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SUS E NEOLIBERALISMO

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O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE E O NEOLIBERALISMO 
O Neoliberalismo surge em meados da década de 1970, a principal diferença entre essa corrente e o capitalismo é o papel intervencionista do Estado, no liberalismo clássico o Estado deveria intervir de forma mínima na vida econômica dos sujeitos, ao passo que o neoliberalismo prega a não intervenção, isso por defender que o Estado não age de forma eficiente. (RIZOTTO, 2006). 
Em outras perspectivas, defensores do neoliberalismo afirmam que o Estado é “inchado”, ou seja, consome as riquezas e se afoga em burocracia, determinando assim sua incapacidade de gerir ou comandar as relações econômicas entre empresas públicas além de fiscalizar e regulamentar normas para as empresas privadas.
Entretanto, vale ressaltar que o neoliberalismo defende preceitos relacionados a “mão invisível” e meritocracia, o primeiro preceito indica que a regulamentação das relações econômicas ocorre de forma natural, já a meritocracia defende que o sucesso do indivíduo depende apenas do seu mérito e esforço, desconsiderando assim as problemáticas sociais da sociedade, como a desigualdade social, violência, miséria e outras mazelas. 
Mas o que o Sistema Único de Saúde tem a ver com o neoliberalismo? O SUS é um sistema de saúde pública do país, sendo ele gerido pelo Ministério da Saúde que é um órgão federal. Os impostos recolhidos pelo Estado são direcionados para efetivação de melhorias em setores da sociedade, a exemplo da saúde, educação e segurança que são os que mais consomem verbas, além de outros não citados. A saúde no Brasil é gratuita e inclusiva, e isso é uma garantia prevista na Constituição Federal, e que acaba indo na contramão das ideias neoliberais, pois se a saúde é inclusiva e gratuita não pode ser “natural” e nem adquirido com “mérito”.
O SUS surgiu como resultado de décadas de lutas e reivindicações sociais no país, essas reivindicações que visavam a garantia da democracia e direitos à cidadania, não somente na saúde, mas em todos os setores societários do país. A Constituição Federal de 1988 é chamada de constituição cidadã justamente por transformar em lei direitos sociais coletivos. 
Os protestos contra o regime militar reuniram grupos de todos os setores da sociedade, incluindo jovens da área da saúde que pertenciam ao departamento de saúde pública e preventiva. Com o alavancamento das ideias críticas sobre a saúde, novos campos de conhecimento ligados as lutas feministas, antimanicomial e sindical forem sendo criados e estabelecidos como políticas de saúde, a exemplo da saúde da mulher, saúde mental e do trabalhador. (GOUVEIA, PALMA. 1999)
Os principios que regem o Sistema Único de Saúde – SUS, são a universalidade, equidade, descentralização e participação social, esses principios sofrem impactos toda vez que o individualismo pregado pelo neoliberalismo se faz presente. O sistema de saúde do país hoje conta com o acesso a saúde básica ampliado, porém devido a precarização de setores da saúde como serviços assistenciais e terapêuticos, 70% da oferta se encontra com a iniciativa privada. (RIZOTTO, 2006)
Isso significa que o Estado realiza parcerias com empresas privadas para ofertar atendimentos que em “tese” não pode dispor, cabe aqui ressaltar que não se trata da falta de verbas, mas sim da falta de interesse por parte de agentes públicos em investir de forma correta as verbas que vão para a saúde. Virou “comum” ler notícias acerca de crimes contra a administração pública, hospitais tendo suas verbas desviadas, licitações feitas de forma irregulares, acarretando assim num sucateamento do sistema de saúde público, onde quem sai ganhando são as iniciativas privadas. 
Considerando que vivemos em um país cuja a taxa de desigualdade é alarmante, e uma parte considerável da sociedade não tem acesso adequado as necessidades básicas, a adoção de uma lógica mercantilista no setor da saúde torna-se uma ameaça a existência, por mais defeitos que o sistema de saúde brasileiro comporte ele atende de forma gratuita pessoas que não teriam condições de pagar um tratamento. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GOUVEIA, Roberto; PALMA, José João. SUS: na contramão do neoliberalismo e da exclusão social. Estudos avançados, v. 13, n. 35, p. 139-146, 1999.
RIZZOTTO, Maria Lúcia Frizon. Neoliberalismo e saúde. Dicionário da educação profissional. Rio de Janeiro: EPSJV/Fiocruz, p. 173-7, 2006.

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