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Reabsorção e Secreção Tubular 1 Reabsorção e Secreção Tubular A urina total representa a soma de três processos renais básicos: filtração glomerular, reabsorção tubular e secreção tubular. Excreção urinária = filtração glomerular - reabsorção tubular + secreção tubular A reabsorção tubular é quantitativamente grande e muito seletiva Filtração = Intensidade da filtração glomerular x concentração plasmática Reabsorção tubular em termos quantitativos é maior que a excreção urinária para muitas substâncias. A reabsorção tubular diferente da filtração é muito seletiva. Portanto, para manter o controle preciso dos líquidos corpóreos, é necessário o controle também da reabsorção tubular de diferentes substâncias e assim, regular a excreção de solutos. A reabsorção tubular inclui mecanismos passivos e ativos Para que ocorra a reabsorção, a substância tem que primeiro ser transportada através das membranas epiteliais tubulares para o líquido intersticial renal e, posteriormente através da membrana dos capilares peritubulares retornar ao sangue. Transporte ativo Transporte ativo pode mover o soluto contra o gradiente eletroquímico e necessita da energia gerada pelo metabolismo, podendo ser dividido em transporte ativo primário (acoplado diretamente na fonte de energia) e transporte ativo secundário (acoplado indiretamente à fonte de energia). Os solutos podem ser reabsorvidos ou secretados por meio de duas vias: a paracelular (entre as células por difusão) e a transcelular (através das células). Reabsorção e Secreção Tubular 2 O transporte do interstício para os capilares peritubulares é denominado ultrafiltração. O transporte ativo primário através da membrana tubular está ligado à hidrolise de ATP Os transportadores ativos primários conhecidos nos rins incluem a sódio- potássio ATPase, a hidrogênio ATPase, a hidrogênio-potássio ATPase e a cálcio ATPase. Esses transportadores utilizam a energia liberada pela hidrólise do ATP, permitindo a mobilidade dos solutos contra o seu gradiente eletroquímico. A reabsorção de sódio nos túbulos proximais é um bom exemplo de transporte ativo primário. Na membrana basolateral das células tubulares estão presentes os transportadores sódio-potássio ATPase que bombeia íons de sódio para fora da célula em direção ao interstício, enquanto o potássio é transportado para dentro da célula. Esse bombeamento ativo de sódio para fora da célula permite a difusão de sódio do lúmen tubular para dentro da célula na membrana apical por difusão. Isso ocorre por dois motivos: baixa concentração de sódio intracelular e alta concentração no lúmen tubular; e potencial intracelular negativo que atrai os íons de sódio positivos para dentro da célula. Reabsorção e Secreção Tubular 3 Reabsorção ativa secundária através da membrana tubular No transporte ativo secundário, duas ou mais substâncias interagem com uma proteína específica de membrana (molécula transportadora) e são ambas transportadas através da membrana. Uma vez que uma das substâncias se difunde por seu gradiente eletroquímico, a energia liberada é utilizada para mover outra substância. Cotransportadores de sódio e glicose SGLT2 e SGLT1 localizados na borda em escova das células tubulares proximais. Na parte inicial do tubo coletor 90% da glicose filtrada é reabsorvida pela SGLT2 e os 10% restantes na parte final pela SGL1. Já na parte basolateral da membrana, a glicose se difunde para o interstício pela GLUT2 no S1 e GLUT1 no segmento S3 final do túbulo proximal. Importante destacar, que a reabsorção de glicose depende da energia consumida pela bomba de sódio e potássio ATPase na membrana basolateral. Resumindo: transporte ativo secundário na membrana apical > difusão facilitada passiva na membrana basolateral > ultrafiltração. Reabsorção e Secreção Tubular 4 Secreção ativa secundária nos túbulos Algumas substâncias são secretadas nos túbulos por transporte ativo secundário. Um exemplo é a secreção ativa de íons hidrogênio acoplada a reabsorção de sódio na membrana luminal do túbulo proximal. Pinocitose Processo pelo qual algumas porções do túbulo, principalmente o proximal reabsorvem moléculas grandes, como por exemplo as proteínas. Nesse caso, a molécula se adere a célula, é englobada e destacada por uma vesícula contendo a proteína, que dentro da célula é quebrada em seus aminoácidos constituintes, que serão reabsorvidos. Requer energia. Transporte máximo para substâncias que são reabsorvidas ativamente Para grande parte das substâncias existe um limite para a intensidade com que o soluto pode ser transportado, frequentemente denominado transporte máximo. Isso ocorre porque a quantidade de soluto liberada para o túbulo excede a capacidade das proteínas transportadoras e de enzimas envolvidas no processo de transporte. Substâncias que são transportadas ativamente, mas que não exibem transporte máximo Algumas substâncias que são reabsorvidas não demonstram transporte máximo, pois a intensidade de transporte é determinada por mais fatores: gradiente eletroquímico para difusão da substância através da membrana, Reabsorção e Secreção Tubular 5 permeabilidade da membrana para a substância e o tempo que o líquido que contém substância permanece no túbulo. Esse tipo de transporte é chamado transporte gradiente-tempo. Reabsorção passiva de água Com o transporte dos solutos para fora do túbulo, a concentração no lúmen tubular tende a diminuir, consequentemente, á agua se difunde por osmose para o interstício renal, ocorrendo em grande parte pelo transporte paracelular e também pelas células. O transporte de água pode levar consigo alguns solutos, processo denominado arrasto de solvente. Os túbulos proximais tem alta permeabilidade a água e nas porções distais do néfron essa permeabilidade diminui, onde atua o hormônio antidiurético. Reabsorção passiva de cloreto, ureia e de outros solutos O sódio sendo reabsorvido, atrai íons negativos como o cloreto devido ao potencial elétrico pela via paracelular. Os íons cloretos podem também ser transportados por transporte ativo secundário e um dos mais importantes envolve o cotransporte de cloreto e sódio, através da membrana luminal. A ureia é reabsorvida passivamente, mas em menor grau que o cloreto, através dos transportadores de ureia específicos, especialmente no ducto coletor. Por fim, quase nada de creatinina filtrada é reabsorvida. Reabsorção e secreção ao longo de porções diferentes do néfron Túbulo Proximal No túbulo proximal ocorre aproximadamente 65% de reabsorção da carga filtrada de água, sódio e porcentagem ligeiramente menor de cloreto. Os túbulos proximais têm elevada capacidade para a reabsorção ativa e passiva O epitélio do túbulo proximal é composto por células com alta capacidade metabólica, repleta de mitocôndrias e possuem extensa bordas em escova na membrana apical (voltada para o lúmen). Reabsorção e Secreção Tubular 6 Ao longo da membrana luminal existe muitas proteínas carreadoras que transportam grande quantidade de íons sódio ligados ao cotransporte de aminoácidos e glicose. A bomba de sódio-potássio ATPase fornece a principal fonte de reabsorção de sódio, cloreto e água ao longo do túbulo proximal, porém existem outras formas pelo qual esses componentes são transportados nos diferentes segmentos do túbulo proximal. Na primeira metade ocorre reabsorção de sódio por cotransporte junto com a glicose, aminoácidos e outros solutos e na segunda metade, os íons cloreto são reabsorvidos por difusão devido ao gradiente de concentração. Concentrações de solutos ao longo do túbulo proximal Ao longo do trajeto do túbulo proximal a QUANTIDADE de íons sódio diminui, porém a CONCENTRAÇÃO permanece quase que constante devido a alta reabsorção de água no túbulo proximal. Secreção de ácidos e bases orgânicos pelo túbulo proximal No túbulo proximal ocorre a secreção de ácidos e bases orgânicos, como sais biliares, oxalato, urato e catecolaminas,já que muitas dessas substâncias são produtos finais do metabolismo e necessitam ser eliminadas do corpo. Além disso, os rins secretam muitos fármacos ou toxinas potencialmente danosos. Por fim, outro composto secretado rapidamente é o ácido paramino-hipúrico PAH. Alça de Henle A alça de Henle consiste em três segmentos funcionais distintos: o segmento descendente fino, o segmento ascendente fino e o segmento ascendente espesso. Nos segmentos finos, ocorre pouca atividade metabólica, cuja as células possuem poucas mitocôndrias e não há presença de bordas em escova. Reabsorção e Secreção Tubular 7 Segmento descendente fino: permeável a água e moderadamente permeável à maioria dos solutos, incluindo ureia e sódio. 20% da água filtrada é reabsorvida na alça. A porção ascendente toda é praticamente impermeável à agua, característica importante para concentração da urina. Portanto, o líquido tubular no componente ascendente se torna muito diluído à medida que flui em direção ao túbulo distal. Segmento espesso: composto por células epiteliais espessas com alta atividade metabólica responsáveis por cerca de 25% da reabsorção das cargas filtradas de sódio, cloreto e potássio, além de outros solutos como cálcio, bicarbonato e magnésio. A bomba de sódio-potássio ATPase assim como no túbulo proximal tem grande importância na reabsorção de soluto. Na alça ascendente espessa, a movimentação de sódio através da membrana luminal é mediada essencialmente por cotransportador de 1-sódio, 2-cloreto, 1-potásssio e a ação de diuréticos "de alça" (furosemida, ácido etacrínico e bumetanida) inibem a ação desse cotransportador. Na membrana luminal do componente ascendente espesso também ocorre cotransporte de sódio e hidrogênio. Por meio da via paracelular, quantidades significativas de magnésio, cálcio, sódio e potássio são reabsorvidos Reabsorção e Secreção Tubular 8 Túbulo distal A primeira porção do túbulo distal é composto pela mácula densa. A porção seguinte compartilha muitas características com o segmento espesso da alça de Henle, reabsorvendo a maioria dos íons e são praticamente impermeáveis à agua e à ureia, sendo chamado de segmento diluidor. A porção inicial do túbulo distal reabsorve aproximadamente 5% da carga filtrada de sódio e cloreto. O cotransportador sódio-cloreto move sódio do lúmen tubular para a célula, e a bomba sódio-potássio ATPase transporta sódio para fora da célula através da membrana basolateral. Os diuréticos tiazidíacos (usados na hipertensão e insuficiência cardíaca) inibem o cotransportador de sódio-cloreto. Túbulo distal final e túbulo coletor cortical Comporto por dois tipos principais de células: As células principais Reabsorção e Secreção Tubular 9 Reabsorvem sódio e secretam potássio, dependendo da atividade da bomba sódio-potássio ATPase na membrana basolateral. A secreção de potássio envolve duas etapas: o potássio entra na célula por ação da ATPase mantendo a concentração intracelular alta de potássio e uma vez na célula, o potássio se difunde, a favor do seu gradiente de concentração da célula para o lúmen tubular. As células principais são os locais da ação primária dos diuréticos poupadores de potássio, incluindo os antagonistas da aldosterona (espironolactona e a eplerenona) e os bloqueadores dos canais de sódio (amilorida e o triantereno). As células intercaladas Secretam hidrogênio e reabsorvem íons bicarbonato e potássio. Transportador hidrogênio ATPase: secreção dos íons hidrogênio. Nessas células, ocorre a formação de íons hidrogênio pela ação da anidrase carbônica, que são então secretados para o lúmen tubular. Características funcionais do túbulo distal final e do túbulo coletor cortical 1 São praticamente impermeáveis à ureia 2 Reabsorvem íons sódio e o controle da intensidade dessa reabsorção é mediado por hormônios, principalmente a aldosterona. Ao mesmo tempo, secretam íons potássio, processo que também é controlado pela aldosterona 3 Células intercaladas secretam grandes quantidades de íons hidrogênio por mecanismo ativo hidrogênio ATPase, processo diferente do que ocorre no túbulo proximal, pois é capaz de secretar grandes quantidades 10001 4 A permeabilidade à agua é controlada pelo ADH Reabsorção e Secreção Tubular 10 Ducto Coletor Medular Local final do processamento da urina, reabsorvendo menos de 10% da água e do sódio filtrados e possuem papel importante na regulação do débito urinário. As células epiteliais dos ductos coletores tem forma cuboide, com superfícies lisas e relativamente poucas mitocôndrias. As principais características desse segmento são; 1 Permeabilidade do ducto coletor à agua é controlado pelo nível de ADH 2 Permeável à ureia Através dos transportadores de ureia, esse componente é reabsorvido para o interstício medular, ajudando a elevar a osmolaridade nessa região, oq eu contribui para formação da urina concentrada 3 Secretam íons H contra o gradiente de concentração. Regulação da Reabsorção Tubular Balanço Glomerulotubular É a capacidade dos túbulos de aumentar a intensidade de reabsorção em resposta à carga tubular aumentada, importante para evitar a sobrecarga dos segmentos distais, quando a FG aumenta, sendo a segunda linha de defesa para amortecer os efeitos das alterações espontâneas na FG sobre o débito urinário. Forças físicas do líquido capilar peritubular e intersticial renal Reabsorção e Secreção Tubular 11 Forças hidrostáticas e coloidosmóticas controlam a reabsorção, ao longo dos capilares peritubulares, da mesma forma que essas forças físicas controlam a filtração nos capilares glomerulares. A reabsorção pelos capilares peritubulares pode ser calculada como: Reabsorção = Kf x Força efetiva de reabsorção Forças envolvidas: 1 pressão hidrostática dos capilares peritubulares Pc, que se opõe à reabsorção; 2 Pressão hidrostática no interstício renal Pif fora dos capilares, que favorece a reabsorção; 3 pressão coloidosmótica das proteínas plasmáticas, nos capilares peritubulares, que favorece a reabsorção; 4 pressão coloidosmótica das proteínas no interstício renal, que se opões a reabsorção. O coeficiente de filtração (Kf) contribui para a alta intensidade de reabsorção de líquido nos capilares peritubulares devido à grande condutividade hidráulica e à grande área de superfície dos capilares Regulação das forças físicas dos capilares peritubulares Os dois determinantes da reabsorção pelos capilares peritubulares que são influenciados diretamente pelas alterações hemodinâmicas renais são as pressões hidrostáticas e coloidosmóticas dos capilares peritubulares. 1 Pressão hidrostática dos capilares peritubulares: influenciada pela pressão arterial e pelas resistências das arteríolas aferentes e eferentes. O aumento da pressão arterial tende a elevar a pressão hidrostática do capilar peritubular e diminuir a intensidade de reabsorção e o aumento da resistência das arteríolas Reabsorção e Secreção Tubular 12 aferentes ou eferentes reduz a pressão hidrostática dos capilares peritubulares e tende a aumentar a intensidade de reabsorção. Embora a constrição das arteríolas eferentes aumente a pressão hidrostática capilar glomerular , ela diminui a pressão hidrostática dos capilares peritubulares (linha de raciocínio: constrição das arteríolas eferentes leva ao aumento da resistência ao fluxo e portanto, menor quantidade de líquido chega nos capilares peritubulares, diminuindo a pressão hidrostática peritubular, aumentando a reabsorção). 2 Pressão coloidosmótica do plasma nos capilares peritubulares: é determinada por 1 pressão coloidosmótica plasmática sistêmica, em que o aumento da concentração de proteínas plasmática tende a aumentar a pressão coloidosmótica dos capilares peritubulares; 2 fração de filtração: o aumento da fração de filtração aumenta quantidade de plasma nos glomérulos, diminuindo a quantidade do que não foi filtrado, concentrando as proteínas plasmáticas, aumentandoa pressão coloidosmótica peritubular e aumento da reabsorção. Pressões hidrostáticas e coloidosmóticas intersticiais renais As alterações das forças físicas dos capilares peritubulares influenciam a reabsorção tubular por alterarem as forças físicas no interstício renal que circunda os túbulos. Com a alta intensidade da reabsorção normal dos capilares peritubulares, o movimento efetivo de água e de solutos ocorre nos capilares peritubulares, com pouco retrovazamento para o lúmen do túbulo. No entanto, quando há redução da reabsorção normal dos capilares peritubulares, ocorre aumento da pressão hidrostática do líquido intersticial e tendência para que grandes quantidades de soluto e água vazem de volta para o lúmen tubular, reduzindo dessa forma a reabsorção. Resumindo: as forças que aumentam a reabsorção dos capilares peritubulares também aumentam a reabsorção dos túbulos renais. De forma inversa, alterações hemodinâmicas que inibem a reabsorção dos capilares peritubulares também inibem a reabsorção tubular de água e de solutos. Reabsorção e Secreção Tubular 13 Controle hormonal da reabsorção tubular Aldosterona Secretada quando ocorre aumento da concentração de potássio extracelular e aumento de angiotensina II, estimulam a bomba de sódio-potássio ATPase, reabsorvendo sódio e secretando potássio, principalmente nas células principais do túbulo coletor cortical. Angiotensina 2 Aumenta em condições de baixa pressão sanguínea e volume extracelular dimiuído Ações: 1 Secreção de aldosterona 2 Contração dar arteríola eferentes, reduzindo a pressão hidrostática dos capilares peritubulares (aumento da reabsorção efetiva nos túbulos proximais). Reabsorção e Secreção Tubular 14 Também eleva a fração de filtração do glomérulo, aumentando a pressão coloidosmótica nos capilares peritubulares, aumentando a força de reabsorção. 3 Estímulo direto da reabsorção de sódio nos túbulos proximais, alças de Henle, túbulos distais e nos túbulos coletores. ADH Aumentam a permeabilidade da água nos epitélios do túbulo distal, túbulo coletor e ducto coletor. ADH se liga a receptores V2, aumentando a formação de AMPc e ativando proteinocinases, estimulando a movimentação da aquaporina-2 AQP2 para o lado luminal das membranas celulares. As moléculas de AQP2 se fundem à membrana celular por exocitose, formando canais para água. Quando o ADH diminui, as AQP2 voltam para o citoplasma celular. Peptídeo natriurético atrial ANP Células presentes nos átrios cardíacos em situações de aumento do volume plasmáticos secretam o ANP, que em concentrações elevadas inibem diretamente a reabsorção de sódio e água, principalmente nos ductos coletores. Além disso, inibem a secreção de renina, impedindo a formação de angiotensina 2, reduzindo a reabsorção renal. Tais efeitos aumentam a excreção urinária. Hormônio paratireoide Aumenta a reabsorção de cálcio Ativação do SNA Aumenta a reabsorção de sódio através da constrição das arteríolas renais, aumenta renina.
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