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Revista Eletrônica de Odontologia e Clínica Integrada da UNIRP – Universitas ISSN 2527-2071 Lima RS, Fernandes AP, Prates AMS, Santos ES, Barros FPCS. Rev Eletr Odontol Clin Integr UNIRP – Universitas. 2020 Jul/Dez; 4(2):52-62. 52 Profilaxia antibiótica para endocardite infecciosa / bacteriana: abordagem contemporânea 1Rachel Silva LIMA 2Ana Paula FERNANDES 3Antônio Marcos de Souza PRATES 4Edilaine Soares SANTOS 5Fabiele Perpétua Chagas Sabatim BARROS Recebido: setembro 2020 Revisado e aceito: novembro 2020 Resumo O termo endocardite infecciosa/bacteriana refere-se à infecção que acomete as superfícies coronarianas, com envolvimento de uma ou mais válvulas cardíacas e se dá através da ocorrência de uma bacteremia transitória. Afim de evita-la, o uso de antibióticos profiláticos previamente a realização de procedimentos cruentos em pacientes de alto risco torna-se necessário. Por conseguinte, o desígnio deste estudo consiste em realizar uma sucinta análise a respeito da endocardite infecciosa/bacteriana discorrendo sobre sua definição, etiologia e sintomatologia; as atuais recomendações da American Heart Association (AHA) com relação á profilaxia antibiótica englobando a classe de pacientes destinada, os procedimentos para o qual se torna necessária e possíveis protocolos a serem seguidos. Para permear o embasamento teórico deste estudo, foi realizada uma pesquisa nas bases de dados Google Academico, Scielo e LILACS dispondo das palavras chaves “endocardite”, “antibióticos” e “Odontologia” que, de acordo com os critérios de inclusão e exclusão, resultou na elegibilidade de 14 referências bibliográficas. Com base na metodologia apresentada e nos resultados obtidos através da leitura das referências utilizadas para a confecção deste, conclui-se que, embora seja um assunto demasiadamente discutido pela comunidade cientifica ainda existem dúvidas em relação a realização da profilaxia antibiótica. Apesar desse impasse, estudos recentes demonstraram 1 Graduanda em Odontologia pelo Centro Universitário de Rio Preto – UNIRP, São José do Rio Preto – São Paulo. rachel_silva_lima@hotmail.com. 2Graduanda em Odontologia pelo Centro Universitário de Rio Preto – UNIRP, São José do Rio Preto – São Paulo. anapaulafernandespd17@gmai.com. 3Graduando em Odontologia pelo Centro Universitário de Rio Preto – UNIRP, São José do Rio Preto – São Paulo. prates.ams@hotmail.com. 4Graduanda em Odontologia pelo Centro Universitário de Rio Preto – UNIRP, São José do Rio Preto – São Paulo. dilaine_soares@hotmail.com. 5Graduanda em Odontologia pelo Centro Universitário de Rio Preto – UNIRP, São José do Rio Preto – São Paulo. fabielesabatin@hotmail.com. Revista Eletrônica de Odontologia e Clínica Integrada da UNIRP – Universitas ISSN 2527-2071 Lima RS, Fernandes AP, Prates AMS, Santos ES, Barros FPCS. Rev Eletr Odontol Clin Integr UNIRP – Universitas. 2020 Jul/Dez; 4(2):52-62. 53 que houve redução nos grupos de risco, atualmente os portadores de válvulas cardíacas protéticas, de doenças cardíacas congênitas, de valvopatia adquirida por transplante e história de endocardite bacteriana previa, denominado grupo de alto risco, são os pacientes para os quais está indicado a realização da profilaxia antibiótica previamente a execução de procedimentos odontológicos de caráter invasivo. Palavras chaves: Endocardite Infecciosa. Antibióticos. Odontologia. Antibiotic prophylaxis for infectious / bacterial endocarditis: a contemporary approach Abstract The term infectious / bacterial endocarditis refers to the infection that affects the coronary surfaces, with the involvement of one or more heart valves and occurs through the occurrence of a transient bacteremia. In order to prevent it, the use of prophylactic antibiotics prior to performing bloody procedures in high-risk patients is necessary. Consequently, the purpose of this study is to carry out a succinct analysis regarding infectious / bacterial endocarditis, discussing its definition, etiology and symptoms; the current recommendations of the American Heart Association (AHA) regarding antibiotic prophylaxis covering the class of patients intended, the procedures for which it is necessary and possible protocols to be followed. To permeate the theoretical basis of this study, a search was carried out in the Google Academico, Scielo, LILACS databases, using the keywords “endocarditis”, “antibiotics” and “Dentistry” which, according to the inclusion criteria and exclusion, resulted in the eligibility of 14 bibliographic references. Based on the presented methodology and on the results obtained by reading the references used to make it, it is concluded that, although it is a subject that is overly discussed by the scientific community, there are still doubts regarding the performance of antibiotic prophylaxis. Despite this impasse, recent studies have shown that there has been a reduction in risk groups, currently those with prosthetic heart valves, congenital heart disease, transplant acquired valve disease and a history of previous bacterial endocarditis, called the high risk group, are patients for which is Revista Eletrônica de Odontologia e Clínica Integrada da UNIRP – Universitas ISSN 2527-2071 Lima RS, Fernandes AP, Prates AMS, Santos ES, Barros FPCS. Rev Eletr Odontol Clin Integr UNIRP – Universitas. 2020 Jul/Dez; 4(2):52-62. 54 recommended to perform antibiotic prophylaxis prior to performing invasive dental procedures. Keywords: Infectious Endocarditis. Antibiotics. Dentistry. Introdução Endocardite infecciosa (EI) é o termo designado para definir a infecção que acomete as superfícies coronarianas com envolvimento de uma ou mais válvulas cardíacas 1. Clinicamente apresenta-se de duas formas, aguda e subaguda. A que possui maior interesse para os profissionais de odontologia é a forma subaguda, uma vez que esta é desencadeada devido a introdução de microrganismos na corrente sanguínea durante a realização de procedimentos odontológicos invasivos em pacientes de risco2. Nela, os microrganismos in- fectantes possuem virulência diminuta e geralmente pertencem a microbiota normal da cavidade bucal e atacam princi- palmente as valvas anormais3. Para Rocha2 tal condição possui na maioria das vezes etiologia bacteriana, porém outros microrganismos como fungos também podem desencadeá-la. De acordo com o estudo realizado Silviero4 et al. durante a realização de um procedimento cirúrgico ocorre uma bacteremia transitória que persiste por aproximadamente 30 minutos, e por esse motivo não significa necessariamente que haverá infecção após qualquer procedimento cruento devido ao seu acanhado período de duração5. Todavia, outros autores sugerem que as bacteremias podem provocar EI em pacientes com anormalidades valvares e portanto, o conceito de que o tratamento odontológico seja o principal causador da EI foi mais elucidado, uma vez que houve como relacionar que os estreptococos do grupo viridans diretamente como agentes bacterianos envolvidos nessa infecção6, sendo válido ressaltar que tais microrganismos estão presentes em quantidades consideráveis na cavidade bucal e possuem elevada capacidade de adesão aos agregados plaquetários7. Entretanto, outros estudos relatam que a principal bactéria acusada da etiologia da EI não pertença o grupo dos Streptococcus viridans8. Uma outra contradição deriva-se do fato que, a maioria dos casos de EI não seja consequência da realização de Revista Eletrônica de Odontologia e Clínica Integrada da UNIRP – Universitas ISSN 2527-2071 Lima RS, Fernandes AP, Prates AMS, Santos ES, Barros FPCS. Rev Eletr Odontol Clin Integr UNIRP – Universitas. 2020 Jul/Dez; 4(2):52-62. 55 procedimentos invasivos, mas sim o resultado de episódios aleatóriosde uma bacteremia transitória causada por hábitos rotineiros de higiene bucal, como a escovação, o uso de fio dental ou até mesmo devido o ato da mastigação7. Nesse âmbito, no consultório odontológico, em concordância com as recomendações da AHA, é necessário realizar profilaxia antibiótica com a finalidade de prevenir a instalação dessa patologia quando os procedimentos odontológicos que envolvem manipulação do tecido gengival ou da região periapical ou perfuração da mucosa bucal forem realizados em pacientes com condições cardíacas de alto risco para a EI1,6. Por definição os procedimentos odontológicos de caráter invasivos englobam procedimentos cruentos periodontais, cirúrgicos ou aqueles que provoquem sangramento e risco de bacteremia transitória1. Pertinente aos principais fatores de risco para o desenvolvimento da EI, encontra-se a presença de válvulas cardíacas artificiais, doença cardíaca, cateter intravascular, hemodiálise crônica, infecção pelo vírus da imunodeficiência humana, diabetes ou história de endocardite infecciosa previa1, porém, não será para todos esses fatores de risco que devera ser aplicado a antibioticoterapia profilática antes de realizar um procedimento odontológico invasivo. Desse modo, almeja-se com a presente revisão de literatura realizar uma sucinta analise a respeito de um dos assuntos de grande relevância para a pratica clínica odontológica, a profilaxia antibiótica para endocardite infecciosa/bacteriana. Com base em estudos de teor extremamente relevante, almeja-se proporcionar esclarecimento, tanto aos graduandos em odontologia quanto para profissionais em exercício sobre a definição, etiologia e sintomatologia da Endocardite Infecciosa, as atuais recomendações da ADA quanto á classe de pacientes destinada e quais os possíveis protocolos de profilaxia antibiótica a serem seguidos. Metodologia Com o intuito de permear a confecção desse estudo, foi realizada uma busca nas bases de dados Google Academico, Scielo, LILACS dispondo das palavras chaves “endocardite”, “antibióticos” e “Odontologia”. Como critério de elegibilidade, os trabalhos escolhidos para a elaboração da presente pesquisa, optou- se por pesquisas realizadas/publicados num período entre 2005 e 2020, escritos no idioma português e/ou inglês e com objetivos concernentes ao almejado por Revista Eletrônica de Odontologia e Clínica Integrada da UNIRP – Universitas ISSN 2527-2071 Lima RS, Fernandes AP, Prates AMS, Santos ES, Barros FPCS. Rev Eletr Odontol Clin Integr UNIRP – Universitas. 2020 Jul/Dez; 4(2):52-62. 56 este estudo. Ao fim, resultou-se no uso de 3 monografias, uma publicado em 2018 e duas em 2019, uma dissertação de 2019 e 10 artigos de revisões de literatura totalizando 14 referências bibliográficas para o embasamento teórico da presente pesquisa. Desenvolvimento Definição, etiologia e sintomatologia da Endocardite Infecciosa (EI) Segundo Branco-de -Almeida7 a endocardite infecciosa caracteriza-se por ser uma alteração inflamatória com caráter exsudativo e proliferativo que acomete as estruturas do endocárdio sendo desencadeada devido a deposição de plaquetas e fibrina onde posteriormente ocorrera uma colonização por bactérias ou outros tipos de microrganismos. Trata-se de uma patologia com alto índice de morbidade e mortalidade, e com relação ao tratamento requer internação prolongada pois muitas vezes o paciente necessita de intervenção cirúrgica9, mais especificamente a terapêutica envolve uso de antibióticos por até seis semana, cirurgia para remoção da colonização ou implantação de valvas cardíacas artificias2. Afim de delegar sobre a sua etiologia, estudos relatam que numa porcentagem de 50% a 70% dos casos, o Streptococcus viridans é o principal patógeno acusado pelas infecções em valvas cardíacas anormais; já nos pacientes acima dos 60 anos de idade que necessitam de manipulação genitourinária o Entero- coccus sp são os responsáveis por atacar tanto as valvas cardíacas sadias quanto as doentes3. Ambos os microrganismos são os culpados por mais de 80% dos casos de EI10. Entretanto outros microrganismos podem estar relacionados com a origem dessa patologia como o Staphylococcus aureus, pseudomonas e a serratia além de fungos como a cândida3. Sua sintomatologia clinica é pouco precisa e por esse motivo pode-se passar meses até que o diagnostico seja estabelecido1,2,10. Os sinais e sintomas clínicos incluem a presença de febre, dispnéia, perda de peso, debilidade, anorexia, dores musculares e articulares progressivas e fraqueza na face e membros semelhante ao Acidente Vascular Cerebral2. Uma vez que o diagnóstico não é cabe aos profissionais de odontologia tal fato não diminui sua responsabilidade, pois o sucesso do tratamento varia de acordo com a gravidade do caso e virulência dos agentes infecciosos presentes, bem como do rápido diagnóstico da infecção para o início do tratamento10. Revista Eletrônica de Odontologia e Clínica Integrada da UNIRP – Universitas ISSN 2527-2071 Lima RS, Fernandes AP, Prates AMS, Santos ES, Barros FPCS. Rev Eletr Odontol Clin Integr UNIRP – Universitas. 2020 Jul/Dez; 4(2):52-62. 57 Indicações da profilaxia antibiótica Em linhas gerais, os pacientes saudáveis com o sistema imune capaz de controlar um possível processo infeccioso não necessitam de profilaxia antibiótica previa a realização de um procedimento cirúrgico odontológico. Estudos recentes revelam que os paciente diagnosticados com sopros cardíacos inofensivos, defeitos no septo atrial sem complicações e pacientes com histórico de febre reumática sem lesões associadas, grupo de baixo risco, podem ser tratados normalmente uma vez que a probabilidade de desenvolver EI é semelhante ao dos pacientes normais, concluindo, portanto, que não é preciso realizar antibioticoterapia profilática nesse grupo10. No período compreendido entre 1995 e 2007, as recomendações propostas pela American Heart Association (AHA), foram reavaliadas nove vezes9. Silva Rocha3 em 2009, em consonância com a AHA (2007), relatou em seu estudo que o grupo para o qual é indicado a profilaxia antibiótica para endocardite infecciosa, englobava os pacientes portadores de condições cardíacas consideradas de alto risco. Se enquadram nesse quesito indivíduos com endocardite bacteriana prévia, valvas cardíacas protéticas, aquisição de disfunção valvar pós-transplante cardíaco; portadores de cardiopatia congênita cianogênica complexa, derivações cirúrgicas sistêmico-pulmonares ou correção cirúrgica de cardiopatia congênita. Após uma década da realização desse trabalho, Pinheiro10 e Carneiro11, em concordância com a AHA (2017) reduz estas indicações. Atualmente para os portadores de válvulas cardíacas protéticas, doenças cardíacas congênitas, valvopatia adquirida por transplante e história endocardite bacteriana previa, grupo de alto risco, recomenda-se realizar a antibiótico terapia profilática para EI. Entretanto, apesar de ser um assunto demasiadamente discutido, para Sales1 embora o motivo da sua realização esteja esclarecido há mais de sessenta anos, a relação de causa e efeito com os procedimentos odontológicos invasivos ainda não foi confirmada cientificamente. Dessa forma, devido à escassez de evidencias cientificas que elucidem a eficácia da profilaxia antibiótica para EI, graduandos e profissionais possuem certas incertezas no que se refere ao melhor protocolo a ser adotado9. Manejo odontológico No estudo realizado por Nascimento12 com cirurgiões dentistas da Estratégia de Saúde da Família em Revista Eletrônica de Odontologia e Clínica Integrada da UNIRP – Universitas ISSN 2527-2071Lima RS, Fernandes AP, Prates AMS, Santos ES, Barros FPCS. Rev Eletr Odontol Clin Integr UNIRP – Universitas. 2020 Jul/Dez; 4(2):52-62. 58 Campina Grande- PB através da aplicação de questionários, concluiu-se que os profissionais possuíam pouco conhecimento em relação aos procedimentos odontológicos que necessitam de realização da profilaxia antibiótica. Em contrapartida Rocha2 utilizando o mesmo método de Nascimento12, buscou verificar o conhecimento sobre e EI e as condutas clinicas para preveni-la, em cirurgiões dentistas de Anápolis- GO e formandos do Curso de Odontologia da UniEVANGÉLCA. Em relação aos procedimentos em que era necessário realizar da profilaxia a questão mais assinalada foi a extração dentária, seguida raspagem e alisamento radicular e reimplantes de dentes permanentes avulsionados. Em linhas gerais, não há a necessidade da realização da profilaxia antibiótica para a maioria dos procedimentos odontológicos, como a dentistica e confecção de próteses removiveis13. Por outro lado, quando procedimentos que envolvam manipulação do tecido gengival ou da região periapical ou perfuração da mucosa bucal de pacientes com condições cardíacas de alto risco, onde o risco de infecção é elevado, a antibioticoterapia profilática torna-se um ato necessário1,6. Para Silva9 os procedimentos, quando realizados em pacientes de alto risco, que necessitam realizar previamente a profilaxia antibiótica são: exodontia, procedimentos periodontais da fase I (não- cirúrgica), colocação de implantes e reimplantes dentais, instrumentação endodôntica ou cirurgia parendodôntica, colocação de bandas ortodônticas, preparo para próteses subgengivais, anestesia intraligamentar e profilaxia ou implantes com sangramento espontâneo. Protocolos sugeridos O estudo realizado por Branco8 revela que, mesmo a prescrição medicamentosa sendo realizada corretamente e o paciente siga as orientações adequadamente, o uso de antibióticos profiláticos não produz certeza quanto a não desenvolvimento da EI pois não há estudos controlados, realizados em humanos, que comprove sua eficácia. Entretanto, segundo Carneiro11 para que a profilaxia antibiótica seja eficaz deve-se realizar a administração de um fármaco que possua a capacidade de extinguir os patógenos presentes na área do procedimento. Nesse contexto, ainda em consonância com o autor, o medicamento padrão é a Amoxicilina (2 gramas) devido a manutenção de seu Revista Eletrônica de Odontologia e Clínica Integrada da UNIRP – Universitas ISSN 2527-2071 Lima RS, Fernandes AP, Prates AMS, Santos ES, Barros FPCS. Rev Eletr Odontol Clin Integr UNIRP – Universitas. 2020 Jul/Dez; 4(2):52-62. 59 efeito bactericida mesmo após 10 horas da ingestão, e para os pacientes alérgicos às penicilinas são prescritos Clindamicina ou Azitromicina, nas concentrações de 600 e 1000 miligramas respectivamente. Caso o paciente esteja impossibilitado de administrar a medicação via oral é indicado 1 grama de Ceftriaxone ou Cefazolin por via parenteral. Geralmente a medicação deve ser ingerida num período de 30 a 60 minutos antes da realização do procedimento11 Na odontopediatria, para as crianças menores de 40 kg o antibiótico de primeira escolha é a penicilina, em suspensão oral, com dose de 50mg por Kg. Para os pacientes com história de alergias às Penicilinas, opta-se pela Clindamicina, por suspensão oral e com posologia de 20mg por Kg. Em ambos os casos os medicamentos devem ser administrados no mesmo período que os adultos. E para os pacientes impossibilitados de receber a medicação por via oral, deve-se ministrar Cefazolina com a dose de 25mg por Kg, por via endovenosa ou intramuscular, 30 minutos antes de realizar o procedimento14. Nesses termos, as atuais recomendações da AHA em relação a posologia dos fármacos utilizados previamente a realização dos procedimentos odontológicos de caráter invasivo em pacientes de alto risco encontra-se disposta no quadro 1. Quadro 1 - Fármaco, dose e via de administração da antibioticoterapia profilática para EI de acordo com o perfil do paciente. Perfil do paciente Fármaco Posologia e via de administração Adultos Crianças Capaz de ingerir por via oral Amoxicilina 02 gramas 50 mg/kg Capaz de ingerir por via oral e alérgico a Penicilinas Cefalexina 02 gramas 60 mg/kg Clindamicina 600 mg 20 mg/kg Azitromicina 500 mg 15 mg/kg Impossibilidade de administração por via oral Ampicilina 02 gramas IM ou IV 50 mg/kg IM ou IV Ceftriaxone/ Cefazolin 01 grama IM ou IV 50 mg/kg IM ou IV Revista Eletrônica de Odontologia e Clínica Integrada da UNIRP – Universitas ISSN 2527-2071 Lima RS, Fernandes AP, Prates AMS, Santos ES, Barros FPCS. Rev Eletr Odontol Clin Integr UNIRP – Universitas. 2020 Jul/Dez; 4(2):52-62. 60 Perfil do paciente Fármaco Posologia e via de administração Adultos Crianças Impossibilidade de administração por via oral e alérgico a Penicilinas Cefazolin ou Ceftriaxinone 01 grama IM ou IV 50 mg/kg IM ou IV Cindamicina 600 mg IM ou IV 20 mg/kg IM ou IV Fonte: Adaptado American Heart Association, 2017. Conclusão Diante do exposto, com base nos resultados obtidos no desenvolver da presente revisão literária conclui-se que embora a indicação da profilaxia antibiótica previamente a execução de procedimentos odontológicos seja um assunto demasiadamente discutido na comunidade cientifica, quando a indicar ainda causa incertezas a graduando e profissionais atuantes. Atualmente o grupo de alto risco para os quais há a necessidade da sua realização englobam os portadores de válvulas cardíacas protéticas, de doenças cardíacas congênitas, de valvopatia adquirida por transplante e história de endocardite bacteriana previa. Os procedimentos odontológicos em que se faz necessária são: exodontias; procedimentos periodontais da fase I (não- cirúrgica); colocação de implantes e reimplantes dentais; instrumentação endodôntica ou cirurgia parendodôntica; colocação de bandas ortodônticas; preparo para próteses subgengivais; anestesia intraligamentar e profilaxia ou implantes com sangramento espontâneo. Quando indicada, na realização de procedimentos invasivos em pacientes de alto risco, os antibióticos mais prescritos são a Amoxicilina e a Clindamicina, geralmente 1 hora antes da realização do procedimento. Referências 1. Sales MAS. Avaliação da prática de prescrição de profilaxia antibiótica pelos cirurgiões-dentistas do estado do Rio de Janeiro [dissertação]. Duque de Caxias: Universidade do Grande Rio Prof. José de Souza Herdy. Escola de Ciências da Saúde, 2019. 2. Rocha LMA, Oliveira PRD, Santos PB, Jesus LA, Stefani CM. Conhecimentos e condutas para prevenção da endocardite infecciosa entre Revista Eletrônica de Odontologia e Clínica Integrada da UNIRP – Universitas ISSN 2527-2071 Lima RS, Fernandes AP, Prates AMS, Santos ES, Barros FPCS. Rev Eletr Odontol Clin Integr UNIRP – Universitas. 2020 Jul/Dez; 4(2):52-62. 61 cirurgiões-dentistas e acadêmicos de odontologia. Robrac. 2008; 17(44):146-53. 3. Rocha CAS, Rocha MS, Sprovieri SRS. O que há de novo na profilaxia da endocardite bacteriana. Deve-se mudar a conduta atual? Rev Bras Clin Med. 2009; 7:418-21. 4. Siviero M, Kanegane K, Bispo CGC, Tortamano IP, Armonia PL. 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