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Do Inquérito Policial e da Investigação Criminal Promovida pelo Ministério Público

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1 
 
DO INQUÉRITO POLICIAL E DA INVESTIGAÇÃO CRIMINAL PROMOVIDA PELO 
MINISTÉRIO PÚBLICO 
 
 
ROGÉRIO TADEU ROMANO 
Procurador Regional da República 
 
 
I – CONCEITO DE INQUÉRITO POLICIAL. CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
 
O inquérito policial é um procedimento preparatório da ação penal, de caráter 
administrativo, conduzido pela Polícia Judiciária e voltado a colheita preliminar de provas para 
apurar a prática de uma infração penal e sua autoria. 
Não se trata, pois, de processo, instrumento, que é voltado a prestação judicial 
do Estado diante de uma ação ajuizada. Trata-se de um procedimento. Como tal, por não ser 
processo, não se faz presente o princípio da publicidade, que é próprio dos processos, assim 
como outros princípios balizares como o da ampla defesa e do contraditório, que são garantias 
norteadoras de um Estado Democrático de Direito. 
Seu objetivo é a formação da convicção do representante do Ministério Público, 
titular da ação penal pública, ou a vítima, nas ações penais privadas, e ainda a colheita de 
provas urgentes necessárias ao esclarecimento dos fatos investigados. 
Sendo assim o inquérito é o conjunto de diligências realizadas pela polícia 
judiciária, para apuração de uma infração penal e sua autoria, para que o titular da ação penal, 
seja pública ou privada, possa fazer um juízo de valor sobre ele, pedindo a aplicação da lei. 
É, portanto, o inquérito policial uma peça investigatória que é preparatória da 
ação penal. 
O inquérito é procedimento preparatório formador da opinião do titular da ação 
penal. Pode ele aceitar ou não as conclusões trazidas por ele. 
É o inquérito um procedimento facultativo e dispensável para o exercício da 
ação penal. 
Avulta o seu caráter inquisitivo. 
Por sinal, NORONHA
1
 traz à colação o fato de que o inquérito tem graves 
desvantagens, reduzindo a justiça quase à função de repetidor de seus atos. Porém, reconhecem-
 
1
 NORONHA, E. Magalhães. Curso de Direito Processual Penal, São Paulo, Saraiva, 1978, pág. 23. 
2 
 
se vantagens, como impedir a formação precipitada de convicção pelo juiz, quando o fato ainda 
pode estar envolto em paixões, ódios, que perturbariam a um sereno entendimento. 
Como procedimento não tem o inquérito, peça escrita, um rito pré-estabelecido, 
devendo nele serem realizadas diligências, como oitiva da vítima, da pessoa apontada como 
autor do fato, de testemunhas, perícias, acareações, dentro da discricionariedade que é dada ao 
presidente do procedimento de caráter administrativo, o delegado de polícia. 
Sendo colheita de provas, em hipótese alguma, se pode negar acesso ao 
advogado, que tem direito assegurado a seu conhecimento, verdadeira garantia do indiciado até 
contra possíveis arbitrariedades que venham a ser cometidas no seu curso. 
Discute-se a questão do seu caráter sigiloso, consoante se lê dos termos do 
artigo 20 do Código de Processo Penal. 
Entende-se que o inquérito policial, por ser peça de natureza administrativa, 
inquisitiva e preliminar à ação penal, deve ser sigiloso. 
Ao advogado não se pode negar, como já salientado, acesso aos autos. 
Aliás, o Estatuto da Advocacia, Lei 8.906/94, em seu artigo 7º, inciso XV, 
estatui que é direito do advogado examinar em qualquer repartição policial, mesmo sem 
procuração, autos de flagrante e de inquérito policial, findos ou em andamento, ainda que 
conclusos a autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos. Ali não se faz qualquer 
distinção entre inquéritos sigilosos e não sigilosos. 
O advogado do indiciado, como já salientou o Supremo Tribunal Federal, no 
julgamento do HC 82.354 – PR, 10 de agosto de 2004, Relator Ministro Sepúlveda Pertence, em 
inquérito policial, é titular do direito de acesso aos autos respectivos, verdadeira prerrogativa, 
que lhe é dada por lei, não lhe sendo, em hipótese alguma, repito, oponível o sigilo. 
Aliás, se até à imprensa livre, numa democracia, salvo os casos de sigilo 
decretados pelo Judiciário, não se pode negar acesso aos resultados da investigação, então qual a 
razão de negá-lo, por absurdo, a seu defensor? 
A Súmula Vinculante n. 14 do Supremo Tribunal Federal disciplina que é 
direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova, já 
documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia 
judiciária. 
Deve ser facultada à defesa a consulta dos autos do inquérito policial e a 
obtenção de cópias pertinentes, ressalvando que não há obrigação de comunicação prévia à 
defesa sobre as diligências que ainda estejam sendo efetuadas, como se lê do julgamento pelo 
Supremo Tribunal Federal, no HC 87.827 – RJ, Relator Ministro Sepúlveda Pertence, julgado 
em 25 de abril de 2006, Informativo 424. 
Mister se faz a participação do advogado em todos os atos do inquérito, desde 
que tenha procuração para tanto. 
O advogado pode participar da produção da prova, em seu desenvolvimento, em 
seu acompanhamento. 
3 
 
Porém a ausência do advogado não contagia o inquérito policial de nulidade, 
pois não estamos em sede de processo, mas na fase pré-processual. 
Nos atestados de antecedentes que lhe forem solicitados, a autoridade policial 
não poderá mencionar quaisquer anotações com relação a instauração do inquérito contra os 
requerentes(artigo 20, parágrafo único do Código de Processo Penal), salvo no caso de existir 
condenação anterior. 
 
II – HISTÓRICO 
 
A denominação inquérito policia surgiu, no Brasil, cm a Lei n. 2033, de 20 de 
setembro de 1871, regulamentada pelo Decreto n. 4.824, de 22 de novembro de 1871, onde se 
diz, no artigo 42, que ¨o inquérito policial consiste em todas as diligências necessárias para o 
descobrimento de fatos criminosos, de suas circunstâncias e de seus autores e cúmplices, 
devendo ser reduzido a instrumento escrito.¨ 
Já, no Código de Processo Penal do Império, de 1832, falava-se em um 
procedimento informativo à ação penal. Sua finalidade era a investigação do crime e a 
descoberta do seu autor, com o azo de fornecer ao autor da ação penal elementos sobre o caso. 
Em 1935, VICENTE RAO apresentou projeto, em que era previsto um juizado 
de instrução, declarando na exposição de motivos: 
¨Retira-se à polícia, por essa forma, a função, que não é sua, de interrogar o 
acusado, tomar o depoimento de testemunhas, enfim, colher provas sem valor 
legal; conservando-lhe, porém, a função investigadora, que lhe é inerente, posta 
em harmonia e legalizada pela co-participação do juiz, sem o que o resultado 
das diligências não pode e nem deve ter valor probatório.¨ 
Na exposição de motivos do Código de Processo Penal em vigor, o Ministro 
Francisco Campos dizia que o inquérito é ¨processo preliminar ou preparatório da ação penal 
que visa evitar apressados e errôneos juízos, formados quando ainda persiste a trepidação moral 
causada pelo crime ou antes seja possível uma exata visão do conjunto de fatos, nas suas 
circunstâncias objetivas e subjetivas.¨ 
 
III – A INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL. DA QUESTÃO DA AUTORIDADE 
COATORA. 
 
A teor do artigo 5º do Código de Processo Penal o inquérito policial pode ser 
iniciado: 
 
4 
 
a) de ofício( o delegado de polícia, tomando conhecimento da prática de 
infração penal, determina, através de portaria, a instauração de inquérito); 
b) notitia criminis(é a ciência da autoridade policial da ocorrência de um fato 
criminoso, podendo ser ou direta, quando o delegado, por qualquer meio, 
descobre o que aconteceu ou ainda indireta, quando a vítima provoca a sua 
atuação, comunicando a sua ocorrência);c) mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público. 
 
A autoridade policial pode se negar a cumprir a requisição por considerá-la 
manifestamente ilegal em decisão fundamentada. 
Na requisição formulada pelo Ministério Público à Polícia para instauração de 
inquérito policial deve haver indicação detalhada da ocorrência e objeto da investigação. 
Entendo que constitui ilegalidade a requisição para instauração de inquérito policial de forma 
genérica, sem precisar fatos concretos que seriam supostamente delituosos a serem investigados 
além de um mínimo demonstrador no que concerne a provável autoria. 
No caso da ação penal privada deve haver requerimento expresso do ofendido 
para iniciativa da apuração. 
Se a instauração do inquérito constitui um evidente constrangimento ilegal é 
caso de trancá-lo. Pergunta-se: Quem será a autoridade coatora? 
Se a autoridade policial tomou a iniciativa de iniciá-lo, será ela a autoridade 
coatora e responderá o habeas corpus perante o juiz de direito ou o juiz federal competente. 
E se houver requisição de autoridade judiciária ou de representante do 
Ministério Público? 
O habeas corpus será dirigido ao Tribunal competente para julgar a infração de 
que trata o inquérito. Isso porque a autoridade limitou-se a cumprir uma exigência legal de outra 
autoridade, razão por que esta deve figurar como autoridade coatora, quando for o caso. 
O inquérito inicia-se pelo flagrante ou por portaria. 
Discuti-se com relação a denúncia anônima. 
Há precedente do Supremo Tribunal Federal, no julgamento do HC 84.827/TO, 
Relator Ministro Marco Aurélio, DJ de 23 de novembro de 2007, onde se assentou 
entendimento no sentido de que é vedada a persecução penal iniciada com base, 
exclusivamente, em denúncia anônima. Firmou-se, desta forma, orientação no sentido de que a 
autoridade policial, ao receber a denúncia anônima, deve antes realizar diligências preliminares 
para averiguar se os fatos narrados nessa notícia são materialmente verdadeiros, para, só então, 
iniciar as investigações. 
No mesmo sentido, tem-se decisão no HC 95.244, Relator Ministro Dias 
Toffoli, DJe de 30 de abril de 2010. 
A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, do que se lê do julgamento do 
RHC 29.658/RS, Relator Ministro Gilson Dipp, DJe de 8 de fevereiro de 2012, é do 
5 
 
entendimento da possibilidade da instauração de procedimento investigatório com base em 
denúncia anônima desde que acompanhada de outros elementos. 
O anonimato, per se, não serve para embasar a instauração de inquérito policial. 
Contudo podem ao escrito apócrifo serem somados depoimentos prestados perante o Ministério 
Público. 
Sendo assim é inadmissível aceitar a denúncia anônima como causa suficiente 
para a instauração de inquérito. 
 
IV – PROCEDIMENTO DA AUTORIDADE POLICIAL 
 
O artigo 6º do Código de Processo Penal prescreve(functor deóntico) à 
autoridade policial, logo que tiver conhecimento da infração penal, que tome as seguintes 
providências: 
a) dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e 
conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais; 
b) apreender os objetos que tiverem relação ao fato, após liberados pelos 
peritos criminais
2
; 
c) colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas 
circunstâncias; 
d) ouvir o ofendido; 
e) ouvir o indiciado; 
f) proceder o reconhecimento de pessoas e coisas e as acareações; 
g) determinar, se for o caso, que se proceda o exame de corpo delito e outras 
perícias; 
h) ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se 
possível, e fazer juntar aos autos a sua folha de antecedentes; 
i) averiguar a vida pregressa do indiciado, consoante o inciso IX. 
 
O suspeito, sob o qual se reuniu prova de autoria, tem de ser indiciado. 
O indiciamento somente poderá ser realizado se há, para tanto, fundada e 
objetiva suspeita de participação ou autoria nos eventuais delitos investigados, como se lê de 
entendimento do Superior Tribunal de Justiça no HC 8.466 – PR, Relator Ministro Felix 
Fischer, DJ de 24 de maio de 1999. 
O indiciamento é ato exclusivo da autoridade policial que forma seu 
convencimento sobre a autoria e a materialidade do crime, elegendo o suspeito da prática 
criminosa. 
 
2
 Os instrumentos do crime bem como os objetos que interessarem à prova, acompanharão os autos do 
inquérito, como se lê do artigo 11 do CPP. 
6 
 
Pode o Promotor denunciar pessoa que não foi objeto de indiciamento, pois é 
titular da ação penal pública, ficando a sua discrição, dentro da visão que tem dos fatos 
investigados no inquérito, qual a solução a apresentar. 
De toda sorte, a requisição de indiciamento é procedimento equivocado. Aliás, 
assim o entendeu o Superior Tribunal de Justiça, em julgamento do HC 35.639 – SP, Relator 
Ministro José Arnaldo da Fonseca, 21 de outubro de 2004, quando se disse que a determinação 
de indiciamento formal, quando já em curso ação penal pelo recebimento da denúncia, é tida por 
desnecessária e causadora de constrangimento ilegal. 
O sistema jurídico brasileiro não exige motivação do indiciamento, a exceção, é 
certo do que é exposto no artigo 52, I, da Lei 11.343/06, quanto a classificação feita: se tráfico 
ou porte de arma, por exemplo. Ora, o Parquet não está vinculado a classificação penal que 
venha ser apresentada pela autoridade policial. Quanto muito a autoridade judicial, como se vê 
do instituto da emendatio libelli, previsto no artigo 383 do Código de Processo Penal. 
Mas o indiciado tem o direito de silêncio(artigo 5º, LXIII), de não se 
autoacusar, merecendo ter a sua integridade física preservada, podendo constituir advogado para 
acompanhar a investigação e ter a sua imagem preservada. O seu silencio não poderá ser 
interpretado contra si, daí porque a antiga redação do artigo 186 do Código de Processo Penal 
choca-se com a Constituição, quando dizia que ¨o seu silêncio poderá ser interpretado em 
prejuízo de sua própria defesa¨ 
A teor do artigo 5º, LVIII, da Constituição Federal o civilmente identificado não 
será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses determinadas por lei. Pois bem, o 
artigo 2º da Lei 12.037/2009 determina que a identificação civil é atestada por qualquer dos 
seguintes procedimentos: 
a) carteira de identidade; 
b) carteira de trabalho; 
c) carteira profissional; 
d) passaporte; 
e) carteira de identificação funcional; 
f) outro documento público que permita a identificação do indiciado. 
O artigo 3º da Lei 12.037/2009 determina as hipóteses em que se destaca o fato 
do documento apresentar rasuras ou tiver indícios de falsificação ou ainda, dentre outras 
hipóteses, for insuficiente para identificar, de forma cabal, o indiciado. 
Necessário fazer a distinção entre qualificação e identificação. A qualificação é 
a colheita de dados pessoais do acusado ou indiciado, buscando individualizá-lo(nome, filiação, 
etc). A identificação criminal volta-se à colheita de impressões datiloscópicas e da fotografia do 
imputado. 
O inquérito deve transitar, sempre que ultrapassados os prazos para as 
diligências, entre o titular da ação penal pública e a policia, solicitando-se a prorrogação ou 
dilação de prazo para demais diligências e análise do Parquet da condução e do estado das 
providências solicitadas e as já realizadas. A respeito, em que pese a redação do artigo 10, § 3º, 
do Código de Processo Penal, tem-se Resolução do Conselho de Justiça Federal de 24 de junho 
de 2009 nesse sentido. 
7 
 
O prazo de 30(trinta) dias é ideal, salvoem situações excepcionais, para tal 
dilação. 
 
 
 
 
V – DO TÉRMINO DO INQUÉRITO E O RELATÓRIO DA AUTORIDADE POLICIAL 
 
Estabelece a lei prazo para encerramento de investigação quando o réu está 
preso: dez dias, a teor do artigo 10, caput, contado o prazo a partir do dia em que se der a ordem 
de prisão. 
A norma é processual penal material, que convive com o direito à liberdade, 
devendo ser contado o prazo como se fosse um prazo penal, a teor do artigo 10 do Código 
Penal. Inclui-se o primeiro dia. 
Não se trata de simples prazo processual, em que a contagem começa do 
primeiro dia útil seguinte. 
Confira-se ainda a Lei 8.038/1990, que cuida dos crimes de competência 
originária dos Tribunais Superiores, Tribunais de Justiça e Tribunais Regionais Federais, onde 
se diz que o Ministério Público terá o prazo de 15(quinze) dias para oferecer denúncia ou pedir 
arquivamento de inquérito ou das peças informativas. A teor do parágrafo segundo, se o 
indiciado estiver preso, o prazo para oferecimento da denúncia é de 5(cinco) dias. Trata-se de 
prazo próprio, da parte, não de prazo concedido quando o Parquet é fiscal da lei, impróprio. 
Por sua vez, a Lei 5.010/1966, que organiza a Justiça Federal de primeira 
instância, em seu artigo 66, determina que o prazo para conclusão do inquérito policial será de 
15(quinze) dias, quando o indiciado estiver preso, podendo ser prorrogado por mais 15(quinze) 
dias com pedido da autoridade policial e deferido pela autoridade competente. 
Na lei de drogas há dois prazos, como se vê da Lei 11.343/2006: 30(trinta) dias, 
se o indiciado estiver preso e 90(noventa) dias, se estiver solto. Tais prazos podem ser 
duplicados pelo juiz, ouvido o Ministério Público mediante pedido fundamentado da autoridade 
policial. 
O inquérito se conclui com o relatório da autoridade, que é peça objetiva, não 
opinativa ,que não substitui, de forma alguma a denúncia. 
A teor do artigo 17 do Código de Processo Penal não pode a autoridade policial 
arquivar, o que é atribuição do juiz, a pedido do titular da ação penal pública, o Ministério 
Público. 
Tratando-se de ação penal privada, o arquivamento acontecerá se a vítima, 
titular da ação penal, não ajuizar a queixa no prazo legal ou ainda desistir da ação. 
8 
 
Ao receber o inquérito já relatado, poderá o Parquet: 
a) oferecer denúncia; 
b) pedir arquivamento; 
c) requerer a volta à Policia para novas diligências3. 
O juiz pode não concordar com o pedido de arquivamento formulado pelo 
Parquet, mandando ouvir o Procurador-Geral de Justiça para dar sua última palavra; se mantém 
o pedido de arquivamento ou determina, por delegação, outro membro para formular a 
denúncia, peça inicial do processo criminal(artigo 28 do Código de Processo Penal). Melhor 
está o entendimento que surge para o novo Código de Processo Penal, quando se diz que se o 
Promotor é pelo arquivamento, remeterá as peças do inquérito a um órgão de Coordenação e 
Revisão Institucional para a última palavra, que, no caso do Ministério Público Federal, é a 
Segunda Câmara, que trata de matéria criminal, do que se lê na lei orgânica, Lei Complementar 
75/1993. 
Já se consignou na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, Sumula 524, 
que arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento do promotor de justiça, 
não pode a ação penal ser iniciada sem novas provas. 
Questiona-se se a decisão que determina o arquivamento do inquérito tem a 
natureza de coisa julgada material, ou seja, se tem eficácia pan-processual com relação aos 
demais feitos: 
Vislumbro dois casos: 
a) arquivamento com fundamento na atipicidade de conduta: é possível gerar 
coisa julgada material. Veja-se o decidido no HC 83.346 – SP, Relator 
Ministro Sepúlveda Pertence, Informativo 388; 
b) arquivamento com base em excludente de ilicitude ou de culpabilidade: a 
única exclusão, para o caso de exclusão de culpabilidade, é por doença 
mental
4
, tendo em vista a possibilidade de aplicação de medida de 
segurança. 
 
VI – A INCOMUNICABILIDADE DO INVESTIGADO DURANTE O INQUÉRITO. A 
NÃO RECEPÇÃO DO ARTIGO 21 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL PELA 
CONSTITUIÇÃO DE 1988. 
 
 Na linha de NUCCI
5
, entendemos que está revogado, melhor dizendo, não 
recepcionado pela Constituição de 1988, o artigo 21 do Código de Processo Penal no sentido de 
 
3
 Aqui, se o juiz indeferir ilegalmente a diligência, tem-se entendido pela formulação de correição 
parcial, como se acompanha na jurisprudência do Tribunal de Justiça de São Paulo. Creio, data vênia, 
mais adequado o mandado de segurança, havendo ilegalidade e direito líquido e certo não amparado 
pelo habeas corpus. Cabe, outrossim, pedido ao Corregedor de Justiça de providências. 
4
 Sabe-se que, com a reforma penal de 1984, Lei 7.209/1984, abandonamos o sistema do duplo binário. 
5
 NUCCI, Guilherme de Souza. Código de Processo Penal Comentado, São Paulo, Ed. Revista dos 
Tribunais, 10ª edição, pág. 126. 
9 
 
que a incomunicabilidade do indiciado dependeria de despacho nos autos e seria permitida no 
interesse da sociedade. 
O parágrafo único, ainda do artigo 21 do mesmo diploma legal, determina que a 
incomunicabilidade não excederá de 3(três) dias. 
Ora, na vigência do Estado Democrático de Direito não há motivo plausível 
para se manter alguém incomunicável. Além disso, a permanência de tal dispositivo legal nega, 
frontalmente, vigência ao disposto no artigo 7º, III, da Lei 8.906/94, que diz que é prerrogativa 
do advogado não poder se isolar do preso. 
Vozes autorizadas como TOURINHO FILHO
6
, MIRABETE
7
, dentre outros, 
entendem pela revogação. De outro modo, citamos GRECO FILHO.
8
 
 
VII – A INVESTIGAÇÃO CRIMINAL PELO MINISTÉRIO PÚBLICO 
 
A matéria, que é polêmica, está hoje sujeita a repercussão geral como se 
lê do RE 593.727/RG/MG, Relator Ministro Cezar Peluso. 
De um lado, fala-se no exercício de poderes implícitos pelo Ministério 
Público, na linha da jurisprudência americana, já que ao Parquet cabe a atividade de 
supervisão da atividade policial, por força do artigo 129 da Constituição Federal. É o 
que se lê do texto da norma fundamental: 
VI - expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua 
competência, requisitando informações e documentos para instruí-los, na forma 
da lei complementar respectiva; 
VII - exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei 
complementar mencionada no artigo anterior; 
VIII - requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, 
indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais; 
 
De outro lado, há os que entendem que tal tarefa é apenas das polícias 
civis e da polícia federal. Em razão disso, para esses, se o Ministério Público exerce 
sozinho o papel de condução da investigação, a consequência seria a nulidade com a 
extração das provas dos autos colhidas que deram azo a denúncia. A propósito, NUCCI
9
 
acentua que é contrário a investigação criminal conduzida, de forma isolada, pelo 
Ministério Público, uma vez que seria feita sem qualquer fiscalização e controle, e pelo 
fato de que não há previsão legal específica. Conclui seu raciocínio, entendendo que se 
ocorrer o acesso do advogado do investigado nos autos, precisa ele ser assegurado. É o 
que se lê no HC 88.190 – RJ, Relator Ministro Cezar Peluso, DJ de 6 de outubro de 
2006. 
 
6
 TOURINHO FILHO, Fernando. Código de Processo Penal Comentado, volume I, pág. 66. 
7
 MIRABETE, Júlio Fabbrini. Código de Processo Penal Interpretado, pág. 62 a 63.8
 GRECO FILHO, Vicente. Manual de Processo Penal, pág. 86. 
9
 NUCCI, Guilherme de Souza. Código de Processo Penal comentado, São Paulo, Revista dos Tribunais, 
10ª edição, pág. 86. 
10 
 
Nessa linha, e a modo de conclusão, lembra-se o Recurso Ordinário de HC n. 
81.326-7, a 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal , unanimemente, sob o voto condutor do 
Min. Nelson Jobim, onde se decidiu que o Ministério Público não possui atribuições para 
realizar, diretamente, investigação de caráter criminal. Em seu voto, o Min. Jobim destaca que, 
historicamente, no direito processual penal brasileiro, as atribuições para realizar as 
investigações preparatórias da ação penal têm sido da polícia, pelas mais diversas razões, as 
quais têm prevalecido a ponto de todas as iniciativas no sentido de mudar as regras nessa 
matéria terem sido repelidas, desde a proposta de instituir Juizados de Instrução feita pelo então 
Ministro da Justiça, Dr. Vicente Ráo, em 1935, passando pela elaboração da Constituição de 
1988, da lei complementar relativa ao Ministério Público, em 1993, até propostas de emendas 
constitucionais em 1995 e 1999, com o objetivo de dar atribuições investigatórias ao Parquet. 
Exige-se, de toda sorte, que tal atividade se faça com respeito aos direitos 
individuais. 
Acentuo que a legitimidade do Ministério Público para a colheita de 
elementos probatórios essenciais à formação de sua opinio delicti decorre de expressa 
previsão constitucional, oportunamente regulamentada pela Lei Complementar n.º 
75/1993 (art. 129, incisos VI e VIII, da Constituição da República, e art. 8.º, incisos V e 
VII, da LC n.º 75/1993). 
Concordo com os argumentos de NOGUEIRA e ELUF
10
, quando, em 
excelente estudo de direito comparado, aduzem que se o Ministério Público for proibido 
de investigar o Brasil retrocederá décadas no combate à criminalidade, transformando-
se no paraíso da impunidade e se igualando a países subdesenvolvidos onde o crime 
campeia à vontade. Discorrem que, na Alemanha, França, Portugal, Itália, Estados 
Unidos, permite-se que os promotores investiguem por conta própria sem prejuízo das 
investigações policiais. 
Outro argumento contrário é relativo ao impedimento do órgão 
ministerial que atua no inquérito no exercício da ação penal. Tal assertiva não resiste a 
força da interpretação do Superior Tribunal de Justiça que editou a Súmula 234, quando 
diz que a participação de membro do Ministério Público na fase investigatória criminal 
não acarreta o seu impedimento ou suspeição para o oferecimento da denúncia. 
O Supremo Tribunal Federal, em julgamento do HC 91.661 – PE, 
Relatora Ministra Ellen Gracie, 10 de março de 2009, entendeu que é possível a 
investigação criminal feita diretamente pelo Ministério Público. 
Ora, se órgãos não ligados à persecução criminal tem o poder de 
investigar, como é o caso de Comissões Parlamentares de Inquérito, repartições fiscais, 
fatos que podem configurar infrações penais, não há razão, argumento razoável, para 
retirar do Parquet tal atribuição. 
Ademais, o procedimento criminal não é obrigatório. Ora, nessa linha de 
pensar, como já entendeu o Superior Tribunal de Justiça, reconhecendo que o Parquet 
pode requisitar diligências, esclarecimentos, diretamente, visando a instrução de seus 
 
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 NOGUEIRA, Carlos Frederico Coelho, Eluf, Luiza Nagib. Quem tem medo da investigação do Ministério 
Público? 
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procedimentos administrativos, como se lê do RHC 8.106-DF, Relator Ministro Gilson 
Dipp, DJ de 4 de junho de 2001. 
Nessa linha de pensar se tem que a Quinta Turma do Superior Tribunal 
de Justiça consolidou entendimento de que por expressa previsão constitucional possui 
o Parquet a prerrogativa de instaurar procedimento administrativo e conduzir diligências 
investigatórias. 
O Superior Tribunal de Justiça já entendeu que são válidos os atos 
investigatórios conduzidos pelo Ministério Público, cabendo-lhe ainda requisitar 
informações e documentos, a fim de instruir os procedimentos administrativos, com 
vistas ao oferecimento da denúncia, como se lê do julgamento do HC 83.020/RS, 
Relator Ministro Og Fernandes, DJe de 2 de março de 2009. 
A propósito, tem-se importante precedente no julgamento do HC 
84.965/MG, Relator Ministro Gilmar Mendes, julgamento de 13 de dezembro de 2011, 
publicado no DJe de 10 de abril de 2012, onde se diz: 
 
¨HABEAS CORPUS. CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA E FORMAÇÃO DE 
QUADRILHA. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. ALEGADA FALTA DE JUSTA CAUSA 
PARA PERSECUÇÃO PENAL, AO ARGUMENTO DE ILEGALIDADE DO 
PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO INVESTIGATÓRIO PROCEDIDO PELO 
MINISTÉRIO PÚBLICO E DE NÃO-CONSTITUIÇÃO DEFINITIVA DO CRÉDITO 
TRIBUTÁRIO. FALTA DE JUSTA CAUSA NÃO CARACTERIZADA. ORDEM DENEGADA. 
1. POSSIBILIDADE DE INVESTIGAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. 
EXCEPCIONALIDADE DO CASO. Não há controvérsia na doutrina ou jurisprudência 
no sentido de que o poder de investigação é inerente ao exercício das funções da 
polícia judiciária – Civil e Federal –, nos termos do art. 144, § 1º, IV, e § 4º, da CF. 
A celeuma sobre a exclusividade do poder de investigação da polícia judiciária 
perpassa a dispensabilidade do inquérito policial para ajuizamento da ação penal e 
o poder de produzir provas conferido às partes. Não se confundem, ademais, 
eventuais diligências realizadas pelo Ministério Público em procedimento por ele 
instaurado com o inquérito policial. E esta atividade preparatória, consentânea 
com a responsabilidade do poder acusatório, não interfere na relação de equilíbrio 
entre acusação e defesa, na medida em que não está imune ao controle judicial – 
simultâneo ou posterior. O próprio Código de Processo Penal, em seu art. 4º, 
parágrafo único, dispõe que a apuração das infrações penais e da sua autoria não 
excluirá a competência de autoridades administrativas, a quem por lei seja 
cometida a mesma função. À guisa de exemplo, são comumente citadas, dentre 
outras, a atuação das comissões parlamentares de inquérito (CF, art. 58, § 3º), as 
investigações realizadas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras – 
COAF (Lei 9.613/98), pela Receita Federal, pelo Bacen, pela CVM, pelo TCU, pelo 
INSS e, por que não lembrar, mutatis mutandis, as sindicâncias e os processos 
administrativos no âmbito dos poderes do Estado. Convém advertir que o poder de 
investigar do Ministério Público não pode ser exercido de forma ampla e irrestrita, 
sem qualquer controle, sob pena de agredir, inevitavelmente, direitos 
fundamentais. A atividade de investigação, seja ela exercida pela Polícia ou pelo 
Ministério Público, merece, por sua própria natureza, vigilância e controle. O pleno 
conhecimento dos atos de investigação, como bem afirmado na Súmula Vinculante 
14 desta Corte, exige não apenas que a essas investigações se aplique o princípio 
do amplo conhecimento de provas e investigações, como também se formalize o 
ato investigativo. Não é razoável se dar menos formalismo à investigação do 
Ministério Público do que aquele exigido para as investigações policiais. Menos 
razoável ainda é que se mitigue o princípio da ampla defesa quando for o caso de 
investigação conduzida pelo titular da ação penal. Disso tudo resulta que o tema 
comporta e reclama disciplina legal, para que a ação do Estado não resulte 
prejudicada e não prejudique a defesa dos direitos fundamentais. É que esse 
campo tem-se prestado a abusos. Tudo isso é resultado de um contexto de falta de 
lei a regulamentar a atuação do Ministério Público. No modelo atual, não entendo 
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possível aceitar que o Ministério Público substitua a atividade policial 
incondicionalmente, devendo a atuação dar-se de forma subsidiária e em 
hipóteses específicas, a exemplodo que já enfatizado pelo Min. Celso de Mello 
quando do julgamento do HC 89.837/DF: “situações de lesão ao patrimônio 
público, [...] excessos cometidos pelos próprios agentes e organismos policiais, 
como tortura, abuso de poder, violências arbitrárias, concussão ou corrupção, ou, 
ainda, nos casos em que se verificar uma intencional omissão da Polícia na 
apuração de determinados delitos ou se configurar o deliberado intuito da própria 
corporação policial de frustrar, em função da qualidade da vítima ou da condição 
do suspeito, a adequada apuração de determinadas infrações penal”. No caso 
concreto, constata-se situação, excepcionalíssima, que justifica a atuação do 
Ministério Público na coleta das provas que fundamentam a ação penal, tendo em 
vista a investigação encetada sobre suposta prática de crimes contra a ordem 
tributária e formação de quadrilha, cometido por 16 (dezesseis) pessoas, sendo 11 
(onze) delas fiscais da Receita Estadual, outros 2 (dois) policiais militares, 2 (dois) 
advogados e 1 (um) empresário. 2. ILEGALIDADE DA INVESTIGAÇÃO CRIMINAL 
ANTE A FALTA DE CONSTITUIÇÃO DEFINITIVA DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. NÃO 
OCORRÊNCIA NA ESPÉCIE. De fato, a partir do precedente firmado no HC 
81.611/DF, formou-se, nesta Corte, jurisprudência remansosa no sentido de que o 
crime de sonegação fiscal (art. 1º, incisos I a IV, da Lei 8.137/1990) somente se 
consuma com o lançamento definitivo. No entanto, o presente caso não versa, 
propriamente, sobre sonegação de tributos, mas, sim, de crimes supostamente 
praticados por servidores públicos em detrimento da administração tributária. 
Anoto que o procedimento investigatório foi instaurado pelo Parquet com o escopo 
de apurar o envolvimento de servidores públicos da Receita estadual na prática de 
atos criminosos, ora solicitando ou recebendo vantagem indevida para deixar de 
lançar tributo, ora alterando ou falsificando nota fiscal, de modo a simular crédito 
tributário. Daí, plenamente razoável concluir pela razoabilidade da instauração da 
persecução penal. Insta lembrar que um dos argumentos que motivaram a 
mudança de orientação na jurisprudência desta Corte foi a possibilidade de o 
contribuinte extinguir a punibilidade pelo pagamento, situação esta que sequer se 
aproxima da hipótese dos autos. 3. ORDEM DENEGADA.¨ 
 
 
Tem-se então: 
¨Caso Celso Daniel" (HC 84548): numa primeira votação, aos 11 de junho de 
2007, o Ministro Marco Aurelio votou contra o poder de investigar do 
Ministério Público e o Ministro aposentado Sepúlveda Pertence, 
favoravelmente. O Ministro Cezar Peluso pediu vista dos autos e a votação 
somente foi retomada após. Na sessão plenária, apesar de ter efetuado 
considerações acerca da necessidade de estabelecimento de parâmetros e de 
limitações ao poder de investigar, votou ele pela denegação da ordem, 
ocorrendo nova suspensão do julgamento. Em 27 de junho de 2012, foi 
retomada a votação, tendo sido atingida a maioria de votantes no sentido da 
constitucionalidade do poder investigatório do "Parquet". No entanto, houve 
nova suspensão, por pedido de vista. Saliente-se que o Ministro Dias Toffoli, 
por ser sucessor de Sepúlveda Pertence, não votará. 
 
Caso de repercussão geral (RE 593727): votaram pelo provimento do recurso, 
ou seja, desfavoravelmente ao poder de investigar (ressalvadas algumas 
circunstâncias não observadas no caso concreto), os Ministros Cezar Peluso e 
Ricardo Lewandowski. Após, foi suspenso o julgamento, o qual foi retomado 
no dia 27 de junho de 2012, com votos favoráveis ao Ministério Público, do que 
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se lê da antecipação de votos dos Ministros Celso de Mello, Gilmar Mendes, 
Joaquim Barbosa e Carlos Ayres Brito (presidente). O Ministro Luiz Fux pediu 
vista, suspendendo o julgamento. 
 
A matéria ainda está longe de definição, sendo previsível que será usado o voto 
médio, uma vez que os Ministros utilizaram argumentos diversos sobre o tema.

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