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@isanogueira 18/05/2021 CARIOLOGIA Uso de produtos fluoretados Diziam que com o uso do flúor a glândula pineal se calcifica, porém alguns estudos viram que com o passar do tempo, a glândula pineal se calcifica com o passar da idade, independente do uso de flúor ou não. Antigamente, o uso do flúor foi muito criticado por todos, falavam que era um plano comunista, um veneno, causava aids, envelhecimento, Alzheimer, fratura óssea, câncer e entre outras causas. Flúor - Elemento químico flúor, que está́ presente na natureza, mais comumente, na forma de minerais, ou seja, ligado a outros elementos químicos, como o cálcio. Fluoreto - refere-se ao flúor na forma iônica, ou seja, F−. É o agente responsável pelo mecanismo anticárie do elemento químico. O fluoreto só tem ação anticárie quando está na forma iônica. Já está bem estabelecido na literatura que de todas as estratégias para o controle da cárie como doença, sem dúvidas a mais bem sucedida historicamente é a utilização de fluoretos. Desde que uma redução nos índices de cárie foi observada em populações que passaram a ser expostas ao fluoreto, a epidemiologia da doença sofreu mudanças drásticas, em nível mundial. Quando disponível na cavidade bucal, o íon flúor (ou fluoreto) exerce um enorme efeito físico- químico no processo de DES/RE dental, que resulta em diminuição na velocidade de progressão das lesões de cárie. O processo de desenvolvimento das lesões de cárie é resultado na interação de biofilme cariogênico formado sobre a estrutura dental e a dieta cariogênica consumida em altura frequência. Logo, a fermentação desses produtos da dieta induz a desmineralização da estrutura dental. Porém, na presença de fluoreto, o processo pode ser desacelerado, uma vez que o fluoreto é um potente ativador da precipitação de minerais na estrutura dental. O processo de cárie sofre modificações quando ocorre na presença de fluoreto. Essa desaceleração do processo de progressão de lesões de cárie pelo fluoreto é tão importante que é capaz de causar mudanças epidemiológicas @isanogueira 18/05/2021 CARIOLOGIA drásticas, como observado nas últimas décadas no Brasil. O efeito do fluoreto no processo é sempre positivo. Seja evitando a perda mineral significativa, mesmo quando há́ um desafio cariogênico presente (diminuição da desmineralização) ou auxiliando no processo de reversão de lesões de cárie ativas (ativação da remineralização), quando o paciente passa a controlar o processo de desenvolvimento da doença. Mecanismo de ação dos fluoretos O fluoreto vai apresentar um efeito extremamente relevante no processo de DES/REmineralização. Esse efeito vai ser do tipo físico-químico que vai envolver a solubilidade de vários minerais, principalmente a hidroxiapatita e apatita fluoretada. Como acontece – Quando a estrutura dental esta ́ perdendo minerais tipo hidroxiapatita para o meio bucal (nos momentos de queda de pH no biofilme dental pela fermentação de açúcares, por exemplo) na forma de íons cálcio (Ca2+) e fosfato (PO3−), a presença de fluoreto nesse meio, mesmo em concentrações muito baixas, reduz essa dissolução mineral, já́ que parte dos íons Ca2+ e PO3− que seriam perdidos para o meio retornam para a estrutura mineral dos dentes pela precipitação de um mineral menos solúvel, formando a apatita fluoretada. Na ausência de fluoreto, vai ter uma perda mineral máxima. Já quando tem a presença de fluoreto no meio, a desmineralização vai ser menor porque vai ter a precipitação da apatita fluoretada. Na remineralização, quando o meio não está mais crítico para perda mineral, o ph está em normalidade e o biofilme já foi removido pela escovação, o fluoreto vai favorecer a capacidade de remineralização da saliva. Ou seja, se o ph já entrou em normalidade e não tiver fluoreto no meio, vai acontecer uma reversão parcial da perda mineral, porém, se houver fluoreto no meio, vai acontecer uma maior reversão do mineral perdido. O ph crítico para o esmalte é de 5,5, mas na presença de flúor pode ser de 4,5. Isso acontece porque quando o meio bucal atinge o ph inferior a 5,5 vai acontecer a dissolução de hidroxiapatita (perda de cálcio e fosfato), mas se houver a presença de flúor no meio, ele vai se tornar subsaturado em relação a hidroxiapatita porque vai ser formado a fluorapatita, tendo como consequência uma menor dissolução mineral do dente. Por esse motivo é para ser evitado que se perda hidroxiapatita. Quando o ph se eleva novamente para 5,5 ele já vai estar subsaturado, tendo uma potencialização na remineralização porque a hidroxiapatita e a fluorapatita que foi formanda vai ter uma precipitação no esmalte. @isanogueira 18/05/2021 CARIOLOGIA Fluoreto no controle da cárie: onde, quanto, como e quando? Quando a importância do fluoreto no controle da cárie foi descoberta, em regiões que possuíam fluoreto natural na água, acreditou-se que seu efeito era sistémico, seria pré eruptivo, tornando os dentes mais resistentes à cárie. Porém, o flúor tem uma ação tópica. Atualmente, sabemos que o flúor precisa estar em contato com a estrutura dental para exercer seu efeito nos processos de DES/REmineralização. Tendo seu efeito pós eruptivo, agindo nos dentes presentes da cavidade bucal. Onde age? Na saliva e no biofilme dental. Quanto que precisa de flúor para evitar a desmineralização? Concentrações menores do que 1 micromolar já́ são suficientes para reduzir a desmineralização e ativar a remineralização dental. Assim, é possível entender o conceito de que são necessárias concentrações baixas constantemente disponíveis na cavidade bucal do íon para que seu efeito anticárie seja exercido. Como manter essas concentrações? Os diferentes meios de uso de fluoreto agem pelo mesmo efeito físico-químico, mas diferem na forma como mantêm o íon na cavidade bucal. Meios de uso de fluoreto Todos os meios de uso de fluoreto para o controle da cárie têm o mesmo mecanismo de ação. esse mecanismo é aumentar a concentração do fluoreto no meio bucal, principalmente pela sua retenção no fluido do biofilme (efeito tópico), para que ele possa atuar diminuindo a desmineralização e promovendo a remineralização dental. Como o mecanismo de ação do fluoreto é essencialmente tópico, eles foram classificados de acordo com o seu método de aplicação, como: coletivos, individuais ou de autoaplicação, aplicação profissional (esses métodos podem se enquadrar em mais de um meio de aplicação, e podem ter cominações entre eles). Cada um desses meios tem diferentes mecanismos para manter concentrações constantes do íon no meio bucal. Água fluoretada É reconhecida como uma das melhores medidas de saúde pública no mundo. Seu uso contínuo mantém concentração ligeiramente superior a 1 micromolar na saliva de quem a consome continuamente. Essa concentração elevada na saliva se reflete também no biofilme dental, que fica enriquecido pelo fluoreto disponibilizado pela água fluoretada. @isanogueira 18/05/2021 CARIOLOGIA Quando tem a ingestão de água ou alimentos cozidos com essa água, vai ter concentrações de fluoreto de 0,3 a 0,4 de ppm de flúor que vão ser liberadas e vão gradativamente diminuindo pela ação do fluxo salivar. Mais ou menos 1hr após a ingestão da água ou alimento, a concentração de fluoreto já́ caiu bastante, porém, se mantém acima de 0,019 ppm F (1 micromolar), isso acontece porque tem a liberação na saliva do fluoreto que foi absorvido no trato gastrintestinal. Quando tem o consumo de água fluoretada e alimentos cozidos com ela, consequentemente tem o efeito anticárie. O único efeito colateral vindo do consumo dessa água é a fluorose. Por um lado, tem essegrande problema de saúde pública, a cárie dentária, que corresponde à doença crônica mais prevalente em todo o mundo, afetando 2,4 bilhões de indivíduos e consumindo recursos consideráveis para o seu tratamento e o de suas sequelas. E por outro lado, tem a fluoretação dá água que é abrangente, custo-efetiva, com baixo risco de efeitos adversos, apresentando grande benefício no controle da cárie dentária. Assim, essa medida deve ser mantida em áreas onde já́ existe e estendida a áreas onde sua implementação é viável. Existem outros métodos comunitários que foram implementados quando por algum problema a fluoretação da água não pôde ser efetuada, como: adicionar o flúor em alguns alimentos (sendo mais comum o sal e o leite), porém ainda não existe estudos clínicos avaliando a eficácia dessa fluoretação nos alimentos para o controle da cárie. Dentifrício fluoretado É um método individual ou de autoaplicação. O creme dental é a forma mais racional da utilização de fluoreto, pois, ao mesmo tempo em que o biofilme dental é desorganizado pela escovação, o fluoreto é disponibilizado para a cavidade bucal para o controle da cárie. Suas concentrações de 1000 a 1500 ppm de fluoreto (padrão) são diluídas na saliva durante escovação, porém, devido à alta concentração original, mantém concentrações elevadas por cerca de 1 a 2 horas. Também são capazes de enriquecer de fluoreto o biofilme dental que não foi adequadamente removido pela escovação. Horas após a escovação com dentifrícios fluoretados, a concentração de fluoreto no biofilme remanescente ainda vai estar elevada. Assim como para a água fluoretada, o efeito dos dentifrícios requer que sejam continuamente utilizados, pois não são capazes de reter seu efeito quando seu uso é interrompido. Soluções fluoretadas para bochecho Também são métodos individuais ou de autoaplicação. Essas soluções não foram muito aceitas por não remover o biofilme como os dentifrícios. @isanogueira 18/05/2021 CARIOLOGIA Tem o efeito muito similar ao dos dentifrícios, porém não têm associada a remoção do biofilme dental e devem funcionar como coadjuvantes dos meios anteriormente citados, para pacientes que possuem um desafio cariogênico alto e que não conseguem controlar a cárie apenas com a água e o dentifrício fluoretado. Produtos de aplicação profissional de fluoreto (géis, espumas e vernizes) Mantem concentrações ligeiramente elevadas de fluoreto no biofilme dental que é bem distinta do mecanismo descrito para água e dentifrícios. São aplicados nas superfícies dentais em alta concentração (geralmente > 9.000 ppm F) e reagem com o mineral da estrutura dental, formando reservatórios solúveis de fluoreto de cálcio. A quantidade de produtos de reação formados é maior na dentina do que no esmalte e maior nas superfícies com lesão de cárie do que nas hígidas. Esses reservatórios que são formados, se dissolvem gradativamente, liberando o íon F, e por isso mantendo o efeito por semanas ou meses após a aplicação. Essa é a grande diferença entre esses meios de uso de fluoreto e água/dentifrício: seu efeito é prolongado e independe do uso diário. É indicado para pacientes que não conseguem controlar a doença cárie pelo uso de apenas água e dentifrício fluoretado. Existem alguns materiais odontológicos que liberam fluoreto. Eles, assim como os produtos de aplicação profissional de fluoreto, são fontes mais duradouras do íon na cavidade bucal, pois são capazes de libera-́ló por meses. São indicados paralelamente ao protocolo clínico escolhido pelo profissional em pacientes que não controlam a doença cárie pelo uso de dentifrício e água fluoretada. Géis de flúor São amplamente utilizados por terem um baixo custo, de fácil aplicação, possui uma boa aceitação por parte do paciente. É importante lembrar que esse produto é viscoso e deve ser aplicado com o paciente sentado, em moldeiras individuais ou com o uso de um cotonete (sempre aplicar um quadrante por vez) e com a presença do sugador sempre para sugar qualquer resquício de flúor e impedir que a criança o degluta. Só pode ser aplicada em crianças maiores de 6 anos de idade, pode ser utilizado para pacientes que usam aparelho ortodôntico fixo. O tempo de aplicação desse gel é de 1 a 4 minutos, de 2 vezes ao no, de 6 em 6 meses ou de 4 vezes ao ano em pacientes com alto risco de cárie. Espumas ou mousses Tem uma forma de ação semelhante ao gel de flúor. São aplicadas em moldeiras de estoque descartáveis com o tempo de 1 a 4 minutos. Deve ter os mesmos cuidados da aplicação do gel e a diferença é que a espuma é mais densa que o gel. @isanogueira 18/05/2021 CARIOLOGIA Vernizes É usado em crianças e adultos, é um produto bem mais caro e é bastante viscoso pois contem altas concentrações de flúor (22.600 ppm F). Devem ser aplicadas de 2 a 4 vezes ao ano em pacientes com alto risco e com atividade de cárie encontrado. Deve ser feito a profilaxia e o isolamento relativo com algodão para que não tenha contato com a saliva, faz a aplicação do produto e espera um tempo até que o produto fique endurecido, formando uma fina película na região que foi aplicado. Para potencializar o efeito, aconselhamos para que o paciente evite consumir alimentos mais duros e que não escove os dentes nas 12hrs seguintes. Vantagens: o tempo de contato é prolongado entre o F e as superfícies dos dentes, o que favorece tanto a absorção lenta deste íon pelos tecidos duros dentários e a formação de reservatórios de CaF2 (F fracamente ligado), o que ocorre pela liberação lenta do F da matriz do verniz para o ambiente bucal e pode usar quantidades reduzidas do produto. Diamino fluoretado de prata É um líquido incolor, com pH alcalino, o qual associa as propriedades antimicrobianas do nitrato de prata aos efeitos do F sobre os processos de des/remineralização. Esse produto é usado em pacientes não colaboradores que não deixam fazer uma restauração, uma remoção do biofilme e etc. Deve ser feito a profilaxia da cavidade, a proteção dos tecidos moles com vaselina para evitar o manchamento dessas estruturas, secagem e aplicar o produto com o tempo de 1 a 4 minutos, a remoção deve ser feita com gazes ou algodão e depois fazer a lavagem da cavidade. Vantagens: Baixo custo e simplicidade de aplicação. Desvantagens: Escurecimento da estrutura dentária, gosto desagradável e manchamento dos tecidos. Cominação dos meios de uso de fluoreto Todos os dias temos a combinação desses meios (água fluoretada + dentifrício fluoretado = todos os indivíduos). Quando o paciente não consegue controlar vai ser cominado o uso de alguns meios, como o uso profissional de fluoreto (produtos de aplicação e materiais restauradores) que beneficiará principalmente aqueles pacientes que precisam de um adicional de fluoreto, quer seja devido a um desafio cariogênico muito grande, ou pelo uso irregular do dentifrício fluoretado. @isanogueira 18/05/2021 CARIOLOGIA Recomendações do uso de fluoreto em odontologia Água e sal fluoretado - meio coletivo de saúde pública. Dentifrício fluoretado (1000 a 1500 ppm F) – recomendado para todos os indivíduos com a aplicação de 2 vezes ao dia. Bochecho fluoretado – uso individual. Usado pelo menos 1 vez ao dia de 10ml/1 minuto e recomendado apenas a partir de 6 anos de idade ou em pacientes com alto risco ou atividade de cárie. Gel, espuma e verniz – uso profissional. Usado de 2 a 4 vezes ao ano. Cominações – pode ser de uso coletivo, individual ou profissional. Metabolismo do fluoreto É dividido em 4 etapas: absorção, distribuição, incorporação e eliminação. Quando o fluoreto é introduzido por via oral, ele vai ser absorvido no trato gastrointestinal(água fluoretada, alimentos cozidos com ela e etc), depois de absorvido, o flúor vai em menor quantidade para o intestino e acaba entrando na corrente sanguínea. Fatores que interferem na absorção por via gastrointestinal: Presença de cátions divalentes ou trivalentes; Conteúdo gástrico e solubilidade do sal de F ingerido. Toxidade do fluoreto Qualquer fluoreto ingerido, se for absorvido no trato gastrintestinal, poderá́ provocar algum efeito colateral no organismo. Intoxicação aguda Ingestão de uma grande quantidade de F−, de uma só vez, podendo causar desde irritação da mucosa gástrica até a morte, dependendo da dose. Embora casos mais graves de intoxicação aguda pelo fluoreto sejam extremamente raros, episódios de intoxicação leve acontecem com relativa frequência. Assim, o CD deve estar atento aos detalhes que possibilitam a identificação dos principais sinais e sintomas envolvidos, para que possa intervir em tempo hábil. Sinais e sintomas da intoxicação aguda por fluoreto: A ingestão de uma grande quantidade de fluoreto (maior q 3 mg F) inicialmente irá causar algum desconforto gástrico, pela irritação da mucosa do estômago, podendo inclusive ocasionar vômito. Após sua absorção, dependendo da dose, o fluoreto poderá́ desencadear uma série de INTOXICAÇÃO AGUDA sintomas específicos ou não específicos. Não específicos: Hipersalivação; Náusea; Diarreia; Dor de cabeça; Suor frio e convulsões. Específicos: Diminuição da concentração de cálcio (hipocalcemia); Aumento da concentração de potássio no sangue (hipercalemia), alterando @isanogueira 18/05/2021 CARIOLOGIA diversos processos metabólicos, como queda de pressão arterial, acidose respiratória, depressão respiratória, arritmia cardíaca, coma e morte.
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