Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Introdução à farmacologia respiratória: Relevância clínica: Via de administração; Farmacocinética respiratória; Tratamento local (asma, rinite, etc.); Opção sistêmica (proximal/distal) – existem particularidades do sistema respiratório que permitem a absorção e a chegada de fármacos a corrente sanguínea; Impacto de doenças / alterações (DPOC – obstrução de vias limita a chegada de fármacos); Formulações / dispositivos específicos; Treinamento e mau-uso. Barreiras na via respiratória: Histologia heterogênea e impacto farmacocinético; A composição dos “tubos” é muito variada, quando se pensa em frações mais inferiores e frações mais superiores; Traqueia e brônquios são muito mais ricos em glândulas; Bronquíolos, ductos alveolares e alvéolos ricos em musculatura lisa (passíveis de sofrerem broncoconstrição ou broncodilatação do que áreas superiores); Em questão de camadas celulares há menor quantidade em frações inferiores, onde um fármaco encontraria menor barreira para atravessar. - Via de administração: Dissolução e transporte celular (“absorção”); Formas de ação rápida (aerossol, micronizado); Área de superfície absortiva; Rede endotelial vasta. Farmacocinética respiratória: As partículas de fármacos podem ser depositadas em 3 locais: 1) boca e garganta – é deglutido, chega ao TGI e uma parte pode ser absorvida (metabolismo de primeira passagem, com pouco efeito sistêmico); 2) vias superiores (condutores), com muita presença de muco onde o fármaco pode ficar aprisionado, porém uma parcela desse fármaco pode se dissolver no muco, podendo até sofrer metabolismo. Se ele ficar aprisionado vai ocorrer clearance mucociliar, onde o fármaco pode chegar novamente a traqueia e boca e ser absorvido; 3) vias inferiores (espaço alveolar), onde o fármaco pode ser absorvida e entra nas células epiteliais por transportadores, metabolismo e ligação tecidual, podendo levar a entrada na perfusão sistêmica. Se o fármaco entrar no espaço alveolar e em contato com o fluido alveolar e não se dissolver pode passar pelo clearance macrofágico; O primeiro processo após a inalação é a deposição de partículas ou gotículas de medicamento. Uma fração da dose é depositada no dispositivo, enquanto a fração restante de partículas ou gotículas é entregue ao sistema respiratório. À medida que as partículas viajam pela Efeito sistêmico geometria das vias aéreas, ocorre deposição na região boca-garganta, nas vias aéreas condutoras e / ou no espaço alveolar. A fração total depositada no pulmão é tipicamente referida como “dose pulmonar”, enquanto os padrões de deposição pulmonar são frequentemente descritos como sendo centrais (vias aéreas maiores) ou periféricos (vias aéreas menores + espaço alveolar). Os padrões de dose pulmonar e de deposição pulmonar dependem do tamanho aerodinâmico das partículas, fluxo inalatório, características do dispositivo e fatores relacionados à doença, mas geralmente são independentes das características físico-químicas da própria droga. Partículas ou gotículas que não atingem o pulmão e se depositam na região da boca-garganta são subsequentemente engolidas, enquanto as partículas que chegam ao pulmão, mas não conseguem se depositar, são exaladas. Partículas - onde é melhor depositar? O tamanho da partícula é um critério decisivo para saber onde vai ser a deposição do fármaco; De acordo com o fármaco a deposição pode ser melhor em um local específico (não é uma regra); Boca e garganta não é desejado depositar; De acordo com o gráfico, partículas menores de 5 micrômetros prioriza-se a deposição no alvéolos; Quanto menor a partícula, maior é o alcance dela nas vias inferiores; Há deposição muito baixa nos alvéolos de partículas menores de 1 micrometro, onde elas tendem a serem exaladas. Farmacocinética respiratória: 1. Deposição de partículas: Depende da forma farmacêutica e fármaco; O aumento da concentração do fármaco no alvéolo depende dos fatores a seguir; Quanto menor o tamanho de partículas (aerodinâmica), maior é a chegada no alvéolo; Quanto maior o fluxo de inalação (capacidade respiratória), maior é a chegada no alvéolo; Quanto menor a velocidade de inalação, maior é a chegada no alvéolo; Quando se usa um dispositivo inalatório o ideal é que se tenha uma velocidade constante de inalação. Caso a pessoa faça a inalação de uma só vez, a velocidade de chegada das partículas pode ser tão grande que ela automaticamente se impacta na parede da traqueia e fica retira nela. Quando se faz uma inalação lenta, com fluxo constante, ocorre dispersão mais adequada das partículas na via respiratória; Carga de partícula (polaridade) – fator que depende do fármaco. Toda a camada da via respiratória tem carga negativa, em especial pela presença de proteínas. Fármacos com carga positiva têm maior chance de interagir com o muco e o líquido alveolar e isso pode facilitar a deposição em locais que tem mais muco ou líquido alveolar. Já fármacos com carga negativa tendem a ser repelidos e podem ser empurrados para porções mais distais da via respiratória. 2. Dissolução do fármaco (muco, surfactante): Depende da forma farmacêutica e fármaco; Local de deposição (muco espesso e polar) – a dissolução no muco é muito mais difícil que surfactante e líquido alveolar, por ser mais espesso e polar; Desintegração e tamanho de partículas; Solubilidade do fármaco (carga, peso molecular) – lipossolúvel ou hidrossolúvel; Forma farmacêutica (sólido/líquido). 3. Clearance do fármaco (mucociliar ou macrofágico): Depende da forma farmacêutica e fármaco; Biodisponibilidade local; Mesmo depois da dissolução ser retirado da via respiratória; Um fármaco que seja usado em partículas maiores vai ser mais passível de sofrer clearance, já que fica mais tempo disponível para depuração; Se a partícula for depositada nas vias superiores. Elas tem presença de cílios e camada significativa de muco (positiva), onde há necessidade de atravessar múltiplas células. Fluxo constante de batimento ciliar e movimento do muco, onde uma porção do fármaco se dissolve e é absorvida; a outra porção que não é absorvida sofre clearance; Em vias mais inferiores há presença de camada de surfactante mais delgada, assim como o epitélio alveolar, fazendo com que a partícula que chegue seja absorvida mais rápida. Mesmo que não exista muco pode ocorrer clearance macrofágico (lento – depende de transporte de macrófagos e fagocitose); M. tuberculosis – alguns fármacos podem ser usados por via respiratória esperando que os macrófagos fagocitem o fármaco para ação no local que a micobactéria fique. 4. Absorção pelo tecido pulmonar: Atravessar a barreira epitelial; Depende do fármaco; Atravessar por difusão ou por mecanismos de transporte; Alvéolos = difusão passiva; Epitélios superiores = transportadores moleculares; Superfície absorvita; Vascularização – quanto maior a vascularização, maior é a passagem, onde o gradiente de concentração sempre é mantido. 5. “Retenção” pulmonar e metabolismo: Depende do fármaco; Interação com alvos e componentes celulares; Retenção lisossomal (aprisionamento) – fármacos básicos tendem a ficar aprisionados em lisossomos; Farmacodinâmica (interação do fármacos com os alvos celulares) – fármacos que tem interação maior com o seu alvo vão ter maior propensão a ficar retidos na via respiratória, caso o alvo esteja na via respiratória; Fluxo sanguíneo relevante, onde locais que tem maior fluxo tende a ter maior clearance absortivo - retirada do fármaco da via respiratória para a via sanguínea (depuração da via respiratória para a via sistêmica); Gases tóxicos usadosem guerras tendem a ser agentes parassimpatomiméticos (inibição da acetilcolinesterase), mas como chegam pela via respiratória e tendem a se ligar de forma irreversível a a AChE eles acabam tendo uma retenção pulmonar (se ligam a alvos no pulmão e ali ficam). Isso impacta na duração de efeito e na retenção respiratória; Metabolismo (muito significativa no pulmão) – atividade enzimática intrínseca (5-20x menor que a hepática); Enzimas da CYP450 – substâncias que são administradas por via oral podem ter metabolismo pelo pulmão (álcool); fármacos podem ser administrados pela via respiratória e passar por metabolização já no pulmão (corticoesteroides, fluranos, etc.). Metabolismo pulmonar: Vantagem ou desvantagem? – Quando se pensa em uso sistêmico é ruim, já que limita a chegada do fármaco a via sistêmica. Porém, quando se pensa para uso local, vantajoso, já que limita que o fármaco chegue na via sistêmica. Bombas de efluxo – reduzem a quantidade que o fármaco vai ser absorvido, não alcançando o sangue (glicoproteínas P); Efeito de “primeira passagem pulmonar” – serve de barreira para ação de um fármaco somente no local; Menor impacto sistêmico (seletividade respiratória). Alvos sistêmicos por via inalatória: Condições proximais – próximas a via respiratória (hipertensão pulmonar); Condições distais (enxaqueca, próstata, GH, TH); Substâncias ativas por v.o. (enzimas, pH); Maior superfície absortiva (100 m2); Maior biodisponibilidade (1° passagem hepática) – não tem primeira passagem hepática e se tiver pulmonar é de 5 a 20x menor que a hepática (degrada menos o fármaco e garantir uma biodisponibilidade maior); Limitantes: presença de muco, macrófagos e bombas de efluxo; Difícil obter altas concentrações plasmáticas (150 mg vs gramas). Alterações patológicas: Modificação na farmacocinética respiratória; Alterações histológicas (tabagismo, câncer) – alteração no tipo, quantidade de células; Hipersecreção (intoxicação colinérgica, asma, fibrose cística); Obstrução brônquica (DPOC, bronquite, fibrose); Edema (hipertensão pulmonar, ICC). Formas farmacêuticas: Via inalatória: Mucosa nasal até alvéolos (variável); Ação local em doenças respiratórias (baixas doses); Partículas líquidas (“névoa”) ou sólidas (aerossol); Superfície de absorção ampla (efeito sistêmico). Dispositivos inalatórios: A) Aerossóis (Pressurized Metered-Dose Inhaler): Suspensão pulverizada (sólidos/líquidos) – suspensão em um meio gasoso; Bom alcance alveolar (30-60% da dose); Dose pré-estabelecida e baixa contaminação (o fármaco fica restrito no frasco do aparelho e não entra em contato direto com a porção que vai à boca); Não requer capacidade respiratória grande (pacientes que tem amplitude respiratória pequena conseguem utilizar); Atrovent e berotec; Suspensão em propelente (irritação) – pode gerar irritação, principalmente em uso crônico; Exige coordenação mão/pulmão (50-80% perda) – precisa ser treinado o momento certo em apertar a bombinha e respirar, onde primeiro aperta e logo depois faz a inspiração. Câmaras expansoras (“espaçadores); Seleção de partículas (alcance alveolar); Otimiza a sincronia mão/pulmão; B. Nebulizadores: Suspensão líquida convertida em névoa; Liberação constante (homogênea?); Dissolução facilitada (umidade); Menor irritação mucosa (fármaco chega em meio nebuloso); Nebulização com solução fisiológica para umidificar a via respiratória, aliviar rinite alérgica durante tempo seco; Uso pediátrico (< 3 anos); Atrovent; Limpeza, manutenção e custo; Alcance depende do tempo e inspiração – depende do tempo, onde nos momentos iniciais há maior deposito na via superior, onde só após que essa via seja umidificada ocorre a deposição em vias inferiores e a intensidade da inspiração; Erro de dose (diluição, tempo); Exposição de pele e olhos (acompanhante). C. Inaladores de pó seco (Dry Powder Inhaler): Pó micronizado (1-3 micrômetros) – disco roxo (multidose onde tem uma fita contendo várias doses dos fármacos, onde conforme aperta o dispositivo a fita anda); Fácil de usar (a partir de 5 anos); Contato prolongado com mucosa (efeito local?); Estabilidade da fórmula (sem conservante) – um fármaco em pó é estável por muito mais tempo do que um em uma forma líquida (reduz irritações); Depende de inspiração vigorosa (30-60 L/min); Não pode ser lavado (individual). Problemas comuns no uso de dispositivos: Em resumo: Principais fármacos utilizados por via inalatória:
Compartilhar