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Análise crítica, Borom sarret

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS – UFAL
CURSO DE HISTÓRIA – LICENCIATURA
DISCIPLINA: HISTÓRIA DA ÁFRICA II
PROFESSOR: Danilo Luiz Marques
ALUNA: Rayssa Danielle Lins de Aquino
Comentário crítico do Filme Borom sarret, de Ousmane Sembène (1963)., dialogando com: M‘BOKOLO, Elikia. África Negra (Tomo II): História e Civilizações. Do Século XIX até os dias de hoje. Salvador: UFBA, São Paulo: Casa das Áfricas, 2010. (Capítulo V – Idade de ouro ou crepúsculo da colonização). 
O curta Borom Sarret, de 1963, do diretor Ousmane Sembène, vai narrar a história de um carroceiro em sua jornada de trabalho por uma cidade do Senegal, vai nos trazer através de imagens ao longo do filme, narração do personagem principal, contato com outros personagens que vão representar os diferentes tipos sociais existentes no país, o uso de simbologias e até mesmo da trilha sonora algumas observações críticas sobre a divisão e dinâmica social existentes no Senegal na década de 60 a partir das experiencias de um dia de trabalho desse carroceiro, que de forma reflexiva e natural vai tentar entender e justificar as causas de seus problemas encarados no dia a dia, a fome, a exploração e a condição precária e desvalorização do seu trabalho. 
O cenário no qual se inicia o filme, mostra uma realidade de contraste com o que vamos encarar ao longo do filme, o cenário de pobreza e miséria é prontamente apontado no primeiro momento do curta, com um cavalo desnutrido, a carroça bambeando, o diálogo inicial com a esposa que já aponta as grandes dificuldades que o carroceiro e sua família convivem. Ao sair para trabalhar o carroceiro vai com o intuído de voltar com algo no fim do dia que possa alimentar sua família, demonstrando que por mais que o trabalho seja diário e rotineiro, a remuneração nem sempre é o suficiente ou ocorre, no trajeto que vai da casa do carroceiro até o ponto em que ele fica para oferecer seus serviços de transporte, ele apanha algumas pessoas do seu bairro, que no final da viagem não lhe dão nada, além de apertos de mão, e deixa a entender que a situação destes é similar a dele, mesmo sem o pagamento o carroceiro, que desde o início é mostrado como um homem de fé islâmica, agradece a Ala e pede misericórdia para voltar com algo para casa ao final do dia. A partir daí são mostradas as atividades que o carroceiro realiza ao longo do dia, seu trabalho precário de transporte vai desde levar pessoas a destinos solicitados até carregar tijolos de construção, no contato com as pessoas é perceptível a mudança de postura do personagem, com um mendigo e pessoas que compartilham da sua situação social ele demonstra indiferença, com quem solicita seus serviços seu porte é mais arrojado chamando-os de chefe/patrão, demonstrando um ar de submissão. 
Em alguns momentos do filme o personagem principal faz reflexões sobre o contexto geral das pessoas ao seu entorno, questiona-se se elas teriam o que comer em casa, se depara com situação de impotência ao ser abordado pela figura de um policial ao realizar sua última viagem de trabalho, que é uma das mais simbólicas apresentadas pelo diretor, nessa o carroceiro é abordado por um homem de terno que lhe oferece uma quantia de dinheiro para que o leve até uma parte mais elitizada da cidade, o carroceiro pensa em negar, pois afirma que é proibida a entrada da carroça nessa área, mas o homem insiste dizendo que tem contatos e que ele não se preocupasse, mostra um bolo de dinheiro e o carroceiro aceita a viagem, é importante pontuar a mudança na trilha sonora para uma música clássica europeia ao mostrar o cenário daquela área que é bem urbanizada e transparece um ar moderno, aos moldes da Europa, nesse ponto o homem de terno vai representar o europeu, que ao serem parados pela polícia não presta auxílio ao carroceiro e ainda vai embora sem pagar pela viagem, o policial que além de barrar a entrada, confisca uma moeda que cai da mão do carroceiro e a carroça, único meio de subsistência do personagem, simbolizando assim a política de dominação, exploração e segregação adotada ao longo do processo de colonização e implementação de políticas econômicas e “civilizatórias” dos europeus no continente africano.

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