a intimação a que se refere o caput feita a funcionário da portaria responsável pelo recebimento de correspondência” (parágrafo único, artigo 252 CPC) f. Citação por escrivão: Era chamada no código anterior como citação por balcão - é aquela em que o réu é citado no próprio cartório. 2. Citação Real vs Ficta Dentre os 6 tipos de citação, será real quando o réu realmente recebe o mandado, ou ficta quando a lei presume que o réu recebeu. É real a citação por correio, oficial de justiça, meio eletrônico e escrivão. É ficta a citação por edital e hora certa. Caso a citação seja ficta, se o réu não comparecer em juízo, será nomeado um curador especial. 3. Efeitos da citação Mesmo quando ordenada por juizo incompetente, a citação válida torna a coisa litigiosa, constitui o réu em mora e induz a litispendência. Ou seja, ainda que a competência de juízo seja diferente, a citação produzirá efeitos pois cumpre o seu papel de integrar o réu, executado ou interessado na relação processual. Levando em conta o §1º do artigo 240 do CPC, outro efeito da citação será a interrupção da prescrição. Na verdade, tal efeito é produzido pelo despacho que ordena a citação, mesmo que de juízo incompetente desde que válida a citação. Uma vez que o prazo seja interrompido, retroagirá, então, à data de propositura da ação Após citado, o réu deverá responder por meio da contestação. É a peça mais importante do reclamado, pois dentro dela será explicada praticamente todas as alegações valiosas ao processo. Em regra apresenta sua defesa. “Art. 336. Incumbe ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir” Tem prazo de 15 dias (artigo 335 CPC): ● contados da última audiência de mediação sem acordo ● contados a partir do protocolo de recusa da audiência pelo réu ● ou a partir da citação - juntada do AR Tem prazo em dobro: ● MP, Fazenda e Defensoria ● Litisconsortes com advogados diferentes Art. 340. Havendo alegação de incompetência relativa ou absoluta, a contestação poderá ser protocolada no foro de domicílio do réu, fato que será imediatamente comunicado ao juiz da causa, preferencialmente por meio eletrônico. Art. 341. Incumbe também ao réu manifestar-se precisamente sobre as alegações de fato constantes da petição inicial, presumindo-se verdadeiras as não impugnadas, salvo se: ● não for admissível, a seu respeito, a confissão; ● a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considerar da substância do ato; ● estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto. O ônus da impugnação especificada dos fatos não se aplica ao defensor público, ao advogado dativo e ao curador especial. 1. Princípios da contestação Princípio da eventualidade: toda a defesa do réu deve ser apresentada em contestação, sob pena de preclusão (perda da faculdade de apresentar alguma alegação). Salvo quando: ● matéria de ordem pública, que pode ser alegada a qualquer momento ou o juiz pode reconhecer de ofício (ex.: incompetência absoluta) ● direito superveniente, direito que aparece depois da contestação (ex.: cobrança de dívida e pode alegar o pagamento depois da contestação, quando feito) ● lei permitir (ex.: prescrição) Princípio/ônus da impugnação específica: o réu deve impugnar ponto a ponto todas as alegações do autor, sob pena de presunção da legalidade - considerar o alegado pelo autor como verdade ● salvo quando apresentar alegação por negativa geral. Só poder ser feito pelo MP, Curador especial ou por advogado dativo ● curador especial é aquela figura nomeada para representar o réu nomeado de forma ficta que não comparece em juízo ● advogado dativo é aquele nomeado para pessoa hipossuficiente economicamente 2. Reconvenção É o contra ataque do réu em face do autor, com natureza de ação e que deve ser apresentada dentro da própria contestação. Duas ações no mesmo processo - por isso TEM que colocar valor da causa, é uma ação nova. É independente da contestação e ação principal. Caso a ação doautor seja extinta sem julgamento de mérito, a reconvenção NÃO é extinta junto, prosseguindo independentemente. É possível apresentar reconvenção em conjunto com uma terceira pessoa, ou ainda, promover reconvenção contra o autor e terceira pessoa. 3. Revelia Ocorre todas as vezes que o réu não apresenta contestação. NÃO CONFUNDIR COM SEUS EFEITOS Revelia é a não apresentação da contestação pelo réu - seus efeitos são consequência disso. a. efeitos da revelia: Presunção de veracidade dos fatos alegados pelo autor. Salvo quando: ○ houver litisconsórcio e um dos litisconsortes contestar (os outros aproveitam e usam essa mesma contestação) ○ interesse for indisponível, não tem esse efeito da revelia pois não é verídico o alegado visto que é indisponível ○ a petição inicial vier sem documento considerado indispensável para a propositura da ação ○ a petição inicial contiver alegações inverossímeis ou contrárias às provas dos autos Prazos fluirão da publicação do ato decisório. ● uma vez que o réu não contesta, os prazos fluirão de cada ato e ele não será intimado pessoalmente para cada ato ● salvo quando houver procurador constituído nos autos pelo réu. ● sempre que ocorrer a revelia serão produzidos os efeitos? não. O revel pode ingressar no processo a qualquer momento, mas o receberá no estado em que se encontrar.
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